quarta-feira, 28 de novembro de 2018

O fim dos tempos e o tempo do fim


4ª feira – XXXIV semana comum





















Não sabemos quando será o fim dos tempos, mas podemos saber como é que será o tempo do fim.

O tempo do fim será tempo de:
Perseguição
Purificação
Preparação
Perseverança
Proximidade
Pequeninos
Presença Divina.

De facto a Igreja é:
Una
Santa
Católica
Apostólica
Perseguida

Na cruz Cristo sofreu pela igreja.
Hoje Cristo continua a sofrer com a igreja, na igreja e pela igreja.
Então não é a igreja que sofre, é Cristo que continua a sofrer pela igreja.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Sem alarmes


3ª feira – XXXIV semana comum

Não vos alarmeis…
Porquê?

1º - Porque o tempo da ceifa e da vindima é sempre tempo de alegria.
2º - Porque é bom deixar o tempo para alcançar a eternidade, deixar o efémero para pegar no definitivo.
3º - Porque estamos de passagem e chegar ao fim da viagem é sempre bom, é alcançar o nosso objetivo, é cortar a meta.

Citações:
- Disse Jesus: O mundo é uma ponte. Atravessa a ponte, mas não construas sobre ela. (Abdakkah ibn Qutayba +884 in Tarif Khalidi, Jesus Muçulmano, máximas e histórias da literatura islâmica)
- Quem não deve, não teme, diz a sabedoria popular.
- Não podes voltar atrás e mudar o teu começo, mas podes começar onde estás e mudar o teu final. (C.S. Lewis)

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Da oferta da viúva à viúva da oferta

2ª feira – XXXIV semana comum






















Em geral nós contemplamos e refletimos sobre a oferta da pobre viúva, num compromisso de fazermos o mesmo, de sermos tão caridosos e generosos.
Olhamos mais para a oferta da viúva do que para a viúva da oferta.
Hoje vamos olhar sobretudo para a viúva da oferta.

Quem era essa viúva?
Há quem diga que era Maria de Nazaré.
Era viúva, tinha o rosto coberto, tinha entregado tudo o que tinha e tudo o que era nas mãos de Deus – Eis a serva do Senhor.
Só assim se compreende porque é que Jesus notou a presença daquela mulher, anónima, discreta, escondida, humilde serva.
Era a sua mãe e os seus olhos a identificavam, por mais disfarçada que estivesse.
Além disso, como é que ele sabia que ofereceu duas moedas, até o seu valor, como é que sabia que era tudo o que ela possuía, e que era generosa e desprendida?
Está certo que Jesus sabia tudo, até o que se passava no íntimo do coração de qualquer pessoa, mas neste caso, ele conhecia por experiência própria.
Ele sabia quem tinha em casa…
E Jesus não revelou a identidade desta pobre viúva por cumplicidade, para não comprometer a sua própria mãe e para poder alargar assim a lição a todos.
Aliás, podemos inverter os papéis de outra maneira – Esta pobre viúva cumpria a vontade de Deus Pai e portanto era, com toda a propriedade e segundo as palavras de Jesus, a sua Mãe…, as suas irmãs e os seus irmãos, pois quem eram sua mãe e seus irmãos? Quem faz a vontade de seu Pai é que é sua mãe e seus irmãos.
Maria, mãe de Jesus, foi a pobre viúva que entregou no templo tudo o que tinha. Ela aponta assim para outra figura materna que é a Igreja… que oferece tudo o que tem e tudo o que é no altar divino…
A viúva da oferta é Maria, mãe de Jesus, para nos lembrar que a nossa mãe Igreja é convidada a fazer o mesmo, a oferecer tudo, aquilo que é e aquele que tem no templo santo deste mundo divino.


Quem dá mais


2ª feira – XXXIV semana comum






















A pobre viúva deu mais, por 3 motivos:

1º - Porque deu tudo
Os ricos deram parte dos seus bens,
A viúva deu tudo.
Uma parte, por muito grande que seja, é sempre inferior a tudo.
Por isso viúva deu mais.

2º - Porque nada guardou para si
Não se avalia o que é dado, mas sim o que fica.
Ninguém deu mais do que aquela que nada guardou para si.
Os ricos guardaram retiveram mais para si do que para os outros.
A viúva nada guardou para si, portanto deu mais.

3º - Porque deu com ambas as mãos
Tu, porém, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a direita., disse Jesus em Mt 6,3. Ele convida-me a dar com uma mão sem me importar se a outra mão já deu ou vai dar.
A viúva deu mais, porque deu duas moedas, isto é, com a direita e com a esquerda.

Quem dá mais?
Não é uma espécie de leilão ou de arrematação.
É apenas o que a Escritura diz: rivalizai uns com os outros na caridade, na generosidade, no bem fazer.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Missa cantada


Memória de Santa Cecília, Virgem e Mártir
Padroeira da Música











Dizia um provérbio latino:
“Musica letitiae comes et medicina dolorum”
Que quer dizer “A Música é a companhia da alegria e a medicina das dores.”
É por isso que por coincidência, no dia da padroeira da música, Jesus, no trecho do Evangelho, chora…
E eu pergunto:
A chuva ao cair, como no dia de hoje, chora ou canta?
Claro que chora com aquele que chora e canta com aquele que canta, isto é, é companheira da alegria e é medicina do sofrimento.

Na liturgia o canto e a música têm também dois fins:
- Glorificar a Deus
- Santificar os homens.
E santifica os fiéis abrindo-lhes o coração para Deus.
É por isso que nós cantamos a missa, não cantamos na missa.
Celebramos cantando e cantamos celebrando.
Assim glorificamos a Deus com o esplendor da nossa arte e abrimos o nosso coração à sua presença.





































Dois testemunhos
1º - Do Papa Emérito Bento XVI:
"Quando, nos dias festivos, se interpretava uma Missa de Mozart na Igreja Paroquial da minha terra natal, eu, um simples rapaz do mundo rural, sentia que o Céu se abria em nosso redor. Nuvens de incenso elevavam-se em frente ao presbitério, nas quais o Céu se refletia; sobre o altar realizava-se um ato sagrado, o qual - bem o sabíamos - permitia para nós a abertura do Céu. Do coro ressoava uma música que só podia provir do Céu, uma música na qual se revelava o júbilo dos anjos à beleza de Deus. Havia algo desta beleza no meio de nós. Tenho de confessar que sempre senti tudo isto ao escutar Mozart e outras músicas solenes."
Conclusão: A música e o canto devem estar à altura da celebração pois não podemos com palavras banais exprimir coisas belas, como também não podemos com músicas foleiras exprimir realidades transcendentes.

2ª – Do atual Cardeal de Boston, Seán O’Malley:
"Nos meus tempos de seminarista, li uma entrevista com Flannery O’Connor sobre o que era crescer como católica no Sul dos Estados Unidos. A famosa autora contou que, em criança, a sua melhor amiga era uma Baptista, sua colega de carteira. Certo dia, Flannery convidou a amiga para ir à Missa. A pequenita pediu licença à mãe e lá foi com ela à igreja católica. Flannery estava ansiosa por conhecer a reação da sua amiga:
- Então, o que é que achaste?
A amiga respondeu-lhe:
- Uau, algo de especial se passa convosco católicos: a música é péssima, o sermão, uma maçada, e mesmo assim, têm a casa cheia…"
Conclusão: Não é a música que eleva e dignifica a celebração, mas o contrário, é a celebração que deve elevar o cântico e o coração até Deus.



quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Na escola do Templo





















Apresentação de Nossa Senhora

Maria foi apresentada por seus pais ao Templo de Jerusalém, isto é, foi levada para a Escola do Templo. Ela foi para a escola do templo para nos lembrar que o templo é sempre uma escola.
Também nós estamos na escola de Deus. Jesus é o nosso Mestre.
Saibamos ser bons discípulos, ouvintes e cumpridores da Palavra.

Maria, desde pequenina, entrou no Templo para nos lembrar que ela devia tornar-se templo de Deus.
Também nós somos morada do altíssimo, templos do Espírito Santo, habitação divina.
Saibamos preparar o nosso coração para que seja um santuário de Deus.

Maria cresceu no templo de Jerusalém e toda a sua vida, desde o início até ao fim, foi vivida sob o olhar de Deus.
Também nós, através dos sacramentos, temos oportunidade de receber a presença de Deus em todos os momentos da nossa vida.
Saibamos então acolher a bênção de Deus nesses momentos importantes para que sempre que recebamos uma bênção seja um momento importante da nossa vida.

À margem
Hoje é assinalado o dia de oração PRO ORANTIBUS, isto é, jornada de oração pelos monges e monjas de clausura.
Eles passam a vida a rezar por nós, por toda a Igreja e por toda a humanidade.
Eles fazem da sua vida uma oração e da oração vida para todos.
Pelos menos hoje, rezemos por eles e com eles.
Com gratidão sejamos Orantes Pro Orantibus.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

A árvore de Zaqueu


3ª feira – XXXIII semana comum




















Zaqueu subiu a um sicómoro para ver Jesus que havia de passar por ali.
Queria vê-lo, mas não podia por causa da multidão e por ser pequeno… Tinha o sonho de ver quem era Jesus. Não conseguia realizar este seu anseio… Sentia-se limitado, ainda mais pequeno do que já era. Mais uma vez sentiu-se infeliz e por mais que se levantasse em bicos de pés ou procurasse uma pedra para ficar mais alto, não tinha como. 
Amargurado pela sua pequenez e miséria, não conseguia levantar-se.
Nessa hora a graça de Deus veio e agiu naquilo que ficou guardado no seu coração.
Zaqueu recordou-se de quando era criança e andava na escola. Era bem pequenino e débil, de modo que todos os outros faziam dele o que queriam. Os grandalhões tiravam-lhe sempre a sua merenda. E por ele ser fraco os colegas comiam sempre o que lhe pertencia. E porque os colegas comiam o que lhe pertencia ele ficava cada vez mais fraquinho. É o círculo vicioso da fome e da miséria de todo o tempo e lugar.
Então um dia Zaqueu reparou numa árvore ao fundo do recreio da escola. Para ele todas as árvores eram grandes, mas aquela era especial, pois era aquilo que ele não conseguia ser, alto, forte, robusto e firme. Então tentou subir… e com jeito e por ser leve conseguiu ir até aos ramos mais finos.
Os colegas, como sempre, perguntaram o que tinha trazido para a merenda… E ele intimidado calava… mas nesse dia sentiu uma esperança no seu coração. Antes de acabar a aula, pediu ao mestre que lhe deixasse ir satisfazer uma necessidade pois estava aflito. E lá foi a correr até ao fundo do recreio. Subiu ao sicómoro com o saco da sua merenda. Sentou-se num ramo e lá saboreou sozinho a sua vitória.
Quando saíram da aula todos andaram à procura de Zaqueu, mas não o encontraram e passaram fome o resto da tarde.
A partir daí, cada vez que Zaqueu tinha algum problema corria para a sua árvore e só aí sentia-se grande e forte.
Quando, já adulto, mas ainda com altura e coração de criança, se refugiou nesse sicómoro para ver quem era Jesus, aconteceu o inesperado. Sempre tinha feito aquilo e ninguém o notara, mas Jesus ao passar olhou-o, viu-o como nunca ninguém o tinha visto… e nunca mais teve vergonha de ser quem era. E a partir daí nunca mais deixou de partilhar a sua refeição com os outros, convidando os pobres, os pequenos, os pecadores…
E chegou à conclusão que afinal toda a sua vida tinha sido um ensaio, um treino de subir àquela árvore, para que um dia subisse e fosse encontrado por Jesus.

Cada um de nós já teve ou ainda tem uma árvore como a de Zaqueu.
Talvez foi no fundo do quintal, no recanto do jardim, junto ao rio, numa capela, no sótão da casa, talvez na cama onde deitados choramos com a cara escondida no travesseiro para ninguém ver… porque não queremos contar o nosso problema, porque nos sentimos miseráveis, desiludidos, infelizes, pequenos.
Lembras-te desse lugar?
Então volta para lá porque Jesus nunca saiu de lá. É por isso que queres vê-lo e não consegues… Volta para o teu cantinho, volta ao lugar do teu choro, volta a encontrar-te contigo mesmo e Jesus passará por lá… e a história de Zaqueu voltará a acontecer.
(adaptada de uma pregação do Pe. Leo, SCJ)


segunda-feira, 19 de novembro de 2018

As virtudes de Bartimeu


2ª feira – XXXIII semana comum

Uns dizem que Timeu era um general hebreu que se revoltou contra os romanos invasores. Foi perseguido e maltratado juntamente com toda a sua família. Crucificaram-no e arrancaram os olhos ao seu filho Bartimeu… mas Jesus passou por ele.
Outros dizem que a palavra Bartimeu, não é nome próprio, mas em aramaico quer dizer simplesmente filho da impureza, isto é, alguém impuro… mas Jesus limpou-o desse mal.
A cegueira era considerada como um castigo de Deus, ou castigo da natureza ou castigo dos homens… Jesus veio libertar-nos desses castigos.
O cego atirou fora o manto… a partir de então já não precisava de cobrir a sua vergonha ou esconder o seu mal porque tinha encontrado o Senhor Jesus.

As 10 Virtudes de Bartimeu.
1ª – Paciência para esperar a hora de Deus;
2ª – Humildade que acompanha sempre a paciência
3ª – Oração
4ª – Perseverança
5ª – Obediência
6ª – Vontade
7ª – Coragem
8ª – Fé
9ª – Gratidão
10ª – Seguimento



















O Papa Francisco e o cego Bartimeu
Ainda ontem celebrámos o II Dia Mundial dos Pobres. Da mensagem do Santo Padre para esse dia destaco as seguintes citações:
"Comove-me o caso de Bartimeu, na pessoa de quem vejo identificados tantos pobres. O cego Bartimeu era um mendigo, que estava sentado à beira do caminho, tendo ouvido dizer que ia a passar Jesus, começou a gritar e a invocar o Filho de David para que tivesse piedade dele. Muitos repreendiam-no para o fazer calar, mas ele gritava cada vez mais. O Filho de deus escutou o seu brado e perguntou-lhe o que queria. Mestre que eu veja, respondeu o cego. Então bê, disse-lhe Jesus.
Bartimeu é um pobre que se encontra desprovido de capacidades fundamentais, como o ver e o poder trabalhar.
Como Bartimeu, quantos pobres há hoje à beira da estrada e procuram um significado para a sua condição!
Esperam que alguém se aproxime deles, dizendo: coragem, levanta-te que Ele chama-te.
Este pobre clama e o Senhor o escuta… é o mote do salmista para o dia mundial dos pobres.
O salmo caracteriza a atitude do pobre e a sua ralação com Deus por meio de 3 palavras:
1º Clamar – A condição de pobreza não se esgota numa palavra mas torna-se um brado, um grito. Necessitamos de escuta silenciosa para reconhecer a sua voz. Se nós falarmos demasiado, não conseguiremos escutá-los a eles.
2º Responder – O Senhor não só escuta o clamor do pobre, mas também responde. A sua resposta é sempre uma intervenção cheia de amor.
3º - Libertar. A pobreza não é procurada mas criada pelo egoísmo, a soberba, a avidez e a injustiça. As amarras da pobreza são quebradas pelo poder da intervenção de Deus. Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres…"



sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Um dehoniano na batalha de La Lys














De um lado
O Corpo Expedicionário Português combateu em La Lys, na Flandres Francesa, numa das mais violentas batalhas da I Guerra Mundial. Em poucas horas morreram 400 soldados portugueses e quase 7.000 foram feitos prisioneiros pelos alemães, no dia 9 de abril de 1918. Foi o maior desastre militar português depois de Alcácer Quibir (1578). Ao lado dos portugueses estiveram os ingleses a sofrer a grande ofensiva alemã.

Do outro lado
Fazia parte do VI Exército da Alemanha o Irmão Alois Van de Sand, da Província Alemã dos Sacerdotes do Coração de Jesus. Tinha nascido em 1895 e feito a sua primeira profissão religiosa como Irmão Dehoniano em 1912. Perdeu a vida no dia 9 de abril de 1918, aos 23 anos de idade, na fatídica batalha de La Lys.

Juntos
Nesse dia, os portugueses e este dehoniano, entre outros alemães, foram rivais na batalha, mas colegas na morte. Os que a vida separou, a morte unificou.

Rezemos
A intenção do Papa Francisco para a oração e vida dos fiéis, especialmente do Apostolado da Oração neste mês de novembro é universal: Ao serviço da paz - Para que a linguagem do coração e do diálogo prevaleça sempre sobre a linguagem das armas.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Os VIPs da Igreja


Reflexão para o Dia Mundial dos Pobres
XXXIII Domingo do Tempo Comum.















Quem são os pobres
e os pobres quem são?

1- Pobres não são apenas os mendigos.
Nem todos os mendigos são pobres.
Nem todos os pobres são mendigos.

2. Pobres não são apenas os que vivem à margem da sociedade.
Nem todos os marginais são pobres.
Nem todos os pobres são marginais.

3. Pobres não são apenas os que não têm recursos económicos.
Nem todos os que têm poucos recursos económicos são pobres.
Nem todos os pobres têm poucos recursos económicos.

4. Pobres são todos os que têm fome e sede de justiça.
Todo o pobre carece de justiça.
Quem carece de justiça é sempre pobre.

Ser pobre é ter fome e sede de justiça.
A igreja dos pobres é a igreja da justiça e da misericórdia.
A justiça sem a misericórdia é crueldade.
A misericórdia sem justiça é moleza.

Os pobres são bem-aventurados.
Os bem-aventurados são pobres.

As bem-aventuranças resumem-se numa só:
Bem-aventurados os POBRES

Pobres são
os que têm fome,
os humildes,
os que choram,
os misericordiosos,
os puros de coração,
os que promovem a paz,
os perseguidos e maltratados.