domingo, 31 de outubro de 2021

As contas do mês

Fim do mês do Rosário

Início da semana do Seminário

Hoje, último dia de outubro, mês do Rosário, e primeiro dia da semana dos seminários, convidei as pessoas que participaram na missa dominical a irem até ao altar de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Aí podiam ver uma planta de milho dos terços.

Podiam também recolher e levar consigo alguns grãos ou sementes, um por cada elemento da sua família.

Com isso levavam para casa duas mensagens:

- Terminava o mês do Rosário, mas a oração do terço devia continuar. De facto, os irmãos Romeiros fazem os seus terços com estes grãos de milho. Cada um levava umas contas do terço para continuar a rezar…

- Ao iniciar a semana do seminário cada família recebia estas sementes para lembrar que o seminário é um viveiro de sementes vocacionais. Cada casa é assim um seminário, uma sementeira.


Resumir os Mandamentos


Ano B – XXXI domingo comum

O episódio do Evangelho de hoje faz-me lembrar alguns estudantes de outros tempos que não queriam ler um livro inteiro e por isso pediam um resumo de uma ou duas páginas.

A pedido de um escriba Jesus resume os Mandamentos numa só palavra – AMAR. O mais importante da Lei de Deus é AMAR a Deus e ao próximo. O mais importante está em 4 letras apenas. Parece fácil.

Atrevo-me a resumir ainda mais. O mais importante pode ser resumido em 3 letrinhas – NÓS. O primeiro de tudo é viver o NÓS – eu, Deus e o próximo. Quem constrói o NÓS está no viver o essencial dos Mandamentos – Eu amar a Deus e amar ao meu semelhante.

 

Ver também:

As duas asas

Amar com fé e esperança

A lei do amor

Dois amores

Dois remos

O maior mandamento

Inseparáveis

Escutar é amar

O amor acima de tudo

 

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

São José de Nazaré


Poesia de D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix de Araguaia, Mato Grosso, Brasil, às Irmãs de São José em março de 1987. Música de Zé Vicente:


São José de Nazaré
São José de Nazaré
quebra-galhos no silêncio
e quebra dias na fé.


Por companhia, Maria;
como serviço, Jesus;
por entre as noites e os dias,
o claro-escuro da cruz.

Ao lado do Esperado
sabes ainda esperar,
teu banco de carpinteiro 
feito salário e altar.

 
O Pedro, o Zé, a Maria…
profetas da paz, do bem
daqui, de hoje, te amam
nas horas de Deus, ámen.
 
Meu São José Carpinteiro,
operário, lavrador,
hoje tu és tão bendito
criaste quem te gerou.
 
São José de Nazaré
São José de Nazaré
quebra-galhos no silêncio
e quebra impossíveis na fé.

 

Para ouvir clique aqui

 

D. Pedro Casaldáliga, nasceu na Catalunha, Espanha, a 16 de fevereiro de 1928. Durante a guerra civil espanhola (1936-39) morreu um seu tio Padre, fuzilado pelos republicanos. Ao ver o sofrimento da sua mãe pela morte desse seu irmão, Pedro comprometeu-se a assumir o lugar do seu tio como padre. Entrou na Congregação dos Claretianos e foi ordenado padre em Barcelona em 1952. Chegou ao Brasil como missionário em 1968 para a diocese de São Félix de Araguaia, no Mato Grosso. Em 1971 foi nomeado bispo dessa mesma diocese por São Paulo VI. Resignou em 2005 e faleceu a 8 de agosto de 2020 aos 92 anos. Era conhecido como o bispo vermelho, pois sempre foi revolucionário. Como amigo dos pobres defendeu vários projetos dos povos indígenas da Amazónia, da terra sem homens aos homens sem terra. Valeu-lhe algumas perseguições e ameaças de morte. Escreveu muita poesia não só em português, no Brasil, como também em espanhol, para criar consciência e defesa dos valores humanos e espirituais. O Papa Francisco na sua Exortação Querida Amazónia, cita uma sua poesia.

 

Zé Vicente (José Vicente Filho) - poeta/cantor, nascido no Sítio Aroeiras, Município de Orós, região Centro Sul Cearense. Desde o final da década de 1970 abraçou a vida artística como poeta e cantor, criando e divulgando poemas e músicas, nascidas da história de seu povo, buscando uma sintonia permanente com a cultura, a mística, a beleza da natureza e as causas sociais.

 

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Sementes do Reino


3ª feira – XXX semana comum

O Reino de Deus é como uma semente.

Uma semente é como o Reino de Deus.

 

Um pregador enfiou a mão no bolso, pegou alguma coisa, retirou a mão do bolso e a levantou bem alto:

- Tenho algo valioso escondido aqui na minha mão direita, alguém tem um palpite do que é?

- Uma moeda, arriscou um.

- É algo muito mais valioso do que uma moeda! E vou dá-lo a quem acertar o que é.

- É um anel de diamantes, apostou outro, provocando risadas na assembleia.

- É muito mais valioso que um anel de diamantes!

As pessoas ficaram em silêncio, tentando decifrar o enigma.

- Vou lhes dar umas dicas, disse o pregador, o que eu tenho escondido aqui na minha mão direita é valioso o bastante para movimentar a economia de um país. Se for devidamente cuidado pode gerar indústrias e empregos, trabalho e fortuna. E cabe aqui, na palma da minha mão. E agora, alguém tem um bom palpite?

Um rapazinho levantou a mão e disse com toda a convicção:

- É uma semente!

O pregador abriu a mão e mostrou para todos um grão de trigo.

Todos aplaudiram o rapaz!

De facto, o Reino de Deus é como uma semente, um pequeno grão de mostarda, de trigo ou de milho. É pequeno hoje, mas torna-se grande amanhã. É insignificante agora, mas fica enorme depois. É minúsculo na aparência, mas potente na capacidade. Não pesa grande coisa no presente, mas é precioso no futuro. Não se vê grande coisa aqui, mas torna-se importante depois. 

Assim é o Reino de Deus.

 

Ver também:

Semeando mostarda

A praga da mostarda

Fazer crescer

Jesus é grão e fermento

Lições do fermento

Sementes de humildade

Receita para mudar o mundo

Mostarda

Lições da mostarda

Pequenas grandes coisas

 

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Iniciativas e acabativas


2ª feira – XXX semana comum

Cura de uma mulher encurvada

Podemos apreciar as 5 ações de Jesus que ocorrem concomitantemente:

- Viu

- Chamou

- Disse-lhe

- Curou-a

- Impôs-lhe as mãos.

Tudo isto se passou em simultâneo.

As iniciativas de Jesus são ao mesmo tempo acabativas.

Ele vê e chama, pensa e faz, fala e impõe as mãos, cura e salva.

Hoje quero admirar as iniciativas de Jesus, mas sobretudo as suas acabativas, as sua capacidade de realizar as suas iniciativas.

Não basta ter iniciativas. É preciso ter acabativas.

Não chega ter ideias e projetos, é preciso concretizá-los.

Saber iniciar, mas também conseguir acabar. 

Aprendamos a levar a bom termo todos os projetos que Deus espera de nós.

Para Deus todo o tempo é tempo de bem, tempo de salvação, não importa se é dia de sábado, domingo ou de semana.

Todo o tempo é KAIRÓS – tempo oportuno, tempo divino.

 

Hoje quero rezar para que todas as minhas iniciativas sejam também acabativas.

E rezo para que o meu tempo seja tempo divino, seja kairós.

 

Ver também:

Andar curvado

Endireitar-se

Ver a Deus

Encurvada

Em dia de sábado

 

domingo, 24 de outubro de 2021

Não podemos calar


No dia Mundial das Missões quero guardar:

- um lema

- um livro

- um símbolo

Um lema

Não podemos calar o que vimos e ouvimos (At 4,20)

É o tema da mensagem do Papa para a Jornada Mundial das Missões deste ano.

Se calamos é porque temos vergonha, ou porque não conhecemos bem, ou porque não enche o nosso coração…

 

Um livro

O Santo Padre retirando um versículo dos Actos dos Apóstolos para o tema deste ano refere que este Livro deve ser o livro da Bíblia por excelência dos missionários e catequistas. Lucas, depois de no seu Evangelho apresentar a vida e a missão de Jesus, apresentou em Acos dos Apóstolos a vida e a missão dos discípulos de Jesus. De facto, os Actos dos Apóstolos apresentam a vida que se transforma em missão e a missão que se transforma em vida.

 

Um símbolo

Podemos resumir toda a mensagem num único objeto: um megafone. Serve para ampliar a pregação, para fazer chegar mais longe, para não guardar nada só para si…

O megafone lembra-nos assim que não podemos calar, nem murmurar, mas proclamar bem alto o que acreditamos e que transborda do nosso coração.

 

À margem

Quando preparava a estante com estes três elementos para a celebração, alguém me perguntou apontando para o megafone:

- Para que quer isso?

Respondi prontamente:

- Ora isto para que serve?! Estamos mesmo a ver que é para fazer o peditório...

- Não acredito! – respondeu o curioso.

E agora, para que que ninguém diga que o padre mente, aqui está a confirmação. De facto, depois da reflexão dos três elementos na homilia, no final da celebração alguém do Grupo Missionário fez, à porta da Igreja, um peditório com o megafone. A foto confirma que um megafone não só ajuda quem fala, mas pode ajudar as missões com o que for capaz de recolher…



 

De cego a discípulo


Ano B – XXX domingo comum

Leitura explicativa do episódio do Evangelho de hoje

 

- Bartimeu é cego – não vê, não sabe o que quer ou o que pode ser nem para onde vai

- Está sentado – acomodado, instalado ou conformado com a sua situação

- Pedindo esmola – dependência dos outros, sem futuro próprio

- Jesus passa – desperta no cego a consciência da sua situação de miséria, de dependência e de escravidão

- O cego chama por Jesus – a proximidade de Jesus desperta vontade de ficar próximo dele.

- Muitos repreenderam e queriam fazê-lo calar – são as resistências do nosso ambiente, os obstáculos e a incompreensão de quem nos rodeia, de quem só pensa em si

- Ele gritava cada vez mais – o cego chamava para ser chamado, pois era uma maneira de dizer estou aqui…

- Jesus parou e mandou-o chamar – tal como chamou os apóstolos na praia, junto à banca de Levi ou junto ao sicómoro de Zaqueu

- Coragem ele chama por ti – os mediadores também mudaram de atitude e mostram então o seu apoio

- O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus – desfez-se do pouco que tinha para ir ter com Jesus, tal como os discípulos deixaram o barco, é um corte radical para começar uma vida nova

- Deu um salto e foi ter com Jesus – ergueu-se, pôs-se de pé, recuperou a dignidade para caminhar

- Que queres que Eu te faça – é a mesma pergunta que fez a Tiago e João que queriam sentar-se ao lado de Jesus. O cego, porém, estava cansado de estar sentado e queria ver e andar

- Mestre, que eu veja – Tu queres o que eu quero para que eu queira o que Tu queres

- A tua fé te salvou – a fé é que nos faz ver, mudar e seguir em frente numa vida nova

- E seguiu Jesus pelo caminho – fez-se discípulo de Jesus

 

Conclusão:

O cego Bartimeu que se encontrava a mendigar, sentado à beira do caminho representava, inicialmente, os pecadores que viviam longe de Deus e à margem da salvação. Jesus veio chamá-los e fazer deles seus discípulos. Bartimeu é agora o espelho do que acontece com os discípulos de Jesus.

 

Ver também:

Bartimeu

Abrir os olhos

 

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Sem atrito não há fogo


5ª feira – XXIX semana comum

Jesus veio trazer o fogo à terra.

Como é que se consegue fazer fogo?

Através da fricção de duas pedras ou de dois paus.

Sem atrito não há lume, não há fogo, não há luz.

Quando aceitamos a fricção, as adversidades, os atritos, faz-se luz.

Se não sentimos fricção com o mundo, perguntemos de que lado é que estamos.

Jesus veio acender o fogo.

E nós?

 

Do atrito de duas pedras chispam faíscas;

das faíscas vem o fogo;

do fogo brota a luz.

(Victor Hugo)

 

Ver também:

Fogo do coração

Fogo à terra

Trazer o fogo

Piróforo

De Cisão

 

O prometido foi cumprido


Memória do Beato Carlos da Áustria

Para a memória do Beato Carlos de Áustria foi escolhido o dia 21 de outubro porque foi nessa data de 1911, sábado, que ele se casou com Zita de Parma, no castelo de Schwarzau.

Três detalhes desse acontecimento podem ajudar-nos a compreender a vida e a santidade do Beato Carlos.

 

1ª promessa cumprida

A 24 de junho de 1911 Pio X recebeu a duquesa de Parma e três dos seus filhos – Sisto, Zita e Isabel. Em audiência particular o Papa disse à jovem Zita que se preparava para o casamento:

- Vai casar-se com o herdeiro do trono. Desejo-lhe, pois, todas as bênçãos.

Zita procurou por três tentativas replicar que o seu noivo não era o herdeiro, uma vez que seria Francisco Fernando a suceder a Francisco José, mas o Papa insistiu:

- E rejubilo infinitamente com isso, porque Carlos é a recompensa que Deus reservou à Áustria por tudo aquilo que ela fez pela Igreja.

À saída, Zita observou à mãe:

- Graças a Deus que o Papa não é infalível em matérias políticas.

Com o assassino de Francisco Fernando a 28 de junho de 1914 em Sarajevo, Carlos tornou-se o sucessor do imperador Francisco José, seu tio. Com a morte deste, em 21 de novembro de 1916, Carlos ascendeu ao trono como imperador da Áustria e rei da Hungria. Zita era imperatriz e rainha.

De facto, São Pio X previu e aconteceu.

Os santos são assim. Os santos veem longe.

Os santos conhecem-se e reconhecem-se.

 

2ª promessa cumprida

Na véspera do casamento Carlos disse a Zita:

- Agora, devemos conduzir-nos um ao outro para o Céu.

Carlos de Áustria prometeu e a sua promessa foi plenamente cumprida.

Os dois comprometeram-se a ajudar-se mutuamente para alcançar a glória do céu, a felicidade eterna dos santos.

Ele foi Beatificado a 3 de outubro de 2004 por São João Paulo II.

Ela tem a decorrer o processo de beatificação desde 2009.

O seu casamento tinha o objetivo de chegar ao céu. Juntos alcançaram isso. Casaram-se para a santidade, para a eternidade.

Os santos são assim. O que prometem fazem.

 

3ª promessa cumprida

Nas alianças que entregaram um ao outro tinham mandado gravar: Karl von Österreich – Zita von Bourbon-Parma. Sub tuum praesidium confugimus, Sancta Dei Genitrix (À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus).

Pediram assim a proteção de Maria Santíssima e foi-lhes concedida.

O ex-imperador Carlos morreu a 1 de abril de 1921, primeiro sábado do mês, dia dedicado ao Imaculado Coração de Maria, ou seja, morreu sob a proteção mariana, conforme a inscrição das alianças.

Foi sepultado na capela dedicada ao Imaculado Coração de Maria, no Santuário de Nossa Senhora do Monte. Só mais tarde, em 1968, foi transladado para a cripta própria, no mesmo santuário, ou seja, repousando para sempre sob a proteção de Maria.

No dia 13 de maio de 1922, quinto aniversário da primeira aparição de Fátima, teve lugar na igreja de São Pedro, no Funchal, a celebração de ingresso na Confraria do Imaculado Coração de Maria e receção do escapulário branco, da ex-imperatriz Zita e seus filhos. Toda a sua família continuava a rezar: Sub tuum praesidium confugimus, Sancta Dei Genitrix…

Os santos são assim. O que pedem, alcançam.

E o que alcançam é por proteção e auxílio de Santa maria, Mãe de Deus e nossa Mãe.

 

Conclusão:

Os santos não brincam em serviço.

Eles levam todas as coisas a sério.

Os seus sonhos tornam-se realidade.

Os seus objetivos são alcançados.

Os compromissos assumidos são satisfeitos.

As promessas são realizadas.

Os seus ideais são concretizados.

A santidade procurada é alcançada.

O prometido é sempre cumprido.

Os santos são assim.

 

Ver também:

Relíquia santa e real

Dois beatos, duas memórias

Beato Carlos imperador

Carlos de Áustria

Beato Carlos e o Coração de Jesus

Te Deum do Beato Carlos

Exemplo e modelo de fé

Cem anos de casamento

Hino ao Beato Carlos

Carlos imperador e rei

 

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

São José Missionário

São José, exemplo e modelo para os missionários

 

1 – Acolhimento

José, não tenhas medo de acolher Maria tua esposa e o que nela se gerou…

O missionário é aquele que acolhe e que não deve ter medo.

 

2 – Disponibilidade

José sempre mostrou disponibilidade para levar Jesus para onde ele devia ir, que para Belém, quer para o Egipto, Nazaré ou Jerusalém.

O missionário é aquele que está disponível para levar Jesus, mas sobretudo para acompanhá-lo. De facto, não é o missionário que leva Jesus, mas é este que o leva…

 

3 – Ação silenciosa

José anunciou a sua fé e adesão a Deus não através de palavras, mas através de obras. Acordando do sonho, José fez o que o Senhor lhe tinha dito através do anjo.

O missionário só é verdadeiro anunciador através do exemplo, de gestos ou obras.

 

O tema do Dia Mundial das Missões deste ano – Não podemos deixar de afirmar o que vivemos e ouvimos – é um convite dirigido a cada um de nós para cuidar e dar a conhecer aquilo que tem no coração, escreveu o Papa Francisco na sua mensagem.

A exemplo de São José, que no nosso coração e de todos os missionários, haja sempre acolhimento, disponibilidade e gestos concretos de amor.

 

 

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Não fazer esperar


3ª feira – XXIX semana comum

Sede como homens que esperam o seu senhor voltar para lhe abrirem logo a porta, quando chegar e bater…

 

Não fazer ninguém esperar.

Estar sempre preparado para acolher e para servir.

Estar sempre atento e com o avental posto.

 

Ninguém gosta de esperar por ninguém, ninguém deve deixar ninguém à espera.

É preciso ser prontos e serviçais.

Não basta estar pronto, é preciso servir para ninguém esperar.

Não basta servir, é preciso estar pronto para servir logo.

 

Quando os missionários portugueses dirigidos por São Francisco Xavier chegaram ao Japão e anunciaram a grande riqueza, supremo bem e eterna felicidade que é Jesus, os ouvintes fizeram-lhe uma só pergunta:

- Se isso é assim tão bom e se acreditais mesmo nisso, então por que é que só agora vindes anunciar-nos?

Ao que São Francisco Xavier respondeu:

- Viemos só agora porque só agora vós estais preparados para O receber.

E nós podemos acrescentar:

- Por que só agora? Porque os japoneses só então estavam preparados para acolher e porque os cristãos até então não estavam preparados para anunciar.

 

Mensagem do Papa Francisco para o dia Mundial das Missões deste ano:

Não podemos calar o que vimos e ouvimos…

Então porque é que nós calamos?

Porque ainda não estamos preparados… ainda não assimilamos tudo o que vimos e ouvimos.

 

Tema mariano da Jornada Mundial da Juventude: Maria foi apressadamente…

Maria não pôde calar o que viu e ouviu.

Maria não foi precipitada, foi sim preparada.

Maria não fez ninguém esperar, fez logo, partiu apressadamente, anunciou imediatamente.

 

Ver também:

O avental e Cristo

Vigiar

Estar preparado

Ação e oração

Mangas arregaçadas

 


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Manual de instruções


Festa de São Lucas, Evangelista

A página do Evangelho de hoje, segundo o evangelista cuja festa celebramos neste dia, apresenta não só o envio dos apóstolos, mas também o manual de instruções, o que deviam fazer, levar ou dizer…

 

1º ninguém vai só, pois Jesus envia-os 2 a 2 - Comunhão.

2º ninguém leva bagagem em sinal de desprendimento - Libertação.

3º sem demoras no caminho, centrados no essencial - Urgência.

4º sem andar de casa em casa em sinal de permanência – Constância ou Perseverança.

5º como gente de paz e bem – Missão de Paz.

6º enviados para o meio de lobos – Coragem.

7 mostrando que está perto o Reino – Anúncio de Jesus.

 

À margem:

Podemos considerar o Evangelho de São Lucas, no seu todo, como um manual de instrução ou de ensino.

E os Actos dos Apóstolos, também de São Lucas, como um manual de ação ou de prática.

 

Ver também:

Evangelista, pintor e médico

São Lucas Evangelista

Pai Nosso de Lucas

 

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Vagabunda e mística


Memória de Santa Teresa de Jesus ou de Ávila

1515-1582, Virgem e Doutora da Igreja

Dizem que sou uma vagabunda e inquieta – assim contava Teresa de Ávila a um amigo.

De facto, Filipe Sega, núncio em Espanha de 1577 a 1581, tal pensava e proclamava. Ele chegara a Espanha quando as fundações de Teresa já estavam muito avançadas, mas, ao contrário do anterior núncio, não via com bons olhos o caminho reformador empreendido por Teresa. Por isso afirmava: Teresa é uma mulher inquieta e vagabunda, desobediente e obstinada que a título de devoção inventa falsas doutrinas, andando fora da clausura, contra a ordem do Concílio de Trento e dos prelados, ensinando como mestra, desrespeitando São Paulo que proibiu que as mulheres ensinassem.

Estas palavras vindas de um núncio não podiam passar despercebidas. Por isso Teresa preocupou-se em esclarecer a verdade: Que não era desobediente nem andava a enganar ninguém. Mas que ela própria, se andava pelos caminhos e se fundava conventos, se escrevia ou ensinava, era por obediência a Deus e não por contra própria.

Este confronto entre o núncio e Teresa de Ávila, mais do que uma circunstância histórica, aponta para uma misteriosa verdade – A mística, a espiritualidade, a união permanente com Deus, a contemplação, é um estilo de vida que não está circunscrito à clausura de um mosteiro. Esta experiência mística é mais vasta e mais fecunda do que o núncio imaginava.

Percorrer mais de seis mil quilómetros em condições daquela época (século XVI) comprar e vender casas, tratar da reparação material das mesmas, encontrar-se com grandes ou pequenos, homens ou mulheres, gente da igreja ou do mundo, dos negócios ou da religião, é saber gerir o seu tempo e todos os demais recursos sem desprezar o seu interior e descurar o seu caminho de perfeição.

Procurar vocações, candidatos masculinos ou femininos para os seus conventos reformados, ser fundadora, reformadora, mestra e madre, é estar constantemente atenta à realidade à sua volta sem nada deixar escapar, dentro ou fora de si mesma e dos outros.

Escrever livros, não só para discernir a vontade de Deus, mas também para ajudar os outros consagrados, escrever milhares de cartas, responder a todos os pedidos de conselho ou de qualquer ajuda material ou espiritual, governar os mosteiros, assegurar a sustentabilidade e a subsistência de todos, é viver sem sufocar o coração nem deixar de trabalhar pela sua perfeição e a de todos.

Entre tanta correria e tanta barafunda é possível crescer no espírito de Deus.

O que interessa é não esquecer que Deus está sempre presente onde quer que estejamos ou façamos.

Jesus é o nosso capitão. Nós somos simples subalternos.

“Estando presente tão bom amigo e tão generoso capitão, Jesus Cristo, tudo podemos suportar e fazer. Ele é ajuda e dá força; nunca falta, é verdadeiro amigo. (CF. Livro da vida, Teresa de Jesus).

 Ela foi Marta ativa, sem deixar de ser Maria.

Ela foi Maria contemplativa sem deixar de ser Marta.

Conclusão:

Podemos concluir ao jeito de Santa Teresa:

Sou vagabunda, sim senhor, porque Deus vai comigo e eu vou com Ele,

Sou inquieta, sim senhor, porque Jesus está comigo e eu estou com Ele.

Sou vagabunda e inquieta porque assim é Jesus.

 

Ver também

As castanholas da santa

A esmola da oração

A caçadora de Ávila

Teresa de Ávila

Santa Teresa de Ávila

Por entre as panelas

Pedir para os outros

Grande Teresa