terça-feira, 29 de abril de 2014

Catarina de Sena


A lição vem da co-padroeira da Europa, Santa Catarina de Sena. Sem saber ler ou escrever, ele ditou em êxtase durante vários dias inteiros uma das maiores obras de espiritualidade que intitulou de Diálogo.

Nessa obra, Catarina partilha as intenções da sua oração: Rezava por quem e para quê?
- Rezava por si, para que Deus lhe desse o conhecimento da verdade.
- Rezava por todo o mundo para que Deus derramasse sobre ele a sua misericórdia.
- Rezava pela Igreja para que nunca lhe faltasse o auxílio celeste e a providência divina.

domingo, 27 de abril de 2014

Gémeo de Tomé


Ano A - II Domingo do tempo Pascal


Estávamos a falar de São Tomé, chamado Dídimo, ou seja gémeo. Alguém perguntou-me:
- Se Tomé era gémeo, onde está o seu irmão? Quem é o gémeo de Tomé?
- És tu!- respondi prontamente. És tu, sou eu, é aquele...
 
Todos nós somos irmãos gémeos de Tomé, ou não fosse ele Dídimo.
Somos gémeos bem parecidos com ele quando temos dificuldade em crer sem ver.
Somos gémeos dele quando temos dificuldade em acompanhar a comunidade e sozinhos não experimentamos Deus.
Somos gémeos iguais a ele quando proclamamos a nossa fé dizendo:
MEU SENHOR E MEU DEUS!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Viagem de ida e volta

4ª Feira da Oitava de Páscoa

A) IR - De Jerusalém para Emaús
Na tarde de tal dia tristes, com causa, pela morte de seu Mestre, e desesperados, sem causa, pela tardança da sua Ressurreição, caminhavam dois discípulos de Cristo para o castelo de Emaús.
Imaginavam os dois discípulos a Cristo morto e ausente, e no mesmo tempo, e pela mesma estrada ia o Senhor caminhando com eles sem o conhecerem, ainda que o viam.
Ia o Senhor com eles. Aqui reparo, ou aqui paro, que também imos caminhando. O intento de Cristo era mandar a estes discípulos reduzidos e consolados para Jerusalém, aonde estavam os apóstolos também tristes. Pois, se o seu intento era encaminhar os discípulos para Jerusalém, como se vai o Senhor andando com eles para Emaús? O caminho de Emaús e o caminho de Jerusalém eram encontrados, e Cristo deixa-se ir com os discípulos para Emaús, quando os quer levar para Jerusalém? Sim, porque essas são as maravilhas da Providência divina: levar-nos a seus intentos pelos nossos caminhos. Conseguir os intentos de Deus pelos caminhos acertados de Deus, isso é providência vulgar; mas conseguir os intentos de Deus pelos caminhos errados dos homens, essas são as maravilhas da sua Providência. Ir a Jerusalém pelo caminho de Jerusalém, é estrada ordinária; mas ir a Jerusalém caminhando para Emaús; só Deus o faz.

B) VOLTAR - De Emaús para Jerusalém
Não há sinal mais certo e mais seguro de termos conhecido a Cristo, e Cristo nos ter convertido a si que desfazer os caminhos errados de nossa vida pelos mesmos passos por onde os fizemos. Se desencaminhados fomos de Jerusalém para Emaús, postos no verdadeiro caminho, tornemos de Emaús para Jerusalém.  É necessário desandar o andado, desfazer o feito e desviver o vivido. Assim o fizeram na mesma hora, não o guardando para o outro dia, os nossos venturosos peregrinos. Na mesma tarde desfizeram o que tinham andado pelos mesmos passos, e assim como tinham deixado Jerusalém, e caminhado para Emaús, assim deixaram Emaús, e voltaram a toda a pressa para Jerusalém.

C) FICAR - Acrescentar a alegria
Chegados a Jerusalém, entraram com o alvoroço no cenáculo, onde acharam outros discípulos cheios de excessivo prazer, porque S. Pedro os tinha certificado de que vira ressuscitado o divino Mestre. Contaram o que lhes tinha sucedido, e acrescentaram a alegria de todos com a narração tão notável da sua história,

( Cf. Pe. António Vieira, Sermão da Primeira Oitava da Páscoa, Capela Real, 1647)


terça-feira, 22 de abril de 2014

Enxugar lágrimas


3ª feira da Oitava Pascal


Madalena triste e chorando às portas da sepultura.
Os apóstolos tristes e encerrados em casa.
Os dois discípulos tristes e caminhando para Emaús.
Enfim, tudo e todos tristes.
Coisa é muito digna de notar que em um dia tão alegre, como o da Ressurreição, e em uma ocasião de tanto contentamento, como o da Redenção do mundo, aqueles a quem mais de perto tocava estivessem todos tristes.
A tristeza era a mesma, mas as causas deviam de ser diversas, porque o eram também os efeitos:
Os apóstolos escondiam-se, porque temiam aos judeus.
Os discípulos iam-se para Emaús, porque desesperavam da Redenção.
Madalena chorava, porque amava muito a seu Mestre.
Se quereis conhecer as causas do descontentamento de cada um, vede-o nos efeitos:
Quem teme, esconde-se.
Quem desespera, vai-se.
Quem ama, chora.
Mas que estando o mundo remido, como estava, houvesse tantos descontentes:
Uns retirados em sua casa.
Outros deixando a corte de Jerusalém.
Outros chorando sem consolação!
O mundo remido, e descontentes tantos? Sabeis por quê? Porque é muito mais dificultoso o contentar que o remir.
A primeira coisa que fez Cristo tanto que ressuscitou foi tratar de enxugar lágrimas e de consolar tristezas:
Estava a Madalena chorando às portas do sepulcro, aparece-lhe o Senhor, enxuga-lhe as lágrimas.
Iam os discípulos tristes e desesperados para Emaús, foi-se encontrar com eles o Senhor, e consolou-os de sua tristeza.
E que se seguiu daqui? Que amanhecendo no dia da Ressurreição todo o reino de Cristo descontente, anoiteceram no mesmo dia todos contentes e consolados.
Seja também o nosso primeiro cuidado enxugar lágrimas, e logo haverá menos descontentes. Se lançarmos os olhos por todos os reinos do mundo, presentes e passados, um só reino acharemos em que todos estão contentes. E que reino é este? França? Inglaterra? Alemanha? Não: o Reino do Céu. No Reino do Céu todos estão contentes. E por que não há descontentes no Reino do Céu? E por que no Reino do Céu não há tristezas nem descontentamentos? Porque a primeira coisa que faz Deus a todos os que vão deste mundo é enxugar-lhes as lágrimas.
Vejo que me dizem que é muito fácil dizer que se enxuguem as lágrimas de todos; mas como se hão de enxugar? Enxugar as lágrimas bom remédio é para não haver descontentamentos mas que remédio há de haver, para se enxugarem as lágrimas? Fácil remédio: o que Cristo fez. Inquirir a causa das lágrimas, e tirá-la:
Quando Cristo apareceu à Madalena, a primeira coisa que fez foi inquirir a causa por que chorava. Mulher, por que choras?
Quando apareceu aos dois discípulos, a primeira coisa que fez também foi perguntar a causa de sua tristeza: Que é o que falais, por que estais tristes?
Eis aqui a razão por que se trabalha muitas vezes debalde em enxugar as lágrimas: porque se não tomam na fonte, porque se lhes não busca a causa. Busque-se a causa das lágrimas, e logo o remédio será fácil.

(Cf. Padre António Vieira, Sermão da Primeira Oitava da Páscoa, Capela Real, 1647)

sexta-feira, 18 de abril de 2014

6ª feira Santa



1. Não há Cristo sem cruz.
A cruz faz parte de Cristo.
Nós fazemos parte da cruz de Cristo.
A cruz faz parte da nossa vida.

São Patrício, quando voltou à Irlanda, como bispo missionário em pleno século V, pregou no condado de Mayo donde vêm os O’Malleys.
Certo dia, um dos chefes guerreiros pediu para ser batizado e recebido na Igreja. Nessa altura, ainda não tinham sido construídas igrejas na Irlanda, por isso, a cerimónia teve lugar ao ar livre, num grande campo. São Patrício chegou nas suas vestes episcopais, com a mitra e o báculo. Espetou o báculo no chão e começou a pregar um longo sermão sobre a fé católica. Durante o sermão, o chefe que ia ser batizado estava de pé em frente a São Patrício. Começou a ficar muito pálido, a suar profusamente e de repente desmaiou, caindo redondo no chão. Quando acorreram para o ajudar, descobriram que, inadvertidamente, São Patrício tinha espetado o seu báculo no pé do homem. Quando conseguiram reavivar o guerreiro ferido, perguntaram-lhe porque não tinha dito nada. Ele respondeu: Julgava que fazia parte da cerimónia. O pobre homem não conhecia bem a liturgia católica, mas já sabia que ser discípulo quer dizer pegar na cruz, abraçar a cruz.
(Cf. Cardeal Seán O,Malley, Anel e Sandálias, Paulinas)

2. As palmas converteram-se em cruzes para que as cruzes possam converter as nossas almas.
 
 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

É em minha casa


4ª feira da Semana Santa

1º Eco
É em tua casa que eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos.
Este é o convite que deve ecoar nos meus ouvidos, sobretudo no meu coração.
Durante o dia, no resto da semana, vou repetir a mim mesmo este convite do Senhor.
Quanto mais o fizer, mais aberto estarei a Cristo e aos seus discípulos.
Vou deixar que Ele celebre a Páscoa no meu coração juntamente com os seus amigos, isto é, com todos.

2º Eco
Judas negociou a entrega de Jesus… Este sabia e nada lhe disse, acolhendo e sendo amável com ele durante a ceia.
Judas desistiu de Jesus, mas Jesus não desistiu de Judas.
Durante o dia, vou repetir também a mesma conclusão, pois dentro de mim mora um potencial Judas que pode desistir de Jesus, mas Jesus nunca desistirá de mim.

domingo, 13 de abril de 2014

Palmas e almas para Jesus

Ano A - Domingo de Ramos

Mais do que palmas,
Jesus quer almas!

Santa Teresa de Ávila ao estudar os evangelhos deste dia de Ramos e da Paixão chegou à conclusão que, depois de tantas aclamações, hosanas e palmas, Jesus não encontrou hospedagem em Jerusalém e teve de regressar a Betânia para passar a noite.
Tanta gente a acompanhar Jesus, mas ninguém lhe abriu a porta...
Uma multidão a fazer companhia a Jesus na sua entrada em Jerusalém, mas ninguém quis que Jesus lhe fizesse companhia em sua casa.

Não basta aplaudir, é preciso acolher.
Não basta acompanhar, é preciso acolher a companhia.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Nas mãos de Deus


6ª feira - V semana da quaresma

1ª leitura:
Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, que salvou a vida do pobre das mãos dos perversos…

Evangelho:
De novo procuraram prendê-l’O, mas Ele escapou-Se das suas mãos

Deus livra-nos das mãos do inimigo,
Deus livra-se das nossas mãos,
Mas nós não escapamos nunca das mãos de Deus.



quinta-feira, 10 de abril de 2014

A humildade de Abraão


5ª feira - V Semana da Quaresma

A primeira leitura começa assim:
“Naqueles dias, Abraão caiu de rosto por terra e Deus falou-lhe…”

É a atitude de humildade, de simplicidade e de total entrega a Deus.
Só prostrados é que manifestamos a Deus a nossa grandeza.
Metaforicamente falando, se Deus está por cima de nós, quando estamos de pé Ele apenas vê o redondo da nossa cabeça.
Mas se estivermos prostrados por terra Ele ver-nos-á com toda a nossa altura.
De facto, Deus só nos vê grandes quando somos humildes…
Por isso Abraão prostrou-se diante de Deus…


terça-feira, 8 de abril de 2014

Quem muda quem

3ª feira - V semana da Quaresma

O povo no deserto perdia a paciência, pois esperava que Deus alterasse as circunstâncias da sua travessia.
Deus, porém, não mudou nada… e deixava que as pessoas fossem feridas, mas depois curava-as…isto é, não mudava o ambiente, mas mudava as pessoas…

“Na juventude, eu era um revolucionário e rezava assim:
- Dai-me força, Senhor, para eu mudar o mundo!
Ao chegar à meia-idade, notei que metade da vida já passara sem que eu tivesse mudado qualquer pessoa.
Então, mudei a minha oração, dizendo a Deus:
- Dai-me a graça, Senhor, de transformar os que vivem comigo dia a dia, como a minha família, os meus amigos; com isso já ficarei satisfeito.
Agora que sou velho e tenho os dias contados, percebo como fui tolo ao rezar assim.
A minha oração, agora, é apenas esta:
- Dai-me a graça, Senhor, de mudar a mim mesmo.
Se eu tivesse rezado assim, desde o princípio, não teria desperdiçado a minha vida.”
(Sufi Bayazid)

É que Deus, às vezes, não muda as circunstâncias porque quer que as circunstâncias nos mudem a nós!




segunda-feira, 7 de abril de 2014

Condenar o pecado, mas não o pecador


2ª feira - V Semana da quaresma

1ª Reflexão
Precisamos ser mais hospital e menos tribunal. Jesus quer que se instaure um hospital (para acolher e curar todos os que sofrem de algum mal) em vez de um tribunal (para condenar seja quem for).

2ª Reflexão
Jesus começou a escrever no chão e os presentes desviaram o olhar para aí, deixando de fixar acusadoramente os olhos na pecadora. O melhor remédio para vencer a tentação de acusar ou condenar alguém é desviar o olhar, é procurar ver o pecado sem condenar o pecador.




domingo, 6 de abril de 2014

Espelho de Lázaro


Ano A – V domingo da Quaresma


1ª Reflexão
O episódio de Lázaro é o reflexo de cada cristão e cada cristão é o espelho de experiência de Lázaro.

- Lázaro era amigo de Jesus e Jesus era seu amigo.
Também nós nos revemos nesta identificação. Temo-nos como amigos de Jesus e por isso visitamo-lo. Ele é também nosso amigo, pois Ele vem sempre ao nosso encontro.

- Jesus em primeiro lugar ergueu os olhos ao céu e rezou pelo seu amigo Lázaro.
Jesus também intercede, puxa, tira por nós. Não estamos desamparados, porque Jesus intercede por nós. Nos momentos de dor, de grande dificuldade ou de sofrimento, Jesus intercede sempre por nós e consola os que sofrem connosco.

- Jesus disse: Lázaro, vem cá para fora!
A nós Ele também diz: E tu também, sai de ti mesmo!
É preciso sair, ir ao encontro do Outro e dos outros. É preciso deixar o comodismo, deixar o centro da sua vida, para que Cristo possa ser o nosso centro. Quem não sair de si, quem não se abrir, não pode ser salvo.

- Por fim Jesus disse: Desligai-o e deixai-o ir!
E a nós também dirá: Desprende-te, liberta-te e vai mais além.
É preciso desamarrar-se de tudo o que nos prende, cortar tudo o que nos agarra e nos impede de ser livres. Só assim poderemos ir mais além.

2ª Reflexão
O poeta persa Saadi, no ano mil, cantou um poema que adapto aqui e que pode ser a fórmula poética do episódio de Lázaro e a nossa própria experiência:

“Quando vim ao mundo a vida colocou-me nas mãos uma taça:
bebia até ao fundo e ai encontrei uma pérola: a juventude.

A juventude deu-me a sua taça e depois de a beber
encontrei entre os meus lábios um rubi de amor.

O amor ofereceu-me a sua taça, bebi-a também
e no fundo achei o diamante da dor.

Desesperado, bebi até à última gota da taça da dor
e com grande espanto encontrei aí o próprio Deus.

Bebi feliz a taça de Deus
E entrei assim na vida eterna.”

Para chegar ao nosso destino é preciso beber vários copos. É preciso passar pela juventude, pela amizade, pela dor, até chegar a Deus e à vida eterna. Não há amor sem amor e sem cruz não há glória. Saibamos passar pela morte para alcançarmos a vida eterna.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Via Sacra (14)

















1ª Estação - Jesus é condenado à morte
PASSOS TROCADOS
Naquele dia foi condenado um inocente.
Os passos da justiça foram trocados.
Foi cometida uma injustiça pensando ter feito o bem.
Jesus foi condenado por trocas e baldrocas, por passos trocados.
Ainda hoje, quantas vezes trocamos os passos, trocamos os valores, mudamos de compromissos, pondo os nossos interesses pessoais sobre tantos bens eternos.
Apesar dos passos trocados, saibamos seguir o exemplo de Jesus, continuar a nossa caminhada pelo calvário humano para chegarmos à glória divina.

2ª Estação - Jesus carrega com a cruz
SEGUIR OS PASSOS
Um dia Jesus disse: quem quiser seguir-me tome a sua cruz e siga-Me.
Nesta estação ele continua a dizer o mesmo, mas não por palavras, mas pelo seu exemplo.
Seguir a Cristo, é agarrar a cruz como Ele fez.
Nós seremos discípulos de Cristo se seguirmos os seus passos abraçando a cruz de todos os dias.
É preciso levar a cruz até ao alto, pois sem ela não há salvação.
Sigamos então os passos de Jesus.

3ª Estação - Jesus cai pela 1ª vez
MARCAR PASSO
Jesus ficou prostrado no chão.
Os seus passos vacilaram e por alguns momentos não conseguiu avançar.
Parecia que estava a marcar passo no mesmo sítio, mas levantando-Se continuou a sua marcha a caminho do Calvário.
Também nós, de vez em quando, marcamos passos, quando não queremos progredir ou avançar na nossa caminhada.
O mal não está então em cair, mas sim em não querer levantar-se e continuar a caminhar.
Permanecer no chão após a queda é querer marcar passo.
É gastar energias inutilmente, sem progredir.
Que sejamos capazes de marcar passo para avançar, pois quem não avança está a recuar ou a regredir.

4ª Estação - Jesus encontra a sua mãe
PASSO A PASSO
Maria acompanhou a vida do seu filho Jesus passo a passo.
Nos momentos mais felizes ou nos mais dramáticos lá estava a mãe por perto.
Em Belém, na fuga para o Egipto, em Nazaré, em Jerusalém, em peregrinação, em missão, no caminho do Calvário, no alto do Gólgota… vemos sempre Maria, mãe de Jesus a segui-l'O passo a passo.
Foi a sua mãe que lhe ensinou a dar os primeiros passos.
Durante a sua vida oculta, parece que era Jesus a seguir passo a passo a sua mãe.
Agora foi Maria quem seguiu passo a passo o seu filho.
Que saibamos nós também seguir passo a passo o nosso Mestre.
Que nunca percamos de vista os seus passos, porque os seus passos serão os nossos passos.

5ª Estação - Jesus é ajudado pelo Cireneu
ACERTAR O PASSO
Já alguém disse que amar não é caminhar ao encontro um do outro, mas caminharem juntos na mesma direção.
Foi o que aconteceu neste passo da via-sacra.
Simão de Cirene foi solicitado para ajudar.
Ele é o símbolo de quem sem perceber como, se vê envolvido num desafio de apoio e solidariedade.
Ele conseguiu pegar na cruz de Cristo, porque afinal essa cruz era a sua própria cruz e conseguiu seguir em frente, acertando o passo com o passo de Jesus.
Quantas vezes nós queremos acertar o nosso passo com o de Cristo, mas continuamos a marchar em sentido contrário.
Queremos que seja Deus a acerta o seu passo com o nosso, quando esperamos que Deus faça a nossa vontade.
Acertar o passo com o de Cristo é dizer:
Falai Senhor, que o vosso servo escuta.
Acertar o passo é fazer a vossa vontade, Senhor.

6ª Estação - Jesus encontra a Verónica
NO RASTO DOS PASSOS
Dizem que fica sempre uma marca de perfume nas mãos de quem oferece rosas.
Foi isso que aconteceu a Verónica.
Ela veio ao encontro de Jesus para o aliviar na sua caminhada dolorosa.
Esse gesto deixou rasto.
Quem faz o bem, quem se aproxima de Jesus, fica sempre diferente, fica melhor, leva marcas ou rastos indeléveis para toda a vida.
Perguntemos a nós mesmos quantas vezes já nos aproximámos de Jesus, quantos encontros já tivemos com ele.
E quais foram as marcas desse encontro ou o rasto desses passos na nossa vida?
Se não há rasto de Deus é porque afinal nós não deixámos que ele nos encontrasse, porque por onde Deus passa, deixa sempre um rasto dos seus passos.

7ª Estação - Jesus cai pela 2ª vez
PASSO ATRÁS
Jesus ao cair pela segunda vez, parece que desiste.
Ficou subjugado sob o peso da cruz.
Esses breves momentos de prostração são afinal uma ocasião para recuperar as forças para seguir com maior determinação.
Esta queda parece ter sido um trampolim: à primeira vista parece que nos afunda, mas afinal eleva-nos para mais alto e mais além.
Este trampolim é a humildade.
Quem se humilha será exaltado.
Jesus ao cair saltou no trampolim da humildade e elevou-se para continuar em frente.
Às vezes nós precisamos deste trampolim que é a humildade.
Que o Senhor nos ensine a saber dar um passo atrás para podermos prosseguir.
É pois necessário dar um passo atrás para tomarmos balanço e avançar contra o cansaço e a rotina da vida.

8ª Estação - Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
PEQUENOS PASSOS
As grandes caminhadas são constituídas por pequenos passos.
As grandes ações são feitas de pequenos gestos.
É sempre necessário começar por um pequeno passo, insignificante, mas que no conjunto completa uma caminhada.
As mulheres de Jerusalém tiveram um pequeno gesto, um pequeno passo para se aproximarem de Jesus.
Foi o suficiente para serem abençoadas juntamente com os seus filhos.
Parecia-lhes que eram elas que caminhavam devagarinho até Jesus, mas afinal era o contrário.
Jesus é que com pequenos passos avançava para elas, para a sua vida, para a sua redenção.
Que aprendamos a valorizar os pequenos gestos, os pequenos passos da nossa vida porque Jesus não exige perfeição.
Ele apenas exige progressão, isto é, pequenos passos em frente. 

9ª Estação - Jesus cai pela 3ª vez
PASSO PESADO
Os passos de Jesus tornavam-se cada vez mais pesados, não porque a cruz pesasse mais agora, mas porque o cansaço, o esgotamento, os açoites, os maltratos aumentavam cada vez mais.
Mal conseguia levantar os pés.
Arrastavam os pés deixando um rasto de um longo e pesado passo.
E caiu pela terceira vez.
Os seus passos eram pesados, porque bem pesados são os nossos passos.
Ele caiu outra vez, porque nós não paramos de cair.
Ele deixou o rasto pesado do seu andar, porque carregava as nossas faltas…
Mas, afinal, os seus passos não eram pesados, eram passos de amor.
Que o Senhor transforme também os nossos pesados passos em passos suaves de amor.

10ª Estação - Jesus é despojado das suas vestes
PASSOS CONTADOS
Segundo a tradição, os soldados fizeram contas aos pertences de Jesus, dividiram ou sortearam.
Essa foi a única herança que esperavam.
Para receber algo tiveram de despojar alguém.
E nós? Que herança queremos receber de Jesus?
Podemos contar os passos, não apenas para ele vir ao nosso encontro, mas para nós irmos ao seu encontro.
A herança que queremos receber de Jesus é o seu amor gratuito.
As suas roupas foram subtraídas gratuitamente.
Mas o seu amor, é também gratuito, mas muito mais valioso.
Os seus passos são contados, porque custam muito.
Têm o valor do seu amor.

11ª Estação - Jesus é crucificado
PASSOS NO AR
Hão-de olhar todos para aquele que hão-de elevar e trespassar, alertou um dia Jesus.
Ele agora estava elevado.
E o que foi primeiramente trespassado foram as suas mãos e os seus pés.
Olhemos então para aquele que foi elevado.
Contemplemos os seus pés trespassados.
Os seus pés no ar continuam a caminhar.
Os seus passos no ar dirigem-se à sua mãe e ao seu discípulo e amigo João.
Os seus passos no ar encaminham o bom ladrão até ao paraíso.
Os seus passos no ar, dirigem-se até Deus, pedindo o perdão para quem precisava de redenção.
É através da oração, que os nossos passos percorrem a distância mais curta entre nós e Deus, e entre nós e o nosso próximo.
Que o Senhor Jesus nos ensine a caminhar assim no ar, elevando-nos através da oração.

12ª Estação - Jesus morre na cruz
ÚLTIMOS PASSOS
Os últimos passos, ou últimos momentos de uma pessoa são sempre especiais.
Mesmo numa simples experiência, os últimos passos significam muito.
Mas para chegar até esse momento foram necessários tantos passos pequeninos, tantos gestos simples, tantas atitudes despercebidas.
Os últimos passos de Jesus resumem toda a sua vida.
Ele começou essa doação desde que encarnou no seio da Virgem Mãe.
Os últimos passos valem tanto como valem os primeiros.
E não sabemos quais os primeiros, quais os últimos, porque para Deus só há unidade de vida.
Que o Senhor Jesus nos ensine a valorizar todos os passos da nossa vida para que sejamos redimidos pelos últimos passos de Jesus na cruz.

13ª Estação - Jesus é descido da cruz
PASSOS SEM PASSOS
Jesus deixou os braços da cruz e foi colocado nos braços de sua mãe.
É um grande mistério, este passo da via-sacra.
Podemos contemplar os seus passos sem passos.
Ele que convidara os discípulos a seguir os seus passos; ele que se apresentara como o caminho, a verdade e a vida; ele que se fizera peregrino pelas estradas da vida, parece que esgotou os seus passos.
Não caminhava, era levado; não avançava, era colocado.
Hoje Ele conta com os nossos passos para ser levado, para percorrer os caminhos deste mundo.
Hoje Ele não tem passos próprios, porque nós hoje somos os seus passos.
Que sintamos sempre no nosso coração que os nossos passos nunca são apenas nossos, pois Cristo caminha pelo mundo através dos nossos passos.

14ª Estação - Jesus é sepultado
PASSO APERTADO
Segundo o Evangelho Jesus foi sepultado em passo apertado por ser véspera de sábado e a hora ser adiantada.
Foi sepultado à pressa, com urgência.
De facto, era urgente sepultar Jesus para que pudesse ressuscitar.
Os seus passos foram apertados ou apressados para ir para o sepulcro, com também foram apertados ou apressados para ir ao encontro do pobre, do doente, do desprezado, do necessitado.
Continuemos este passo apertado de Jesus.
Também Maria Madalena e as outras mulheres e depois Pedro e João tiveram de apertar o passo ao correrem ao sepulcro.
Mas Jesus já apertava o seu passo para outras paragens, atraindo-os sempre mais além.
Que o Senhor nos faça correr para Ele, assim como Ele corre para nós.

15ª Estação - Jesus ressuscita
NOVOS PASSOS
Jesus ressuscitado pediu para avisar os seus discípulos que partissem para a Galileia, pois aí Ele preceder-lhes-ia no caminho.
Era o recomeçar de novo onde tudo tinha começado.
Era fazer o mesmo caminho, mas com nossos passos, nova luz, nova motivação, nova vocação.
Ele, ao ressuscitar, caminhava com novos passos e ensina-nos a caminhar também com passos renovados.
Olhemos para os seus pés trespassados, olhemos as marcas dos seus passos e acertemos o nosso andar com o d'Ele e os nossos passos serão eternos.
Depois de contemplarmos estes passos de Jesus, que aprendamos a contemplar o Senhor dos Passos.
Ámen!


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Manual de oração


5ª feira - IV Semana da Quaresma

Adaptação da pregação do Papa Francisco, desta manhã:

Rezar é como falar com um amigo: por isso a oração deve ser livre, corajosa, insistente até chegar a repreender o Senhor.
É este breve manual de oração do livro do Êxodo (32, 7-14) que narra a oração de Moisés pelo povo que tinha caído no pecado gravíssimo da idolatria. O Senhor repreende Moisés e diz-lhe: Vai, desce, porque o teu povo, que fizeste sair da terra do Egipto, se perverteu.
Então Moisés começa a sua oração, uma verdadeira luta com Deus. É a luta do chefe do povo para salvar o seu povo, que é o povo de Deus.
E fazendo assim ensina-nos rezar: sem medo, livremente, até com insistência. Moisés insiste, é corajoso: a oração deve ser sempre assim!
De facto, pronunciar palavras e nada mais não significa rezar. Devemos saber também negociar com Deus. Precisamente como faz Moisés, recordando a Deus, com argumentações, a relação que tem com o seu povo. Portanto, procura convencer a Deus que se derramasse a sua ira contra o povo faria uma triste figura diante de todos os egípcios.
A oração obteve bom êxito porque no final Moisés consegue convencer o Senhor.
Mas quando lemos, na última palavra do trecho, que o Senhor se arrepende e muda a atitude, devemos perguntar: Quem mudou deveras? O Senhor? Eu acredito que não, pois quem mudou foi Moisés. Porque ele acreditava que o Senhor teria destruído o povo.
Depois do diálogo directo com Deus, Moisés desceu do monte com novas forças. Conheceu mais o Senhor. E com aquela força que lhe tinha dado retoma a sua missão de guiar o povo rumo à terra prometida. Portanto a oração reforça-nos.
Que o Senhor conceda a todos nós esta graça, porque rezar é uma graça.
Ao Espírito Santo devemos pedir para nos ensinar a rezar como rezava Moisés, a negociar com Deus com liberdade de espírito e com coragem.