Ano C – XV domingo comum
Versão do bom samaritano nas neves
Durante as férias de inverno um grupo de turistas
procurou alcançar o cimo de um alto monte, de neves perpétuas. Foi grande a alegria de ter alcançado o objetivo, mas essa alegria deu
depressa lugar à inquietação, pois aproximava-se uma grande tempestade de neve.
A descida devia ser rápida e no meio do turbilhão de vento e neve. Cada um
devia descer com precaução e segurança, sem perder de visto os restantes
elementos do grupo.
Logo nos primeiros metros, por nervosismo, pressão ou ansiedade, um deles torceu o pé e não
podia caminhar. Com o pé inchado e ferido, precisava de ajuda, mas não havia
tempo para isso. Deixá-lo para trás sozinho não seria uma boa solução. Aguardar socorro
de fora estava fora questão pois ninguém resistiria. Só havia uma solução –
alguém carregá-lo às costas. Mas logo um descartou-se dizendo que não tinha forças para tal, outro
disse precisar mais de ajuda do que de ajudar, outro disse que não iria longe
e mais valia perder um do que perderem-se dois ou mais.
O chefe da expedição só pensou no ferido – E se eu
estivesse no seu lugar? O que gostaria que fizessem?
E sem dizer nada, carregou às costas o necessitado.
O frio era intenso, a tempestade cada vez mais agreste
e o esforço cada vez mais esgotante…A determinada altura deixou de sentir frio.
Pensou que o corpo do ferido que carregava o estava a aquecer e as suas forças
animaram-se. O carregado às costas também começou a aquecer, pensando que era da
transpiração de quem o carregava. E cada um agradeceu a Deus.
Pelo caminho encontraram vários corpos presos pela
neve…
Depois de uma longa caminhada chegaram a um abrigo
seguro onde foram recebidos pela equipa de socorro.
- E os outros já chegaram? - perguntou o chefe da
expedição.
- Sois os primeiros.
E não chegou mais ninguém.
- Tu salvaste a minha vida – disse o ferido.
- Não, tu é que salvaste a minha vida. Se eu não te
carregasse, não teria o calor suficiente para aguentar, tal como aconteceu com todos os outros que vieram sozinhos...
- É o calor do coração de sempre nos salva – concluíram todos.
De facto, quem ajuda é ajudado.
O bom samaritano das neves salvou e foi salvo.
À margem 1
Os primeiros personagens a passar junto do homem
assaltado pensaram:
- Se eu parar e ajudar aquele homem, o que me pode acontecer?
Ficarei sujo, chegarei tarde aos meus compromissos,
meto-me em trabalhos e preocupações, poderei também ser roubado e atacado.
O samaritano ao aproximar-se do homem assaltado
pensou:
- Se eu não parar e ajudar este homem, o que lhe
poderá acontecer?
Ficará sozinho a sofrer, não prestará para mais nada,
talvez vá morrer sem assistência.
Um pensou em si – e prosseguiu sozinho – e o ferido
continuou parado e só e a sua dor não acabou.
O samaritano pensou no outro – e juntos seguiram mais
seguros e cearam os dois – e foram nós.
O bom samaritano é como Deus
Deus é como o bom samaritano
Se eu penso em mim, tu ficas sós
Se eu penso em ti, seremos nós
A tua dor vai acabar
E eu mais seguro vou caminhar
À margem 2
Quem é quem na parábola do Samaritano?
Hipótese A:
Jesus é o samaritano que desceu até à Terra e socorre
a humanidade e a sua igreja ferida.
Esta identificação deve despertar em nós o sentimento
de Gratidão.
Agradeçamos Jesus, nosso bom samaritano, por pensar em nós, por cuidar de nós e por nos curar e salvar.
Hipótese B:
Cada um de nós é o bom samaritano que deve pensar no
outro que precisa da sua assistência e cuidado – daí o desafio final: Vai e faz
o mesmo.
Esta identificação deve despertar em nós o sentimento
de serviço e de ajuda ao próximo.
Peçamos a graça de fazer aos nossos irmãos o mesmo que
Jesus fez por cada um de nós.
À margem 3
Alguém sabe o nome do homem assaltado e ferido nesta
parábola?
Alguém sabe o nome dos ladrões que o assaltaram?
Alguém sabe o nome dos dois homens que passaram ao
lado ignorando o homem ferido?
Alguém sabe o nome do samaritano que lhe prestou
assistência?
Ninguém sabe o seu nome e eu também não.
Porque é que não ficou registado nenhum desses nomes?
Porque podes ser tu, posso ser eu. Posso ser o homem
assaltado, mas também o homem que assaltou, que passou ao lado ou que prestou
assistência.
O seu nome pode ser o seu nome.
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