segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Um rico que não abriu mão


2ª feira – VIII semana comum

 

- Falta-te uma coisa – disse Jesus

- O quê?

- Abrir mão de tudo o que tens… e fazer o bem.

 

Abrir mão – é libertar-se para poder agarrar o verdadeiro tesouro, é ceder, é seguir Jesus que sendo rico se despojou para enriquecer a todos.

Fazer o bem – é completar a observância dos Mandamentos, O homem rico até então evitava o mal (não roubava, não matava, não cobiçava, não desprezava os pais…). Precisava de começar a fazer o bem. De facto, não basta evitar o mal, mas é preciso fazer o bem.

 

À margem:

Dizem que o verdadeiro homem rico do Evangelho ainda estava para vir. Era o jovem Saulo ou Paulo de Tarso. Rico, influente, cumpridor, mas que soube abrir mão de tudo isso, fazendo o bem e seguindo a Cristo. São Paulo é assim a versão positiva do jovem rico do Evangelho.

O Jovem rico, pintado por Heinrich Hofmann

Johann Michael Ferdinand Heinrich Hofmann (19 de março de 1824 - 23 de junho de 1911) foi um pintor alemão que nasceu em Darmstadt e morreu em Dresden. É principalmente conhecido por suas numerosas pinturas que retratam a vida de Jesus.

 

Pormenores e mensagens da pintura:

- Jesus olha os olhos do jovem, com misericórdia, sem julgar nem condenar. Jesus conhece o pensamento e o coração de cada homem

- Jesus aponta para os pobres. Dá aos pobres. Queres alcançar a Vida eterna? Ela está ao teu alcance na figura dos pobres.

- Jesus aponta com as duas mãos para a frente. O jovem rico está dividido, pois aponta só com uma mão e para trás ou escondendo-a.

- Jovem olha para o lado. Quer ganhar o céu, mas não se quer esforçar, nem abrir mão. A mão na anca ou quadril mostra a sua passividade.

- O jovem mostra a mão vazia. Mais cedo ou mais tarde terá de abrir mão de toda a sua riqueza, não voluntariamente.

- A luz está mais além, no horizonte, por detrás dos pobres, para onde o jovem não quer olhar. Ele quer sair do quarto escuro e não se dispõe a avançar para a luz.

- Olhar triste do jovem, pesaroso, porque o seu coração estava pesado com tantas riquezas

- Jovem ricamente vestido – para seguir a Jesus é preciso despojar-se e vestir igual a Ele. Queres ser igual a mim? Liberta-te dessas vestes…

- Dá aos pobres. O que tens a mais os pobres têm a menos. É por isso que o pobre está sem manto.

- A figura feminina representa a comunidade. Ela olha com pena a figura do jovem. O seu olhar é de condenação enquanto o de Jesus é de compaixão.

- A mão direita do jovem está apoiada na mesa. Representa a sua insegurança ou a falsa segurança.

- O rosto sem barba do rico mostra a sua juventude. É a idade dos sonhos, mas da falta de realização e de decisão. O jovem situa-se entre o querer e o ser.

 

Ver também:

Rico sem nome

A agulha e o camelo

Outras versões

Saber a lei de Deus

O jovem indeciso

O pobre jovem rico

Encontro

Nem pobres nem ricos

Um indeciso sem pressas


domingo, 27 de fevereiro de 2022

Ampliar defeitos alheios


Ano C – VIII domingo comum

O evangelho de hoje divide-se em 3 partes ou 3 mensagens, do princípio, do meio e do fim do trecho.

 

1ª – Cego não pode guiar cego

Poderá um cego guiar outro cego?

Sim, mas vão cair os dois numa cova.

Isto que quer dizer?

Que todos nós somos cegos e não podemos guiar convenientemente uns aos outros.

Só Deus não é cego, só Ele nos pode guiar com segurança.

Então nada devo decidir, discernir ou fazer sem consultar a Deus, através da oração.

Às vezes vejo-me a fazer esta figura:

Quando preciso de tomar alguma decisão ou discernir alguma coisa digo:

- Vou pensar sobre o assunto.

Mas devia dizer antes, vou rezar sobre o assunto, isto é, vou consultar a Deus sobre isso.

 

2ª – Ampliar defeitos dos outros

Olhar o argueiro na vista do próximo e esquecer a trave da própria vista.

É uma tentação. Todos temos uma lupa para ampliar os defeitos dos outros, esquecendo-nos que ao usarmos uma lupa, estamos a ampliar também a nós mesmo. A lupa amplia aquilo que se quer ver e os olhos que veem.

 

3ª - Transbordar o bem do coração

Um homem bom, do bom tesouro dos eu coração tira o bem e o homem mau, da sua maldade tira o mal.

História:

Duas vizinhas viviam em pé de guerra. Um dia, Maria descobriu o verdadeiro valor da amizade e resolveu fazer as pazes com a Clotilde. Ao se encontrarem disse Maria: Minha querida Clotilde, já estamos nessa desavença há anos e sem nenhum motivo aparente. Proponho que façamos as pazes e vivamos como duas boas amigas. A Clotilde, disse que iria pensar no caso. Chegando em casa, preparou uma bela cesta de presentes, cobrindo-a com um lindo papel, mas encheu-a de esterco de vaca. Mandou levar o presente a casa da rival, com um bilhete: Aceito a sua proposta de paz e para selarmos o nosso compromisso, envio-te esse lindo presente. Dias depois a dona Clotilde recebeu uma linda cesta de presentes. Pensou que era a vingança daquela asquerosa Maria. Ao abrir a cesta viu um lindo arranjo das mais belas flores com um cartão: Este ramalhete de flores é o que te ofereço em prova da minha amizade. Foram cultivadas com o esterco que você me enviou e que proporcionou excelente adubo para o meu jardim. Afinal, cada um dá o que tem em abundância em sua vida

 

Ver também:

Quem é mais cego

A trave e o argueiro

Ter mais que fazer

Corrigir por amor

Cego a guiar cego

Argueiro e trave

 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Deus não se queixa de nós


6ª feira – VII semana comum

 

Não vos queixeis uns dos outros… diz São Tiago na sua Epístola.

Porquê?

- Para não serdes julgados, porque queixar-se é acusar julgar alguém.

- Para seguirdes o exemplo dos profetas, que foram pacientes e perseverantes.

- Porque queixar-se é querer olhar para trás em vez de olhar para a frente.

- Porque devemos ser compassivos e misericordiosos para com os outros.

- Porque Deus não se queixa de ninguém, porque se Ele se queixasse não fazia outra coisa ao longo de todo o tempo.

 

Se não nos podemos queixar, então devemos ficar calados?

Não. Não devemos ficar calados, devemos fazer o contrário de reclamar que é elogiar, agradecer, louvar.

 

Porque é que só há livros de reclamações e não livros de elogios?

Porque achamos que o direito a reclamar é mais forte do que o dever de elogiar.

Nós, cristãos, podemos marcar a diferença.

Não nos queixemos uns dos outros.

Nem fiquemos calados.

Elogiemos acima de tudo.

No Céu não há livro de reclamações ou de queixas, só de elogios e de louvores.

 

Ver também:

Provações e queixumes

A solução está no…

 

Crónica de um santo (15)


Crónica de um santo na Madeira

 

15ª semana – A confissão de um santo

 

O livro dos Provérbios 24, 16 diz que “sete vezes cai o justo e se levanta, mas os ímpios desfalecerão na desgraça”.

Habitualmente é aplicada esta citação para ilustrar a necessidade que os santos têm do sacramento da confissão ou da reconciliação.

De facto, dizemos que um santo peca sete vezes ao dia. Mas se peca, não deve ser santo ou se é santo não deve pecar…

Santo Agostinho ensinava que não eram propriamente pecados, mas tribulações dos justos que aqui são contabilizados. Outros dizem que devem ser entendidos apenas como faltas pequenas ou leves.

Ao recordar nesta semana que o Beato Carlos se confessava assiduamente queremos realçar a sua apurada consciência e o seu coração puro.

Quando alguém tem algo de metal bem polido e limpo, basta um pequeno pó ou um ligeiro bafo para o embaciar. Assim se explica a insistência dos santos em purificar-se ou confessar-se. Santo não é aquele que nunca se suja, mas aquele que sempre se lava.

A maior parte dos cristãos identifica-se como pecador lutando para ser santo.

Mas há outros cristãos que são identificados como santos a lutar contra o pecado.

Ser santo é ter uma consciência apurada e sensível.

Ter uma consciência sensível e apurada é ser santo.

25 de fevereiro de 1922 – sábado

 

26 de fevereiro de 1922 – domingo

Domingo gordo que antecede o Carnaval.

 

27 de fevereiro de 1922 – segunda-feira

Segundo o testemunho do Pe. José Marques Jardim, pároco do Monte desde 1915 a 1960, “certo dia quando regressava com dois filhos de um pequeno passeio, o Imperador cruzou-se com um insignificante acompanhamento de um defunto muito pobre que ia a enterrar. Curvou-se reverente perante o féretro e incorporou-se com os filhos no cortejo. Os filhos impressionaram-se com o gesto do pai e pediram o seu consentimento que lhes foi concedido, para mandar celebrar uma santa missa pela alma do defunto, visto não terem podido ajudá-lo em vida”. Foi este mesmo o Pároco a registar o termo de óbito do Imperador na Paróquia do Monte.

 

28 de fevereiro de 1922 – terça-feira

Dia de Carnaval.

 

01 de março de 1922 – quarta-feira

Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma.

Primeiro aniversário de nascimento da filha Carlota.

 

02 de março de 1922 – quinta-feira

Chegou o arquiduque Roberto, que ficara na Suíça em convalescença, após cirurgia, acompanhado pela arquiduquesa Maria Teresa (avó do Imperador) e a condessa Kerssenbrock.

 

03 de março de 1922 – sexta-feira

Primeira Sexta-feira do mês.

O Imperador confessava-se regularmente a cada oito dias.

Antes das núpcias declarou à noiva que tinha feito diante de Deus o explícito juramento de que haveria de confessar no máximo em vinte e quatro horas qualquer falta.

 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Os + poderosos do mundo


2ª feira – VII semana comum

Oh geração incrédula!

Tudo é possível a quem acredita!

 

Ainda ontem foi a memória litúrgica dos santos Francisco e Jacinta Marto. Ao ler o evangelho de hoje, saltou-me à memória o testemunho do Presidente dos Estados Unidos sobre o poder da fé.

Para Ronald Reagan os Pastorinhos de Fátima são mais poderosos do que o exército americano.

“Quando me encontrei com João Paulo II no Alasca, agradeci-lhe pela sua vida e pelo seu apostolado. Atrevi-me a sugerir que o exemplo de homens como ele e nas orações de pessoas simples em todo o mundo, pessoas simples como os pastorinhos de Fátima reside mais poder do que em todos os grandes exércitos e estadistas do mundo. Isto também é algo que os portugueses podem ensinar ao mundo porque a grandeza da vossa nação, como a de qualquer nação, reside no vosso povo. Pode ser visto no seu dia-a-dia, nas suas comunidades e aldeias e sobretudo nas igrejas simples que pontuam a vossa terra e que dão testemunho de uma fé que justifica todas as reivindicações de dignidade e liberdade dos Homens.” Ronald Reagan, Assembleia da República Portuguesa, Lisboa 1985.

 

O poder da fé

Fé, palavra tão pequena, de 2 letras apenas, mas com tal poder que tudo pode tronar possível.

Basta Falar e Escutar = . Precisamente aquilo que as forças do mal não conseguem, pois, o espírito maligno que possuía aquele jovem era mudo e surdo. Fé que é oração, oração que é fé (falar e escutar).

 

Ver também:

Francisco e Jacinta

Jacinta e Francisco

Candeias que Deus acendeu

Adeus até ao céu

Cem anos a rezar assim

 

domingo, 20 de fevereiro de 2022

É lógico amar os inimigos


Ano C – VIII domingo comum

Porque é que Jesus nos manda amar os inimigos?

- Porque é fácil.

Nós fomos feitos para nos amarmos uns aos outros. Fazemos aquilo para o qual Deus nos fez.

- Porque é lógico.

Se nos temos de amar a todos então também devemos amar os inimigos, os novos, os velhos, isto é, amar a todos.

- Porque dá resultado. Deus nos deu o exemplo. Ele nos manda fazer aquilo que ele fez. Assim como vos amei, amai os vossos inimigos. Afinal é ele que ama em nós os nossos inimigos e é por isso que resulta.

Tal como o concurso Totoloto (iniciado em 1985) do qual ainda hoje se diz que é fácil, é barato e dá milhões, assim também o amar aos inimigos é fácil, é lógico e dá resultado.

 

O que é oferecer a outra face?

- Não é fazer com que haja outra violência. É mostrar a outra face não da agredida, mas outra face da mão que agrediu. De facto, mostrar a outra face não é dar a oportunidade de voltar a ser agredido. É mostrar a face do bem a quem mostrou a face do mal, é mostrar o positivo a quem mostrou o negativo…


Exemplo de uma criança:

Havia muita violência doméstica numa certa casa. Uma vez, talvez por excesso de bebido o pai deu uma bofetada na cara do seu filho que tinha dito algo de mau gosto.

O filho, com o rosto vermelho e com as lágrimas nos olhos, pegou na mão do pai e deu-lhe vários beijos.

Dizem que a partir daí nunca mais houve violência doméstica.

As crianças são capazes de viver heroicamente esta página do Evangelho de dar a outra face.


Exemplo de um soldado:

Aprendi como capelão militar esta história, que não sei se foi real, mas de certeza é verosímil.

Na camarata do quartel, todas as noites havia um soldado que antes de se deitar ajoelhava-se e fazia as suas orações. Claro que todos os seus colegas riam, provocavam-no, chamavam-lhe nomes.

- Deixa-te de pieguices, seu beato. És mesmo um atrasado mental, fundamentalista e supersticioso etc…

O rapaz continuava a rezar e parecia nem ouvir, tão concentrado estava.

Uma noite um companheiro para o provocar, porque as palavras não tinham efeito, levantou-se, fez pontaria e atirou-lhe as suas botas todas enlameadas. E, como é suposto os soldados terem pontaria, acertou-lhe em cheio na cabeça. Ficou atordoado e todo sujo, mas continuou a rezar, agora no meio de total silêncio.

Na manhã seguinte o soldado que lhe tinha atirado as botas sujas, ficou chocado ao ver junto da sua cama as suas próprias botas bem limpas e engraxadas. Envergonhado não se manifestou, mas duas lágrimas escorreram pelo seu rosto.

Na noite seguinte, nessa camarata, não houve um soldado de joelhos a rezar, mas sim dois soldados. Alguém mostrou a outra face e valeu a pena.

E também isto é fácil, é lógico e dá resultado.

 

Ver também:

Amar a todos

Duas faces

A outra face

Focar o bem ou o mal

Oferecer a outra face

A outra

Sem inimigos

O amor tudo apaga

Ama o teu inimigo

Os inimigos

Transbordar o amor

A medida da generosidade

Dois pesos e duas medidas

Os nossos inimigos

 

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Convida, mas não obriga


6ª feira – VI semana comum

Quem quiser seguir-me…


Jesus não obriga ninguém a segui-lo.

Convida, mas não obriga

Chama, mas não prende

Bate à porta, mas não abre

Propõe, mas não impõe

Põe a mesa, mas não força a comer

Pede, mas não negocia

Quer, mas não condiciona

Conduz, mas não arrasta.

Oferece, mas não exige.

Aproxima-se, mas não invade

Perdoa, mas não humilha

Espera, mas não se impacienta

Mostra, mas não inflige

Atrai, mas não determina

Corrige, mas não elimina

Responde, mas não argumenta

Sofre, mas não se queixa

É desprezado, mas não se vinga

Diz não, mas não se justifica

Escuta, mas não julga

Está presente, mas respeita

Ama, mas não amarra

 

 

Memória de São Teotónio, presbítero (1082-1162)

Ora que melhora

 

Da sua biografia escrita por um seu discípulo:

- Instruía na fé as gentes rudes

- Incorporava-os na igreja pelo batismo

- Chamava os pecadores à penitência

- Curava-os com a medicina das suas orações e palavras de encorajamento

- Absolvia-os e reconciliava-os com a igreja

- A todos ensinava os preceitos divinos

- Pregava a verdade

- Apresentava ao Senhor as preces dos fiéis

- Intercedia diante de Deus pelos pecados do povo

- Oferecia no altar o sacrifício de expiação

- Recitava orações e abençoava os dons de Deus.

- Comportava-se sempre com santa reverência e temor de Deus

- Cumpria as funções sagradas com toda a perfeição

- Desprezava a sumptuosidade e as enganadoras seduções do mundo

- Não se envaidecia com os louvores

- Não se exaltava com a riqueza

- Não se amargurava com a pobreza

- Rezava cada dia todo o saltério

- Tinha como predileção o recolhimento, a mansidão, o silêncio e a paz

-  Era e tal maneira humilde que queria ser o mais esquecido de todos e o último dos servos de Deus.

 

De todas estas virtudes sublinho: Curava-os com a medicina das suas orações.

De facto, podemos aplicar o lema - Ora que melhora!

 

Ver também:

Versão aritmética

Identidade cristã

Renegue-se

A cruz dos discípulos

Tomar a cruz

Tome a sua cruz

Abraçar a cruz

Carregar a cruz

 

Ver ainda:

SãoTeotónio

 

Crónica de um santo (14)


Crónica de um santo na Madeira

 

14ª semana – O tempo e a eternidade

 

A Liturgia das Horas disponibiliza-nos em português um hino da hora intermédia da 4ª feira, de Miguel Trigueiros, que pode ilustrar esta semana do Imperador Carlos na Madeira.

 

Troquemos o instante pelo eterno.

Sigamos o caminho de Jesus.

A primavera vem depois do inverno;

A alegria virá depois da Cruz!

 

Passa o tempo, e, com ele, as nossas vidas;

Tal como passa o bem, passa a desgraça.

Passam todas as coisas conhecidas…

Só o Nome de Deus é que não passa.

 

Farei da fé, vivida cada dia,

A luz interior que me conduz

À luz de Deus, da paz e da alegria,

À luz da glória eterna, à Luz da Luz.

 

De facto, ao mudar-se para o Monte, o Imperador pediu a bênção da casa e dos seus moradores, bênção de paz e de alegria. Começou assim a sua subida ao Monte, ao Calvário, da Cruz à Glória.

Depois foi a bênção do novo relógio da Sé, para marcar o ritmo da passagem do tempo à eternidade.

Ser santo é antecipar aqui na terra a paz e a alegria que está reservada para a eternidade.

Ser santo é viver aqui no tempo o gozo que nos está reservado para a eternidade.

Beato Carlos de Áustria foi provavelmente o primeiro santo a ser fotografado usando um relógio de pulso.

O “relógio da trincheira” foi desenvolvido pelos militares na Primeira Guerra Mundial para que consultar as horas fosse mais prático no campo de batalha. Era, literalmente, um grande relógio de bolso montado numa pulseira de couro. Originalmente, como pode ser visto no relógio do Imperador Carlos, a coroa da corda estava na parte de cima, na posição do número 12. Os relógios de pulso modernos normalmente têm a coroa na posição do número 3. O relógio de trincheira foi considerado uma honra e uma moda pelos soldados que voltaram da Grande Guerra.

18 de fevereiro de 1922 – sábado

A família imperial mudou-se para a Quinta do Monte, propriedade de Luís da Rocha Machado. À tarde Carlos reuniu toda a família para a oração em volta da lareira acesa da sala de jantar e pediu ao Pe. Paul Zsamboki que benzesse a casa “a fim de que, aqui, entrem também a paz e a alegria”.

 

19 de fevereiro de 1922 – domingo

Fixando o olhar no Santuário de Nossa Senhora do Monte, o Imperador disse à esposa: “Não gostaria de morrer aqui.” Mas, logo em seguida, acrescentou com grande resolução: “O bom Deus fará aquilo que quiser.” Parecia ter compreendido claramente que Deus lhe pedia um sacrifício extremo para a salvação dos seus povos: o sacrifício da sua própria vida.

 

20 de fevereiro de 1922 – segunda-feira

Amável e responsável como sempre, o Imperador passava o dia muito feliz com toda a família, dedicando grande parte do seu tempo à educação e à formação dos filhos, em especial dos dois mais velhos. O exílio deixava-lhe a liberdade para gozar plenamente das alegrias da paternidade sem nenhuma restrição de tempo.

 

21 de fevereiro de 1922 – terça-feira

 

22 de fevereiro de 1922 – quarta-feira

 

23 de fevereiro de 1922 – quinta-feira

O Imperador Carlos, acompanhado por dois filhos, foi ao Funchal assistir à bênção do novo relógio da torre da sé, do qual foi o padrinho. Foi a última cerimónia pública na qual o Imperador participou. Como sempre foi calorosamente acolhido pela população do Funchal, a qual tinha conquistado na sua breve estadia.

 

24 de fevereiro de 1922 – sexta-feira


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Cura do cego de Betsaida


4ª feira – VI semana comum

Leitura interpretativa do episódio 

da cura do cego de Betsaida

 

- Betsaida – terra natal de Simão e André. Terra censurada pela sua incredibilidade.

- Trouxeram a Jesus um cego – precisamos sempre que alguém nos leve a Jesus ou então Jesus precisa que alguém nos leve até Ele.

- Suplicaram-lhe que o tocasse – os outros eram os olhos do cego e também a sua voz, pois estava passivo ou dependente.

- Jesus tomou-o pela mão – tomou conta dele, deitou-lhe a mão, isto é, uniu-se a ele para que ele se unisse a Si.

- Levou-o – Jesus é o caminho, a verdade e a vida.

- Para fora da cidade – deixar a terra incrédula, que é contagiosa, a cidade dos homens, para encontrar-se com Deus. Também Simão e André tiveram de deixar Betsaida para poderem ver Jesus ou Jesus vê-los e chamá-los.

- Deitou-lhe saliva nos olhos – É a unção que vem do interior de Jesus.

- Impôs-lhe as mãos – sinal do poder de Deus.

- Diálogo – vês alguma coisa? – Jesus envolve o cego a participar.

- Vejo as pessoas que parecem árvores a andar – a sua participação foi crescendo, o conhecimento de Jesus foi progredindo e a fé foi-se desenvolvendo.

- Jesus impôs-lhe novamente as mãos – agora já com a participação e a vontade do cego.

- E ele começou a ver bem – só depois do diálogo é que conseguiu ficar restabelecido e ver tudo claramente.

- Então Jesus mandou-o para casa - é um convite a tomar parte da comunidade, da família e não apenas da cidade.

- E disse-lhe – Não entres sequer na povoação – é o compromisso a deixar a vida anterior na cidade incrédula e continuar uma vida nova.

 

Conclusão:

o episódio, exclusivamente apresentado pelo Evangelista Marcos, no seguimento da pregação de Jesus – Tendes olhos e não vedes, ouvidos e não ouvis – é a sua explicação dessa cegueira.

Só através do diálogo é que descobrimos Jesus pouco a pouco e a nossa fé vai crescendo.

O que é que deu errado na primeira vez? Porque começou primeiro a ver desfocado? Porque só se vê bem através do diálogo, do nosso envolvimento ou participação.

 

À margem:

Gosto muito de ler os sermões do Pe. António Vieira. Admiro imensamente a sua habilidade com a língua portuguesa e a sua capacidade de extrair das Escrituras pensamentos tão profundos. No seu sermão sobre a cura do cego de Betsaida, ele diz:

“Trouxeram um cego a Cristo, para que o curasse; pôs-lhe o Senhor as mãos nos olhos e perguntou-lhe se via? Respondeu que via andar os homens como árvores.

Pergunto: e quando estava este homem mais cego, agora ou antes? Agora, não há dúvida, que tinha alguma vista, mas esta vista era maior cegueira, que a que dantes tinha: porque dantes não via nada, agora via uma coisa por outra, homens por árvores; e maior cegueira é ver uma cousa por outra, que não ver nada. Não ver nada é privação; ver uma cousa por outra é erro.”

Trata-se de uma imagem rica e muito apropriada que tem implicações sobre todas as áreas da vida. A cegueira moderna é a nossa incapacidade de ver Deus como Deus é, de ver-nos a nós mesmos como nós somos e ver o mundo como o mundo é. Uma vez que as imagens são distorcidas, a vida torna-se igualmente distorcida e confusa.

O Pe. António Vieira nos afirma que a pior cegueira não é a que nos impede de ver totalmente, mas aquela que deforma aquilo que vemos. Jesus precisou impor as mãos sobre aquele cego uma segunda vez para que a sua visão fosse totalmente recuperada de forma que pudesse então distinguir tudo com clareza. Precisamos de um novo toque de Cristo.