domingo, 31 de março de 2024

Ao encontro do Ressuscitado


Ano B - Dia de Páscoa da Ressurreição do Senhor

A – Onde procurar ou encontrar Jesus Ressuscitado?

Podemos encontrá-lo tal como estas personagens evangélicas o encontraram:

 

1º - Como Madalena – procurar nas trevas (do sepulcro) quando ainda estava escuro. Ou com as lágrimas de saudade, ou no jardim da criação.

2º - Como as mulheres – procurar entre os vivos, os ativos, os crentes.

3º - Como discípulos de Emaús o caminho, à nossa frente – Emaús, preceder-vos-ei a caminho da Galileia.

4º - Como Tomé e os outros discípulos - Entre os discípulos reunidos (onde 2 ou 3 reunidos).

5º - Como Pedro, João e outros discípulos na pesca milagrosa – nas atividades do dia a dia, no trabalho quotidiano.

E ainda só o encontraremos

- Depois de um dia de silêncio e de espera

- Depois de Jesus ter passado pela cruz

 

B – Qual a primeira coisa que Cristo fez depois de ressuscitar?

1ª - Enxuga lágrimas e de consolar os tristes. Estava Madalena chorando às portas do sepulcro aparece-lhe o Senhor enxuga-lhe as lágrimas; iam os discípulos tristes e desesperados para Emaús, foi-se encontrar com eles o Senhor, e consolou-os de sua tristeza. Amanhecendo no dia da ressurreição todo o reino de Cristo descontente, anoiteceram no mesmo dia todos contentes e consolados.

2ª - Manda anunciar, manda que passe a palavra.

3ª - Deseja a paz.

4ª - Apaga o medo.

5º - Reúne ou une as pessoas, congrega em comunidade.

 

C – Porque é que a Páscoa é sempre florida?

Não é apenas porque é primavera, não é só porque é bela, não é só porque renasce.

É porque cada flor é anúncio de frutos novos.

Que não nos faltem bons frutos nesta Páscoa Florida.

 

Ver também:

Da páscoa anual à páscoa semanal

Páscoa é passagem

 

Saudações de Páscoa

 

Ano B – Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor

Nesta Páscoa quero saudar assim:

- Parabéns porque chegámos à Páscoa, aleluia, aleluia!

- E que a Páscoa chegue ao coração de todos, aleluia, aleluia!

 

A igreja grega saúda assim:

- O Senhor ressuscitou, aleluia!

- Ressuscitou verdadeiramente, aleluia!

 

A Igreja romana diz assim:

- O senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia!

- E apareceu a Simão Pedro, aleluia!

 

Na Madeira dizemos:

- Boas Páscoas!

(porque a Páscoa de Cristo é a nossa Páscoa e a nossa Páscoa é a Páscoa de Cristo)

 

Os espanhóis desejam assim:

- Felices Pascuas!

(porque a páscoa não é só um dia, mas uma oitava ou 50 dias até ao Pentecostes.

 

Os monges cumprimentam-se assim na Páscoa:

- Este é o dia que o Senhor fez, aleluia!

- Exultemos e cantemos de alegria, aleluia!

 

Em Madagáscar os cristãos saúdam-se assim no dia de Páscoa:

- Parabéns porque chegámos à Páscoa.

E o outro responde:

- Oxalá que cheguemos à próxima Páscoa.

Não basta chegar à Páscoa, é preciso que a Páscoa chegue até nós, chegue bem dentro de nós, chego ao nosso coração, ao coração de todos. A Páscoa é um ponto de chegada, mas também um ponto de partida...

 

Jesus diz:

- A paz esteja convosco!

- Aleluia, aleluia!

 

sexta-feira, 29 de março de 2024

As sete palavras da Cruz


Sexta-feira Santa

Na cruz Jesus fala através de palavras (7 palavras ou frases)

Fala através do olhar – olha para discípulo, para a sua mãe, para baixo, para nós

Fala através dos gestos ou atitudes – mãos abertos, braços abertos, coração aberto

Fala através do silêncio – paz, serenidade, amor

São estas as sete palavras de Jesus na Cruz:

 

1ª – Perdão

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o fazem” Lc 23.34

Não foi uma palavra de revolta, de justiça, de violência, mas de perdão.

 

2ª - Paraíso

“Hoje mesmo estarás comigo no paraíso” Lc 23:43

Eternidade, ver mais além

 

3ª – União

“Mulher, eis o teu filho. (…) Eis a tua mãe.” Jo 19.25-27

Amor de mãe, de filho, de irmão. Intimidade familiar, casa.

União contrário à dispersão dos discípulos. Família, mãe de todos, todos irmãos

 

4ª – Oração

“Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” Mc 15.34)

Salmo 21(22)

União a Deus nosso Pai. Jesus morre rezando, assim como viver rezando.

É um salmo de esperança e de confiança no meio das dificuldades.

 

5ª - Saudade

“Tenho sede” Jo 19.28)

Seria esta uma sede puramente humana, de quem tem vindo a esvair-se em sangue e que, por isso, começa já a sentir essa secura na sua boca? Ou será uma sede mais profunda? Jesus tem desejo de qualquer coisa, tem sede de qualquer coisa… Jesus tem sede de nós, tem saudades de nós.

 

6ª – Amor

“Tudo está consumado” Jo 19.30

Tendo amado os seus amou-os até ao fim.

Amor perfeito, plenamente realizado.

 

7ª - Oferta

“Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito” Lc 23.46

Entrega, vimos de Deus e a Deus voltamos.

 

Ver também:

Olhar para o trespassado

O trevo da Judeia

 

Imperativos da última ceia


Quinta-feira santa

Há quem diga que é o dia os mandatos:

- Mandato do mandamento novo – Amai-vos uns aos outros, lavai os pés uns dos outros, servi-vos.

- Mandato da Eucaristia – Tomai e comeu, tomai e bebei. Jesus dá-se-nos para que nós o tomemos.

- Mandato do sacerdócio – fazei isto em memória de mim. Jesus continua a presidir à ceia, continua a presidir à Eucaristia através dos sacerdotes no meio da assembleia dos seus discípulos.

 

Por outras palavras – Jesus amou até ao fim:

- Amor que serve, que é humilde – amai-vos como eu.

Quem ama serve, quem serve ama.

- Amor que se imola, que se entrega como nosso alimento – tomai e comei.

Quem ama entrega-se, quem se imola ama.

- Amor que nunca se esgota, que se atualiza ou renova cada dia – fazei em minha memória.

Quem ama renova-se, quem se renova ama.

 

Ver também:

Lembranças de uma quinta-feira

Ecos de uma quinta-feira

 

sábado, 23 de março de 2024

Uma semana de contrastes


Ano B – Domingo da Ramos e da Paixão do Senhor

O Evangelho de São Marcos é o mais antigo, porque escrito antes dos outros, é também o mais breve, não só na história da Paixão como em todo ele. Este evangelista aponta com bastante realismo alguns episódios fruto da sua observação, alguns até bastante pitorescos.

Ouvimos hoje a leitura completa da Paixão de Cristo contada por São Marcos.

É uma longa história, cheia de drama e de contrastes.

Se fosse um mural ou um quadro pintado estaria repleta de luzes e de sombras.

Sublinhemos esses contrastes ou sombra e luz:

 

1º - A generosidade da mulher que unge Jesus A ganância de Judas que o vende por lucro

2º - Os apóstolos que adormecem repetidamente no Getsémani Jesus em oração vigilante e agonizante

3º - O beijo de Judas A multidão ameaçadora com espadas e varapaus

4º - Os falsos testemunhos estridentes e conflitantes no Conselho O silêncio de Jesus

5º - Os acusadores de Jesus exigindo que se identifique Jesus citando as Escrituras alertando para o fato de que eles já sabem quem Ele é

6º - As negações de Pedro quando ele é identificado como discípulo O silêncio de Jesus durante a flagelação

7º - A libertação de um rebelde condenado e de um assassino A condenação do de um inocente sob a acusação de insurreição

8º - A multidão clamando por Jesus para demonstrar o seu poder na Cruz O seu grito de abandono

9º - Os Judeus zombando e ridicularizando o seu Rei O cosmos prestando homenagem ao seu Criador escurecendo o sol

10º - Os apóstolos fugindo em debandada As mulheres restantes, assistindo até o fim

 

Perante estes contrastes há que questionar-se:

- De que lado estamos nós?

- Estamos do lado da luz ou do lado da sombra?

 

Uma coisa é certa – Cristo está sempre do nosso lado.

Ele está do nosso lado quando estamos do lado do bem e da luz para nos dar força e constância.

Mas também está no nosso lado quando estamos do lado do mal ou das sombras para nos dar o seu perdão e a sua misericórdia.

 

Ver também:

Jesushalom ou Jerushalom

Ramos de oliveira

Levantai ó portas

 

quinta-feira, 21 de março de 2024

Cair de rosto por terra


5ª feira – V semana da quaresma

 

Naqueles dias, Abraão caiu de rosto por terra…

Cair por terra é sinal de:

- Sinal de humildade – Perante Deus todos sonos baixinhos, pequeninos, porque só Ele é grande.

- Sinal de grandeza – Só sabemos a dimensão de uma árvore quando ela está deitada no chão. Só quando nos prostramos é que mostramos a nossa grandeza ou verticalidade.

- Sinal de imolação – Tal como o cordeiro que se deita para ser imolado.

- Sinal de renascimento – Voltar ao pó da terra para ser recriado.

- Sinal de nova sementeira – Só o grão lançado à terra pode dar bons frutos

 

Ver também:

Humildade e alegria

 

Pe. Dehon em português (4)


Quarto Capítulo da Primeira Biografia do Pe. Dehon em Português

Pauperes evangelizantur

Em 16 de novembro de 1871, a cidade de Saint-Quentin (Soissons) tinha um novo vigário: o R. Padre Dehon. Era o sétimo Vigário daquela cidade, o recém-chegado.

Uma alcova sempre no alto e uma grande visão diante dos olhos: a basílica magnífica e a “cidade inteira a que era preciso valer, dizia com tristeza o moço sacerdote, mas seria necessário a ajuda do estado, da opinião pública, e do clero” (Diário). Trinta mil almas, muita pobreza económica e espiritual, nenhuma instituição para proteger a mocidade que vive em misérrimas casas dos arredores. O que se apresentava à sua alma era então propriamente o contrário do que sempre sonhara: “uma vida de recolhimento e de estudo” (Diário). Mas não devia ele escrever mais tarde que o culto ao S. Coração de Jesus há de começar na vida mística das almas, e descer depois até penetrar na vida social dos povos, para levar um supremo remédio às cruéis doenças do mundo? (Il Regno del S. Cuore, 1879) Otium sanctum quaerit charitas veritatis, diz S. Agostino (de Civit. Dei. XIX, c. 19), regotium justum suscipit necessitas charitatis.

Perante as tormentosas necessidades que a caridade nos mostra, sacrificar-se-ão também os santos ócios a que a verdade nos convida.

O novo Vigário de Saint Quentin pronuncia com todo o coração o seu primeiro “Fiat”. “Pesa-me não poder aproveitar a excecional preparação recebida nos meus longos estudos. O ministério da cidade impõe aos jovens Sacerdotes demasiado trabalho material. Para entrar na jerarquia e por obediência, sacrifiquei todo o meu gosto pelos estudos, pus de parte toda a minha preparação superior, recebida em Paris e em Roma” (Diário). Mas de resto: “Nada faz tão bem como fazer o bem”, disse Legouvé. O jovem Vigário, experimentá-lo-á de dia para dia, em contacto com os humildes que consola e socorre, perto das crianças que recolhe e instrui; no seu “patronato S. José”, que abre com quarenta rapazes, no mês de junho de 1872, e que no mês de janeiro de 1873 já conta 200 e no ano seguinte 227, e mais 74 aspirantes; na direção do Conselho Protetor da Assistência Operária Católica de Saint Quentin; nos numerosos congressos de estudos sociais que ele próprio promove… É tudo uma eflorescência de Obras, uma magnífica atividade que não arrefece por se sentir isolado, não se assusta com as oposições, não deixa de avançar pelas incompreensões que encontra. “Estava tudo por fazer; mas eu era só. A organização das nossas grandes freguesias não deixa os padres fazer apostolado. Quando os nossos pobres Sacerdotes têm de assistir a funerais, o seu tempo e a sua atividade ficam esgotados. Podemos viver assim muitos séculos sem renovar a sociedade cristã… E tudo foi organizado neste sentido: ofícios, pregações, associações. E depois fica-se espantado se o povo diz que a religião é só feita para mulheres e rapazes. Esta geração pusilânime transformou o Cristo! Não é já entre os pecadores, os publicanos, “Pauperes evangelizantur”, o <Cristo que exercia o seu constante apostolado entre os pecadores, os publicanos e os homens mundanos” (Diário).

Com que zelo, por isso, ele havia de exclamar: “Ide aos vivos, ide ao povo, ide aos homens!” (Diário).

Este jovem a quem chamam fanático revolucionário socialista, é, ao contrário, um precursor daquelas doutrinas das quais será defensor, divulgador incansável, quando o Papa Leão XIII as consagrar nas suas imortais encíclicas, lançando a palavra de ordem Prodire ad populum (ir aos povos)!.

Um trabalhador, um lutador, um amigo dos pequenos, dos humildes, dos pobres! Cronologicamente é o último Vigário de Saint Quentin. O Cardeal Binet podia dizer: “Qual é a grande iniciativa em Saint Quentin, sob o aspeto religioso, em que não apareça a obra, e sobretudo, o grande espírito do Pe. Dehon (Serv. Fun.)

***

Ainda não falámos duma outra missão do Pe. Dehon: missão que pode ser secundária, mas que. Ao contrário. É providencial, constante chamamento à secreta aspiração que a predileção de Deus há muitos anos lhe tinha feito germinar no seu coração: “Eu tive a vocação religiosa desde a adolescência. Era sempre a conclusão dos meus retiros. Mas não via com clareza, qual a comunidade que devia escolher. Andava à procura e ia esperando. A mais viva inclinação era o S. Coração e a Reparação” (Memórias).

Em julho de 1873, as Escravas do S. Coração estabeleceram-se em Sainte Quentin e o jovem Vigário foi logo eleito seu confessor e diretor espiritual. O fim da recente Congregação era: “Uma vida de Amor puro e de Imolação ao S. Coração de Jesus, com inteiro oferecimento de todas as orações e obras ao divino Coração e por meio do zelo em fazer amar e consolar! Palavras que pareiam tiradas inteiramente das Constituições dos Padres do S. Coração de Jesus, e que bem indicam o espírito que o Padre Dehon infiltrará no ânimo dos seus filhos. De parte a parte se desejava que uma Obra de Sacerdotes se juntasse à destas almas generosas, vivendo e espalhando o ideal, perfeitamente, segundo as necessidades da época e dos desejos do S. Coração de Jesus. Mons. Fava, Bispo de Grenoble, escrevia o Pe. Dehon: “Esta ideia da Reparação foi sempre e em toda a parte inspirada à Igreja pelo Espírito Santo”. E a veneranda Madre Fundadora das Escravas: “Vós sabeis melhor do que eu – escrevia – quanto é necessária a Reparação, nestes tempos, e quanto o S. Coração de Jesus a deseja para alcançarmos graças e misericórdias… Parece-me que seriam precisas também, amas sacerdotais para esta reparação: mas Nosso Senhor manifestará a Sua vontade, neste sentido, na ocasião própria. Espero-o e desejo-o, para sua maior Glória e triunfo da S. madre Igreja.”

Há quanto tempo começara a ardes esta luz!... Por quanto tempo esperou ele uma resposta à insistente oração: “Domine, quid me vis facere?” (Senhor o que queres que eu faça?). Até agora tinha trabalhado tanto pelos pobres, pelos humildes, os benjamins do S. Coração de Jesus! Agora que a luz está a nascer, agora que a voz de Deus se manifesta claramente, jamais os abandonará. Voltará para eles, mas não irá só. Voltará com uma multidão sempre crescente de apóstolos, aos quais deixará um programa sagrado, como testamento de um pai, como os desejos do Céu: “A instrução dos rapazes, o ministério entre os pequenos e os humildes, entre os trabalhadores, os pobres e as Missões longínquas que requerem amor e sacrifício” (Memórias). Mas tudo isso não há de ser mais que o desabrochar da caridade que abrasa a alma, o cálix cheio, a derramar, a sede ardente da amizade do S. Coração que se aproxima e pede Amor, Consolação e Reparação.

(Continua)


Ver também:

Pe. Dehon em português (3)

terça-feira, 19 de março de 2024

O mais belo hino a S. José


Solenidade de São José, 

esposo da Virgem Santa Maria

O mais belo hino do Dia

 

Varão perfeito, escolhido

Para esposo virginal

De Maria concebida

Sem pecado original.

 

Mereceste ter nos braços

Quem criou a terra e os céus;

Chamavas filho a quem era

O próprio Filho de Deus.

 

Aquele que dá alimento

Às avezinhas do céu

Por ti foi alimentado,

Do teu trabalho viveu.

 

Patrono da Santa Igreja,

Protege-a contra os perigos,

Como outrora defendeste

Jesus de seus inimigos.

 

A nós, a quem o pecado

Oculta a luz da verdade,

Ensina o caminho certo

Que nos leva à santidade.

 

E humildes, castos e fortes,

Como tu, servindo a Deus,

Cheguemos no fim da vida

À glória eterna dos Céus.

 

(Heitor Morais, século XX, Vésperas I da solenidade do dia 19 de março, Liturgia das Horas em Português).

 

Virtudes de São José - 3 P

1. Pureza. — A primeira virtude que nasce da fidelidade de São José é a pureza.

2. Paciência. — A segunda virtude que se desenvolve com a fidelidade de São José é a paciência. São José é um protótipo do homem forte e silencioso. Ele olha e espera

3. Prudência. — A terceira virtude erigida sobre o alicerce da fidelidade de São José é a prudência, que consiste no discernimento sábio e cuidadoso que nos permite escolher o caminho certo.

(Também paternidade, produtividade, participação, prontidão)

 

Ver também:

Dormir como São José

S.José no Concílio Vaticano II

E a etiqueta São José

 

segunda-feira, 18 de março de 2024

Pe. Dehon em português (3)


Terceiro Capítulo da Primeira Biografia do Pe. Dehon em Português

Os melhores dias


19 de dezembro de 1868. Em S. João de Latrão, 200 levitas de todas as nações do mundo esperavam com a alma em alvoroço, as grandes palavras “como o pai me mandou a mim, assim eu vos mando a vós… Chamo-vos amigos!,,, Sois Sacerdotes por toa da eternidade!”

Entre estes afortunados estava também o nosso querido Padre. E não se achava só. Acompanhavam-no o pai e a mãe; e as lágrimas selavam aquele último dom concedido, o definitivo em que não se onde andar para trás.

Estava também o pai, sim. Não o gentil-homem estranho a todas as formas da vida Cristã; mas vencido, e transformado. “Naquele dia, diz o Pe. Dehon, a emoção foi grande que não pude tomar alimento nenhum” (Diário). Depois de tantas orações, depois de tantas exortações do filho, depois das belas impressões da Roma Cristã e da bênção de Pio IC, a cerimónia augusta desta oração sacerdotal acabava por fazer nova lu

“Levantei-me, já Sacerdote, escreve o Pe. Dehon, “possuído por Jesus, todo cheio d’Ele, do seu amor pelas almas, do seu espírito de oração e de sacrifício. Eu era um louco de amor por Nosso Senhor e sentia-me cheio de desprezo pela minha pobre pessoa” (Diário). São os melhores dias da sua vida. Durante um ano inteiro, no Sacrifício de cada dia, ele não poderá reviver aquelas horas, benditas, sem chorar. Nem quer ouvir falar em remuneração das sua Missas. Desgostava-o imenso associar uma ação tão santa a preocupações materiais. “Era Nosso Senhor que me pedia aquelas Missas, rezando só para Ele, em espírito de Amor e de Reparação” (Diário).

***

Novos horizontes se abrem ao novo Sacerdote. Em Roma, passou “anos inolvidáveis, bem empregados, cujo valor só no Céu poderei compreender” (Diário).

Ganhava ricos tesouros: o Sacerdócio, a ciência eclesiástica (doutor em Filosofia, em Teologia, em Direito Canónico), bons costumes, saudosas recordações, o sentimento católico profundamente enraizado em todo o seu ser, uma inabalável dedicação ao S. Padre, uma admiração cheia de entusiasmo pela Igreja: “Ó Igreja Católica, quanto és admirável! Tu nasceste do Coração de Jesus, meu Salvador. Tu tens a doçura de Cristo que é a tua cabeça, e de todos os santos que são os teus membros” (Diário).

O Pe. Dehon protesta que sempre tivera dois grandes ideais: a verdade e a caridade. A verdade que o iluminara na sua longa preparação, a caridade com que se fortalecera no S. Coração de Jesus: “podemos passar por uma fornalha de amor sem sermos abrasados de amor?” (Diário).

E agora verdade e caridade estavam diante dele como dois caminhos a seguir e duas riquezas para distribuir.

Os anos de 1870-1871 eram anos de guerra, de inquietação, descontentamento. Andavam agitadas as multidões, exacerbado o sentimento nacionalista. Havia necessidade de ordem, era preciso melhorar aquela situação.

O liberalismo económico e político tornava bem difícil o caminho da Igreja. Era preciso esclarecer as ideias com a verdade, pacificar os corações com a caridade. Um campo magnífico de ação!

“Meu Deus! – suplicava então o Pe. Dehon. Meu Deus! Vós que transformastes as paixões de Paulo, de Agostinho e de Girólamo em santos, ardentes afetos, purificai os ardores do meu coração e transformai-os em ardente amor para convosco.

Aqui me tendes, mais uma vez, Senhor! Estou pronto.

Deixai-nos lutar! Queremos salvar a sociedade para reconduzi-la a Cristo, seu Rei, hoje dolorosamente destronado” (Diário).

(Continua)


Ver também:

Pe. Dehon em Português (2)

 

domingo, 17 de março de 2024

O país das mãos fechadas

 

Ano B – V domingo da quaresma

Neste fim de semana a homilia ou o sermão da missa foi partilhado pelos escuteiros. Eles encenaram a história seguinte.

 

O PAÍS DAS MÃOS FECHADAS

 

  1. Era uma vez um país muito lindo,

com árvores sempre em flor,

rios de águas azuis e límpidas,

onde nem fazia muito frio nem muito calor.

  1. Era um país que todos desejaríamos habitar.
  1. Aí havia pessoas como nós.

Só havia uma única diferença.

Eles tinham as mãos sempre fechadas,

mulheres, homens e crianças,

todos tinham as mãos fechadas.

  1. Quando se tem as mãos fechadas

não se saúda ninguém,

não se aperta a mão a ninguém,

ninguém consegue tornar-se amigo dos outros.

Com as mãos fechadas ninguém conseguia dar nada,

cada qual guardava só para si aquilo que tinha.

Com as mãos fechadas

as pessoas estavam sempre prontas a bater-se

e muitas vezes agrediam-se de facto.

  1. Como era triste a vida neste país!

As pessoas nunca riam

tinham sempre uma cara sisuda

sempre dispostos a fazer a guerra.

Era sempre a mesma coisa,

sempre as mãos fechadas

e o coração cada vez mais fechado.

Mas um dia ... mas um dia...

 

(Cântico – Um certo dia à beira mar ...)

 

  1. Era o Homem das mãos abertas.

Ele era diferente,

tinha as mãos abertas e sorria,

sorria a todos,

estendia a mão a todos

queria tornar-se amigo de todos.

Era feliz e não guardava as coisas para si,

mas repartia-as pelos outros

porque tinha as mãos abertas.

  1. O Homem das mãos abertas começou a falar às pessoas

e a dizer-lhes para abrirem as mãos,

mas ninguém tinha força para abrir as suas mãos.

Então ele começou a abrir-lhes as mãos

primeiro aos mais novos.

Os adultos não tinham tempo

para ficar ao seu lado

por isso foram os últimos

a abrirem as suas mãos.

  1. Mas que maravilha!

Parecia que renasciam,

pois as mãos deixavam de ser pesadas.

Que maravilha poder mexer os dedos,

acariciar o rosto dos outros,

abraçar sem ferir.

Com as mãos abertas podiam ser amigos,

podiam jogar juntos,

fazer uma grande roda e cantar:

 

(Cântico – Põe tua mão na mão do teu Senhor...)

 

  1. Todos tinham aprendido a sorrir

e eram felizes.

Agora tinham as mãos abertas

eram felizes porque

faziam felizes os outros.

  1. Mas aparecerem naquele país

outros homens ainda com as mãos fechadas.

E tiveram medo que as mãos abertas

perturbassem a ordem estabelecida.

Estes não queriam mudar nada,

sempre tiveram as mãos fechadas.

Não queriam incomodar-se com nada de novo.

Um dia agarraram no Homem das mãos abertas

e disseram-lhe:

  1. Tu dizes para abrirmos as nossas mãos,

como tu abriste as tuas.

Uma vez que estás contente

por teres as mãos abertas,

faremos de modo que

nunca mais as possas fechar.

1.2. Que nunca mais as possas fechar,

  que nunca mais as possas fechar.

  1. Depois de terem dito isto, bateram-lhe

e pregaram-no com as mãos abertas

num pedaço de madeira em forma de cruz.

Agora ficará contente,

terá sempre as mãos abertas!

1.2. Terá sempre as mãos abertas,

        terá sempre as mãos abertas.

  1. Mas quem já tinha as mãos abertas

teve muita pena e lamentava:

  1. Ele só fazia o bem,

porque é que o mataram?

  1. Ele só fazia o bem,

porque é que o mataram?

  1. Entretanto os grandes senhores,

de punhos fechados,

proibiram ao mais novos

de terem as mãos abertas.

E todos foram obrigados

a ter as mãos fechadas como antigamente.

Voltaram a fechar as mãos porque tinham medo.

Voltaram a fechar as mãos.

  1. Um dia, de manhãzinha,

foram chorar ao pé da cruz

olhando para as mãos sempre abertas

daquele que antes lhes tinha aberto as mãos.

Queriam abrir de novo as mãos,

mas olhavam à volta e tinham medo de abri-las

por causa das ameaças dos punhos serrados.

  1. Mas de repente o homem da cruz sorriu,

tirou as suas mãos da cruz

e todos com força e alegria

abriram as suas mãos sem medo

para nunca mais as fechar.

  1. Para nunca mais as fechar.

1.2. E a festa começou entre vivas de alegria...

 

(Cântico – Aleluia de Händel...)


Ver também:

Procurando Deus