quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Pensamento social (3)


Pensamento e ação social do Pe. Dehon

 

Está a decorrer em Roma, de 13 a 18 de fevereiro, a IX Conferência Geral dos Dehonianos (SCJ) sobre o tema: Os dehonianos em compromissos sociais (o impacto do amor de Deus na nossa sociedade)

Logotipo da IX Conferência Geral

- A base é uma BÍBLIA ABERTA que simboliza a Palavra de Deus. É o fundamento da nossa vida espiritual e um aspeto importante da nossa Conferência Geral. Desta fonte, o Padre Dehon bebeu do amor de Deus. A partir da meditação das Escrituras, os dehonianos buscam a força para sua missão de adoração e reparação, especialmente com os mais vulneráveis.

- Nas CHAMAS vemos o amor que vem da Palavra de Deus. É a luz do Evangelho que inflamou o Padre Dehon e continua a inflamar-nos até hoje. Elas representam o impacto do amor de Deus em nossa sociedade.

- O símbolo do ÓMEGA não só nos aponta para o fim (escatologia), mas também simboliza a vinda do Reino pelo qual Pe. Dehon trabalhou e que os dehonianos continuam através da missão de adoração e reparação. É também o símbolo da plenitude.

- A CRUZ está no coração do logotipo e nos mostra que estamos ligados por um propósito comum: Sint Unum no Coração de Deus.

- Os TRÊS PONTOS nas chamas simbolizam o mistério da Trindade.

- A COR VERDE do arco ómega expressa esperança e se refere à natureza e a nossa casa comum que devemos cuidar como parte do nosso compromisso social.

- O CÍRCULO simboliza a Eucaristia que é o coração e o cume de nossa fé

 

Para nos inspirar e ajudar a refletir, partilhamos livremente, isto é, sem rigor científico, algumas citações do Pe. Dehon sobre essa matéria.

 

O que pensava, escrevia, ensinava e fazia o Pe. Dehon no compromisso social:

 

Jesus foi um trabalhador, um operário de profissão, até à idade de trinta anos. Depois, durante três anos, foi um operário apostólico. Conheceu o trabalho duro, a fadiga e o suor. Durante vinte e cinco anos esteve enterrado na poeira de uma oficina, dobrado de manhã à noite sobre as tábuas que aplaina e sobre os socos de charrua que modela. Bateu rudemente com o martelo e o machado. Não fez Ele todas as coisas?

 

Quando a anarquia se acusa em toda a parte, na família e no Estado, a Igreja permanece uma sociedade de obedientes, porque tem as suas origens em Nazaré.

 

É preciso agir! Estudemos, espalhemos a verdade, organizemo-nos. Se queremos que Cristo reine, é preciso que ninguém nos ultrapasse no amor ao povo.

 

Experimentai e conseguireis. O povo tem prevenções contra os católicos. Pensa que não temos qualquer preocupação pelos seus interesses temporais. Provai-lhe o contrário através das vossas obras. A caridade não lhe basta, ele pede a justiça e a caridade sociais, e tem razão.

 

É pelas suas obras que Nosso Senhor quer reentrar na nossa vida social e aí estabelecer o seu reino. É preciso merecer esta ressurreição, com a prática da justiça e da caridade para com todos.

 

As missões longínquas, as missões populares, a educação dos filhos, as obras para libertar os deserdados deste mundo… que belo programa de zelo e de caridade em união com o Coração de Jesus! Mas é preciso que reservemos sempre tempo para as nossas adorações quotidianas.

 

A justiça exige que aquele que trabalha tenha o alimento suficiente e possa alimentar a sua família, que ele se vista convenientemente e seja decentemente alojado.

 

As máquinas deviam ajudar o operário, facilitar o trabalho, aumentar o produto, baixar o custo de vida. Elas não estiveram ao serviço do operário, o operário é que esteve ao serviço da máquina. O progresso verdadeiro e belo é o da dignidade humana.

 

Fui levado pela Providência a cruzar muitos sulcos, mas dois sobretudo deixarão uma pegada profunda: a ação social cristã e a vida de amor, de reparação e de imolação ao Sagrado Coração de Jesus.

 

Tentei dois grandes empreendimentos: levar os padres e os fiéis ao Coração de Jesus para lhe oferecer uma homenagem quotidiana de adoração e de amor, este apostolado que deve continuar: e contribuir par a recuperação das massas populares pelo reino da justiça e da caridade, trabalho que também deve ser continuado.

 

A salvação do povo tem de vir do próprio povo.

 

Somos os filhos d’Aquele que distribuía o pão das almas, também o pão material no monte das Bem-aventuranças.

 

Jesus teve piedade da multidão, não somente porque ela não tinha ainda recebido o benefício da fé, mas porque tinha fome. Estudemos as questões da justiça social, apliquemo-nos às obras sociais.

 

Vejo bons padres que parecem esperar demasiadamente o incremento por um golpe da Providência. O que é preciso é gastar-se, lutar, ir ao povo, e fazer como se tudo dependesse de nós.

 

Se um homem rico e bom tem mendigos à sua porta, quais socorrerá primeiro? Não são os mais pobres, os mais miseráveis? Deus não faz de outra maneira.

 

Hoje não basta um apostolado espiritual é preciso um apostolado de transformação social.

 

Ir ao povo será a nossa cruzada contra a escravidão económica.

 

Cristo foi posto fora a vida política e da vida económica. Ele quer reentrar aí com os seus benefícios, com o reino da justiça e da caridade. Mãos à obra!

 

Zelo pelo reino de Nosso Senhor. Devo fazê-l’O reinar, primeiro na minha vida privada, submetendo-lhe toda a minha vontade, todas as minhas ações. Devo trabalhar para o seu reino social pela ação e pela verdadeira doutrina.

 

Toda a reforma económica e social está em germe nos princípios que Jesus coloca: a paternidade divina e a fraternidade de todos. Ele dá o exemplo: é operário, filho de operário, reclama a justiça, o respeito, a afeição fraterna.

 

Nós sacerdotes somos os amantes apaixonados do progresso.

 

O luxo foi outrora o cancro dos ricos; hoje é a lepra dos pobres. Possuir e gozar tornaram-se os fins da vida.

 

O mal do nosso tempo é a timidez, a frouxidão, o laxismo e o desespero.

 

O nosso ideal de apóstolos é o bem temporal do povo unido ao seu bem espiritual.

 

O sacerdote deve ser um homem do seu tempo


O único laço social verdadeiramente eficaz é uma religião comprometida com as bases.

 

Se queremos que Cristo reine é melhor que nenhum grupo político nos supere na preocupação pelo bem do povo.

 

Só uma visão cristã da vida pode levar à paz social que faz reinar a justiça e a caridade.


Um homem que queira mudar a sociedade não pode ter ideias tímidas.

 

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