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terça-feira, 2 de setembro de 2025

Sermão para mim mesmo


Em dia de aniversário, a pregação principal é para mim mesmo.

Vive,

Sem medo de morrer.

 

Ama,

Sem medo de te dar.

 

Canta,

Sem medo de desafinar.

 

Chora,

Sem medo de mostrar.

 

Anda,

Sem medo de tropeçar.

 

Corre,

Sem medo de cansar.

 

Sobe,

Sem medo de cair.

 

Salta,

Sem medo de aleijar.

 

Fala,

Sem medo de gaguejar.

 

Anuncia,

Sem medo de errar.

 

Denuncia,

Sem medo de sofrer.

 

Reza,

Sem medo de alcançar.

 

Luta,

Sem medo de perder.

 

Sonha,

Sem medo de acordar.

 

Morre,

Sem medo de ressuscitar.

 

Ver também:

Hoje já não faço anos, duro

Uma graça de Deus

 

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Vocação é um sonho de Deus

CHAMADOS À ESPERANÇA


Está a decorrer a semana de oração pelas vocações.

Este ano o tema, escrito a partir do hospital Gemelli a 19 de março pelo Papa Francisco, aborda o tema do ano jubilar 2025 – Peregrinos de esperança: o dom da vida.

“A vocação é um dom precioso que Deus semeia nos corações, um chamamento a sair de si mesmo para trilhar um caminho de amor e serviço. E cada vocação na igreja, seja ao ministério ordenado, seja à vida consagrada – é sinal da esperança que Deus nitre pelo nundo e por cada um dos seus filhos.”

 

De facto, cada vocação é um sonho a realizar.

É uma esperança a alcançar.

E um sonho de quem?

Um sonho do homem ou um sonho de Deus?

Claro que é dos dois, mas é sobretudo um sonho e uma esperança de Deus, visto que nem sempre o homem realiza esse sonho…


Já me perguntaram uma vez:

- Antes de existir o céu e a terra e tudo o que eles encerram, antes de ter criado o homem, o que é que Deus fazia?

E respondi espontaneamente:

- Antes de existir tudo isso Deus sonhava.


Portanto, Deus sempre sonhou e continua a sonhar com a missão, com a vocação de cada filho seu, seja para o matrimónio, para o sacerdócio ou para a vida consagrada.

Seguir uma vocação é assumir o sonho de Deus e realizá-lo.

Seguir uma vocação é alcançar a esperança de Deus a nosso respeito.


Ver também:

Vocação, graça e missão

Vocações que nunca passam

Guardião das vocações

Vocação na palma da mão

Vocações

Pintar uma vocação

Terço vocacional

Retrato de uma vocação

Semana das vocações

Vocações locais

Ser padre hoje

Olhando a vocação

Brincando às vocações

Preparar, discernir, diminuir

Vocação dehoniana

Eis-me aqui

Do seminário ao sacerdócio

Terço das vocações

Outro terço vocacional

Vocação no terço

Deus chama por mim

 


quinta-feira, 8 de maio de 2025

O nosso novo Papa Leão XIV

 

Depois de 18 dias de orfandade, a Igreja rejubila de alegria ao acolher um novo pastor, o Papa Leão XIV, hoje eleito.

A sua primeira palavra foi PAZ.

Não só por ser uma saudação própria nas celebrações da Igreja.

Não só por ser a saudação de Cristo ressuscitado nas manifestações aos seus discípulos.

Mas é sinal de um compromisso e de um desafio desde o primeiro momento de caminhada conjunta.

É o compromisso pela paz, que falta para que alcance todas as famílias, todas as pessoas, onde quer que estejam, todos os povos, a Terra inteira. Uma paz desarmante, humilde e perseverante que vem de Deus.

De facto, neste primeiro discurso do Papa Leão XIV a palavra Paz aparece 8 vezes.

 

A segunda palavra mais repetida foi igreja missionária.

Por 3 vezes o novo Papa refere esse conceito:

- proclamar sem medo o evangelho

- ser missionários

- necessidade de ser juntos uma igreja missionária.

E saudou a diocese de Chiclayo, no Perú, onde foi missionário e bispo.

 

A última palavra dessa saudação: Avé Maria.

Nesta mês da Mãe , mês de Maria, dia de súplica de Nossa Senhora de Pompeia.

Que ela caminhe sempre com toda a igreja , sempre próxima e atendendo as suas preces e o seu amor.

E com o Papa rezámos juntos Avé Maria…

À margem:

No seguimento de 2 Papas:

- Ao agradecer ao Papa Francisco, manifesta querer dar continuidade ao trabalho do seu predecessor – igreja sinodal (caminhar juntos) missionária e em saída, no empenho pela paz, em diálogo permanente e sempre criando pontes. Por 2 vezes nomeia o Papa Francisco. Parece ser o Papa Francisco com um rosto diferente.

- O nome escolhido, Leão XIV vem inspirar-se no Papa Leão XIII (1878-1903), o papa dos operários, da questão social, da Rerum Novarum… e da Justiça e Paz.

 

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Ovos e amêndoas de Páscoa


Ovos pascais

Durante séculos a abstinências quaresmal abrangia o consumo dos ovos. Por isso, chegando a Páscoa, havia necessidade de consumir os ovos quanto antes para não se estragarem. Por isso os ovos lembravam a chegada da Páscoa. Quando deixou de fazer parte da abstinência, a tradição continuou a usar os ovos conforme estava habituada, alargando a apresentação de ovos de chocolate, de açúcar e de folares.

Além disso, os ovos estão ligados à Páscoa por outra via. Santo Agostinho (354-430) dizia que a esperança é como um ovo. O ovo embora já seja uma realidade (algo que existe empiricamente), ele não é um fim em si mesmo: transporta dentro de si algo mais, que ainda não se vê, mas que se intui que exista (o pintainho), porque existe o ovo. Portanto, quando vemos um ovo, não vemos apenas o ovo em si, mas algo mais: a esperança que o ovo transporta dentro de si (o pintainho).

Esta metáfora elucida-nos sobre a importância da esperança: a capacidade de ver algo mais na realidade do que aquilo que a realidade nos permite ver “à primeira vista”. A esperança não é tanto o ver coisas novas, mas ver as coisas de um modo novo. Porque a nossa vida não se reduz a este mundo, somos «peregrinos da esperança» em direção à eternidade.

Por esta razão, na relação com Deus não nos basta apenas alimentarmo-nos da fé e da caridade, precisamos também de ovos, ou seja, da esperança conforme as palavas de C. Péguy. Sem esperança, a fé corre o risco de se reduzir a uma filosofia transitória e a caridade, a uma mera filantropia. Em rigor, é a esperança que distingue um cristão de todos os outros (1Ts 4,13).

É por tudo isso que a tradição dos ovos faz parte da Páscoa e da esperança.

 

Amêndoas pascais

A amendoeira é uma das primeiras árvores a florescer, rompendo a longa noite invernal e anunciando a luminosa manhã da primavera. Por isso, tornou-se símbolo de renovação e esperança, mesmo em condições difíceis.

Há quem identifique na amendoeira a figura de Cristo. Em Jeremias (1,12), ao contemplar o ramo que floresce, percebe o nascimento do Messias; em Eclesiastes (12,5), na “amendoeira que abre em flor”, vê a ressurreição após a morte na cruz; e, em Números (17,23), na vara de Aarão — florindo e produzindo amêndoas —, reconhece a força redentora da Cruz como “vara florida”.

Tal como a amêndoa guarda um fruto saboroso atrás de duas cascas, uma amarga e outra rija, a Cruz revela, a princípio, sofrimento e aflições, mas depois amparo e fortaleza, até se revelar suave e saborosíssima em seu fruto redentor.

Na antiguidade, gregos e romanos envolviam a amêndoa em mel, e a tradição judaica mantinha o seu uso em celebrações e rituais.

A partir do século XVI, com a chegada do açúcar os conventos e mosteiros portugueses produziram amêndoas cobertas em camadas de açúcar, utilizando técnicas difundidas em França.

Seja na vida que brota após a aridez do inverno ou nas tradições dos doces conventuais, as amêndoas da páscoa continuam a dizer-nos que há um fruto escondido dentro das cascas amargas da vida, promessa de ressurreição.

 

À margem:

O coelhinho está amuado porque ninguém vê a sua ligação com a Páscoa.


segunda-feira, 21 de abril de 2025

Última peregrinação do Papa


Com dor e esperança recebemos esta manhã a notícia da morte do Papa Francisco.

Durante a Sé Vacante e até à eleição do novo Sumo Pontífice, na Oração Eucarística e nas preces da Liturgia das Horas omite-se o nome do Papa. Por exemplo, na Oração Eucarística II:

Lembrai-vos, Senhor, da vossa Igreja,

dispersa por toda a terra,

e tornai-a perfeita na caridade,

em comunhão com o nosso bispo N.

e todos os ministros sagrado.

 

Todas as comunidades cristãs são convidadas a rezar pela alma do Papa Francisco nos momentos de oração pessoal e comunitária, na celebração da Eucaristia e na Liturgia das horas.

 

Durante a Oitava da Páscoa, celebra-se a Missa do dia.

Nas orações eucarísticas, acrescenta-se a lembrança do Papa nas intercessões pelos defuntos.

 

Pode-se acrescentar ainda uma das seguintes intercessões na Oração Universal da missa e nas preces da Liturgia das horas:

 

- Para que o Senhor Ressuscitado acolha o Papa Francisco

na plenitude da eterna esperança.

Oremos.

 

- Para que Deus, pai de misericórdia, acolha na Jerusalém celeste o Papa Francisco

e lhe conceda contemplar na eternidade o mistério que fielmente serviu na terra.

Oremos.

 

- Para que o Pastor eterno conceda ao Papa Francisco a alegria

de contemplar eternamente o seu rosto e lhe dê a recompensa prometida aos servos fiéis.

Oremos.

 

- Peço Papa Francisco:

que o Senhor Ressuscitado o acolha na morada da luz e da paz.

Oremos.

 

- Pelo falecido Papa Francisco:

que o Pastor eterno, que vive sempre para interceder por nós, o acolha na sua paz.

Oremos.

 

Deus, que, na vossa inefável providência, quisestes que o vosso servo, o Papa Francisco, fosse contado entre os sumos sacerdotes, concedei, nós vos suplicamos, que aquele que na terra ocupou o lugar do vosso Filho unigénito, seja unido para sempre à comunhão dos vossos santos pontífices. Pelo mesmo Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, pelos séculos dos séculos.

Ámem.

 

Ver também:

Toda a gente unida a rezar

Viva o Papa Francisco

São José dormindo

Pastor e mestre

Brindar ao Papa

 

domingo, 16 de março de 2025

À memória da nossa mãe


Assinalamos hoje os 100 anos do nascimento da nossa mãe Maria José Quintal.

Digo ‘nossa mãe’ e não apenas minha mãe por duas razões:

1º porque eu tenho 7 irmãos.

2º porque quem tem um filho padre, torna-se também mãe de todos os que o sacerdote é chamado a servir como irmão.

Aqui vão algumas pequenas lições avulso que encontrei entre os papéis da minha gaveta.

O objetivo não é apenas destacar a figura dessa grande mulher, que nasceu há cem anos, mas também incentivar os leitores a trazer à memória tantas lições parecidas que receberam da sua mãe e mestra.

 

1- A primeira lição

As melhores lições sobre Deus não as recebi ao estudar teologia, nem ao ouvir pregações, nem ao ler tantos livros, mas foram-me dadas quando eu não sabia ler e por gente tão simples que mal conseguia assinar o seu nome. Essas lições ocorreram na minha casa paterna, quando eu era criança.

Quando, à noite, se rezava o terço, nós crianças estávamos a ser evangelizados.

Eu olhava para o meu pai e pensava: Deus deve ser Alguém muito importante, porque o meu pai tira o chapéu para falar com ele.

A minha mãe continuava a remendar as meias e eu pensava: Deus deve ser Alguém muito simples, pois a minha mãe não se importa de remendar enquanto reza a Deus.

O meu irmão mais velho, por vezes, dormitava e eu pensava: Deus deve ser Alguém muito compreensivo que tolera que o meu irmão durma durante as orações.

Os meus irmãos mais novos brincavam e eu pensava: Deus deve ser Alguém tão amoroso que aceita as brincadeiras infantis. Ou será isso também uma maneira de rezar, pois cada um faz oração da maneira como vive.

Foi assim que recebi as primeiras lições lá em casa, sem livros nem discursos, mas vendo apenas gente simples a rezar.

Ainda hoje, qualquer família continua a ser a melhor escola de vida. Mesmo sem saber, ela continua a ensinar. E as crianças, sem grandes aspirações, continuam hoje a aprender que Deus é Alguém importante, simples, compreensivo e amoroso.

 

2 - Aprendendo a rezar

Aprendi a rezar a ave-maria enquanto a mãe fazia o almoço.

Eu tinha dificuldade em rezar/decorar a primeira parte da ave-maria…

Talvez porque quando se rezava o terço em família a minha irmã mais velha dirigia a recitação e era sempre ela a iniciar a primeira parte da ave-maria e todos respondiam com a segunda parte.

Mas talvez esta dificuldade em saber a segunda parte, foi prenúncio para nunca me esquecer de me identificaria com o que aí se rezava – rogai por nós pecadores… Assim nunca devia esquecer ao longo da vida essa condição de pecador e a sua dificuldade... um pecador é um santo adiado, e um santo é um pecador arrependido.

Enquanto a mãe preparava a mistura para deitar na panela, eu ia repetindo ave-marias até estar tudo bem cozinhado e apurado. Quem não reza não apura nada.

Lembro o cheiro que vinha da panela que me fazia crescer água na boca. E eu até pensava que rezar fazia crescer água na boca. Isso é uma grande verdade.

 

3 - Rezar com a boca e com o coração

Aprendi outra lição do terço. A mãe obrigava-nos a rezar baixinho a primeira parte da ave-maria (rezada por voz forte por quem dirigia o terço). Ela queria ver os nossos lábios a mexer porque senão dizia que no final só teríamos rezado meio terço.

E eu pensava – a mãe quer ver nos nossos lábios se estamos a rezar, mas Deus não precisa de olhar para a nossa boca, aliás como consegue olhar para todos ao mesmo tempo?!… Deus só olha para o nosso coração.

 

4 - Rezar por todos

No final do terço a minha mãe continuava a reza por várias intenções, de modo que nós dizíamos que o que rezávamos no fim do terço valia mais ou era mais cumprido do que o próprio terço: um pai-nosso e uma ave-maria pela avó falecida, outro pela paz do mundo, outro pela conversão dos pecadores, outro pela tia que está doente, outro pelas intenções do Santo Padre e por fim um pai-nosso e uma ave-maria pelos sacerdotes.

E nós protestávamos - ó mãe, os sacerdotes é que rezam por nós, e não nós por eles… Pela sua santificação? Eles são mais santos que nós… não precisamos de rezar por eles.

Só mais parte é que percebi a necessidade de rezar por essa intenção, tanto mais, agora que sou sacerdote bem preciso que rezem por mim. E não fazem mais do que a vossa obrigação, porque eu também rezei pelos padres enquanto não era padre.

Também ficava a apensar porque se rezava pelas intenções do Santo Padre. É porque essas intenções poderiam não ser boas? O Papa teria então alguma má intenção? Além disso, ao rezar pelas intenções do Santo Padre, estávamos a rezar por nós mesmos, pois a mãe dizia que o Santo Padre rezava por todos nós, tal como um pároco deve rezar por todos os seus paroquianos.

 

5 - Rezar a Santa Bárbara, mas pensar na mãe

Quando há trovões toda a gente pensa e reza a Santa Bárbara.

Nós dizíamos que quando havia trovões, todos os filhos pensavam na nossa mãe, porque ela tinha medo de trovões… Ela achava piada nisso e dizia que quando ouvia trovões ficava sossegada e confiante, pois sabia que todos os seus filhos estavam a pensar nela.

 

6 - Aprendendo a remediar

- O que remedeia, serve – costumava dizer no meio de arranjos e remendos.

- A mãe diga o resto porque a frase está incompleta.

- Não está nada. É assim mesmo. Se dá para remediar, servido está.

- Ó mãe, a frase deve ser assim: o que remedeia serve, serve só para remediar e não para ficar definitivo…

- Por agora serve – concluía.

 

7 - Rezar a dormir ou dormir a rezar

- Quando rezo o terço na cama, começo logo a dormir… é pecado? Eu já rezei outros terços antes, mas na cama ao me deitar, nunca chego ao fim…

- Ó mãe, isso não deve ser pecado, antes pelo contrário é uma graça ou grande felicidade adormecer com essas palavras divinas na boca… A mãe não dorme enquanto reza, a mãe reza enquanto dorme, que coisa mais linda!

 

8 - Rezar por alguém ou em vez de alguém

- Ó filho, hoje não te vi na missa da paróquia, foste a outra igreja?

- Não mãe, telefonei ao meu irmão e pedi que ele rezasse por mim. Ele prometeu e então eu não preciso de ir rezar porque ele hoje reza por mim, não fosse ele padre a rezar duas ou três missas ao domingo.

- Isso não vale. Onde está o teu juízo? Ele reza por ti, não em teu lugar… Quem te ouvir dizer isso vai perguntar quem te ensinou essas coisas. Até podem pensar que fui eu que te eduquei assim. Que vergonha.

- Isso é uma brincadeira, mãe… Eu, a minha mulher e filho, vamos todos à missa logo à tarde à Sé. A mãe quer vir connosco?

 

9 - Rezar pelos falecidos

Quando morria algum vizinho, amigo ou conhecido, a mãe telefonava para nós, para dar a informação. E terminava dizendo:

- Olha que ele(a) foi ao funeral do teu pai…

E nós já sabíamos o que ela queria dizer.

Ir ao funeral dessa pessoa como agradecimento por ter ido ao funeral do nosso pai, ou ir ao funeral no lugar do nosso pai, porque se ele estivesse por cá iria com certeza.

 

10 - Filhos bem tratados

Num dos jantares de família, concluímos que todos os filhos estavam bem tratados, pois ninguém estava magro, antes pelo contrário…

Então começámos a dizer que quando éramos pequenos, quando comíamos toda a sopa, a mãe dizia: que lindo menino, comeu a sopa toda.

E nós para ouvirmos esse elogio da nossa mãe comíamos mais do que devíamos.

Ela então dizia para as noras: se vocês não me conhecessem pensariam que era verdade o que eles estão a dizer, que só dizia que eram lindos nessa ocasião. Ainda bem que vocês me conhecem…

 

11 - Desperdiçar é pecado

Quando éramos crianças e desperdiçávamos algum pedaço de pão ou deitávamos fora algum alimento, a mãe sempre dizia:

- Isso é um pecado. Há tanta gente a passar fome e vocês a estragar assim a comida. É um pecado contra Deus que fez a comida para todos e uma falta de respeito para com os pobres que passam fome.

Hoje como padre não sei se este pecado consta ou não na lista da confissão. Aliás, nem posso dizer nada sobre isso, por obrigação de sigilo sacramental.

Em todo o caso, acho que a minha mãe tinha razão. Deus não deve gostar de ver alguém a desperdiçar seja o que for. E se Deus não gosta, então isso é pecado.

 

12 - Ensinando a justiça e equidade

Quando a mãe nos dava uma peça de fruta ou um brindeiro ou um bolo para dividir por dois irmãos sempre recomendava, para evitar brigas ou abusos:

- Um parte e o outro é o primeiro a tirar uma fatia.

Assim a divisão era justíssima até ao ínfimo e não havia mais discussões e ninguém precisava de escolher, pois os pedaços eram perfeitamente iguais.

 

13 - Ensinando a pedir desculpas

Quando alguém, de propósito ou não, era agressivo ou violento com o seu irmão, a mãe mandava imediatamente pedir desculpar em voz alta para todos ouvirem. Isso era normal em todas as famílias.

Mas na nossa casa a mãe mandava-nos pedir desculpa às portas, às cadeiras, ao prato e a tudo o que nós tratássemos com agressividade.

Por exemplo, se alguém insatisfeito ou num momento de revolta fechava a porta com mais força, logo a mãe dizia:

- Pede já desculpa à porta, que ela não culpa de seres mal-educado.

E lá tínhamos de pedir desculpa à porta em voz alta abrindo e fechando com cuidado, mostrando assim que sabíamos ser respeitadores.

Havia um irmão que fazia isso acarinhando o objeto mal tratado e se fosse uma toalha ou uma peça de roupa, tinha a criatividade de torcer ou imitar um beliscão vingativo enquanto pedia desculpa com voz doce. Claro que os outros riam-se da cena e a mãe repreendia-nos pensando que estávamos a rir do pedido de desculpa:

- Se não pararem de rir vão também pedir desculpa como ele.

 

14 – Ensinando a solidariedade:

Quando alguém estava doente e precisava de tomar um xarope, toda a gente, nesse dia, tomava o mesmo xarope.

Quando alguém, na véspera tinha de estudar porque no dia seguinte tinha um teste, todos os irmãos, estudavam como se tivessem também um teste.

Quando a mãe tinha frio, os filhos tinham de vestir um casaco.

Era uma espécie de um por todos, todos por um.

 

15 – Ensinando a partilhar

Quando alguém não tinha muita vontade em colaborar ou ajudar a fazer qualquer coisa com os demais, a mãe punha-se a declamar a cantilena, apontando os dedos da mão:

- Este foi à serra, este achou um perinho, este descascou, este comeu e este disse que era bonzinho.

E enquanto havia alguém que não alinhava na interajuda ela repetia até ver o resultado positivo. Assim éramos levados a colaborar uns com os outros.

 

16 – Aprendendo a festejar

Quando um filho fazia anos, era ele  quem telefonava para dar os parabéns à mãe e não ela ao filho. 

– Ó filho, o aniversário é teu. Por que é que dás os parabéns à mãe?

- Já se esqueceu que no dia em que nasci quem recebeu todos os parabéns foi a mãe? Hoje é dia de lembrar os parabéns que recebeu nessa ocasião.

- Tens razão, filho. Então parabéns também para o teu pai!

De facto, os aniversários têm tanto a ver com os pais quanto com os filhos.