quarta-feira, 29 de junho de 2022

Tripé da Igreja de Jesus


Solenidade de São Pedro e São Paulo

No trecho do evangelho de hoje Jesus retirou-se para os lados de Cesareia de Filipe e entrou em diálogo com os discípulos.

 

- Um retiro decisivo

De facto, quando nós precisamos de pensar sobre algo importante, ou quando precisamos de tomar uma grande decisão nós afastámo-nos, retiramo-nos para um sítio mais afastado.

Jesus fez uma viagem de 4º quilómetros, de Cafarnaum até Cesareia de Filipe, sempre a subir do mar da Galileia, 212 metros abaixo do nível do mar até 350 metros em Cesareia de Filipe.

O retiro é sempre um afastamento, é sempre uma subida, um esforço ou ascese.

Antes de entregar a missão a Pedro e de lhe mudar de nome (sinal de novo ofício ou nova identidade) Jesus faz com os seus discípulos um retiro ou uma peregrinação.

Durante este retiro houve tempo para pensar, para o silêncio, para escutar e para dialogar.

Um retiro é uma experiência de silêncio, de afastamento, de diálogo (com Deus e com os irmãos) é tempo para escutar e para fazer

Também nós não podemos tomar qualquer decisão, iniciar qualquer missão sem um retiro, sem tempo para escutar, sem tempo de silêncio, sem consultar ou auscultar a Deus.

 

- As duas colunas da Igreja.

Pedro e Paulo são apresentados como os fundamentos onde Cristo quis assentar a sua igreja. Eu fico a pensar que é muito difícil assentar com estabilidade algo em apenas duas pernas. Acho que falta um terceiro ponto. Parece que Jesus assenta a sua igreja num banco de apenas duas pernas. Pensando, melhor, a igreja de Jesus está assente num tripé: Pedro (lado institucional), Paulo (lado não institucional ou participativo) e o Espírito Santo (lado divino ou celestial). É um tripé com 3 pernas para se segurar e não dispensar nenhum aspeto.

 

- Pedro negou, Paulo perseguiu

No prefácio da solenidade faz-se a lista das qualidades ou felizes memória dos dois apóstolos:

Pedro, que foi o primeiro a confessar a fé em Cristo.

Paulo, que a ilustrou com a sua doutrina.

Pedro que estabeleceu a Igreja nascente entre os filhos de Israel

Paulo que anunciou o Evangelho a todos os povos.

Ambos trabalharam, cada um segundo a sua graça, para formar a única família de Cristo.

Falta assinalar algo mais que têm em comum:

Pedro que negou Jesus

Paulo que perseguiu Cristo.

Penso que Jesus fez de propósito – ao escolher como fundamentos da sua Igreja estes dois apóstolos que haviam de negar e de perseguir, para nos dizer que na comunidade cristã todos têm lugar, todos têm uma missão, um serviço e que têm de passar por fracassos e arrepender-se. Na igreja de Cristo há lugar para todos, há lugar para quem nega ou persegue, para quem fracassa, para quem se arrepende.

 

Ver também:

Um messias desconhecido

O caminho do diálogo

Perguntar e responder

Quem é Jesus

A fé não de diz, vive-se

Quem é quem

Porta-voz

Declaração de fé

 

domingo, 26 de junho de 2022

Chamando e enviando


Ano C – XIII domingo comum

Jesus continua a ensinar. E faz isso através das crianças, através da comunidade ou através das coisas simples.

 

Aprendendo com as crianças

No passado domingo duas dezenas de crianças fizeram a sua primeira comunhão. Comungar, na linguagem dos santos, é como que beijar Jesus ou deixar que Jesus nos beije. Tal como o pai e a mãe nunca esquecem o primeiro beijo que deram ao filho recém-nascido, assim também não podemos esquecer a nossa primeira comunhão, o nosso primeiro beijo ao amigo Jesus.

Oito dias depois as crianças vieram à missa e à comunhão. De facto, não podem passar uma semana sem vir beijar o seu amigo Jesus ou sem receber um beijo seu. Quanto a mim, não quero passar um único dia sem dar ou acolher um beijo a Jesus.

Quando este grupo de crianças da primeira Comunhão regressou à catequese, visitando a Igreja, alguém exclamou ao entrar na igreja:

- Este lugar traz-me boas recordações.

De facto, não podemos esquecer o nosso primeiro beijo…

A igreja é um lugar de boas recordações, um lugar de felicidade.

 

Aprendendo com a comunidade

Ao meditar sobre o envio dos profetas ou discípulos nas leituras de hoje, sintetizei numa frase:

- Deus precisa de mim, porque o mundo precisa de Deus.

Para envolver a assembleia, quis dizer sozinho a primeira parte e o povo completava com a segunda, apontando para mim, para ti e para nós:

- Deus precisa de mim

         Porque o mundo precisa de Deus.

- Deus precisa de ti

         Porque o mundo precisa de Deus.

- Deus precisa de nós

         Porque o mundo precisa de Deus.

Mas aconteceu algo especial.

Na primeira vez, todos responderam com entusiasmo.

Na segunda vez, responderam a meio gás,

Por fim, na terceira vez, quase ninguém se fez ouvir.

Isto quer dizer muita coisa. Quando é a nossa vez de nos comprometermos pelo Reino, parece faltar entusiasmo. Para os outros, tudo bem. Quando nos toca, somos mais cautelosos

 

Aprendendo com as coisas:

O relógio

Jesus ao convidar alguns discípulos para os enviar em missão ouviu a mesma resposta:

- Mais tarde… Deixa-me primeiro despedir-me da minha família, ou deixa primeiro ficar ao lado do meu pai enquanto puder.

Então qual é o problema?

É que o nosso relógio não está acertado com o relógio de Deus. Pensamos que o nosso tempo é que deve ditar o horário ou calendário de Deus.

 

O carro

Jesus conclui o trecho de evangelho de hoje dizendo:

Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus.

O retrovisor do automóvel é menor do que o para-brisa. É porque o caminho que temos pela frente é mais importante do que o que ficou para trás.

Não se vai para frente olhando-se pelo retrovisor.

Nunca vi ninguém correr a olhar para trás e vencer a corrida.

 

A marcha-atrás

Há um conjunto de órgãos que orientam o corpo humano para a frente. Os olhos e o nariz. Os joelhos e os cotovelos são articulados de modo a facilitarem o movimento frontal. Dos órgãos sensoriais apenas os ouvidos estão implantados de lado, a fim de permitir apanhar os sons em estereofonia.

É preciso olhar para a frente. Um cristão não tem marcha-atrás.

 

Conclusão:

Nós fomos feitos para ir em frente.

Não vale a pena olhar para trás, para o que já foi, mas para a frente é que é o caminho. Aliás, se estamos a seguir a Jesus, não podemos olhar para trás porque Ele vai à nossa frente. É preciso pôr os olhos nele e avançar para alcança-lo.

 

Ver também:

O cristão não tem marcha-atrás

Olhar para trás

 

 

domingo, 12 de junho de 2022

Símbolo da SSS Trindade


Solenidade da Santíssima Trindade

A vela da Santíssima Trindade

Em geral representamos a Santíssima trindade por três anéis interligados.

Ou então por um triângulo equilátero.

Ou ainda pelo sinal da cruz (persignar-se)

Mas há um símbolo mais acessível e visível por todos:

Um candeeiro com vela acesa pode ser um símbolo eloquente da Trindade.

Cada vela é composta por 3 elementos: Cera, pavio e fogo. Os crentes podem ver nisso um símbolo das 3 pessoas da Santíssima Trindade.

A cera simboliza o Pai, porque é a base, o fundamento, o sustento de tudo.

O pavio simboliza Jesus Cristo.

A chama simboliza o Espírito santo, a língua de fogo que aquece.

O pavio ligado à cera, alimenta o fogo e juntos cumprem a função de iluminar quem precisa de luz.

A vela é de cera

O pavio é de fio

A chama é de fogo.

O suporto, o candeeiro propriamente dito, é cada um de nós que levamos ou suportamos a Trindade. Às vezes mal tratados pela vida, amachucados, cheios de poeiro etc., mas levamos o grandiosíssimo mistério da Trindade.

 

À margem:

Jesus ao nascer numa família, troca a Trindade pela família de Nazaré. Nazaré se torna trindade.

- Deus é comunidade

É a comunidade original, Pai, Filho e Espírito Santo

- O Homem é comunidade

Criado à imagem e semelhança de Deus. Um coração solitário não é coração.

- A Igreja é comunidade

A igreja significa assembleia, comunidade convocada

- A vida religiosa é comunidade

- A família é comunidade

- A paróquia é comunidade

 

Ver também:

Pelo sinal da Trindade

O Amante, o amado e o Amor

Spinner da Trindade

O nome de Deus

Ícone da Trindade

Deus é nós

Trinitas

Amores de Deus

Deus não é solidão

 

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Reconciliar-se com quem


5ª feira – X semana comum

Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão, disse Jesus.

 

Eu esperava que Jesus dissesse:

Vai primeiro reconciliar-te com o teu inimigo ou com o teu adversário.

Mas não.

Jesus refere o irmão porque muitas vezes o inimigo e o irmão são a mesma pessoa.

Reconciliar-se com o irmão porque só o perdão é capaz de fazer do inimigo um irmão.

Não há inimigos nem adversários. Só existem irmãos.

Nem todos os irmãos são amigos, mas um amigo é sempre um irmão.

 

À margem 1

São Cesário de Arles (470-543) monge e bispo, assim pregava ao povo:

E há dois tipos de esmola: uma é boa e a outra melhor.

Uma consiste em dar pão aos pobres.

A outra, em perdoar imediatamente ao irmão que pecou contra nós.

Com a ajuda do Senhor, apressemo-nos a praticar estes dois tipos de esmola, para podermos receber o perdão eterno e a verdadeira misericórdia de Cristo. Pois Ele mesmo disse: Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós.

Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas.

Se não tens compaixão pelo teu semelhante como podes pedir o perdão dos seus pecados?

 

À margem 2

Canção do Pe. Zezinho – Deixa a tua oferta

 

Quando eu trouxe a minha oferta

Pra deixar no teu altar

Me fizeste uma pergunta

Teu olhar no meu olhar

Perguntaste se haveria

Um irmão a perdoar

Sim! Eu respondi que havia

Começaste a me exortar

 

Deixa a tua oferta diante do altar

Vai primeiro reconciliar

Quero a tua oferta e aceito o teu louvor

Mas, primeiro eu quero ver o teu amor

 

Desde então meu ofertório

É de reconciliação

Não te dou apenas coisas

Dou também meu coração

O que eu tenho não é muito

Mas eu posso assegurar

Sim, eu tenho procurado

Acolher e perdoar

 

Deixa a tua oferta diante do altar

Vai primeiro reconciliar

Quero a tua oferta e aceito o teu louvor

Mas, primeiro eu quero ver o teu amor

Primeiro eu quero ver o teu amor

 

Das ofertas que te damos

A melhor é o perdão

Porque se não perdoamos

Não aceitas nossos dons

É profunda e mais que certa

A doutrina do perdão

Tu aceitas minha oferta

Se eu tentar ser mais irmão

 

Deixa a tua oferta diante do altar

Vai primeiro reconciliar

Quero a tua oferta e aceito o teu louvor

Mas, primeiro eu quero ver o teu amor

Primeiro eu quero ver o teu amor

Primeiro eu quero ver o teu amor

Primeiro eu quero ver o teu amor

 

Ver também:

Reconciliar-se primeiro

O preço da reconciliação

Vai primeiro reconciliar-te

 

terça-feira, 7 de junho de 2022

O importante é ser SALUZ


3ª feira – X semana comum

Jesus diz:

Vós sois o sal da terra

Vós sois a luz do mundo

Isto é, ser SALUZ, sal e luz


Conclusão:

O importante é ver e saborear

O mundo precisa contemplar e disfrutar a presença dos cristãos.


À margem:

Decálogo do VÓS SOIS de Jesus

Vós sois o sal da terra

Vós sois a luz do mundo

Vós sois meus discípulos

Vós sois meus amigos

Vós sois os ramos

Vós sois as ovelhas

Vós sois todos irmãos

Vós sois cá de baixo

Vós sois bem-aventurados ou felizes

Vós sois minhas testemunhas até os confins da terra


Conclusão:

Jesus diz vós sois e não vós deveis ser

 

Ver também:

Propriedades do sal

O sal da sabedoria

Ser sal

SALbedoria

Vós sois o sal da terra

Tende sal em vós mesmos

Sal e luz

Nova tradução

A lâmpada não fala, brilha

A lâmpada é a caridade

Lâmpada no candelabro

Candeia no candelabro

Ser luz

Vós sois a luz do mundo

 

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Sem Maria não há Igreja


Memória de Santa Maria, Mãe da Igreja

Sem Maria não há Igreja.

Sem Maria não há Jesus nem alegria e por isso não há igreja.

Maria, com toda a propriedade, é chamada Mãe da Igreja

 

O Espírito Santo diviniza-nos.

É espírito santo porque é Deus e porque nos santifica, isto é, diviniza-nos.

Tal como um frasco cheio de perfume inunda o ambiente com a sua fragrância. O frasco não tem cheiro em si mesmo, mas o seu conteúdo torna-o aromado.

Assim também, nós somos habitação do Espírito e por isso somos santificados ou divinizados por esse facto.

 

Coroar o Espírito Santo que habita em nós.

Nas coroações do Espírito Santo nós não coroamos a criança, o jovem ou o adulto que que apresenta diante de nós.

Coroamos a Terceira Pessoa da Santíssimo Trindade, isto é, o Espírito Santo que nelas habitam.

Com toda a propriedade não é o Espírito Santo que nos coroa, mas sim somos nós a coroar o Espírito Santo que habita em nós.

 

Ver também:

As línguas do Espírito

Aniversário da Igreja

As primeiras coroações

Sopro de Deus

Poiso do Espírito

Pentecostes

O segredo de Deus

Coroações do Espírito Santo

Em forma de Pomba

Pai Nosso do Pentecostes

Terço do Pentecostes

 

Ver ainda:

A Igreja é Mariana

Mãe da Igreja

 

quinta-feira, 2 de junho de 2022

Resumindo em 5 vogais


5ª feira – VII semana da Páscoa

O trecho do evangelho pode ser resumido em cinco pontos, identificados por uma vogal.

A – Amor

Dei-lhes a conhecer o teu nome para que o amor com que me amaste esteja neles e eu esteja neles.

(Amar como Jesus nos amou)

E – Esperança

Peço por todos aqueles que vão acreditar em Mim por meio da sua palavra.

(O nosso destino é o destino de Jesus)

I – Igreja

Quero que onde eu estou também estejam comigo.

(Jesus está no meio de nós reunidos em seu nome)

O – Oração

Não peço somente por estes mas por todos, disse Jesus erguendo os olhos ao céu.

(Jesus fala dos homens a Deus e fala de Deus aos homens.

U – União

Que sejam um como nós somos um, que sejam perfeitos na unidade.

(Jesus uniu-se à nossa humanidade para vivermos unidos à sua divindade)

 

Ver também:

Toda a vida é união

Sin tunum

A força da união

Deus reza por nós

 

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Quem oferece agradece


4º feira – VII semana da Páscoa

Há mais felicidade em dar do que em receber.

Há mais felicidade em servir do que em ser servido.

Há mais felicidade em amar do que em ser amado.

Há mais felicidade em perdoar do que em ser perdoado.

 

Porque há maior felicidade em dar?

- Porque depende de nós e não dos outros.

- Porque é prova de amor, pois podemos dar sem amor, mas não podemos amar sem dar.

- Porque é uma graça pertencer ao grupo dos que podem dar, em vez de pertencer ao grupo dos que não podem dar.

 

Sendo assim, então quem deve agradecer?

Quem recebe ou quem dá?

Quem serve ou quem é servido?

Quem ama ou quem é amado?

Quem perdoa ou quem é perdoado?

 

Quem deve agradecer é quem tem a maior felicidade.

Quem tem mais felicidade é que tem de agradecer mais.

Assim quem dá, tem maior felicidade, e por isso deve agradecer mais.

Quem deve agradecer é quem dá, quem oferece, quem ama, quem serve, quem perdoa.


Entre o povo Banto (Angola e Congo) não se agradece o favor recebido, mas sim a dádiva aceite.

Assim a mulher que deu um copo de água é que diz: Muito obrigado por aceitar a minha oferta.

De facto, há maior felicidade em dar do que em receber.


Em hebraico o verbo dar diz-se NATAN. 

Quem dá nunca fica prejudicado, pois tanto vale de frente para trás como de trás para a frente. Tudo o que se dá recebemos de volta. 

Natan é uma palavra palindrómica, isto é, pode ser lida corretamente da esquerda para a direita ou vice-versa. Há uma dupla felicidade dar.


Ver também:

Não somos deste mundo