quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O elogio da humildade



4ª feira – II semana da quaresma

Quem quiser tornar-se grande seja vosso servo
e quem quiser ser o primeiro seja vosso escravo.


A humildade do serviço
e o serviço da humildade.

O serviço é sempre humilde
e a humildade é sempre serviçal.




quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Pastor e Mestre


Festa da Cadeira de São Pedro

A cadeira de São Pedro não é um trono, mas uma cátedra de professor, de mestre…























Perguntaram ao Papa Francisco:
- Deseja mesmo reformar a Igreja?
A sua resposta foi simples:
- Não. Só quero colocar Cristo cada vez mais no centro da Igreja. Será Ele a fazer as reformas.

Que o Papa continue a nos ensinar a guardar a fé como Mestre e nos conduza como nosso Pastor.


























quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Jonas, sinal de Cristo



4ª feira – I semana da quaresma

Aquela geração pedia um sinal.
Mas Jesus era o próprio sinal que estava no meio deles e que ninguém queria ver. Queria ver para crer em vez de crer para ver.
Então lembrou-lhes o sinal de Jonas:
Tal como este profeta foi um sinal de arrependimento para os ninivitas, assim também Jesus era um sinal de arrependimento e de conversão acessível a todos, sinal da misericórdia divina.
Tal como Jonas, Jesus apresenta-se como alguém que veio chamar os pecadores à conversão.
Tinham dúvidas da fé, queriam um sinal, um milagre ou uma prova…
Jesus queria perdoar-lhes para se desfazerem essas mesmas dúvidas.
Para um coração puro mil objeções não bastam para formar uma dúvida.
Para um coração duro mil provas não chegam para constituir uma certeza.
Conta o Pe. António Queiroz que certa vez um estudante o procurou querendo resolver algumas dúvidas de fé.
O sacerdote levou-o até à sala de atendimento. Logo que se sentaram o padre perguntou:
- Há quanto tempo não te confessas?
- Padre, eu quero mesmo é esclarecer algumas dúvidas de fé – lembrou o rapaz.
- Sim – respondeu o padre – mas seria melhor que te confessasses antes… Depois falaremos dessas dúvidas.
E a muito custo lá o convenceu a confessar-se ali mesmo.
Depois de uma longa confissão o padre pediu-lhe:
- Agora sim podes apresentar as tuas dúvidas para juntos esclarecermos.
- Padre, agora já não tenho mais dúvidas. Sinto-me plenamente feliz e esclarecido. Obrigado!
De facto só os puros de coração verão a Deus.




terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Sem palavras


3ª feira – I semana da quaresma

Quando rezardes não useis muitas palavras.
Rezai assim: Pai Nosso…

Sempre que nós rezamos o Pai Nosso estamos a cumprir este duplo mandato de Jesus:
- Primeiro rezamos assim, tal como ele nos ensinou
- Segundo não usamos nenhumas palavras… nem uma palavra nossa, mas todas as que o mesmo Jesus nos ensinou.

Por coincidência este ano cai nesta terça-feira da primeira semana da quaresma a memória facultativa dos Santos Francisco e Jacinta Marto, Pastorinhos videntes de Fátima.
Eles são uma prova inequívoca de que de facto a oração não deve ser feita com muitas palavras, mas sobretudo com o coração e a atitude.
Contam que estas crianças quando tinham muita pressa ou para brincar, ou para trabalhar ou para regressar a casa, rezavam o terço de uma maneira abreviada.
Um dizia apenas AVÉ MARIA.
E o outro respondia a segunda parte apenas SANTA MARIA.
- AVÉ MARIA.
- SANTA MARIA.
E assim sucessivamente... chegando depressa ao fim.
Pode parecer uma brincadeira infantil, uma ingenuidade ou inocência…
Eles tornaram-se santos também através deste jeito de rezar.
Afinal estavam a cumprir a recomendação de Jesus: Quando rezardes não useis muitas palavras… Sim, porque a oração é mais do que palavras bonitas, longas ou repetitivas. Rezar é sobretudo uma atitude do coração.
As poucas palavras na oração não são sinónimo de oração breve, mas de oração profunda e sincera. A oração destes santos pastorinhos é a prova desta oração simples, de poucas palavras e sobretudo de contemplação do coração, isto é, sem palavras.






domingo, 18 de fevereiro de 2018

Interiorizar o deserto



Ano B – I domingo da quaresma
















Jesus esteve no deserto quarenta dias…

A quaresma é um deserto
e o deserto é uma quaresma

Não basta que entres no deserto… 
                 deixa que o deserto entre em ti.
Não basta que vás à igreja… 
                 deixa que a igreja entre em ti.
Não basta que faças quaresma… 
                 deixa que a quaresma te faça a ti.
Não és tu que estás no lugar… 
                o lugar é que está em ti.

O deserto faz parte das nossas vidas como:
- espaço de silêncio,
- lugar de busca
- local de despojamento
- lugar que nos faz tomar consciência das coisas essenciais que dão sentido à nossa existência
- ambiente privilegiado para o encontro com o Deus
- lugar onde habitam os demónios e onde os podemos combater
- vivência da espiritualidade do êxodo
- tempo de quarentena
- escola do coração
- antecâmara do infinito























sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Decálogo do jejum



6ª feira depois das cinzas


Jejum não é apenas uma dieta,
é sobretudo uma conversão.

Jejum não é apenas uma questão de estômago,
é sobretudo uma questão de coração.

Jejum não é apenas sentir fome de pão,
é sobretudo sentir fome de Deus.

Jejum não é apenas abster-se de alimentos,
é sobretudo abster-se do pecado.

Jejum não é apenas privar-se do supérfluo,
é sobretudo encher-se do essencial.

Jejum não é apenas castigar o corpo,
é sobretudo coroar a alma.

Jejum não é apenas uma prática exterior,
é sobretudo uma atitude interior.

Jejum não é apenas um exercício de paciência,
é sobretudo um poder da vontade.

Jejum não é apenas fechar a boca,
é sobretudo abrir as mãos e o coração.

Enfim, não somos nós a fazer jejum,
o jejum é que nos faz.




quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Frio da alma



Nós queixamo-nos do frio do corpo…
Deus queixa-se do frio da alma.

É este o resumo da mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2018

“Porque se multiplicará a iniquidade,
vai resfriar o amor de muitos”
(Mt 24, 12).

“A Quaresma é o sinal sacramental da nossa conversão…
Na Divina Comédia, ao descrever o Inferno, Dante imagina o diabo sentado num trono de gelo; habita no gelo do amor sufocado.
Interroguemo-nos:
Como se resfria o amor em nós?
O que apaga o amor é, antes de mais nada, a ganância do dinheiro, depois dela, vem a recusa de Deus e, consequentemente, de encontrar consolação nele, preferindo a nossa desolação ao conforto da sua Palavra e dos Sacramentos.
E o amor resfria-se também nas nossas comunidades.
Os seus sinais são a acédia egoísta, o pessimismo estéril, a tentação de se isolar em guerras fratricidas, a mentalidade mundana, a redução do ardor missionário.
Que fazer?
Dedicar mais tempo à oração, praticar a esmola para ajudar o nosso irmão, fazer jejum que tira força à nossa violência, desarma-nos, constituindo uma importante ocasião de crescimento.
Ouvir a palavra do Senhor e alimentar-se do Pão Eucarístico permitirá que o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança e amor.”



segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Trocos e sinais


2ª feira – VI semana comum

Jesus não lhes deu troco
Jesus nunca virou as costas a ninguém, nem mesmo a quem queria discutir com ele.
Jesus simplesmente não lhes deu troco.
Dar troco a alguém é apegar-se a ninharias, é preocupar-se com coisas pequenas… é entrar em jogadas baixas.
Jesus deixou quem queria discutir com ele e passou para a outra margem.
É preciso continuar o seu caminho, alargar horizontes e ir mais além… não dando troco a discussões.
Não dar troco é trocar uma discussão de ninharias por algo mais vasto e eloquente.

Sinal e imagem de Deus
Esta geração quer um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado…
Sinal, em linguagem evangélica é milagre… é sinal de presença de Deus.
Esta geração quer um sinal, um milagre. Não precisa de nenhum milagre porque ela já é um sinal, um milagre do céu.
Ainda hoje nós podemos contemplar os sinais do céu na nossa vida, os milagres divinos em nós. Sim, nos somos milagres de Deus, somos sinais ou imagens de Deus, porque feitos à sua imagem e semelhança.





domingo, 11 de fevereiro de 2018

Dia do doente


O milagre de Lourdes

Um doente incurável de Barcelona foi em peregrinação a Lurdes interceder o dom da cura por mediação da Imaculada Conceição.
Quando os seus vizinhos souberam que regressava a sua casa, pois tinham contribuído para que a peregrinação se realizasse, acorreram todos a recebê-lo. Estavam ansiosos por ver que milagre acontecera.
Encontraram o homem com os mesmos achaques com que havia partido, mas o seu semblante estava transformado.
Por milagre de Lurdes voltava diferente, irradiando paz e plena aceitação da sua enfermidade.
Foi o milagre mais difícil de pedir e de alcançar, mas foi o mais perfeito e o maior de todos.
Foi um milagre que ninguém tinha pedido, mas foi o mais autêntico e profundo.
De facto, um milagre não está nas curas milagrosas, mas na aceitação das maleitas dos enfermos que intercedem a Deus e aos seus santos.

















Avé de Lourdes


Festa de Nossa Senhora de Lourdes





















Louvando Maria
o povo fiel
A voz repetia
de São Gabriel

Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Um anjo descendo
num raio de luz
Feliz, Bernadete
à fonte conduz

Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Vestida de branco
da glória desceu
Trazendo na cinta
as cores do céu

Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Mostrando o rosário
na cândida mão
Ensina o caminho
da santa oração

Tradução livre de Maria do Rosário.
A música do avé de Lourdes é a que em Portugal usamos no Cântico 
Ó Mãe de ternura,
o teu puro amor
é nossa ventura
alívio na dor.
Ave, ave, avé Maria...





sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Effathá - abre-te




















6ª feira – V semana comum

Effathá – abre-te – foi o que Jesus disse ao surdo-mudo quando o curou.
Effathá – abre-te – é o que o mesmo Senhor nos disse no dia do nosso batismo.
Logo antes da oração do Pai-nosso, no final da celebração do batismo, ouvimos:
O Senhor Jesus, que fez ouvir os surdos e falar os mudos, te dê a graça de, em breve, poderes ouvir a sua palavra e professar a fé, para louvor e glória de Deus Pai.
Não são apenas capacidades humanas e naturais que nos são lembradas, mas sobretudo os nossos compromissos:
- Ouvir ou escutar Deus e a sua Palavra…
- Falar, professar a fé, anunciar e rezar (pois segue-se logo a oração do Pai-Nosso).
O batizado que não escuta a Palavra de Deus, é pior que um surdo, pois este não ouve porque não pode, enquanto este cristão não ouve porque não quer.
O mesmo se diz de falar, anunciar, professar e rezar.
Abre os teus ouvidos 
Abre a tua boca
Abre os teus olhos
Abre as tuas mãos
Abre os teus braços
Abre o teu coração...




sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Encontro e luz


Festa da Apresentação do Senhor

Podemos resumir esta festa em duas palavras, opostas, mas complementares:
ENCONTRO e LUZ
Uma concentra, outra difunde.
Uma de fora para dentro, outra de dentro para fora.
Uma reúne, outra envia.
Uma centrípeta, outra centrífuga.
É a festa do encontro e a festa da luz.
.




















ENCONTRO – Quarenta dias depois do Natal é o encontro da família com a comunidade, no templo. Encontro da divindade com a humanidade. Encontro à volta de Cristo.
LUZ – É a luz das nações. Irradia, difunde à sua volta. Ilumina a esperança, revela a verdade. Esta luz do mundo deve brilhar para todos, e todos devem fazer reflexo dessa luz.






















Hoje o Papa Francisco lembrou que todos devemos contemplar esta luz: “Que não aconteça olhar mais para a luz do ecrã do telemóvel do que para os olhos do irmão, ou fixarmo-nos mais nos nossos programas do que no Senhor.”
E eu quero acrescentar: Esta festa do Encontro e da Luz não é para ser celebrada uma vez ao ano. Deve ser uma realidade de todos os dias, aliás, de cada hora…. Tal como em frequentes momentos do dia nós olhamos para a luz do ecrã do telemóvel, podemos olhar também para a luz de Cristo que encontramos no nosso coração ou descobrimos no coração dos nossos irmãos.


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Asas e raízes


5ª feira – IV semana comum

Na 1ª leitura
“Vou seguir o caminho de todos os mortais.”
Deus plantou-nos nesta terra com raízes e com asas.
As raízes para crescermos felizes e as asas para voarmos para o céu…
A morte é o caminho para a eternidade.
Raízes para o tempo, asas para a eternidade.

No Evangelho
“Jesus chamou os apóstolos… e enviou-os.”
Deus chama para junto de si para criarmos raízes.
Mas envia-nos com asas para irmos mais longe.
Qualquer vocação, qualquer chamamento tem sempre esta dupla dimensão: raízes e asas.
Quanto mais criamos raízes em Cristo mais teremos asas para ser missionários.
Quanto mais formos enviados como mensageiros, mais precisaremos de criar raízes no mesmo Senhor.

Assim será toda a nossa vida:
Ter raízes e ter asas
Congregar e enviar
Estar com e ser para
Força centrípeta e força centrífuga
Comunhão e missão
Contemplação e ação