3ª
feira – XXXIII semana comum
Zaqueu
subiu a um sicómoro para ver Jesus que havia de passar por ali.
Queria
vê-lo, mas não podia por causa da multidão e por ser pequeno… Tinha o sonho de
ver quem era Jesus. Não conseguia realizar este seu anseio… Sentia-se limitado,
ainda mais pequeno do que já era. Mais uma vez sentiu-se infeliz e por mais que
se levantasse em bicos de pés ou procurasse uma pedra para ficar mais alto, não
tinha como.
Amargurado pela sua pequenez e miséria, não conseguia levantar-se.
Nessa
hora a graça de Deus veio e agiu naquilo que ficou guardado no seu coração.
Zaqueu
recordou-se de quando era criança e andava na escola. Era bem pequenino e débil,
de modo que todos os outros faziam dele o que queriam. Os grandalhões
tiravam-lhe sempre a sua merenda. E por ele ser fraco os colegas comiam sempre
o que lhe pertencia. E porque os colegas comiam o que lhe pertencia ele ficava
cada vez mais fraquinho. É o círculo vicioso da fome e da miséria de todo o
tempo e lugar.
Então
um dia Zaqueu reparou numa árvore ao fundo do recreio da escola. Para ele todas
as árvores eram grandes, mas aquela era especial, pois era aquilo que ele não
conseguia ser, alto, forte, robusto e firme. Então tentou subir… e com jeito e
por ser leve conseguiu ir até aos ramos mais finos.
Os
colegas, como sempre, perguntaram o que tinha trazido para a merenda… E ele
intimidado calava… mas nesse dia sentiu uma esperança no seu coração. Antes de
acabar a aula, pediu ao mestre que lhe deixasse ir satisfazer uma necessidade
pois estava aflito. E lá foi a correr até ao fundo do recreio. Subiu ao
sicómoro com o saco da sua merenda. Sentou-se num ramo e lá saboreou sozinho a
sua vitória.
Quando
saíram da aula todos andaram à procura de Zaqueu, mas não o encontraram e
passaram fome o resto da tarde.
A
partir daí, cada vez que Zaqueu tinha algum problema corria para a sua árvore e
só aí sentia-se grande e forte.
Quando,
já adulto, mas ainda com altura e coração de criança, se refugiou nesse
sicómoro para ver quem era Jesus, aconteceu o inesperado. Sempre tinha feito
aquilo e ninguém o notara, mas Jesus ao passar olhou-o, viu-o como nunca ninguém
o tinha visto… e nunca mais teve vergonha de ser quem era. E a partir daí nunca
mais deixou de partilhar a sua refeição com os outros, convidando os pobres, os
pequenos, os pecadores…
E
chegou à conclusão que afinal toda a sua vida tinha sido um ensaio, um treino
de subir àquela árvore, para que um dia subisse e fosse encontrado por Jesus.
Cada
um de nós já teve ou ainda tem uma árvore como a de Zaqueu.
Talvez
foi no fundo do quintal, no recanto do jardim, junto ao rio, numa capela, no
sótão da casa, talvez na cama onde deitados choramos com a cara escondida no
travesseiro para ninguém ver… porque não queremos contar o nosso problema, porque
nos sentimos miseráveis, desiludidos, infelizes, pequenos.
Lembras-te
desse lugar?
Então
volta para lá porque Jesus nunca saiu de lá. É por isso que queres vê-lo e não
consegues… Volta para o teu cantinho, volta ao lugar do teu choro, volta a
encontrar-te contigo mesmo e Jesus passará por lá… e a história de Zaqueu
voltará a acontecer.
(adaptada
de uma pregação do Pe. Leo, SCJ)