sábado, 30 de janeiro de 2021

Pe. Albert Bourgeois


Assinala-se hoje o centenário do nascimento do 6º Superior Geral dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), o Pe. Albert Bourgeois.

Era ele o Superior Geral quando entrei no seminário e ainda quando fiz a primeira profissão como religioso dehoniano.

 

O Pe. Bourgeois nasceu na França a 30 de janeiro de 1921.

Fez a primeira profissão religiosa a 29 de setembro de 1938.

Foi ordenado sacerdote a 6 de julho de 1947.

Desempenhou a missão de Superior Geral da Congregação SCJ, em Roma, de 6 de junho de 1967 a 6 de junho de 1979.

Faleceu em Paris a 21 de novembro de 1992.

 

Estive com ele nas várias visitas que ele fez às comunidades dehonianas em Portugal.

Recordo na década de 80 as palestras que fez entre nós sobre a revisão das Constituições SCJ.

Desses comentários ou guia de leitura das Constituições cito uma sua comparação:

“As novas Constituições (ou Regra de Vida) são, em certo ponto, uma espécie de Deuteronómio para nós. São o nosso Deuteronómio.

Com as devidas proporções podemos, sem dúvida, considerar as novas Constituições como um dom de Deus, - como o Deuteronómio foi para o Povo de Deus – desse Deus que segue uma maravilhosa pedagogia.

Este código fundamental tira a sua força obrigatória da realidade e da natureza da nossa vocação e do nosso ser espiritual, no qual ela nos transforma.

Em fim de contas, a obrigação é a de tornar-nos aquilo que somos.

Disponibilidade, conversão permanente, o Hoje de Deus, são temas e palavas que correm ao longo de todo o Deuteronómio. Deixar ressoar em nós as antigas palavras, talvez não seja a pior maneira de preparação para ler, meditar, acolher e viver “o nosso Deuteronómio”.

Tornando-nos aquilo que somos, entramos na grande corrente do amor que parte do Coração de Deus e que para lá conduz…”

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Na semana dos consagrados



Como preparação para o 25º dia mundial dos consagrados, a 2 de fevereiro, esta semana inspira-se na Encíclica Fratelli Tutti, publicada há 4 meses pelo Papa Francisco.

É um convite a atuar juntos, a reavivar em todos uma aspiração mundial à fraternidade.

Podemos dizer que os consagrados são a personificação ou o sinal visível da encíclica Fratelli Tutti e que a Fratelli Tutti é o espelho da Vida Consagrada.

De facto, os consagrados habitualmente são denominados como Frades e Freiras, isto é, irmãos e irmãs.

Esta fraternidade ou irmandade, confraria ou fratria, é a expressão mais eloquente de que o sonho da encíclica é já uma realidade em ação.

 

Os freis, frades ou irmãos não são irmãos de sangue.

Nem são apenas irmãos de copo e de cruz.

Nem se limitam a ser irmãos de vocação.

São irmãos de coração e sobretudo irmãos de alma.

 

Quem não quiser ler a encíclica Fratelli Tutti, basta contemplar uma comunidade de consagrados, de irmãos ou de freiras, que ficará na mesma bem instruído, edificado e motivado para a fraternidade.

Poderá apreciar as duas dimensões da fraternidade:

- A dimensão humana, horizontal, no mesmo nível, porque todos iguais, todos irmãos.

- A dimensão divina, vertical, de cima para baixo, porque todos adotados, todos filhos.

Juntando as duas dimensões teremos uma cruz, a cruz da fraternidade e da consagração.


Ver também:

Pai Nosso dos Consagrados


quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

José esposo de Maria

O dia 23 de janeiro é a data tradicional da festa do casamento de José e de Maria de Nazaré.

Embora nunca tenha feito parte do calendário geral, esta data é mantida por algumas Ordens Religiosas, especialmente as de devoção mariana, e por outros tantos calendários locais.

São João Paulo II resumiu, em 1989, a observância da prática do casamento judaico pela Virgem Maria e São José, na Exortação Apostólica Redemptoris Custos, nº 18:

“Segundo o costume do povo hebraico, o matrimónio constava de duas fases – primeiro, era celebrado o matrimónio legal (verdadeiro matrimónio); e, depois, só passado um certo período, é que o esposo introduzia a esposa na própria casa. Antes de viver junto com Maria, portanto, José já era o seu esposo.”

Maria é, de facto, a esposa de José. Assim sendo, o Menino Jesus, concebido em seu ventre pelo poder do Espírito Santo, é membro da família de José e Maria, e goza da maternidade de Maria e da paternidade adotiva ou da guarda de José.

O facto de Jesus ter sido concebido virginalmente e ter nascido depois do casamento de Maria e José, significa que JESUS FOI CONCEBIDO E NASCEU DENTRO DO CASAMENTO.

Não é verdade, portanto, que Ele tenha nascido fora do casamento ou de mãe solteira, como já acontecia com outros no passado e continua a acontecer na atualidade.

O Filho de Deus nasceu no seio de uma família estabelecida, dentro de um casamento oficializado, acolhido num casal constituído por homem e mulher.

José é esposo de Maria de Nazaré e por isso pai de Jesus, a quem deu o nome, assumindo a responsabilidade de o proteger, cuidar e ajudar a crescer.


Nesta quarta-feira peço a Deus, por intermédio de São José e de Maria Santíssima, que abençoe uma vez mais os casais da nossa comunidade, para que vivam o seu matrimónio na graça de Deus e toda a família possa progredir no amor e na santidade.


Missa dos Esponsais 

de Maria Santíssima com São José

23 de janeiro

 

Antífona de Entrada

Salve Maria, Mãe de Deus, unida em vínculo matrimonial com São José, guarda fiel de tua virginal maternidade.

 

Oração Colecta

Pai santo que unistes em virginal matrimónio a gloriosa mãe do vosso Filho com o homem justo José para que fossem fiéis colaboradores do mistério do Verbo encarnado, concedei-nos, unidos a vós pelo vínculo batismal, vivermos mais intensamente a nossa união com Cristo e caminharmos alegremente na estrada do amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo...

 

Primeira Leitura

Is 44,1-5

 

Salmo Responsorial

Sl 44, 2-3.11-12.14-15

 

Segunda Leitura

Ap 21, 1-5a; 22, 16-17.20

 

Aclamação ao Evangelho

R. Aleluia, Aleluia!

José, filho de David, não temas receber Maria por esposa, pois o que ela concebeu é obra  do Espírito Santo (Mt. 1, 20b)

 

Evangelho

Mt 1,18-21. 24-25

 

Oração sobre as Oblatas

Olhai benigno, Senhor, as ofertas que apresentamos ao vosso altar na festa dos Esponsais da bem-aventurada Virgem Maria com São José e acendei em nós o espírito do vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo...

 

Antífona da Comunhão

José, Filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra ela do Espírito Santo” (Mt 1, 20b).

 

Oração depois da Comunhão

Senhor, que nos enchestes de alegria com vossos santos dons, fazei que venerando a bem-aventurada Virgem Maria e seu castíssimo esposo São José, sejamos confirmados no vosso amor, e vivamos em contínua ação de graças. Por nosso Senhor Jesus Cristo...


Ver também:
Às quartas com S. José

 

 


 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

O caminho de S. Paulo


Festa da Conversão de São Paulo, Apóstolo

A vida e obra de São Paulo pode resumir-se a uma única palavra: CAMINHO.

- Ele ia a caminho de Damasco, quando tudo começou.

- A partir daí converteu-se. Deixou um caminho para seguir outro. De facto, a conversão é sempre um caminho, e o caminho é sempre uma conversão.

- Passou a ser discípulo de Cristo, Caminho, Verdade e Vida.

- Fez caminho nas suas viagens missionárias para que todos fossem como ele alcançados por Cristo. Não houve nenhum outro apóstolo que fizesse mais quilómetros de caminho do que Paulo.

- A sua última viagem como prisioneiro a caminho de Roma, a cidade eterna, é a prefiguração do caminho para a eternidade.

- Por fim, mesmo encarcerado não deixou de fazer caminho, porque as suas cartas nunca pararam e chegaram a todos os cantos do mundo.

- É por isso que Jesus, no Evangelho de hoje, convida a todos a irem pelo mundo todo e por todo o mundo anunciando que Ele continua a ser o Caminho da Vida e da Verdade. É preciso ir pelos caminhos do mundo para que a humanidade siga o caminho de Deus.

 

Ver também:

Paulo imparável

As lições de São Paulo

Conversão de São Paulo

São Paulo

A espada de São Paulo

Pregar com o exemplo

Candidato a pastor

Conversão de um santo

 

 

Centenário do Pe. Ivo


Memória do Pe. Ivo Tonelli, scj

Pobre ao serviço dos pobres

Fundador da Obra ABC (Rio Tinto)


- O Pe. Ivo Tonelli nasceu a 25 de janeiro de 1921, em Casteluccio Montese, Módena, centro-norte da Itália.

- Em 1938 entrou para o seminário dehoniano em Albino (Bérgamo)

- Fez a profissão Religiosa a 29 de setembro de 1943.

- Por causa da guerra regressou a sua casa paterno, como outros seus confrades estudantes, até ao fim da guerra.

- Foi ordenado sacerdote a 24 de junho de 1951.

- Em abril de 1958 veio para Portugal, para trabalhar no Colégio Camões, em Coimbra, dirigido pelos dehonianos, e depois no Colégio São João fundado pelos mesmos padres.

- Em 1961 foi para Ermesinde onde fundou em 1963 uma instituição para acolhimento de crianças e jovens, órfãos sociais – Obra ABC (Amici Boni Consilli).

- A partir de 1968 pôde dedicar-se completamente à Obra ABC.

- Em janeiro de 1975 aceitou o pedido do Bispo do Porto para dirigir também a Obra do Pe. Grilo, em Matosinhos, que em 1980 passou para a direção do Pe. Miguel Corradini, também dehoniano.

- A 21 de março de 1982, faleceu aos 61 anos, vítima de cancro no esófago.

 

O seu exemplo de dedicação total às crianças pobres e abandonadas foi assumido pela Província dos Sacerdotes do Coração de Jesus, que ainda hoje mantem e dirige a Obra ABC.

 

Pobre ao serviço dos pobres

No dia da sua missa nova, na sua terra natal, em julho de 1951 o Pe. Ivo foi assim recebido:

Partisti gnorato piccino

e nessuno s’accorse

fra i poveri che ne mancasse uno,

Ma ora che dopo anni e anni retorni,

te vediamo piú grande di tutti.

Sappiamo il tuo nome

DON IVO TONELLI

 

Partiste pequeno ignorado

e ninguém se apercebeu

que, entre os pobres, faltava um.

Mas agora depois de tantos anos regressas

e vemos-te maior que os outros.

Sabemos como te chamas:

Pe. IVO TONELLI

 

Pobre entre os pobres

assim nasceu, cresceu, viveu e morreu.

Hoje reconhecemos a sua grandeza,

o seu nome

o seu valor

e queremos manter a sua memória,

acarinhando a obra

e os pobres que nos deixou.



 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Corresponsabilidade


6ª feira – II semana comum

Último encontro dos 12 apóstolos, na ceia da quinta-feira santa, 

pintado por Leonardo da Vinci, entre 1495 a 1498.

 

Jesus escolheu 12 apóstolos.

Ele bem podia fazer tudo sozinho, mas preferiu partilhar responsabilidades.

Ele quer que os homens sejam seus colaboradores, e quer ser colaborador dos homens.

Ainda hoje ele continua a escolher, a partilhar responsabilidades connosco para que aprendamos a colaborar com ele e não nos esqueçamos que ele colabora connosco.

 

Se Cristo partilha connosco responsabilidades e colabora connosco e nós com ele, porque é que não partilhamos responsabilidades também com os nossos irmãos colaborando com eles e deixando que eles colaborem connosco?

Já que Deus confiou em nós, aprendamos a confiar uns nos outros.

 

Ver também:

Apóstolos a postos

Deus é quem escolhe

Seguidores

Escolher

Apóstolos de Jesus

A arte de pescar

Sou porque somos

Subir ao monte

Doze apóstolos

Contrato

 

Lições de unidade


1)

Unidos com Cristo, por Cristo e em Cristo Caminho, Verdade e Vida.

Se Cristo é o caminho, como é que podemos chegar sem os outros?

Se Cristo é a verdade, como é que não havemos de professar juntos a mesma fé?

Se Cristo é a vida, como é que somos capazes de viver em mundos separados?

(Cf. Jo 14,6)

 

2)

É necessário salvar-se conjuntamente.

Nós precisamos de chegar juntos ao Paraíso,

precisamos apresentar-nos juntos no Paraíso.

É necessário pensar nos outros,

é necessário doar-se aos outros.

O que é que Deus nos dirá,

se chegarmos ao Paraíso sem os outros?

(Cf. Chales Péguy in Le Mystère de la Charité de Jeanne d’Arc)

 

3)

As palavras francesas (bem como as portuguesas) para Monge ou monja (e mosteiro, monaquismo, ou monástico) vêm do grego MONOS ou MONACHOS que quer dizer solteiro, sozinho, solitário, único, um.

Os nossos corações, corpos e mentes, dizem as monjas da Comunidade Monástica de Grandchamp, longe de estarem em unidade, estão muitas vezes espalhados, puxados em várias direções. O monge ou a monja desejam ser um consigo mesmos e estar unidos em Cristo, e unidos com os irmãos.

Um mosteiro não é um lugar onde alguém vive só, mas onde todos vivem unidos - unidade de vida pessoal, comunitária e com Deus – todos formam um só corpo, um só coração, uma só alma.

(Cf. Subsídios para a semana de oração pela unidade dos cristãos 2021)

 

Ver também:

Permanecei unidos

Oito remos

Juntos contra a miséria

Cristãos unidos

A mão direita de Deus

Semana ecuménica

Todos irmãos

 

 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Às quartas com S. José


Desde o dia 8 de dezembro de 2020 até 8 de dezembro de 2021 o Papa Francisco consagrou um ano dedicado a São José para assinalar os 150 anos da declaração de Patrono da Igreja Universal. De facto, foi a 8 de dezembro de 1870 que o Papa Pio IX declarou São José Patrono de toda a Igreja.

No seguimento da vida da Igreja São Pio XII aprovou as ladainhas de São José e convidou os fiéis a honrá-lo em cada semana à quarta-feira a ele dedicada.

Assim, nós também, todas as semanas nesse dia faremos o possível de assinalar a nossa devoção a São José, partilhando orações, reflexões, imagens, histórias e testemunhos da ação de São José na Igreja Universal.

 

Clique para ver São José no Quintal do Vieira

Deus confiou nele

São José dormindo

São José

José, o educador

Rogai por nós, São José

Deus tão perto

Tempo de ação

Deus confia-nos o seu Filho

São José sonhador

Guardiões

Ó São José, rogai por nós

 

 

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Vocação do Pe. Canova



No centenário do seu nascimento, algumas memórias que o Pe. Gastão Canova escreveu sobre a origem da sua vocação:


a) Vou ser semeador

Tinha eu uns dez anos e frequentava a Escola Comercial Zanotti. Da escola até à minha casa havia um bom pedaço de estrada e, o que mais interessa, umas tantas igrejas, todas elas grandes e bonitas. Costumava eu depois das aulas, na parte da tarde, entrar numa ou noutra. Lá, com a igreja vazia, pensava nas minhas coisas.

Naquela tarde entrei, por acaso, na igreja de S. Salvatore; mas, não sei como, estava cheia de gente e havia um pregador famoso a falar do Semeador.

“Saiu o Semeador… Uma semente caiu… outra deu cem por um…”

Saí com a minha sacola dos livros, tomei um caminho mais longo para chegar a casa e fui pensando: é necessário muita semente… e também muitos semeadores… muita semente ficará perdida… mas alguma dará cem por um… O importante é que se semeie. Vou ser semeador.

Estava decidido.

 

b) Vou ser dehoniano

Estava decidido. Queria ser Padre e dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos). Diziam-me: “Podes ser Padre diocesano…” ou “Os Conventuais aceitam-te…”

Não queria. E teimei.

Ao início, não me quiseram. Esperei dois longos anos. Enquanto, estudei fora. Depois aceitaram-me, mas sempre repetindo a cantiga: “és filho único…” até ao noviciado… até à profissão perpétua. Fui teimoso. Porém não sabia que a Providência me teria pedido muto mais do que eu imaginava.

Não foi coincidência, mas Previdência esta ligação ao Pe. Dehon:

Era eu criança (seis ou sete anos) quando comecei a frequentar, como menino do coro, a nossa igrejinha da Via Nosadella (Bolonha). Nas dependências desta pequena igreja, o nosso Padre Fundador tinha obtido do Cardeal Della Chiesa (futuro Papa Bento XV) a possibilidade de iniciar o que viria a ser o “Studentato delle Missioni” para os estudos de Teologia dos alunos da Província Italiana SCJ.

 

c) Vou ser missionário

Eu queria ser dehoniano para ser missionário como o meu conterrâneo Pe. Albani.

Fazia parte dum dos primeiros grupos dos alunos deste Studentato de Bolonha um certo Albani de quem toda a Via Nosadella falava. Virá a ser o primeiro sacerdote missionário da Província; mas terá que ser, como outros, agregado a missões de outras Províncias. Ele irá para os Camarões, território da Província Francesa.

O Pe. Albani era conhecido e admirado pela rua inteira, quer pelo seu feitio próprio, quer pelo facto de ser missionário. Era o missionário enviado pela Rua Nosadella.

O Pe. Albani tinha um feitio todo especial. Em criança, traquina como era, foi muitas vezes ameaçado de expulsão do nosso seminário de Albino. E um dia os superiores tomaram as coisas a sério e executaram as ameaças. Encarregaram um tal Sr. Carrara, devotado empregado do seminário, de acompanhar o rapaz, bem agarradinho pela mão, na viagem de comboio e de o entregar em casa da família.

O pequeno Albani, muito dócil, deixou-se levar até à estação mas, quando estava para subir para o comboio, reparou que tinha os atacadores desapertados. Deixa subir o bom Carrara e, muito lentamente, com o pé apoiado no estribo, vai ligando e desligando os atacadores que parecem mesmo não quererem deixar-se amarrar. O comboio apita para a partida, o pequeno tira o pé o estribo, fecha bem a porta pelo lado de fora, deixa o comboio arrancar, cumprimenta o Carrara que, sem saber o que fazer, segue o seu destino. Ele, o traquinas, desata a correr até à sua amada Escola Apostólica de Albino. Teremos um missionário mais.

Eu queria ser Padre como ele.

E teimei como só o Pe. Albani sabia mais.

 

d) Vou para a Madeira

Durante os meus estudos participei, com todo o entusiasmo, nas esperanças da Província Italiana ter uma missão própria.

Estava eu no quinto ano de seminário e a Itália tinha, há pouco, conquistado a Abissínia (Etiópia). Havia a esperança de termos uma missão naquelas terras.

Um dia, chamou-me o Pe. Torresani, nosso prefeito de disciplina. Enquanto caminhava para o quarto do Padre ia pensando: Basta que não me fale de filho único… pode virar o disco. Já sei a cantiga de cor

Entro e o padre pergunta-me:

- Tens alguma coisa para dizer?

- Eu, nada.

- Nem eu.

Fico à espera e, entretanto, olho para todos aqueles mapas que o padre tinha por cima da mesa.

- A nossa Missão parece ser esta aqui do Dossiè…

E assim iniciámos uma boa hora de conversa acerca da provável Missão da Abissínia, tirando medidas, fazendo cálculos, imaginando igrejas cheias de cristãos… Sonhos!

Dias depois, soubemos que a missão teria sido confiada a outros, porque nós éramos de origem francesa.

Outra ilusão foi em 1940.

Tinham-nos oferecido uma missão na Índia (Renché).

Muitos sonhavam como crianças.

Afinal tudo se concluiu numa desilusão… éramos italianos.

Estava eu no fim da Teologia quando o Padre Provincial me chamou:

- Estás destinado à Argentina.

Fui, cheio de alegria, tratar do passaporte.

Mas havia um obstáculo. O tal obstáculo de sempre!

- Não podes ir: És filho único.

Fiquei triste, mas tive que aceitar.

Sabia lá eu das brincadeiras da Providência.

Um dia, pelas quatro horas da tarde, estava a trabalhar como Secretário do Provincial.

- Sabes – diz ele – pensei que tu fazias um jeitão lá Madeira, na Escola de Artes e Ofícios… sabes de eletricidade.

E assim fui parar à Madeira.

 

Ver também:

Recordar para imitar

 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Permanecei unidos


A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, deste ano 2021, foi preparada pela comunidade monástica de Grandchamp, na Suíça.

O tema escolhido foi inspirado em Jo 15,5-9 

Permanecei no meu amor 

e produzireis muitos frutos.”

 

Permanecendo em Cristo, a fonte de todo amor, o fruto da comunhão cresce.

A Comunhão com Cristo exige comunhão com os outros.

Mais perto de Cristo, mais perto dos Irmãos.

Unidos a Cristo, unidos aos irmãos.

Longe dos irmãos, longe de Cristo.

Do Subsídio para o oitavário:

“Imaginai que o mundo é um círculo, que o centro é Deus, e que os raios são as diferentes maneiras de viver dos homens.

Quando estes, desejando aproximar-se de Deus, caminham para o interior do círculo, aproximam-se uns dos outros ao mesmo tempo que se aproximam de Deus.

Quanto mais se aproximam de Deus, mais se aproximam uns dos outros.

E quanto mais se aproximam uns dos outros, mais se aproximam de Deus. (CF. Doroteu de Gaza, Instruções VI, +565)”

 

Ver também:

Oito remos

Juntos contra a miséria

Cristãos unidos

A mão direita de Deus

Semana ecuménica

Todos irmãos

 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Invitatório


5ª feira – I semana comum


Um salmo para amolecer o nosso coração 

e o tornar mais dócil à Palavra de Deus.

Hoje o salmo 94 aparece 3 vezes na nossa liturgia:

- No início da Liturgia das Horas (como habitualmente)

- No início da 1ª leitura (na Carta aos Hebreus)

- No salmo responsorial

É o salmo invitatório por excelência. Com toda a razão se inicia o Ofício Divino de cada dia por esse salmo. Nele podemos ver 3 momentos:

1º - Um convite (Vinde… aclamemos o Senhor)

2º - Um desejo (Quem dera ouvísseis hoje…)

3º - Um compromisso (Não endureçais os vossos corações)

A liturgia ajuda-nos a fazer de cada dia um contínuo ato de louvor a Deus e recorda-nos que os verdadeiros adoradores do Pai vão fazendo avançar o mundo para aquele repouso onde o louvor nunca mais terá fim.

O Senhor fala-nos durante o dia. 

Escutemo-lo.

O Salmo 94 é próprio para amolecer o nosso coração…

 

Ver também:

Lições de um encontro

O Mestre dos Mestres

Prática do dia

Não digas nada

Estendendo a mão

Ser mão

Dizer e fazer

Deus quer

Lepra e má língua