sábado, 31 de dezembro de 2016

P - A - O



Terminamos o ano com PÃO

P de perdão = olhando para o ano que passou pedimos perdão por nem sempre termos agido corretamente, por nem sempre termos dado o nosso melhor.

A de agradecimento = olhando para o presente damos graças a Deus por termos chegado até aqui e por tudo quanto Ele  nos concedeu, pelo bem que fizemos e pelo bem que nos fizeram.

O de oferta = olhando para o futuro queremos oferecer a Deus o nova ano, colocando-nos nas suas mãos juntamente com todos os nossos familiares, amigos e benfeitores. Que tudo seja para a glória de Deus.

Seja este o nosso PÃO de cada dia ao longo deste novo ano.

E começamos o novo ano com a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus.
Olhemos para ela para que ela olhe por nós.




sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Natal (55)














Não sei quem foi o responsável pela criação e partilha, neste Natal, desta selfie.
A minha primeira reação foi de desaprovação: Mas que falta de respeito! Que ousadia brincar assim com gente séria!
À medida que me fui familiarizando com a foto, fui acumulando tolerância, ternura e graça.
Agora atrevo-me a dizer que é uma bela mensagem. 
É a tradução, em linguagem moderna, do EMANUEL, Deus connosco. Jesus parece dizer: Eu estou com estes amigos e eles estão comigo. Pois tenho a impressão que o autor (ou inspirador) da selfie é o próprio Menino (que continua a nos surpreender).
Que pena eu não estar ali no grupo!
Então que posso fazer para ser eu próprio a tirar uma selfie com Ele?
Só tiramos selfies com quem admiramos, com quem nos identificamos...
Tenho talvez de ser mais crente, mais entusiasta, mais sincero porque a selfie é apenas uma maneira de mostrar os nossos sentimentos sem artifícios, nem disfarces ou filtros que distorcem a realidade.
Ainda não consegui nenhuma selfie com Jesus, mas tenho a certeza que um dia hei de ver todas as selfies que Jesus tirou comigo ao longo da minha vida cá na terra!



A família como templo





















Festa da Sagrada Família

A família é um templo 
ou o templo é uma família.

"A família está convocada a ser templo, 
ou seja, casa de oração; 
uma oração singela, cheia de esforço e ternura. 
Uma oração que se faz vida, 
para que toda a vida se converta em oração."

(São João Paulo II)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Luz das nações


5ª feira da oitava de Natal

Revelação – Jesus é luz das nações

1ª – Quem revela
A página do Evangelho refere por 3 vezes o Espírito Santo.
- Estava com o idoso Simeão
- Moveu-o até ao Templo
- Inspirou-o a testemunhar
De facto, nada fazemos sem a presença, a força e a inspiração do mesmo Espírito.

2ª – Revela quem
- Meus olhos viram a salvação... luz para se revelar às nações.
A Luz brilhou nas trevas.
O Verbo era a luz verdadeira, que vindo ao mundo ilumina todo o homem.
É por isso que Jesus nasceu no meio da noite para nos dizer que era ele a Luz.
Para além disso, o dia, na tradição bíblica, começa sempre com o pôr-do-sol e não como nascer do sol. Todos os dias festivos têm início à noite.
De facto, não é difícil confiar no dia e acreditar na existência da luz quando o sol nasce.
Jesus nasceu à noite e o dia inicia-se à noite para simbolizar que Jesus é a luz. Isso representa a fé que se tem, mesmo quando se está envolto nas trevas, a luz prevalecerá e que uma nova aurora irá despontar.
Jesus é a luz para andemos na sua claridade.

É por isso que na Gruta de Belém, para assinalar o local do nascimento de Jesus, há uma estrela, pois ele é LUZ DAS NAÇÕES.




Natal (54)


Oração frente ao presépio

Senhor, entra no ‘estábulo’ do meu coração!
Sei que não consegues entrar num coração sujo,
num coração cheio de orgulho, ganância e vaidade,
cheio de ciúme, ressentimentos e certezas inabaláveis.
Nem tão pouco podes entrar
num coração que não sabe perdoar,
nem ir ao encontro do outro, procurando paz e harmonia.
Não entras porque não achas espaço para ti
num coração que está cheio de si mesmo.
Só consegues entrar num coração
que procura limpar-se de toda a maldade para te acolher.

Senhor, entra no ‘estábulo’ do meu coração
para que, com a tua presença, todo ele se purifique,
se transforme e te aceite verdadeiramente.
Só desejo que fique nele um móvel:
um trono ou um berço,
uma manjedoura ou umas palhinhas,
feitos apenas do desejo de servir e ser dom,
de ser presente, como tu és para mim e para todos.
Ainda estou muito longe disso,
mas mesmo assim aceita este convite:
Entra no ‘estábulo’ do meu coração,
para que ele se contagie com a tua presença
e possa bater ao ritmo do teu.
Ámen.

(autor desconhecido)

Natal (53)



Deus tão perto de nós

Durante a tarde reli a conversa que Leonardo Boff teve um dia com o líder espiritual budista Dalai Lama.
- Santidade, qual é a melhor religião?
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, olhou-o bem nos olhos - o que o desconcertou um pouco, por que sabia da malícia contida na pergunta - e afirmou: 
- A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito. É aquela que te faz melhor.
E nessa noite de Natal eu sonhei… que estava num painel juntamente com os dois personagens do episódio anterior.
Foi o próprio Daila Lama que me questionou:
- Reverendo, qual é o Deus verdadeiro?
Fiquei nervoso, porque não queria fazer aceção de nenhum crente e por isso respondi timidamente:
- O Verdadeiro Deus é aquele que mais se aproxima do homem, de toda a humanidade…
Dito isto acordei e agradeci a revelação natalícia de Deus. Ele não é só o Emanuel, o Deus connosco, é mais do que isso. Deus fez-se homem, para se aproximar de nós – união mais íntima não podia existir!
Quando contei este sonho a um colega meu, foi este o seu desabafo:
- De facto, não há Deus tão perto de nós do que Aquele que comungamos na Eucaristia!
Tive então de ligar o mistério do Natal ao Mistério Eucarístico, 
Tudo isto porque não há Deus tão perto de nós como o nosso... no Natal, na Eucaristia, no dia a dia, em todos os momentos da nossa vida... porque Ele é o Deus verdadeiro! 

Se a melhor religião é aquela que mais nos aproxima de Deus, o verdadeiro Deus só pode ser aquele que mais se aproximou do Homem: Jesus Cristo, feito homem.
É isto mesmo que celebramos no Natal.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Natal (52)


Sermão de Sartre sobre o Natal

Estamos em 1940, na Alemanha, num campo de prisioneiros franceses. Alguns padres pedem a Jean-Paul Sartre, recluso há alguns meses com eles, que redija uma pequena meditação para a véspera de Natal. Sartre, ateu, aceita. E oferece aos seus camaradas "Barioná ou o filho do trovão", procurando unir crentes e não crentes. Um excerto:

"Como hoje é Natal, tendes o direito de exigir que vos seja mostrado o presépio. Ei-lo. Eis a Virgem, eis José e eis o Menino Jesus. O artista colocou todo o seu amor neste desenho, mas vós talvez o considereis ingénuo. Vede, as personagens têm belos ornamentos mas estão rígidas, dir-se-ia que são marionetas. Não eram certamente assim. Se fordes como eu, que tenho os olhos fechados... Mas escutai: só tendes de fechar os olhos para me ouvir e eu vos direi como os vejo dentro de mim.
A Virgem está pálida e observa o menino. O que falta pintar no seu rosto é um maravilhamento ansioso, que só aparece uma única vez numa figura humana. Pois Cristo é o seu filho, a carne da sua carne e o fruto das suas entranhas. Ela carregou-o nove meses e dar-lhe-á o seio e o seu leite tornar-se-á o sangue de Deus. E em certos momentos a tentação é tão forte que esquece que é Deus.
Ela aperta-o nos seus braços e diz: "Meu pequeno!". Mas noutros momentos permanece perturbada e pensa: "Deus está ali", e sente-se tomada por um horror religioso por este Deus mudo, por este menino terrificante. Pois todas as mães se detêm por instantes diante desse fragmento rebelde da sua carne que é o seu filho e sentem-se exiladas diante dessa nova vida que foi feita com a sua vida e que povoam de pensamentos estranhos. Mas nenhum filho foi mais cruelmente e mais rapidamente arrancado da sua mãe, porque Ele é Deus e está além de tudo o que ela pode imaginar.
E é uma dura provação para uma mãe ter vergonha de si e da sua condição humana diante do seu filho. 
Mas penso que deve ter havido outros momentos, rápidos e escorregadiços, nos quais sente ao mesmo tempo que o Cristo é seu filho, o seu pequeno, e que é Deus. Ela observa-o e pensa: "Este Deus é meu filho! Esta carne divina é a minha carne. É feito de mim, tem os meus olhos e esta forma da sua boca é a forma da minha. Parece-se comigo. É Deus e parece-se comigo".
E nenhuma mulher teve da sorte o seu Deus só para si. Um Deus pequenino que se pode tomar nos braços e cobrir de beijos, um Deus quente que sorri e respira, um Deus que se pode tocar e que vive. E é nesses momentos que eu pintaria Maria, se eu fosse pintor, e tentaria representar a expressão de terna audácia e de timidez com a qual ela avança o dedo para tocar a doce pelezinha deste menino-Deus, de quem sente sobre os joelhos o peso morno e que lhe sorri.
E eis tudo para Jesus e para a Virgem Maria.
E José? José, não o pintaria. Mostraria apenas uma sombra ao fundo da granja e dois olhos brilhantes. Pois não sei o que dizer de José e José não sabe o que dizer de si mesmo. Adora e está feliz por adorar e sente-se um pouco em exílio.
Creio que sofre sem o admitir. Sofre porque vê o quanto a mulher que ama se parece com Deus, o quanto ela já está perto de Deus. Pois Deus rebentou como uma bomba na intimidade desta família. José e Maria estão separados para sempre por esse incêndio de claridade. E toda a vida de José, imagino, será para aprender a aceitar."

Jean-Paul Sartre 
(Tradução: Rui Jorge Martins, in http://o-povo.blogspot.pt)


Natal (51)


Deus quis ser menino

Todo o menino quer ser homem.
Todo o homem quer ser rei.
Todo o rei quer ser deus.
Só Deus quis ser menino.

Sempre que nasce uma criança,
é Deus que continua a acreditar no homem.

Se Deus se fez homem,
então ser homem é a melhor bem que se pode ser.



terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Uma lição de São João Evangelista


 Como vela a consumir-se até ao fim

Na festa do Evangelista São João referi que, segundo parece, ele teria sido o único Apóstolo que não morreu martirizado, mas de morte natural após uma longa velhice.
- Então os outros apóstolos tiveram mais méritos do que ele.
- Nem por isso! Aos olhos de Deus todos são iguais… Mas eu acho que a sua morte foi tão digna, tão generosa, tão eloquente como a morte violenta e provocada do restante colégio apostólico. Ele entregou a sua vida consumindo-se até ao fim como uma vela acesa. Entregou-se totalmente, esgotou a vida nas mãos de Deus. O seu martírio foi entregar até ao fim….
Já por várias vezes alguém me veio pedir para retirar as flores do altar que já estavam a ficar velhas e a perder pétalas… Ou então que substituísse as velas que já estavam tão curtas como um dedal.
A minha resposta foi negativa, pois era uma lição para mim: as flores serviam o altar até ao último momento… e as velas consumiam-se totalmente até ao fim…
Tal deve ser também a nossa vida.
É este o martírio ou a consagração total da esmagadora maioria dos generosos seguidores de Cristo – consumir-se até ao final na serenidade e dignidade ou enfeitar o altar do Senhor com todas as forças, quer nos momentos mais viçosos quer na maturidade ou ocaso da vida.



Natal (50)


Jesus é o rosto humano de Deus
e o rosto divino do homem

























Diz-me o coração:
Procurai a sua face.
A vossa face, Senhor, eu procuro:
Não escondais de mim o vosso rosto...
(Salmo 26, 8-9)

Recorrei ao Senhor e ao seu poder
e buscai sempre a sua face...
(salmo 105, 4)



segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Natal (49)

Quando Jesus nasceu...


Quando Jesus nasceu, os demónios foram ter com Satanás, dizendo:
- Hoje todos os ídolos baixaram a cabeça. 
Satanás disse: 
- Alguma coisa aconteceu no vosso mundo.
E voou sobre o mundo mas não descobriu nada.
Por fim, deu com o Menino Jesus, rodeado de anjos. 
Voltou para junto dos demónios e disse-lhes:
- Ontem nasceu um profeta. Nunca uma mulher concebeu ou deu à luz sem eu estar presente, exceto esta. Por isso, desisti da adoração dos ídolos a partir desta noite. Daqui em diante tentai os homens explorando a sua precipitação e superficialidade.
(cf. Abu Hamid al-Ghazali (+1111) in Tarif Khalidi, Jesus Muçulmano - máximas e histórias da literatura islâmica)


Natal (48)



















A alegria dos pastores


Ó pastores, ide anunciar!
         Alegria irmãos, que nasceu Jesus (bis)
Proclamai a paz, aleluia,
Anunciai o amor, aleluia, aleluia,
         Alegria irmãos, que nasceu Jesus (bis)

Jesus Cristo nasceu em Belém
         Alegria irmãos, que nasceu Jesus (bis)
Ele é o Salvador, Aleluia,
Do povo de Deus, Aleluia, aleluia
         Alegria irmãos, que nasceu Jesus

Ó pastores, vinde anunciar,
         Alegria irmãos, que nasceu Jesus.

Há um ano aprendi em Angola este bonito cântico africano de Natal. Esse povo identifica-se com os mais simples e humildes, com a alegria dos primeiros a quem foi anunciado o Natal.
De facto os anjos anunciaram a boa nova do nascimento do Salvador à classe mais humilde e simples da sociedade rural. Os pastores eram homens considerados impuros, que não se deviam misturar com os outros.
No projeto de Deus eles tornam-se os primeiros a serem convidados a aproximar-se, a acolher o Salvador, a reconhecer o novo rosto de Deus, enfim, são eles os primeiros evangelizados e os primeiros a evangelizar.
Só quem é simples e humilde pode identificar-se com esta alegria dos pastores…



sábado, 24 de dezembro de 2016

Natal (47)


A porta que o presépio não tem

Um presépio não tem porta.
Tem Maria,
tem José,
tem Jesus sempre.
Pode ter vaca, pode ter burro.
Alguns têm reis magos,
palha quase todos,
mas porta nenhum tem.

Pode ter telhado,
parede, até,
mas porta, um presépio nunca tem.

Não há porta, para que
donde quer que venhas,
quando quer que venhas,
como quer que venhas
não haja barreira alguma
que te impeça de entrar.
Entra.
Fica tu,
só tu e Ele.
E está.

Depois,
depois sê tu a porta
que o presépio não tem
para outros entrarem.





















Esta é uma das mais belas mensagens que recebi neste Natal.
Foi partilhada pelo Pe. Tomás Pároco de Alfragide com um poema do Diácono Fernando Magalhães.

De facto, o presépio não tem porta porque a porta é o próprio Jesus: 
Porta que liga o Céu à Terra e porta que liga o Homem a Deus...

Natal é Porta…
Porta da Vida
Porta da Alegria
Porta da Paz
Porta do Céu
Porta da terra 
Porta da História




Natal (46)























O Pão da Festa ou a Festa do Pão
























Nasceu Jesus em Belém, que quer dizer, casa do pão…
Ele é na verdade, o Pão Vivo que desceu do Céu!






















Maria teve o seu Filho e recostou-o numa manjedoura.
Deitado numa manjedoura, isto é, num lugar onde se serve a comida para nos lembrar que Jesus quer ser o nosso alimento e sustento.

















Os pastores encontraram o Menino deitado nas palhinhas da gruta…
No meio da palha Jesus é o trigo da seara do Senhor… Trigo que Deus semeou no seio de Maria e que se tornará para nós pão do céu que nos dá vida e salvação eterna.
















Acolher Jesus é acolher o pão.
Partilhar o pão é partilhar Jesus.
Celebrar o pão é festejar Jesus.
Celebrar Jesus é festejar o pão
porque no Natal Jesus fez-se alimento
para saciar a nossa fome.



















São Jerónimo narrou que o apóstolo São Paulo, quando entrou na gruta exclamou:
- Eu te saúdo, Belém, casa do pão, na qual nasceu o pão descido do céu.
Natal e Eucaristia são faces do mesmo mistério…