segunda-feira, 31 de maio de 2021

Visitação de Jesus


Festa da Visitação de Nossa Senhora

Todas as festas de Maria são festas de Jesus:

- A Anunciação de Maria é a Encarnação de Jesus.

- A Visitação de Maria é o Encontro de Jesus com o Precursor.

- A Natividade de Maria é o Nascimento de Jesus.

- A Apresentação no Templo é a Apresentação do Senhor…


Então a festa de hoje devia chamar-se com todo o rigor  Festa da Visitação de Jesus.

 

O que a Virgem Maria foi fazer na Visitação não foi uma visita familiar, nem uma visita de caridade ou de solidariedade, nem foi para dar as felicitações mútuas.

O que mobilizou a Visitação de Maria foi a apresentação de Jesus ao seu Precursor, João Baptista.

A visita de Maria foi uma visita de Deus.

 

Assim também hoje podemos aprender a fazer das visitas que os outros nos fazem em autênticas visitas de Deus. E transformar as visitas que fazemos aos outros, em autênticas visitas que Deus faz aos outros.

Deus continua a precisar de todos nós para nos visitar…

 

Ver também:

A primeira missionária

Visitação

Cartão de visita

Magnificat de hoje

Magnífica

 

domingo, 30 de maio de 2021

Pelo sinal da Trindade


Solenidade da Santíssima Trindade

Quando invocamos o nome de Deus (Pai, Filho, Espírito Santo) desenhamos sobre nós mesmos uma cruz.

No início da comunidade cristã essa invocação era feita sem ser acompanhada por algum gesto.

Era expressão da fé em Deus Uno e trino e a recordação do nosso batismo.

Depois começou-se a desenhar uma pequena na testa com o polegar ao proferirmos essas palavras.

Logo no início da Idade Média passou a desenhar uma grande cruz da testa ao peito e de ombro a ombro, tal como fazemos ainda hoje.

Que significa isso?

- É a invocação da Trindade, cujos nomes nos protegem.

- Fazemos o sinal da cruz dizendo os nomes das três pessoas da Trindade porque invocamos não apenas com a boca, mas com todo o corpo, não só com palavras, mas também com gestos, com ações.

- O gesto da cruz lembra-nos a especificidade de cada nome, de cada pessoa da Trindade:

Primeiro tocamos na tesa dizendo o nome do Pai, porque é ele a mente, a cabeça a origem de tudo e de todos. É o princípio, o Deus Criador.

Depois descemos da testa para o peito dizendo o nome de Deus Filho, Jesus, que desceu dos Céus, que encarnou e habitou entre nós e fixa morada no nosso coração. Essa haste vertical lembra também a sua morte redentora na cruz.

Finalmente tocamos num e noutro ombro dizendo o nome da terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo para nos recordar que carregados o Espírito como tarefa ou missão que nos santifica.

- As palavras e o sinal da cruz no nosso corpo é um compromisso que assumimos: Tocamos na testa para que Deus esteja nos nossos pensamentos, tocamos no peito para que esteja no nosso coração e nos nossos ombros para que Deus esteja nas nossas ações. Ou então que O possamos louvor pelos nossos pensamentos, pelo nosso amor, palavras e ações.

 

Ver também:

Amante, o amado e o amor

Spinner da Trindade

O nome de Deus

Ícone da Trindade

Deus é nós

Trinitas

Amores de Deus

Deus não é solidão

 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Coração, casa de oração


6ª feira – VIII semana comum

Alguém entrou na Igreja durante o ensaio do Grupo Coral e viu-me de joelhos a rezar. Perguntou-me depois:

- Como é possível rezar aqui enquanto os outros estão a ensaiar com música e várias vozes?

- Não entendo a tua pergunta – respondi.

- Como é possível rezar na igreja no meio de tanto barulho?

- Entendi isso, mas como é possível alguém que está a rezar escutar outra coisa que não seja a voz de Deus?

Tu perguntas como é possível rezar enquanto os outros fazem barulho e eu pergunto, como é possível ouvir barulho enquanto se reza?

 

Conclusão:

Como é possível eu rezar e ouvir barulho?

Se eu rezo verdadeiramente deixo de ouvir barulho.

Se oiço barulho então não estou a rezar.

Mais do que limpar o templo exterior, Deus quer purificar o templo do nosso coração.

A verdadeira casa de oração é o nosso coração.

Expulsemos do coração tudo o que nos pode perturbar e a nossa oração será perfeita.

 

Ver também:

O exemplo da figueira

Não violência de Jesus

Limpeza no templo

Negócios à parte

Aprender da figueira

Olhai a figueira

Tempo de limpeza

A multiforme de ensinar

Limpar e ornamentar

 

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Rezar com corpo e alma


5ª feira – VIII semana comum

No convite à oração do Pai Nosso a Liturgia propõe várias fórmulas.

Uma delas diz assim:

- Num só coração e numa só alma, ousamos dizer…

Nunca ouvi ninguém convidar à oração dizendo:

- Rezemos com corpo e alma.

Foi o que aconteceu no trecho do Evangelho de hoje.

Bartimeu rezou, pediu, repetiu, gritou, com todas as forças “Jesus, tem piedade de mim!”

E quanto mais o mandavam calar, mais gritava com todas as forças.

Ele rezava com a alma que pedia piedade.

E rezava com o corpo gritando, repetindo, saltando, correndo, seguindo e foi atendido.

É o primeiro mandamento da lei de Deus.

Se queres amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças, reza com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças.

Isso é rezar com corpo e alma.

Que o nosso corpo acompanhe a oração da nossa alma e que corpo e alma estejam sempre em consonância.

E quando fazemos isso Deus para, fala e cura-nos.

 

Ver também:

As virtudes de Bartimeu

A cura de Bartimeu

Bartimeu

Que eu veja

Abrir os olhos

 

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Os olhos de São José

Olham para baixo:

1 - Se alguém quiser olhar para o céu, tem de olhar para o alto. São José para olhar para o céu tem de olhar para baixo, para o Menino Jesus que tem nos braços. Ele olha para baixo para nos ensinar a olhar para cima, para o Céu.

2 - Em quase todas as representações de São José, ele está a olhar para baixo. Indica assim que ele foi o pai terreno de Jesus. São José olha para a terra, para nos lembrar que o Filho de Deus habitou entre nós.

3 - São José olha para baixo, isto é, olha para quem está na terra. Quer dizer que continua a cuidar dos que estão aqui na terra, em peregrinação para o céu.

4 - Olhar para baixo é sinal de humildade, de simplicidade, de modéstia, de pudor. Olhar puro como janela da sua alma.

5 - Os olhos baixos de São José elevam o seu coração para o céu.

 

Olhos abertos:

1- Ter os olhos abertos quer dizer que ser realista. São José está mergulhado na realidade, tem consciência da sua realidade.

2 - Ter os olhos abertos quer dizer que não foge às suas responsabilidades. São José assumiu a missão que Deus lhe deu.

3 - Ter os olhos abertos é mostrar a sua identidade (biometria ou reconhecimento da iris), tal como as impressões digitais. São José é único e irrepetível.

 

Olhos fechados:

1 - Os olhos de São José também ficaram fechados não para dormir, mas para sonhar, para acolher e amadurecer a mensagem do anjo de Deus. São José guardava assim todos esses acontecimentos e todas essas palavras no seu coração.

2 - Os olhos fechados de São José são olhos concentrados, que evitam distração, para ganhar força interior.

3 - Os olhos de São José fecharam-se na presença de Jesus e de Maria de Nazaré. No momento derradeiro passou a ver com os olhos do Deus eterno.

 

Olhar na mesma direção:

1 – Jesus, Maria e José têm os olhos abertos, mas não olham um para o outro. Porquê? Porque o verdadeiro amor não é olhar um para o outro, mas juntos olharem na mesma direção.

2 – Podemos olhar na mesma direção que São José, servindo com ele a quem ele quer servir, olhando para onde ele olha.

 

Conclusão:

Porque é que São José não diz nenhuma palavra no Evangelho?

Porque não precisa falar porque os seus olhos é que falam e dizem tudo.

 

segunda-feira, 24 de maio de 2021

As línguas do Espírito


Domingo de Pentecostes

Por 5 vezes aparece a palavra LÍNGUA no episódio do Pentecostes nos Actos dos Apóstolos:

Uma espécie de línguas de fogo poisou sobre cada um deles.

Cheios do Espírito Santo começaram a falar outras línguas.

Cada qual os ouvia falar na sua própria língua.

Como é que os ouvimos na nossa própria língua?

Ouvimos proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus.

 

O Espírito Santo é a língua de Deus.

É a comunicação, o idioma ou a linguagem divina.

O aparecimento de línguas no dia do Pentecostes revela que receber o Espírito Santo é compreender a língua de Deus e falar o idioma de Deus.

Deus fala a nossa própria língua, nós ouvimo-lo na nossa própria língua, e somos capazes de falar a própria língua de Deus.

É essa língua que Jesus prometeu dar quando necessitarmos de defensores nas perseguições e acusações.

É também o Espírito que nos faz capazes de dizer: ABBA, Pai…

 

À margem:

Segunda a tradição este dom do Espírito Santo não nos permite calar, até quando nos arrancam a língua.

Há vários exemplos dessa realidade na tradição da Igreja:

- O bispo Emerano de Regensburgo continuou a falar após ter-lhe sido cortada a língua.

- Quando o sepulcro de João Nepomuceno, que defendera os direitos da Igreja e o quiseram calar, foi aberto depois de trezentos anos depois da sua morte, a sua língua foi encontrada intacta.

- A língua de Santo António também se mantém incorruptível, quando 32 anos após a sua morte, abriram a sua sepultura para recolha de relíquias aquando da canonização.

A língua é uma das partes mais frágeis do corpo e das primeiras a decompor-se. A de Santo António continua incorruptível ainda hoje.

Quando ele pregava reuniam-se para ouvi-lo mais de 30 mil pessoas e todos escutavam, entendiam como se lhes falasse para cada um em particular e nem sequer se ouvia um sinal de clamor ou murmúrio. Porquê? Porque ele falava a língua de Deus.

Assim pregava Santo António: “Quem está cheio do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os testemunhos de Cristo: a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência.”

 

Ver também:

Aniversário da Igreja

As primeiras coroações

Sopro de Deus

Poiso do Espírito

Pentecostes

O segredo de Deus

Coroações do Espírito Santo

Em forma de Pomba

Pai Nosso do Pentecostes

Terço do Pentecostes

 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Com alma e com ânimo


6ª feira – VII semana da Páscoa

Jesus perguntou:

- Pedro tu amas-me?

Porquê perguntar?

Porque é que Jesus perguntou a Pedro três vezes se O amava?

Ele não precisava de perguntar, porque já sabia a resposta.

Nem é para que possamos responder-lhe.

Ele pergunta para que aprendamos a perguntar-lhe também.

Jesus faz-nos perguntas para que nunca tenhamos medo de fazer as nossas perguntas para Ele.

 

Porquê três vezes?

Mas porque fez três perguntas e não duas ou quatro?

 A resposta básica é que Jesus queria que Pedro reparasse as três negações durante a paixão.

Mas isto não me convence, pois Jesus já tinha perdoado e esquecido tudo isso, e portanto, não tem cabimento na cabeça de Jesus essa lembrança.

Então é para que Pedro tivesse três níveis de resposta: A primeira com a boca quase sem pensar. A segunda com a boca, mas a pensar, com maior consciência. E finalmente a terceira vez, com o sentimento, com o coração.

Mas há um terceiro nível: Jesus pergunta a Pedro se O amava para que Pedro mostrasse que cumpria a Escritura e que Jesus era Deus: O Primeiro Mandamento em Dt 6,5 consiste em amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças. Assim Jesus dá oportunidade a Pedro de manifestar o seu amor com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças… como manda o Decálogo.

Com todo o coração, isto é, com um coração não dividido.

Com todas as forças, isto é, não só com a boca, mas com a inteligência e a vontade.

Com toda a alma, isto é, com todo o ânimo, com todo o entusiasmo. De facto, a palavra alma em latim é anima ou ânimo, ardor, entusiasmo. Fazer uma coisa com alma é fazê-la com ânimo e entusiasmo.

 

Ver também:

Diálogo de amor

 

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Esmola para São José

 

São José não só nos ajuda sempre e em toda a parte

como também nos ensina a ajudar sempre uns aos outros.

Esmola para São José

Tem certas coisas, meu moço,

Que eu não gosto muito, não!

Por exemplo: ouvir contar

História de assombração,

De arrancamento de dente,

Ouvir história de briga...

Eu posso até escutar,

Mas me dá uma fadiga!...

 

E outra coisa, meu moço,

Que de bom gosto não faço,

É dar esmola a quem pede

Com santo debaixo do braço.

 

Ah, pois eu acho que o santo

Não tem muita precisão,

Afinal, eu nunca vi

Nenhum santo comer feijão.

 

Mas, para mal dos meus pecados,

Ou por minha pouca fé,

Todos os dias lá em casa

Passa um velho andando a pé,

Por sinal, munto feliz,

Chega em minha porta e diz:

Esmola para São José!

 

E o diabo da mulher,

Que é muito alcoviteira

(Ainda não vi uma mulher

Que não seja rezadeira),

Adquire um tanto ou quanto,

Corre, vai dar ao santo,

Para o velho fazer feira.

 

Muitas vezes, logo cedinho,

Se eu vou tomar o café,

Quando dou fé o grito:

Esmola para São José!!!

 

Isto foi me enchendo o saco,

Cada vez enchendo mais…

E um dia, ao chegar a casa,

Bem cansado, até demais

Sentei-me num cepo de pau,

Tomei uma de rapé,

E ouvi a voz lá na porta:

Esmola para São José!

 

Para logo dar a esmola,

A mulher se remexeu,

Mas eu lhe gritei: Não vá,

Que quem vai hoje sou eu!

 

Quando eu cheguei à porta,

O velho teve um espanto!

E eu disse: Vá trabalhar,

Que eu não dou esmola a santo!

Troque o santo por uma enxada,

Deixe de ser preguiçoso,

Que santo não quer esmola,

Não seja ganancioso!

 

O velho me olhou e disse:

“Que São José te perdoe…

E se Deus tiver ouvindo,

Quero que ele te abençoe

E que cubra a tua casa

De paz, amor, união

Saúde, prosperidade,

Sossego e compreensão…

 

E se um dia o senhor,

Precisar deste velhinho

Ele não mora tão perto,

Mas eu lhe ensino o caminho.

Fica no sítio mais além,

Onde já morou meu pai,

À direita de quem vem,

À esquerda de quem vai.

 

Se um dia, o senhor passar

Por ali, com precisão,

De fome o senhor não morre,

Também não dorme no chão.”

 

Quando o velho disse aquilo,

Eu senti naquele instante

Como se eu fosse uma formiga

Sob os pés dum elefante.

 

Estava com as pernas tremendo,

Digo e não peço segredo:

O velho deu-me uma surra,

Sem me tocar com o dedo.

 

Eu, com tanta arrogância,

Ele, com tanta mansidão,

Fez-me pagar muito caro

A falta de educação.

 

Então, naquele instante,

Eu gritei por minha mulher

Que trouxesse para o velhinho

Uma xícara de café.

E fui contar o meu dinheiro,

Tinha somente um cruzeiro,

Dei tudo para São José!...

 

(Zé Laurentino, Poeta do Povo, (Paraíba, Brasil + 2016)

terça-feira, 18 de maio de 2021

Estar no mundo


3ª feira – VII semana da Páscoa

 

Eu já não estou no mundo, 

mas eles estão no mundo…

Estar neste mundo sem ser deste mundo

 

1º - SER

Jesus lembra-nos que nós não somos do mundo.

Estamos no mundo, mas não somos de cá.

A nossa pátria está no céu.

Não somos seres terrenos fazendo uma experiência celeste.

Somos seres celestes a faze uma experiência terrena, um estágio neste mundo.

 

2º - ESTAR

Jesus lembra-nos que estamos no mundo.

Nós não somos anjos, temos corpo.

Querer fazer de anjos estando na terra, é desatino, ensinava Santa Teresa de Ávila.

"Conheci um homem que parece um anjo, mas tem os pés no chão, é realista… tem os olhos no céu, os pés no chão, as mãos na obra e o coração aberto."

 

Ver também:

Falar de quem a quem

Aprender a despedir-se

Como servir

A Deus

 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Vencendo obstáculos


2ª feira – VII semana da Páscoa

 

No mundo sofrereis tribulações.

Mas tende confiança: Eu venci o mundo.

 

As provações vencem-se de duas maneiras diferentes, mas complementares.

1º aceitando-as como oportunidades ou como treino.

2º confiando em Deus que nos dá a vitória.

O que são as provações?

Para ganhar músculos é preciso levantar pesos. Também na vida espiritual e no nosso carater ou personalidade, devoção etc. é preciso treinar, levantar pesos.

Deus põe alguns pesos, algumas dificuldades não para nos dificultar, mas para ganharmos músculos. E quando já conseguimos aguentar uns pesos, quando já temos músculos para isso, a vida depara-nos com novos pesos, novos obstáculos.

Quando eliminámos ou evitamos que uma criança passe por alguma dificuldade ou obstáculo, estamos a tirar os pesos do seu treino. Dar responsabilidade é dar peso para músculos.

Mesmo depois de termos treinado muito, com muitos pesos ou obstáculos, o mérito nunca será nosso, pois a vitória ou o êxito é sempre partilhado com Cristo. Ele venceu o mundo.

 

Conclusão:

Mesmo ganhando músculo, a nossa vitória vem sempre de Deus.

 

Ver também:

A igreja que arde

Eu venci o mundo

Eu venci

O Senhor das vitórias

As tribulações