sexta-feira, 28 de abril de 2017

Jesus faz muito com o nosso pouco


6ª feira - II semana da Páscoa

Da primeira leitura podemos acolher o conselho de Gamaliel:
Se qualquer coisa que acontece na nossa vida vem apenas dos homens, acabará por si mesma.
Mas se vem de Deus, não podemos destruí-la e correremos o risco de lutar contra Deus.
Não ponhamos limites à Providência.


O trecho do evangelho pode resumir-se numa frase: Jesus faz muito com o nosso pouco.
A multidão segue Jesus.
Filipe preocupa-se onde arranjar tanto pão.
André repara que alguém tem um pequeno farnel.
O rapazinho partilha dos seus cinco pães e dois peixes.
Jesus abençoa o pão e o peixe.
Os discípulos distribuem.
Todos comem e ficam saciados.
E todos acreditaram que Jesus era o profeta que estava para vir ao mundo.

Faz-me lembrar a lengalenga popular que identifica cada um dos dedos da mão:
Este foi à serra,
Este encontrou um perinho,
Este descascou,
Este comeu,
E este disse que era bonzinho!
Cada um faz uma ação num esforço conjugado e a partilha é abençoada.



terça-feira, 25 de abril de 2017

Sair para anunciar


Festa de São Marcos Evangelista

Sair para anunciar e anunciar com humildade.

O Papa Francisco na sua homilia de hoje:
Sair para anunciar. E nesta saída está a vida, se joga a vida do pregador. Ele não está protegido, não há seguro de vida para o pregador. E se um pregador busca um seguro de vida, não é um verdadeiro pregador do Evangelho: não sai, permanece protegido.
Primeiro: ir, sair. O Evangelho, o anúncio de Jesus Cristo, se faz em saída, sempre; em caminho, sempre. Seja em caminho físico, seja em caminho espiritual do sofrimento: pensemos no anúncio do Evangelho que tantos doentes fazem – tantos doentes! – que oferecem a dor pela Igreja, pelos cristãos. Mas sempre saem de si mesmos.
Segundo, mas como é o estilo deste anúncio? São Pedro, que foi propriamente o mestre de Marcos – responde – é muito claro na descrição deste estilo: O Evangelho deve ser anunciado em humildade, porque o Filho de Deus se humilhou, se aniquilou. O estilo de Deus é este e não existe outro. O anúncio do Evangelho não é um carnaval, uma festa. Este não é o anúncio do Evangelho.
O Evangelho não pode ser anunciado com o poder humano, não pode ser anunciado com o espírito de escalada, de subir, este não é o Evangelho. Portanto, todos somos chamados a revestir-se de humildade uns pelos outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.




segunda-feira, 24 de abril de 2017

À noite

2ª feira – II semana da páscoa

Nicodemos veio a tratar com Jesus de noite.
Os dias fê-los Deus para nós, as noites para Si.
Os dias para as ocupações do corpo, as noites para os retiros da alma.
Os dias para o exterior e visível, e por isso claros, as noites para o interior e invisível, e por isso escuras.
Assim repartia Nicodemos o tempo.
Os dias dava-os às obrigações do ofício, como pessoa pública, e para satisfazer às mesmas obrigações com acerto e bom sucesso, gastava as noites com Deus.
Nicodemos sendo letrado vinha consultar e ouvir, e sendo mestre aprender de quem o podia ensinar.
Temos visto as boas razões e necessárias qualidades que concorriam em Nicodemos para o nome que tinha de vencedor:
Nobreza de sangue, familiaridade com Deus, docilidade no juízo.
Nobreza de sangue para o valor; 
docilidade no juízo para o conselho; 
e familiaridade com Deus para o favor do céu, sem o qual tudo o demais aproveita pouco.

(Cf. Pe. António Vieira, Baía, 1638)

domingo, 23 de abril de 2017

Modesto contributo





















No dia mundial do livro tenho o privilégio de partilhar uma obra que acaba de ser editada. E já lá vão sete.
É um simples contributo de 300 páginas para assinalar o Centenário das Aparições de Fátima, porque todos nós fazemos parte destes 100 anos.
Agradeço à CIRP a edição e divulgação destes 6000 exemplares.
Agradeço ao Manuel Barbosa a coordenação e apresentação.
Agradeço ao Constantino Tiago a revisão dos textos.
Agradeço ao Manuel Costa a capa e o grafismo.
Como tudo na vida também este livro é plural. Obrigado a todos.
Dedico este livro à minha mãe Maria José Quintal, que Deus a recompense na eternidade, pois foi ela quem me ensinou a rezar a Ave-Maria e tantas outras orações.















Espero que estes 100 terços e suas meditações sejam uma carinhosa ajuda para cada orante, com o Terço na mão e Maria no coração, entrar no Mistério de Deus.



























quarta-feira, 19 de abril de 2017

A Palavra e a Eucaristia






















4ª feira da Oitava da Páscoa

A experiência dos Discípulos de Emaús mostra-nos
o mistério da Palavra e da Eucaristia.
A Palavra leva-nos à Eucaristia.
A Eucaristia revela-nos Cristo Ressuscitado.

As Escrituras são o caminho de Deus connosco.
Mas é preciso ir mais além.
Não basta a Palavra,
é preciso a Eucaristia.

Só assim, através da Fração do Pão,
no caminho das Escrituras,
podemos encontrar-nos com Deus Connosco.





segunda-feira, 17 de abril de 2017

Círculo virtuoso














2ª feira da Oitava da Páscoa

Jesus ressuscitado faz-se presente na comunidade dos discípulos e mostra-lhes as chagas da sua paixão e morte.

- Porquê?

- Para nos lembrar que a paixão, morte e ressurreição é um único mistério.
- E para nos comprometer numa vida santa, pois “não tem direito a cantar aleluia na manhã de Domingo de Páscoa quem não chorou os seus pecados na tarde de Sexta-feira Santa." (cf Dogma e anúncio, José Ratzinger)

Quanto mais cantarmos aleluias, mais choraremos os nossos pecados, e quanto mais chorarmos as nossas faltas, mais cantaremos aleluias a Cristo que nos salvou pela sua morte e Ressurreição.




domingo, 16 de abril de 2017

Ressuscitar



Domingo de Páscoa

Ressuscitar é um verbo para ser conjugado todos os dias e não apenas no dia de Páscoa.
É um verbo para ser conjugado por todos os cristãos e não apenas por Jesus Cristo.
Aprendamos então a conjugar o verbo ressuscitar.
Sempre que passamos da tristeza para a alegria, do pecado para a graça, do mal para o bem, das trevas para a luz, estamos a ressuscitar.
Só assim, depois de tantos pequenos ensaios de ressurreição, entraremos na vida plena, na ressurreição eterna.

Aprendamos a conjugar o verbo ressuscitar, dizendo com Jesus:

Eu ressuscito
Tu ressuscitas
Ele ressuscita
Nós ressuscitamos
Vós ressuscitais
Eles ressuscitam

Boa Páscoa!
Feliz ressurreição!



sexta-feira, 14 de abril de 2017

Ser beijado pela cruz


Sexta-feira santa

Aprendi em Angola que as ´mamãs´ quando vão buscar água ao rio trazem à cabeça as latas bem cheias… E para não verterem nada pelo caminho colocam uma pequena tábua de madeira a boiar sobre a água. Isto segura a água no seu balanço…
É tal e qual na nossa vida. É preciso colocar umas tábuas de madeira, uma cruz na nossa vida para não nos dispersarmos, para não perdermos nada, para segurarmos o tesouro que trazemos dentro de nós.
É o que acontece quando recebemos uma bênção, quando fazemos o sinal da cruz… estamos a colocar no nosso vaso um pedaço de madeira, uma cruz, para nos ajudar a levar com integridade e dignidade a graça divina.
Recordando tudo isto, hoje na paróquia onde celebrei esta Sexta-feira de Paixão do Senhor, colocamos sobre a cabeça de cada cristão a cruz de Cristo... ninguém beijou a cruz, mas todos foram beijados ou tocados pela cruz.
Cada um por sua vez ajoelhou com humildade no degrau do altar e o sacerdote num breve momento repousou a cruz sobre a sua cabeça.
Cada um, em vez de beijar, foi beijado. Em vez de tocar, foi tocado pela cruz…





terça-feira, 11 de abril de 2017

O mistério de Judas


3ª feira da semana santa

Torna-se ainda mais denso o mistério acerca do destino eterno de Judas, sabendo que “se arrependeu e restituiu as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos idosos, dizendo: “Pequei, entregando sangue inocente” mesmo se em seguida ele se afastou para se ir enforcar não compete a nós julgar o seu gesto, substituindo-nos a Deus infinitamente misericordioso e justo.
Porque Judas traiu Jesus? A questão é objeto de várias hipóteses. Alguns recorrem ao fator da sua avidez de dinheiro; outros dão uma explicação de ordem messiânica: Judas teria ficado desiludido ao ver que Jesus não inseria no seu programa a libertação político-militar do seu próprio País. Na realidade os textos evangélicos insistem sobre outro aspeto: João diz expressamente que “tendo já o diabo metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que O entregasse”; analogamente escreve Lucas: “Entrou Satanás em Judas, chamado Iscariotes que era do número dos Doze”.
Desta forma, vai-se além das motivações históricas e explica-se a vicissitude com base na responsabilidade pessoal de Judas, o qual cedeu miseravelmente a uma tentação do maligno. A traição de Judas permanece, contudo, um mistério. Jesus tratou-o como um amigo, mas, nos seus convites a segui-lo pelo caminho das bem-aventuranças, não forçava as vontades nem as preservava das tentações de Satanás, respeitando a liberdade humana.
Pedro, depois da sua negação, arrependeu-se e encontrou perdão e graça.
Também Judas se arrependeu, mas o seu arrependimento degenerou em desespero e assim tornou-se autodestruição.
Para nós isto é um convite a ter sempre presente quanto diz São Bento no final do fundamental capítulo V da sua “Regra”: “Nunca desesperar da misericórdia divina”.
Na realidade Deus “é maior que o nosso coração”. Por conseguinte, tenhamos presente duas coisas:
A primeira: Jesus respeita a nossa liberdade.
A segunda: Jesus espera a nossa disponibilidade para o arrependimento e para a conversão; é rico de misericórdia e de perdão.
Afinal, quando pensamos no papel negativo desempenhado por Judas devemos inseri-lo na condução superior dos acontecimentos por parte de Deus. A sua traição levou à morte de Jesus, o qual transformou este tremendo suplício em espaço de amor salvífico e em entrega de si ao Pai.

(Cf Bento XVI, audiência-geral, 16/10/2006)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Nardo puro





















2ª feira da semana santa

Significado profético
Anúncio e prefiguração da morte e ressurreição de Jesus - Tal como é preciso partir o vaso de alabastro para libertar todo o perfume de nardo, assim também Jesus precisa de passar pela morte para inundar toda a terra da sua graça e salvação.

Significado simbólico
É preciso partir o vaso em mil pedaços e libertar o perfume para espantar o cheiro da morte e adorar a Deus de maneira tão intensa até que o nardo se espalhe enchendo toda a casa invadindo a terra e o céu na presença de Deus e dos homens.

Significado pessoal
Canção - O Nardo

Sobre os cansados e sobrecarregados
Sobre os aflitos e amargurados
Sobre os enfermos, feridos de alma
Faz descer o nardo
O nardo, o nardo

Sobre os que choram, os abandonados
Sobre os cativos, sobre o solitário
Sobre o fracassado, o dilacerado
Faz descer o nardo
O nardo, o nardo

Pra tirar a dor
Pra fechar o corte
Pra banhar a alma
Fazer o fraco forte
O nardo que exala
Pra tirar o cheiro da morte

Faz descer o nardo
O nardo, o nardo

(Compositores: Luiz Arcanjo, Ronald Fonseca, André Mattos, Deco Rodrigues, Isaac Ramos, cantado pelo Grupo Trazendo a Arca)

sábado, 8 de abril de 2017

Dos Ramos à Paixão























Domingo de Ramos ou Domingo da Paixão


Tão depressa os ramos para aclamar
se transformam em vergastas para flagelar.

Tão depressa as fitas da aclamação
se transformam em chicote de condenação.

Jesus é sempre o mesmo
nós é que mudamos.

E o problema não está no que temos na nossa mão
mas o que temos no nosso coração.

................

Papa Francisco:
“Esta celebração tem, por assim dizer, duplo sabor: doce e amargo. É jubilosa e dolorosa, pois nela celebramos o Senhor que entra em Jerusalém, aclamado pelos seus discípulos como rei; ao mesmo tempo, porém, proclama-se solenemente a narração evangélica da sua Paixão. Por isso o nosso coração experimenta o contraste pungente e prova, embora numa medida mínima, aquilo que deve ter sentido Jesus em seu coração naquele dia, quando rejubilou com os seus amigos e chorou sobre Jerusalém…
Jesus, que aceita ser aclamado, mesmo sabendo que O espera o «crucifica-o!», não nos pede para O contemplarmos apenas nos quadros, nas fotografias, ou nos vídeos que circulam na rede. Não. Está presente em muitos dos nossos irmãos e irmãs que hoje, sim hoje, padecem tribulações como Ele: sofrem com um trabalho de escravos, sofrem com os dramas familiares, as doenças... Sofrem por causa das guerras e do terrorismo, por causa dos interesses que se movem por detrás das armas que não cessam de matar. Homens e mulheres enganados, violados na sua dignidade, descartados.... Jesus está neles, em cada um deles, e com aquele rosto desfigurado, com aquela voz rouca, pede para ser enxergado, reconhecido, amado.
Não há outro Jesus: é o mesmo que entrou em Jerusalém por entre o acenar de ramos de palmeira e oliveira. É o mesmo que foi pregado na cruz e morreu entre dois malfeitores. Não temos outro Senhor para além d’Ele: Jesus, humilde Rei de justiça, misericórdia e paz.”


quarta-feira, 5 de abril de 2017

Fazer as mesma obras


4ª feira - V semana da quaresma

Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as mesmas obras de Abraão…

Tal pai, tal filho.

Sois filhos de Deus… portanto, fazei as suas obras.

- Senhor padre, quem vai à igreja é pior que os outros. Aproxima-se do altar, mas cá fora é pior do que aqueles não vão à missa.
- Tens razão, quem vai à igreja é mau, a começar pelo padre. Mas se eles, indo à missa, são assim tão maus, imagina como seriam se não fossem… seriam piores!

Ser filho de Deus é fazer as mesmas ações do Pai, viver do mesmo jeito, ter os mesmos valores.






segunda-feira, 3 de abril de 2017

Jesus inclinou-se...


2ª feira - V semana da quaresma

Jesus inclinou-se e começou a escrever com o dedo no chão…
- Porque é que Jesus abaixou-se?
- Porque queria ficar do tamanho da mulher pecadora, ali jogada no pó da terra, e não do tamanho dos acusadores.
Jesus, identificando-se com os acusados, assume a sua condição de pecadores e morrendo por eles os liberta.

Segundo a nossa lei, esta mulher deve morrer…
De facto, a mulher pecadora morreu ali, pois com a misericórdia de Jesus nasceu criatura nova, morreu a mulher adúltera e renasceu a discípula, a convertida.