sábado, 31 de julho de 2010

Pai Nosso das Bem-aventuranças

O Pai Nosso de cada dia (48)

O mundo diz:
Felizes os senhores de grande poder, pais de muitos povos.
Jesus Cristo diz:
Felizes os construtores da paz, porque serão chamados filhos de Deus.
O cristão diz:
Pai Nosso que estais nos Céus.

O mundo diz:
Felizes os que mais conseguem enganar sem serem descobertos.
Jesus Cristo diz:
Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
O cristão diz:
Santificado seja o vosso nome.

O mundo diz:
Felizes os que sabem impor a sua verdade.
Jesus Cristo diz:
Felizes os mansos de coração, porque possuirão a terra como herança.
O cristão diz:
Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.

O mundo diz:
Felizes os que procuram a felicidade no ter mais e mais.
Jesus Cristo diz:
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
O cristão diz:
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.

O mundo diz:
Felizes os que não se deixam abater e nunca dão o braço a torcer.
Jesus Cristo diz:
Felizes os que usam de misericórdia, porque alcançarão misericórdia.
O cristão diz:
Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.

O mundo diz:
Felizes os que gozam a vida, que é dois dias.
Jesus Cristo diz:
Felizes os que choram, porque serão consolados.
O cristão diz:
Não nos deixeis cair em tentação.

O mundo diz:
Felizes os autónomos e independente, que nunca dão satisfações a ninguém.
Jesus Cristo diz:
Felizes os que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino do céu.
O cristão diz:
Livrai-os de todo o mal.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Que Vale Mais


Ano C - XVIII Domingo Comum

Jesus fala-nos de alguém que pensava ter assegurado o mais importante da sua vida mas afinal estava iludido.

Faz-me recordar um episódio antigo:
Um conferencista surpreendeu a assembleia: Pegou num frasco de boca larga, colocou-o junto a uma bandeja com pedras do tamanho de um punho e perguntou: Quantas pedras pensam que cabem neste frasco? Depois dos assistentes fazerem as conjecturas, começou a enchê-lo com pedras. Perguntou então: Está cheio? Toda a gente disse que sim. Tirou debaixo um saco de gravilha e começou a metê-la no frasco. Agitou-o. As pedrinhas penetraram por entre as maiores. De novo perguntou se estava cheio. Desta vez duvidaram. Em seguida começou a deitar areia dentro do frasco. Esta infiltrou-se pelos espaços vazios. Está cheio? Claro que não! Pegou num jarro com água e verteu-a dentro do frasco que absorveu sem transbordar.
- O que acabámos de demonstrar?
- Que não importa se a nossa agenda está cheia. Se quisermos, sempre conseguimos com que caibam mais coisas.
- Não – corrigiu o especialista – O que se conclui é que se não colocamos primeiro as pedras grandes, nunca poderemos colocá-las depois.

Quais são as pedras grandes da tua vida, aquilo que realmente vale? Põe-nas sempre em primeiro. O resto encontrará o seu lugar.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Santa Marta

Dia da Memória de Santa Marta

Sou Marta quando me atarefo com o imediato;
Tu és Maria quando me fazes ver o fundo das coisas.

Sou Marta quando exijo que caminhes a meu ritmo;
Tu és Maria quando me convidas a repousar no caminho.

Sou Marta quando penso que o ‘fazer’ resume tudo;
Tu és Maria quando no silêncio mostras-me o valor do silêncio.

Sou Marta quando esqueço que tenho coração e alma;
Tu és Maria quando me fazes descobrir a minha vida interior.

Sou Marta quando me desgasto sem saber como, quando ou porquê;
Tu és Maria quando me ensinas a guardar energias para o alto.

Sou Marta quando vivo sem freios nem medidas;
Tu és Maria quando me convidas à paz e ao sossego.

Sou Marta quando digo que creio em Jesus e não o escuto;
Tu és Maria quando me convidas a escutar sem saber se creio.

Sou Marta quando vivo perdido na aparência;
Tu és Maria quando me fazes buscar o transcendente

Sou Marta quando o exterior me enche de ansiedade;
Tu és Maria quando me recordas que no interior está a felicidade.

Sou Marta quando penso que a fortaleza está no que realizo;
Tu és Maria quando me recordas que Deus é inspirador de tudo.

Sou Marta por pôr todo o meu esforço no trabalho;
Tu és Maria se me fazes ver que tudo isso é secundário diante do Mestre.

Sou Marta quando subo e desço, falo e canto, planifico e penso;
Tu és Maria se me chamas ao sossego que nos dá o Mistério.

Sou Marta quando me deixo levar pelo aparentemente válido;
Tu és Maria se me mostras o tesouro da contemplação.

Sou Marta quando me ensoberbece o ruído do mundo;
Tu és Maria se me convidas a afinar o ouvido pelo infinito.

Sou Marta quando me angustiam os problemas de cada dia;
Tu és Maria quando me mostras a fortaleza de Deus e da sua Palavra.

Sou Marta quando ponho no centro de tudo o meu esforço;
Tu és Maria se me fazes ver Deus como fonte de tudo.

Sou Marta quando penso que na velocidade reside o triunfo;
Tu és Maria quando travas os meus caprichos e os meus impulsos.

Sou Marta quando busco e não alcanço, quando trabalho a torto e a direito, quando ponho o acento na pura materialidade;
Tu és Maria quando simplesmente me convidas a parar um pouco e esse pouco que é muito, é nem mais nem menos JESUS CRISTO.

(Adaptado do Pe. Javier Leoz)

Pai Nosso da Teologia de Lucas


O Pai Nosso de cada dia (47)

O Pai Nosso não é uma fórmula de oração: Jesus não o deu como texto a ser recitado. Ele é, antes, o modelo, o tipo de toda a oração, que nos permite, mediante a comparação de umas com outras, situar as diferentes orientações e intenções da oração e hierarquizá-las. A glória de Deus é pedida antes do pão de cada dia.
Diz-se muitas vezes que os três primeiros pedidos dizem respeito a Deus, e os outros três, ao homem. É uma informação inexacta. Os três primeiros pedidos referem-se simultaneamente à glória de Deus e à salvação dos homens. ‘Venha o teu Reino’: pedimos que Deus seja reconhecido no seu poder e na sua glória; mas o Reino de Deus inclui a nossa salvação, a sua glória é salvar-nos. ‘A glória de Deus’ escreve Santo Irineu, ‘é que o homem viva!’ Não podemos opor o ‘vertical’ (o interesse de Deus) e o ‘horizontal’ (o interesse do homem): como ocupar-nos de Deus sem nos interessarmos pelos seus filhos e pelo seu acto de salvação? Como ocupar-nos com os nossos irmãos sem vê-los na sua condição de filhos de Deus? Pedir o Reino de Deus é pedir que Deus seja manifestado na sua glória e esta glória é salvar-nos.


Pai nosso que estais nos Céus.
Antítese extraordinária: ‘Pai’ evoca proximidade, confiança, ternura, o ‘Pai’ – Abba que Jesus nos revelou: ‘nos Céus’ exprime a transcendência, o mistério inacessível. Deus está fora do nosso alcance.
Os três primeiros pedidos têm o mesmo objectivo. O primeiro pedido e o terceiro estão na forma passiva, que, na linguagem de Jesus, é o modo de convidar Deus a passar à acção. Não se pede que os homens obedeçam de boa vontade, mas que Deus realize a sua vontade. Só Deus pode cumprir o que lhe pedimos. É o que tentam exprimir os imperativos da tradução.

Santificado seja o teu nome.
O nome de Deus, na linguagem da Bíblia, é Deus mesmo, mais exactamente, a sua pessoa enquanto centro de culto. A fórmula vem de Ezequiel, que a usa várias vezes (Ez 20, 41; 36, 32..); para Deus, santificar o seu nome significa manifestar a sua glória, purificando o seu povo dos seus pecados e salvando-o. Pedimos-lhe, portanto, que passe à acção, que se revele como é, isto é, como salvador. E ele é o único que o pode fazer. A tradução ‘Faz-te conhecer como Deus’ exprime adequadamente esta ideiam mantendo ao mesmo tempo o aspecto de Nome.

Venha o teu reino.
Esta expressão é-nos familiar: Jesus usa-a muitas vezes no Evangelho. O reino realiza-se concretamente pela salvação dos homens; já o exprimem Isaías (Is 52, ) e alguns salmos (Sl 96, 10; 97, 1; 98, 6). A tradução ‘Faz vir o teu Reino’ corresponde melhor ao pensamento bíblico, revelar Jesus Cristo na parusia e ressuscitar-nos.

Seja feita a tua vontade.
A fórmula tem para nós, hoje, um sabor de resignação, de passividade. De outro lado, pensamos logo na oração de Jesus no Getsêmani, que é uma oração verdadeira e autêntica de aceitação da vontade de Deus. Mas o pedido do Pai Nosso é mais amplo. Para o Deutero-Isaías, por exemplo, a vontade de Deus é a nossa salvação. O que pedimos aqui é então que ele realize o seu desígnio de salvação: ‘Faz realizar-se a tua vontade’ que é de nos salvar a todos.

Assim na terra como no Céu.
Esta expressão significa muito mais que em toda parte’. Encontra-se realmente nela uma comparação entre um ‘lugar’ – chamado ‘Céu’ – no qual a vontade e o reino de Deus existem, e um lugar no qual eles ainda não existem – a terra – o lugar da liberdade para a prova, o lugar da tentação. O nosso pedido é então que tudo se realize na terra, à imagem do que é vivido no Céu.
Nos três últimos pedidos, exprime-se a experiência humana. Jesus conhece as nossas preocupações, os nossos fracassos, mas também as nossas esperanças, as quais demarcam o nosso caminhar para o estabelecimento do reino de Deus. Assim, depois das intenções fundamentais da oração crista, ele convida-nos a apresentarmos as solicitações, humildes e concretas, da nossa vida de cada dia.

Dá-nos hoje o pão do qual temos necessidade.
O termo grego que corresponde a ‘do qual temos necessidade’ é de tradução difícil, porque não se encontra fora deste texto. Foram propostas várias traduções. É claro, em todo caso, que não se trata de uma garantia para o futuro. Jesus convida-nos a pedir, dia por dia o alimento de que necessitamos. Com confiança, porque Deus é muito melhor do que todos os pais da terra, nenhum dos quais ‘daria uma pedra a seu filho, se este he pedisse pão’ (Mt 7,9). Deus alimentou outrora o seu povo no deserto, dia por dia, com o maná (Ex 16); ele ainda o pode fazer.

Perdoa-nos os nossos erros em relação a ti, como nós já perdoámos aos que tinham erros em relação a nós.
O verdadeiro obstáculo entre Deus e nós é o nosso pecado. Nós somos incapazes de retribuir plenamente a Deus o seu amor; devedores insolventes, somos incapazes de reparar o mal que causamos aos outros e a nós mesmos. Mas Jesus é a revelação viva do perdão de Deus, que é pura graça. Ele oferece-nos o meio de o acolher, sem ferir a nossa dignidade de homens, perdoando nós aos nossos irmãos, antes de pedirmos perdão a Deus.

E não nos exponhas à tentação, mas livrai-nos do tentador.
Este pedido é o mais difícil de traduzir: ‘não nos deixes entrar na tentação’, diz o texto grego. ‘Não nos submetas à tentação’ seria uma tradução infeliz: faria pensar que é Deus que nos tenta, o que seria falso. Por outro lado não podemos pedir a Deus que não nos deixe passar pela tentação, experiência inevitável, na qual a nossa liberdade se afirma. É uma lei da condição humana e o próprio Jesus se sujeitou a ela. ‘Faz que não cedamos à tentação’, seria talvez melhor dirigirmo-nos a Deus, esperando a sua acção e pedindo o seu socorro.

A oração é o acto de fé por excelência. Entrar no espírito do Pai-nosso é olhar tudo do ponto de vista de Deus. É confiar na sua graça, pondo ao mesmo tempo ao serviço desta todos os recursos da nossa inteligência e da nossa acção. A grandeza dos filhos de Deus é entrar de corpo e alma na obra do Pai.

(Cf. A. GEORGE, Leitura do Evangelho Segundo Lucas, Ed. Paulinas, S. Paulo, 1984, páginas 66-69).


quarta-feira, 28 de julho de 2010

Pai Nosso da reconciliação

O Pai Nosso de cada dia (46)

Pai nosso, Pai de bondade,
tu fazes brilhar o sol
sobre justos e pecadores.
Pai de todos os homens,
único Pai, apesar das nossas diferença,
tu não pretendes ser o meu ou o teu Pai;
tu és sobretudo o nosso pai,
que o teu nome seja santificado.

Meu Deus, nós te clamamos
com toda a força dos nossos pulmões,
nós te suplicamos pela Paz:
que o teu Reino e a tua vontade
se realizem depressa sobre a terra;
que o Teu Espírito, derramado sobre nós,
invada a nossa vida.

Dá-nos, ó Pai, o pão nosso de cada dia:
o pão da Tua palavra,
que alimenta a inteligência com a verdade
e enraíza o nosso coração no amor;
o pão consagrado do Teu corpo,
que dá a vida em plenitude;
e o pão de farinha,
que sacia a fome das crianças,
fortifica o crescimento dos jovens
e traz Paz aos nossos lares.

Pai, perdoa-nos as nossas ofensas.
Custa-nos reconhecer a nossa maldade;
as nossas faltas e erros humilham-nos,
mas Tu conheces a nossa fraqueza;
tu sabes perdoar-nos.

Pai, os nossos pecados ferem os nossos irmãos
e abalam o convívio nacional:
os pecados contra os pobres,
contra os fracos, contra os abandonados;
os pecados que nos dividem, que nos opõem,
que nos afastam uns dos outros
e impedem o encontro fraterno.

Pai, que a nossa oração pela Pátria
lave a alma da Nação.
Esta alma tão bela, tão simples, tão solidária,
hoje está manchada pelo terrorismo,
pelo ódio e pelo rancor.

Pai, perdoa-nos as nossas ofensas
como nós perdoamos a quem nos tem ofendido:
a Igreja está crucificada como o Teu filho,
por Ti, irmão governante,
por Mim, católico empenhado,
por todos os irmãos cristãos,
quando nós deixamos de amar.

Ainda que nos custe,
ainda que nos humilhe,
ainda que nos magoe,
ajuda-nos a perdoar,
porque somos chamados a caminhar lado a lado
para construir a nova sociedade,
onde reinem o amor,
a justiça e a paz.

Livra-nos de todo o mal
e da tentação de o praticar;
que nunca digamos
a mentira em vez da verdade,
nem paguemos o mal com o mal.

Pai nosso, a Ti, a glória hoje e sempre,
a Ti, a honra e o poder. Ámen.

(Cf. Card. FRANCISCO FRESNO, Abbá Pai, in Suplemento de Fátima Missionária, 3, 1987).

terça-feira, 27 de julho de 2010

Pai Nosso da Infância Espiritual


O Pai Nosso de cada dia (45)

A palavra aramaica ABBA não é um diminutivo, mas uma locução familiar, infantil, que corresponde ao nosso PAPÁ, PAIZINHO ou QUERIDO PAI.
Na Liturgia, os Judeus empregavam a fórmula ABINOU (em aramaico ABUNAM), por vezes ABI (meu pai), mas nunca ABBA, empregado apenas pelas crianças para o seu pai terreno.
Ouvir dos lábios de Jesus ABBA, impressionou de tal maneira, que a comunidade primitiva repetia o mesmo termo em aramaico, juntamente com a palavra latina PATER, pai (Gal 4, 6; Rom 8, 15). Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que grita: ABBA, Ó PAI.

ABBA, Pai Nosso que estás nos Céus.
Não é só este surpreendente vocábulo aramaico que dá a tonalidade de infância espiritual, mas também todo o conteúdo da oração em questão. De facto podemos atribuir a qualquer infância estas seis qualidades:

1. As crianças apresentam uma simplicidade tão grande que reduzem todos os elementos à unidade máxima e fundamental, a um único nome:
Santificado seja o teu nome.

2. Nas crianças há o predomínio do amor, como fim e como meio. Elas não amam por obediência, mas obedecem por amor:
Venha a nós o teu reino,
seja feita a tua vontade
assim na Terra como no Céu.


3. Na infância vive-se com plenitude apenas o presente e nada mais:
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.

4. Há sempre uma necessidade constante dos pais, até mesmo para pdeir desculpa a alguém:
Perdoa as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido.

5. As crianças não são nenhuns heróis, conhecem o medo e têm dificuldade em escolher qualquer coisa:
Não nos deixes cair em tentação.

6. As crianças sabem que são débeis. Só estão seguras perto dos pais:
Mas livra-nos do mal.

Esta familiaridade de Jesus com o seu Pai não é habitual. Mais surpreendente e extraordinário ainda é que assim ensine os seus discípulos. Somos a família de Deus e podemos dizer como Zaqueu – ‘Senhor, entra em minha casa’.
Mas, para evitar uma familiaridade banal, acrescentamos ao ABBA a expressão ‘que estás no Céu’, em sinal de respeito. Assim, devemos também dizer como o Centurião: ‘Senhor, eu não sou digno que entres em minha casa, mas diz uma só palavra e sei salvo’.


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pai Nosso da Fome

O Pai Nosso de cada dia (44)

Pai Nosso,
a fome atinge milhões de homens:
O pão de cada dia nos dai hoje.
Precisamos da vossa sabedoria.
Dai-nos sempre o pão da vossa palavra.
Temos fome de amor e paz.
Dai-nos o pão vivo descido do céu.
Ensinai-nos a verdade e a justiça,
a partilha e a fraternidade.
Convertei o nosso coração.
Queremos viver sempre em comunhão,
como irmãos e filhos do mesmo Pai.
Ámen.

(Cf. Conferência Episcopal Brasileira)

As avós


26 de Julho - Dia dos avós do Menino Jesus

Uma avó é uma mulher que já não pode ter filhos; por isso gosta dos filhos dos outros.
As avós não têm nada que fazer, é só estarem ali.
Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as folhas bonitas nem as lagartas.
Nunca dizem: despacha-te. Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem atar-nos os sapatos.
Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo, ou uma fatia maior.
Uma avó de verdade nunca bate numa criança; zanga-se, mas a rir.
As avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes.
Quando nos lêem histórias nunca saltam páginas e não se importam de contar a mesma história várias vezes.
As avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo.
Não são tão fracas como elas dizem, apesar de morrerem mais do que nós.
Toda a gente devia fazer o possível para ter uma avó…

(In Enfants de Partout, Genebra, Composição de uma criança de 8 anos)


domingo, 25 de julho de 2010

Pai Nosso da Conversão


O Pai Nosso de cada dia (43)


Cristo sintetiza no Pai Nosso a sua atitude unitária e global de vida, de sacerdócio, de serviço e de consagração. Não podemos ficar impassíveis perante essa atitude. Não podemos continuar a ser as mesmas pessoas depois de rezar o Pai Nosso. Deveríamos transformar-nos naquilo que rezamos.

Pai Nosso que estais nos Céus.
Já não somos os mesmos perante Deus: já não somos escravos, mas filhos, pois chamamos a Deus par.

Santificado seja o vosso nome.
Perante os homens sentimo-nos irmãos. Não podemos chamar a Deus nosso pai, se nos negamos a tratar qualquer homem como nosso irmão e a santificar o nome de Deus em cada rosto humano.

Venha a nós o vosso reino.
Perante a sociedade, actuamos decididamente para que ela se transforme no Reino de Deus. A nossa vida fica, assim, aberta à universalidade.

Seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu.
Perante a História, concretamente perante a etapa nova que estamos a viver, queremos buscar e realizar a vontade do Pai – que todos vivam.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perante as coisas, os bens materiais, já não somos os mesmos. Queremos usá-los e saboreá-los em espírito de pobreza, liberdade e partilha.

Perdoai as nossas ofensas como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
Perante nós mesmos, ao rezar esta oração, tomamos consciência de uma nova dimensão. Aceitamos o perdão e somos levados a perdoar e a trilhar caminhos de solidariedade e de amor.

Não nos deixeis cair na tentação mas livrai-nos do mal.
Perante a nossa vivência global, assumimos o compromisso de uma nova relação com Deus, com a sociedade, com o mundo e connosco mesmos. Afastamos a tentação do comodismo e da estagnação.

Ámen.
Prometemos a nós mesmos transformarmo-nos naquilo que acabámos de rezar.



sexta-feira, 23 de julho de 2010

Pai Nosso da América Latina

O Pai Nosso de cada dia (42)


Pai, ó Pai nosso,
quando é que este mundo será nosso?

Pai Nosso, quando o mundo será nosso,
dos pobres, nossos irmãos?
Pai Nosso, como é duro ver minha gente
crucificada, pela opressão!

Pai Nosso, desta América ferida.
Ah! Vida, quanta aflição!
Pai Nosso, quem enxugará o pranto
Ddos povos dessas nações?

Pai Nosso, o coração de nossa gente,
despedaçado, quer solução!
Pai Nosso, a esperança do presente
é igualdade, repartição.

Pai Nosso, quando a terra será nossa,
dos povos, sem aflição?
Pai Nosso, quando a terra será nossa,
dos pobres, sem opressão?

(Cf. CNBB, Orando na Primeira Semana Brasileira de Catequese, Brasília, 1986, Página 27)

Cartilha da Oração


Ano C - XVII Domingo Comum


Quem não se lembra da sua infância, quando, depois de uma série de livros de figuras coloridas e atraentes, teve pela primeira vez em mãos uma cartilha do abecedário para aprender a ler!
Esse livro mostrava, no meio de imagens, letras em separado e, quanto mais se folheava adiante, apareciam sempre novas letras. Enquanto nas primeiras páginas da cartilha predominavam as figuras, as últimas páginas quase só apresentavam linhas, nas quais muitas, muitíssimas letras apareciam em série e combinadas. A cartilha pretendia de início fazer conhecer e pronunciar cada letra. Depois devia-se aprender trabalhosamente a soletrar e ler, juntando as letras para formar palavras, e por fim, devia-se chegar a ler sem esforço. Um adulto mal se lembra agora como foi penoso aprender a soletrar!
A oração do Pai Nosso é uma espécie de cartilha da oração. A sua aprendizagem exerce por toda a vida uma influência semelhante e cumpre uma tarefa igual à da cartilha do abecê. Enquanto para uma criança é mais fácil aprender a rezar do que a ler, no decorrer da vida terá mais dificuldade de rezar do que de ler. A oração, que antes sucedia sem esforço, carrega-se de dificuldades cada vez maiores, enquanto a capacidade de ler e escrever passa a fazer parte corriqueira do dia-a-dia.
A oração ensinada por Jesus é autenticamente uma cartilha, uma ajuda e um estímulo pessoal e comunitário, para soletrar a oração, bem como para se ousar a prática da oração.
Ao longo dos séculos, os cristãos têm descoberto no Pai Nosso, tudo o que sonharam rezar a Deus e nunca se cansaram de aprofundá-lo cada vez mais, qual tesouro inesgotável. Esta foi a primeira oração que aprendemos e aquela que mais vezes é recitada, pessoal e comunitariamente. É uma cartilha que está sempre nas nossas mãos. Podemos assim rezar como eternos aprendizes, como se o fizéssemos com toda a novidade da primeira vez. Esta cartilha é um guia de oração que não quer dar apenas directrizes quanto à forma, expressões ou conteúdo, mas também uma iniciação ao próprio mistério de Deus.
Toda a oração do cristão deve brotar destas palavras que o Senhor nos ensinou.

Oportunidades


Ano C - XVII Domingo Comum

“Qual de vós, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se pedir peixe, lhe dará uma serpente? Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se vós, que sois maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu...”
Estas palavras de Jesus vêm como resposta às nossas queixas. Muitas vezes pedimos paz e só encontramos guerra, rogamos por pão e só nos dão pedras, procuramos a felicidade e só encontramos dificuldades. Mas será mesmo assim? Para Deus, tal qual para nós, não há dificuldades mas apenas oportunidades. Um obstáculo é tão só uma ocasião de testar a minha capacidade de afirmar uma vitória. É possível confundir um pedaço de pão com um pedra, isto é, as pedras da minha vida afinal são pedaços de pão que Deus me dá para me fortificar. Por isso posso concluir:

Posso uma vez por outra confundir
Serpente com peixe, pedra com pão
Ou mesmo um ovo com escorpião
E Deus com certeza ficará a rir:

- Repara bem, meu filho, sou teu Pai,
não te dou nenhuma pedra ou serpente.
Repara que tudo é diferente
Não é pedra mas pão que aí vai.

Relembro-me então, daquela desgraça,
Dificuldades por que já passei,
Custaram-me a suportar, bem sei,

Mas foram, acima de tudo, graça:
Porque assim elas me alimentaram
E para a dura vida me prepararam.


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Pregar é semear

4ª Feira - XVI Semana Comum

Pregar é semear
A Semente é a Palavra
O Semeador é Cristo.

Parece-me que Cristo não percebe grande coisa de agricultura:
Então um semeador que se preze vai semear desbaratando as sementes, espalhando indiscriminadamente por todo o sítio - no meio de espinhos, sobre os caminhos, por cima das pedras etc?

Deve haver alguma razão.

Todas as criaturas do mundo receberam esta sementeira.
Todas as criaturas quantas há no mundo se reduzem a 4 géneros:
- criaturas racionais, como os homens (terra lavrada, barro trabalhado)
- criaturas sensitivas, como os animais (aves)
- criaturas vegetativas, como as plantas (espinhos)
- criaturas insensíveis, como os inertes (pedras e sol)

Todas receberam a semente em partes iguais, mas as pedras e o sol secaram-na, os espinhos afogaram-na, as aves deram cabo dela, e os homens? Calcaram-na!

Porque semeou assim?
Porque Jesus é Alguém de uma só palavra: ensina uma coisa e faz precisamente como ensinou:
Ele disse: Ide e pregai a toda a criatura!
Não só disse, como fez - semeou em todoas as criaturas... racionais, sensitivas, vegetativas e insensíveis.

Mas qual era a intenção? Não era preciso, pois da rocha nada podia nascer.
Não é bem assim.
É preciso semear sempre. É preciso pregar a todas as criaturas.

De facto os Apóstolos foram pregar a todas as nações do Mundo e acharam os homens degenerados em todas as espécies de criaturas: haviam de achar homens verdadeiros (bem trabalhados), haviam de achar homens brutos (insensiveis como as pedras), haviam de encontrar homens devoradores (assasinos como as aves), haviam de encontrar homens espinhos (que escondem e estrangulam a semente).
É por isso que o semeador, espalhou a sua semente por todos os lados... pregando assim a toda a criatura.

Pai Nosso Criador

O Pai Nosso de cada dia (41)

Pai nosso,
pelo privilégio da criação,
pelo benefício da recriação,
pela vossa misericórdia connosco,
pela promessa da herança celeste.

Que estais no céu,
pela graça iluminante,
pelo poder com que nos governais,
pela misericórdia com que nos dirigis,
pela glória com que nos levantais.

Santificado seja o vosso nome,
por nós mediante uma vida honesta,
em nós mediante uma consciência pura,
de nós mediante uma boa fama,
acima de nós pela ordem dos anjos.

Venha a nós o vosso reino,
a pátria celeste que nos foi revelada,
a santa igreja que nos adopta,
a sagrada escritura que nos ensina.

Seja feita a vossa vontade,
assim na terra como no céu,
com a simplicidade de coração,
com o corpo casto,
com a verdade das palavras,
com obras santas.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
o pão de que o homem necessita,
o pão da verdadeira doutrina,
o pão da hóstia que salva,
o pão da celeste saciedade.

Perdoai-nos as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
sem agravos no coração,
sem impropérios nos lábios,
sem pagar o mal,
sem nos afastarmos do bem-fazer.

E não nos deixeis cair em tentação,
a qual com as suas fraudes nos engana,
com a sua violência quebra as amarras,
tão súbita que apanha desprevenido o pensamento
e, à força de importuna, não se vai embora.

Mas livrai-nos do mal,
das adversidades do mundo,
da perversidade dos homens,
da manha do demónio,
da eterna condenação.

(Cf. MÁRIO MARTINS, Vida e Obra de Frei João Claro, Coimbra 1956, páginas 182-184).

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sinal de Jonas

2ª Feira - XVI Semana Comum

No Evangelho de hoje: Alguém pede a Jesus um sinal. Ele responde que tem apenas um sinal a apresentar: o do Profeta Jonas. Mas esse sinal tem 3 significados diferentes consoante, um para Jesus, outro para as gerações de então e outro para nós hoje.

1º - Sinal de Jonas para Jesus: Tal como Jonas esteve 3 dias e 3 noites no ventre da baleia, assim Jesus estará 3 dias e 3 noites no seio da terra. É o sinal da morte e ressurreição.

2º Sinal de Jonas para aquela geração: Tal como Jnas foi o sinal para os nivivitas que ouvirm a sua pregação e se converteram assim essa geração devia ouvir a pregação de Jesus e converter-se. É o sinal da conversão.

3º Sinal de Jonas para os nossos dias: tal como Jonas era intragável pois foi deitado borda fora do barco e depois nem a baleia o tolerou de modo que o vomitou passados 3 dias, apesar de Jonas ser tão intragável, indegesto e insuportável, apesar disso tudo Deus continuou a precisar dele a a ter uma missão importante para ele. É o sinal do chamamento de Deus que não escolhe os qualificados mas qualifica os escolhidos. Apesar de sermos quem somos, Deus precisa de nós.

Pai Nosso como és

O Pai Nosso de cada dia (40)

Pai Nosso que estás nos Céus…

- Que estás? O Senhor não está
nem o céu é o seu estado.

- Nação? Quem sabe? Talvez!
Reino… Venha a nós o reino?

- Não, que ‘já em vós está…’
está, mas não é, ó Pai,
coisa que possa acabar-se!

Pai Nosso que estás – como és?
Não teu estado, teu ser é minha vida;
faz que eu queira, Senhor, o que queres;
dá-me, enfim, se quiseres, saída.

Também eu sou alegre, estou triste,
sinto-me bem e seu que estou doente,
de contrários minha alma fizeste:
Mistério entre o ser e o estar.

Dá-me o dia que passa,
sol nosso de cada dia,
e junta uma nova conta
a este rosário da vida.

O pão que desce do céu,
o pão vivo é a palavra,
palavra é consolação
que a nossa esperança lavra.

É o pão que vivifica
a alma que dela vive;
é o pão que santifica
quem recebe sua virtude.

É a que faz e é feita,
criadora e criatura;
é a que nos dá direito
à divina ventura.

(Cf. MIGUEL DE UNAMUNO, Creio no futuro, Ed. A. O. Braga, 1985, páginas 27m 36, 43, 58)

domingo, 18 de julho de 2010

Pai Nosso da fé, esperança e caridade

O Pai Nosso de cada dia (39)

Acto de Fé:
Meu Deus, eu creio
que sois o nosso Pai que está nos Céus.
Santificado seja o vosso nome
de Pai, Filho e Espírito Santo.

Acto de Esperança:
Meu Deus, eu espero em Vós.
Que o vosso reino venha até nós
e que a vossa vontade se faça
assim na Terra como no Céu.

Acto de Caridade:
Meu Deus, eu amo-Vos
e quero acolher e partilhar o pão de cada dia.
Perdoai as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido.

E não nos deixeis cair
na falta de fé, de esperança e de caridade,
mas livrai-nos de todo o mal.

Marta e Maria

Ano C - XVI Domingo Comum

Marta, atarefada, foi pedir ajuda a Jesus, já que a não tinha alcançado da parte da sua irmã Maria.
O Evangelista Lucas nada escreveu sobre o desenlace deste pedido.
E depois, o que aconteceu?
Atrevo-me a exigir o final deste episódio.
De certeza que algo aconteceu, pois quando Jesus fala nada continua como antes, há sempre uma mudança.
Então o que mudou depois deste diálogo entre Marta e Jesus?
O que se passou depois?
Lucas não diz, mas nós podemos imaginar:
Jesus terá completado:
- Marta, senta-te aqui, junta-te a nós e depois nós iremos contigo até à cozinha preparar o resto da refeição. Juntos comeremos e depois juntos lavaremos a loiça. Unidos na contemplação e unidos na acção.
E assim aconteceu e Marta compreendeu que a melhor parte não estava reservada a ninguém, mas também ela podia abraçá-la sem prejuízo do serviço ou doutros aspectos também importantes.
Quando todos colaboram, nada e ninguém fica prejudicado.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Ora et Labora

Ano C - XVI Domingo Comum

Em geral, temos a tentação de compartimentar as nossas actividades:
Agora é para trabalhar, depois rezar, então descansar, a seguir ouvir, mais tarde falar etc.
A este propósito eu tentava explicar aos alunos do Colégio Missionário que o Pe. Dehon, fundador do Instituto, procurava viver em constante presença de Deus, em união de vida, e por isso escrevera no seu Diário, quando seminarista em Roma:
- Todos os dias faço a via-sacra que é a minha recreação da tarde.
Um dos meus ouvintes, com uma certa malícia, perguntou-me:
- Isso quer dizer então que posso brincar enquanto rezo?
- Não, respondi de imediato. Quer dizer apenas que podes rezar enquanto brincas.

É esta a mensagem do acolhimento de Jesus por Marta e Maria em Betânia.
O lema beneditino sintetiza perfeitamente este desafio:
Ora et labora, isto é, reza e trabalha.
1. Faz da tua oração um trabalho, uma tarefa ou uma actividade – reza como alguém que trabalha.
2. Faz do teu trabalho uma oração – trabalha como alguém que reza.
3. Trabalha enquanto rezas e reza enquanto trabalhas.
4. A oração não dispensa a acção, nem a acção dispensa a oração.
5. Reza e trabalha – ocupa o teu dia com estas duas actividades.
6. Sê activo na contemplação e contemplativo na acção.
7. Sê Marta e Maria ao mesmo tempo.


Pai Nosso com gestos

O Pai Nosso de cada dia (38)

Rezar com o corpo todo, encontrando um gesto apropriado para cada invocação:

Pai Nosso que estais nos Céus.
(Palmas abertas para cima, olhar voltado para o Céu).

Santificado seja o Vosso nome.
(Os braços elevam-se num gesto de louvor, com as palmas das mãos voltadas para a outra, à altura da cabeça).

Venha a nós o Vosso reino.
(Braços em cruz).

Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
(Os braços descem).

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
(Mãos estendidas para a frente, como para receber o pão).

Perdoai as nossas ofensas,
como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
(Bate-se no peito e logo se dão as mãos).

Não nos deixeis cair em tentação.
(Os braços estendidos com as palmas das mãos num gesto de repulsa).

Mas livrai-nos do mal.
(volta-se à posição inicial: palmas abertas para cima, olhar voltado para o Céu).

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pai Nosso com exame de consciência


O Pai Nosso de cada dia (37)

Nós dizemos:
Pai Nosso que estais nos Céus,
santificado seja o vosso nome.
Venha a nós o vosso reino.
Mas continuamos com medo d’Ele ou a nossa única preocupação é a nossa boa fama, o nosso nome, o nosso êxito, os nossos assuntos. É evidente que estas palavras que dizemos tornam-se ocas por nossa causa.

Nós dizemos:
Faça-se a vossa vontade,
assim na Terra como no Céu.
Mas a nossa principal aspiração é ser totalmente independentes, senhor do nosso destino e podendo manobrar os destinos dos outros, segundo a nossa própria vontade.

Nós dizemos:
Dai-nos hoje o pão de cada dia.
Mas continuamos a considerar exclusivamente propriedade privada tudoo que possuímos e agrada-nos saber que somos sozinhos seus administradores.

Nós dizemos:
Perdoai as nossas faltas
como nós perdoamos.
Mas só vemos os defeitos dos outros e levamos tempo a esquecer aquilo que dizemos ter já perdoado Há muito.

Nós dizemos:
Não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.
Mas continuamos a deixar-nos enredar por muitas escravidões. Apesar de sermos assim, o Senhor precisa de nós. Deus ama-nos, não porque somos bons, mas porque ele é bom.



terça-feira, 13 de julho de 2010

Pai Nosso catequético


O Pai Nosso de cada dia (36)

Nos simples catecismos, resumos da teologia e da vida cristã, bem podia florir a explicação, mais ou menos dilatada, da oração dominical, pois os párocos precisavam de a expor aos fiéis. Assim acontece no mais antigo catecismo em português chegado aos nossos dias, em linguagem de trezentos.

Pai Nosso que estais nos Céus.
O princípio do comentário gira à volta da fé, da esperança e da caridade. Fé, porque dizemos Pai. Caridade, porque dizemos nosso e não só meu. Esperança, porque ele está nos Céus.

Santificado seja o vosso nome.
Nesta primeira petição desejamos a confirmação da santidade do nome de Deus em nós, e isto terá no céu o seu acabamento.

Venha a nós o vosso reino.
Suplicamos perseverança no bem, até que vamos para o reino de Deus.

Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.
É a petição do dom da graça para todas as obras que fazemos. Que a liberdade do nosso entendimento se uma à vontade divina, não só nas coisas terrenas como nas da alma.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
A quarta petição é para o passageiro desta vida: o pão corporal e o espiritual que nos e necessário cada dia.

Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos aos que nos tem ofendido.
Segue-se a petição do perdão, na medida em que perdoamos aos que pecaram contra nós.

Não nos deixeis cair em tentação.
Que Deus nos guarde de consentir na tentação.

Mas livrai-nos do mal.
Que Deus nos livre das penas da alma e do corpo, que merecemos pelos pecados que fazemos.

(Cf. Catecismo em Português do século XVI)


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Nada a ver

Leio o destaque do Diário, edição de hoje:

"Deus nada tem a ver com esta Igreja"
É uma frase da artista plástica PAULA REGO ao DN-Lisboa.

E fico a pensar:
Não sei se Deus nada tem a ver com esta Igreja,
mas de uma coisa tenho a certeza,
a Paula Rego é que não tem nada a ver com isso.
Seja como for, Deus tem muito mais a ver com esta Igreja
do que a artista Paula Rego.

Obrigado, ó grande artista, por me ajudares a pensar.
Às vezes dizemos cada coisa, metemos a foice em seara alheia,
confundimos as coisas, como se fôssemos entendidos em todos os assuntos.

Espero que a Paula Rego continue a pintar, coisa que realmente percebe
e não meta pinceladas em telas alheias.

Pai Nosso Bendito seja

O Pai Nosso de cada dia (35)

Pai-nosso, bendito seja
teu sagrado e santo nome,
lembra-te de quem tem fome,
torna mais leve sua cruz
e envolve com tua luz
quem teu pão sagrado come.

Seja feita a tua vontade
conforme o teu mandamento,
mas, dá-nos força e alento,
quer no fracasso ou na dor,
e aos meus irmãos muito amor,
muita paz e entendimento.

Abençoa a nossa casa
e os que já foram p’ro além;
que a caridade e o bem
se façam em sua memória
e em teu nome, p’ra tua glória,
por todo o sempre, Ámen.

(Cf. Amâncio Bicca)

Combater

2ª Feira - XV Semana Comum

Do Evangelho de hoje:
Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada.

A Madre Wilson dizia:
Nunca devemos desanimar no combate.
Temos de combater os nossos defeitos até à hora da morte.

Sim, Jesus veio trazer a espada parq ue nós possamos combater os nossos defeitos e assim alcancarmos a vitória da nossa santificação.

domingo, 11 de julho de 2010

Pai Nosso Avé Maria

O Pai Nosso de cada dia (34)


Como saudamos a Deus, nosso Pai,
saudemos a nossa Mãe, numa mesma invocação:


Pai Nosso que estais nos Céu.
.....Avé Maria, cheia de Graça.

Tomemos consciência da presença do Reino de Deus em nós,
através do sinal dessa presença em Maria:

Venha a nós o vosso Reino.
.....O Senhor é convosco.

A santidade de Deus projecta-se na nossa vida,
assim como se projectou em Maria:


Santificado seja o nosso nome,
seja feita a vossa vontade
assim na terra como no Céu.
.....Bendita sois Vós entre as mulheres,
.....porque dissestes ‘eis a escrava do Senhor,
.....faça-se em mim segundo a vossa Palavra’.

Recebamos os dons de Deus,
assim como Maria recebeu e nos doou:


O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
.....Bendito o fruto do vosso ventre, Jesus.

Todos nós somos, como Maria, co-redentores
e obreiros da reconciliação:


Perdoai as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido.
.....Santa Maria, mãe de Deus,
.....rogai por nós pecadores.

A protecção de Deus é uma constante na nossa vida,
à qual respondemos com a nossa fidelidade:


Não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.
.....Agora e na hora da nossa morte. Ámen.



São Bento

11 de Julho - Festa da São Bento

São Bento - Rogai por nós.
Santo abençoado - Rogai por nós.
Glória dos Patriarcas - Rogai por nós.
Criador da Sant Regra - Rogai por nós.

Retrato das Virtudes - Rogai por nós.
Exemplo de perfeição - Rogai por nós.
Pérola de santidade - Rogai por nós.
Sol que resplandece na Igreja de Cristo - Rogai por nós.

Estrela na Casa de Deus - Rogai por nós.
Inspirador dos santos - Rogai por nós.
Serafim de fogo - Rogai por nós.
Querubim transformado - Rogai por nós.

Modelo dos Monges - Rogai por nós.
Destruidor dos ídolos - Rogai por nós,
Modelo dos confessores - Rogai por nós.
Consolador das almas - Rogai por nós.

Ajuda nas tribulações - Rogai por nós.
Patriarca dos Monges do Ocidente - Rogai por nós.
Pai e Padroeiro da Europa - Rogai por nós.
São Bento nosso Padroeiro - Rogai por nós.

sábado, 10 de julho de 2010

O Pai Nosso ao avesso

O Pai Nosso de cada dia (33)

Livrai-nos do mal
de nos arrastarmos pela tentação,
de perdoar apenas
quando formos perdoados.

Dai-nos cada dia o alento
para fazer a nossa vontade.

Que vivamos na fraternidade
do vosso Reino,
santificando na nossa vida
o vosso nome de Nosso Pai.



sexta-feira, 9 de julho de 2010

Fazer o mesmo

Ano C - XV Domingo Comum

Quem é o nosso próximo?
Em geral dizemos que é aquele que precisa de nós mas na Parábola de Jesus, próximo é aquele de quem nós precisamos.
- Quem foi o próximo daquele infeliz?
- Aquele que usou de misericórdia para com ele.
- Então, vai e faz o mesmo, isto é, vai e ama quem usou de misericórdia para contigo. Ama quem te ajudou.
Com quem nos devemos identificar? Com o samaritano ou com o necessitado?
Jesus sugere-nos a identificação com o segundo:
- Não fiques retido por quem te socorreu mas age como ele. Lembra-te que deves a tua sobrevivência a outrem. Ama-o no teu coração e quando tiveres oportunidade, faz por outro o que ele fez por ti.
Todos nós somos necessitados mas há sempre alguém que nos socorre.
Amar o próximo é ser gratos com quem nos ajuda.

Recordo a canção de um amigo meu a propósito desta Parábola:

Na longa estrada de Jericó
um homem sofre e eu vou passar,
vou apressado, vou em missão
mas bate triste meu coração.

Se eu penso em mim tu ficas só,
se eu penso em ti seremos nós.
E a tua dor vai acabar
e eu mais seguro vou caminhar!

Seremos dois a enfrentar
a longa estrada de Jericó.
Não temerei, não temerás
os salteadores que espreitam lá.

E na cidade de Jericó
vamos cear Amor e Pão.
E quem nos vir, há-de pensar:
Vale sempre a pena estender a mão.




Pai Nosso Ámen


O Pai Nosso de cada dia (32)

O Pai Nosso é a oração da comunidade. Na liturgia eucaristia dos séculos passados era recitado apenas pelo sacerdote, a que a assembleia lhe juntava na última invocação Mas livrai-nos do mal. Era a maneira de esta sentir o Pai Nosso como oração sua.
Recitando hoje por todos, é mais fácil ser entendido como oração de todos, embora o modo de participação se pudesse obter de outras formas. Assim, a tradição peninsular, em vigor até ao século XI em toda a Península Ibérica, tinha uma forma diferente de participação. Conhecida tradicionalmente pelo nome de visigótica ou moçárabe, esta liturgia fez intervir o povo com um Ámen aclamativo depois de cada invocação do Pai Nosso recitado pelo sacerdote.
Vamos hoje associar-nos a essas gerações, rezando juntos a oração do Senhor, acrescentando-lhe esse Ámen aclamativo.


Pai Nosso que estais nos Céus,
Santificado seja o vosso nome.
Ámen.

Venha a nós o vosso reino.
Ámen.

Seja feita a vossa vontade
Assim na Terra como no Céu.
Ámen.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Ámen.

Perdoai as nossas ofensas,
Assim como nós perdoamos
A quem nos tem ofendido.
Ámen.

E não nos deixeis cair em tentação,
Mas livrai-nos do mal.
Ámen.


A resposta Ámen não pertence, nem ao texto evangélico do Pai Nosso, nem ao texto litúrgico actual. Usam-no hoje os fiéis na recitação privada, bem como resposta a outras orações litúrgicas. Esta palavra pode ser considerada o resumo da atitude interior do homem na oração:

Ámen!
Assim seja!
Faça-se!
Aceito!
Vamos a isto!
Seja como tu quiseres!
O meu querer é o teu!
Mas, como certeza, Senhor!
Ámen!

(Cf. JOSÉ FERREIRA, O uso do Pai Nosso na Liturgia, in Bíblica 92, 1970, páginas 294-298)


quinta-feira, 8 de julho de 2010

Pai Nosso Ambrosiano

O Pai Nosso de cada dia (31)

Pai dos céus:
Céu onde não há culpa,
onde a morte já não fere.

Seja santificado:
Acção santificante do Pai
chegue até nós.

O Reino vem
Quando chega a graça.

Seja feita a tua vontade:
Haja paz na Terra e no Céu.

O pão nosso de cada dia
Necessário para todos os dias.
quem não merece receber todos os dias
não merecerá receber uma vez por ano.

Dá-nos hoje:
O hoje é o dia em que Cristo
ressurge para nós.

Perdoa-nos as ofensas,
Isto é, o pecado.
Perdoa como perdoo.

E não nos deixes cair em tentação
aquela a que não podemos resistir.

(Cf. Santo Ambrósio, Os sacramentos e os Mistérios, Ed. Vozes, Petrópolis 1972, páginas 61-65; 73-75)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Pai Nosso Alto em Criação

O Pai Nosso de cada dia (30)

(Pai Nosso de El-rei D. Duarte)

Padre nosso,
alto em criaçom,
manso em amor,
rico em herdade.

Que es nos çeeos,
espelho da eternidade,
coroa d’alegrança,
thesouro da bem avinturança.

Sanctificado seja o teu nome,
que seja a nos mel em a boca,
arpa na orelha,
devaçom no coraçom.

Venha a nos o teu reino,
alegre sem mistura,
manso sem torvação,
seguro sem perdimento.

Seja feita a tua vontade assi no çeo como na terra,
que todas ousas que entejas entejemos,
e as que amas amemos,
e as que te prazem cumpramos.

O nosso pão de cada dia nos daa hoje,
scilicet, d’ensinança,
de pendença
e de virtude.

E perdoanos as nossas dívidas
quaes quer, que contra ti comettemos,
ou contra os próximos,
ou contra nos mesmos.

Assi como nos perdoamos a nossos devedores,
que contra nos errarão per palavras,
nas pessoas,
ou nas cousas,

E não nos tragas en tentaçom
do mundo,
da carne
e do demo,

Mas livranos de mal,
presente,
passado
e por vir. Ámen.

(Cf. Bibl. Nac. De Lisbos, Pombalina, ms. 147, fs 203v-204)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Pai Nosso Alargado


O Pai Nosso de cada dia (29)

Pai Nosso
Meu Deus, como sois bom, Vós que nos consentis chamar-Vos Pai Nosso! Quem sou eu, para que o meu criador, o meu Rei, o meu Soberano Senhor me consinta chamar-Lhe meu Pai? E não somente me consinta, mas o ordene até. Meu Deus, como sois bom! Quanto me devo lembrar, todos os momentos da minha vida, desta ordem tão suave! Quanta gratidão, quanto alegria, quanto amor, mas sobremaneira quanta confiança tal ordem deve inspirar-me! Como sois meu pai, meu Deus, como eu devo esperar em vós!... Mas também, já que sois tão bom para mim, como eu devo ser bom para os outros! Como quereis ser meu pai e o de todos os homens, quanto sentimento de pai amantíssimo eu devo ter para todo o homem, seja ele qual for ou por mau que seja!...
Portanto, confusão, reconhecimento, confiança, e esperança inalterável, amor filial para com Deus e fraternal para com os homens…
Pai nosso, Pai nosso, ensina-me a trazer o teu nome sempre nos lábios com Jesus, em Ele e por Ele, pois que poder dizê-lo é a minha maior ventura… Pai nosso, Pai nosso, possa eu viver e morrer dizendo: Pai nosso; e pela minha gratidão, pelo meu amor, pela minha obediência, ser deveras o vosso filho fiel, um filho que praza ao vosso coração. Ámen.

Pai nosso que estais nos Céus.
Por que motivo escolheis esta qualificação em vez de qualquer outra, em vez de justo Pai ou santo Pai?... É sem dúvida, meu Deus, para elevar a nossa alma, desde o começo da oração, bem alto, acima desta pobre terra e a colocar desde o princípio onde ela deve sempre estar, nesta vida e na outra, no céu, sua verdadeira pátria… É também para nos colocar, desde as primeiras palavras das nossas orações, na esperança e na paz: Nosso Pai está no céu: como com a confiança, não haveríamos de ter esperança e doce paz?... É também para nos pôr, desde o princípio, na alegria; como não estaríamos na alegria, pensando que o nosso Pai, o nosso Deus, o nosso Bem Amado, Aquele a quem nós amamos de todo o coração, com toda a nossa alma, com todo o nosso espírito e todas as nossas forças frui na eternidade infinita beatitude?

Santificado seja o nosso nome.
Que pedimos nós, por estas palavras, Senhor meu?...
Pedimos tudo quanto é objectivo dos nossos desejos, tudo quanto é a mirra, a finalidade da nossa vida, da Igreja e da vossa própria vida, Jesus meu Senhor! Pedimos a manifestação da glória de Deus e a salvação dos homens… Em que consiste, afinal, pedir que seja santificado o Vosso nome, senão orar para que vós sejais glorificado o mais possível, por todos os homens, nos seus pensamentos, nas suas palavras e obras? E isto é ao mesmo tempo a manifestação da vossa glória e a perfeição deles… É portanto o fim, ao mesmo tempo único e duplo, de todas as nossas preces e de toda a nossa vida que contém estas palavras: Santificado seja o teu nome… Com tanto amor, com quanto ardor nós devemos suspirar por Vós, meu Deus, para que tal prece seja acolhida!... Quantas vezes ela não fluiu dos lábios de Nosso Senhor, Ele que só veio à terra a fim de trabalhar para que tal prece se cumprisse!... Quantas vezes Ele pediu a Deus o que nos diz para Lhe pedirmos por estas palavras! Esta prece constituía o âmago das suas súplicas, como este desejo era o mais ardente do seu coração, como o seu cumprimento era a finalidade de todo o trabalho da sua vida.

Venha o vosso reino.
Com este rogo, peco exactamente a mesma coisa que supliquei com o anterior: a manifestação da glória de Deus e a salvação dos homens… Que vem a ser realmente o advento do reino de Deus, senão o momento em que todos os homens O considerem como o único Senhor ao qual primam por obedecer, como ao seu rei omnipotente e bem-amado se empenhem, com todas as suas forças, a servir o melhor que possam esse rei bendito, consagrarem todo o seu coração, todo o seu espírito, todas as suas forças e toda a sua alma, a satisfazer, o mais perfeitamente os seus mínimos desejos?... E que será esse zelo incomparável de todos os homens, para servir o seu Rei celestial, de todo o seu coração, senão a manifestação da glória de Deus e a salvação de todos os homens?...

Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.
Esta rogativa é a mesma, na verdade, que as duas anteriores: suplica as duas mesmas coisas: a manifestação da glória de Deus e a santificação dos homens… Que significa pedir que realmente os homens façam a vontade de Deus, senão rogar que vivam santamente?... E a santidade dos homens é nisso mesmo que consiste: na manifestação da glória de Deus na terra…
Na prece que me ensina Nosso Senhor, quer Ele portanto que, antes de fazer qualquer outro pedido, eu rogue a seu Pai três vezes, para a manifestação da sua glória na terra e a santificação dos homens… Isso mostra-me quanto Ele tinha a peito estes dois objectos, quanto constituíram o fundo dos seus suspiros, das suas preces, como aliás foram o fito de toda a sua vida neste mundo… Isso mostra-me também quanto tudo o que é próprio para glorificar a Deus e fazer bem às almas leva a rejubilar o Coração de Nosso Senhor, por ser conforme aos seus mais ardentes desejos, à obra de toda a sua vida… E isso mostra quanto toda a ofensa a Deus e tudo o que retarda a santificação de uma alma é doloroso para o seu Coração, visto estar em oposição directa com o que mais ardentemente Ele deseja, com o que todos os dias Ele pedia a seu Pai, entre lágrimas e suspiros, com o que pelo qual ele derramou e deu todo o seu Sangue…

Dai-nos hoje o pão de cada dia.
Que pedimos nós com isso, meu Deus? Pedimos para hoje e ao mesmo tempo para toda esta vida presente, que só dura um dia, o pão acima de toda outra substância, quer dizer, o pão sobrenatural, o único indispensável, o único de que temos absoluta necessidade para alcançar o nosso fim: esse pão necessário e único é a graça. Há, todavia, um outro pão, igualmente sobrenatural, que, sem ser absolutamente indispensável como a graça, é indispensável para muitos e é o bem dos bens; esse outro pão, cujo nome de pão só por si nos dá a ideia do que seja e que na verdade é um bem dulcíssimo, um bem supremo, o próprio deus, é a Santíssima Eucaristia: pedindo o pão sobrenatural, o que nos é mais necessário, certamente o pedimos… Pedimos, portanto, duas coisas, pedindo o nosso pão sobrenatural: primeiro, a graça; depois, a Santa Eucaristia… Mas acima de tudo, é preciso observar que, pedindo esse duplo pão da graça e da eucaristia, não o peço para mim, mas para nós; isto é, para todos os homens… Não faço nenhum pedido para mim só: tudo o que peço ao Pai Nosso peço-o para Deus ou para todos os homens: esquecer-me, só pensar em Deus e no próximo e em mim somente, em vista de Deus e na mesma medida que nos outros, como convém àquele que ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, eis o que Nosso Senhor me faz praticar a cada pedido do Pai Nosso… Portanto, a cada frase do Pai Nosso, não orar só para mim, não pedir para mim só, mas ter o cuidado de pedir para todos os homens, para todos nós, filhos de Nosso Senhor, amados por Ele, para nós todos, a quem Ele resgatou com o seu Sangue.

Livrai-nos do mal.
Livrai-nos do pecado, o único verdadeiro mal, o único mal que Vos ofende, vosso mal!... Livrai do pecado todos os homens: dessa maneira, eles serão santos e a sua santidade Vos glorificará: a vossa glória será manifestada e a sua salvação garantida, a qual é a única coisa que queremos. Livrai-nos portanto do mal, do pecado, meu Deus, a fim de que sejais glorificado, a fim de que os homens sejam salvos… Esta súplica encerra, como as três primeiras súplicas, tudo o que temos de pedir, tudo o que constitui o nosso fim, o da Igreja, o da vida de Nosso Senhor, neste mundo; mas encerra tudo isto de maneira indirecta e recaindo em nós mesmos, pedindo uma das coisas necessárias para cumprir o nosso fim, enquanto as três primeiras frases pedem, directamente, o nosso fim último, a glória de Deus.

(Cf. Charles de Foucauld, Cristo rezava assim, Ed. Paulistas, Apelação-Sacavém 1980, página 12-18)

Quem semeia

3ª Feira - XIV Semana Comum


Semearam ventos, colherão tempestades… (Oseias 8,4-13)


Cada qual colhe daquilo que semeia.

Quem semeia ventos, colhe tempestades,
Quem semeia pouco, colhe pouco,
Quem semeia discórdia, colhe solidão,
Quem semeia ódio, colhe violência,
Quem semeia injustiça, colhe abandono,
Quem semeia tristeza, colhe amargura,
Quem semeia guerras, colhe mortes.

Quem semeia com abundância, colherá com abundância,
Quem semeia trigo, colhe pão,
Quem semeia rosas, colhe perfumes,
Quem semeia alegria, colhe felicidade,
Quem semeia verdade, colhe confiança,
Quem semeia carinho, colhe gratidão.

Semeia um bom pensamento e colherás uma boa acção,
Semeia uma boa acção e colherás um bom hábito,
Semeia um bom hábito e colherás uma virtude,
Semeia uma virtude e colherás santidade.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pai Nosso Agradecido

O Pai Nosso de cada dia (28)

Nós não precisamos de enunciar os motivos pelos quais queremos dar graças a Deus. Basta o desejo de agradecer e já temos motivos de sobra. Deus também não necessita das nossas justificações nem mesmo seríamos capazes de nos recordar de todas.

Nós te louvamos,
Nós te bendizemos,
Nós te adoramos,
Nós te glorificamos,
Nós te damos graças pela tua imensa glória.

Nós te damos graças,
Porque tu és nosso pai;
Porque estás em toda a parte
E, onde quer que estejas,
Transformas esse lugar em cantinho do céu.

Nós te damos graças,
Porque, não precisando do nosso louvor,
És tu quem nos inspiras
E santificas o teu nome na nossa vida.

Nós te damos graças,
Porque chamaste o homem
A ser cidadão do teu reino de fraternidade.

Nós te damos graças,
Porque a tua vontade anima o nosso coração
E nos move a fazer da terra o paraíso do céu.

Nós te damos graças,
Porque temos fome de ti
E podemos saciá-la com o pão descido do céu.

Nós te damos graças,
Porque és rico em misericórdia,
Sempre pronto a perdoar,
Mesmo quando somos lentos
E demasiado exigentes no perdão.

Nós te damos graças,
Porque nos dás força
Para resistirmos à tentação,
Que nos fortalece na luta contra o mal.

Nós te damos graças,
Porque teu filho Jesus
Nos ensina a rezar
E nos revelou o teu verdadeiro rosto.

Nós te damos graças,
Porque a ti pertence o reino e o poder
E a glória pelos séculos. Ámen.

sábado, 3 de julho de 2010

Pai Nosso Agostiniano

O Pai Nosso de cada dia (27)

Na oração, as palavras servem para nos estimular e para compreender melhor o que pedimos; não pensemos que são necessárias para informar o Senhor ou forçar a sua vontade.
Quando dizemos Santificado seja o vosso nome, estimula-nos a desejar que o nome de Deus, que é sempre santo em si mesmo, seja também honrado como santo entre os homens e nunca desprezado; e isto não é para benefício de Deus mas dos homens.
Quando dizemos venha a nós o vosso reino, que há-de vir certamente, quer queiramos quer não, excitamos a nossa aspiração por aquele reino, para que ele de facto venha a nós e mereçamos reinar nele.
Quando dizemos seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu, pedimos ao Senhor que nos dê a virtude, para que se cumpra em nós a sua vontade, como os anjos a cumprem no Céu.
Quando dizemos o pão nosso de cada dia nos dai hoje, a palavra hoje quer significar o tempo presente; e com a palavra pão pedimos tudo o que é necessário à nossa subsistência, ou também o sacramento dos fiéis que nos é necessário durante a vida presente, não para alimentar esta vida temporal, mas para alcançar a felicidade eterna.
Quando dizemos perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, tomamos consciência do que pedimos e do que devemos fazer, para merecermos receber o perdão.
Quando rezamos e não nos deixeis cair em tentação, anima-nos a pedir o auxílio indispensável de Deus, para não consentirmos nas insídias da tentação nem sucumbirmos ante a sua violência.

(Cf. Da Carta de S. Agostinho, Bispo, a Proba, Ep. 130, 11,21-12,22: CSEL44,63-64)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Carga leve


Ano C - XIV Domingo Comum

A seara é grande mas os trabalhadores são poucos.
Porquê? Os trabalhadores são poucos porque a seara é grande? Não! Talvez seja porque nem todos estão dispostos a trabalhar nestas condições: como ovelhas entre os lobos, num total desprendimento, sem bolsa, nem alforge, nem sandálias... e sem demoras. Estas exigências do trabalho serão muito pesadas ou essa bagagem toda seria ainda mais incomodativa e pesada? E desculpamo-nos dizendo que se a vida dos servidores do Evangelho fosse menos exigente haveria mais vocações ou se os padres pudessem casar haveria mais candidatos.
Não é bem assim porque a sabedoria popular diz que quem corre por gosto não cansa. (Por coincidência escapou-se-me uma letra nesta última palavra e em vez de ‘cansa’ apareceu ‘casa’. Pois é, quem responde por gosto não casa).
Lembro-me de um missionário que num descampado, já cansado de tanto andar e longe de todo o conforto alcançou, a meio da caminhada, uma miudinha de dez anos, pobre e franzina. Ela respirava com dificuldade, toda transpirada, descalça mas carregava cuidadosamente um pequenito às costas. O padre prontificou-se para ajudá-la:
- Ó pequena, queres que te ajude pois levas muito peso...
Ela sorriu:
- Isto não é um peso, é o meu irmão.
O Evangelho não é carga pesada mas amor libertador. A sua exigência não é muita, o nosso amor é que pode ser pouco.

Pai dos quatro mil milhões

O Pai Nosso de cada dia (26)


Pai Nosso:
Pai dos quatro mil milhões de homens do mundo inteiro.

Que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome:
Na minha família, na nossa Pátria e em todo o Universo.

Venha a nós o vosso reino:
E aos nossos irmãos da África, da América Latina, da Ásia, da Igreja do silêncio e a todos os homens que não Vos conhecem.

Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu:
E eu empregarei todas as minhas forças para que em toda a parte os conheçam e Vos amem.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje:
Aos dois terços da Humanidade que passam fome, aos subdesenvolvidos, aos oprimidos, aos perseguidos, e àqueles, mais pobres que todos, que não vivem em graça.

Perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido:

Mesmo aos nossos inimigos, aos que nos injuriam, aos que não nos podem ver e aos que perseguem a vossa Igreja.

E não dos deixeis cair em tentação:
Sobretudo na tentação do egoísmo, do cansaço ou da falsa paz.

Mas livrai-nos do mal:
Sobretudo do grande pecado de esquecer ou ignorar o vosso apelo missionário de amar todos os homens.

Ámen.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Pai de todos os homens

O Pai Nosso de cada dia (25)


Pai de todos os homens,
maior que os nossos desejos:

Que tos que te conhecem te amem
e os que te amam te conheçam.

Dá alegria aos que trabalham
e trabalho aos que em ti se alegram

Dá inquietude aos sábios
e sabedoria aos inquietos

Dá pão aos que têm fome
e fome aos que têm pão

Dá o perdão a quem está triste
e alegria a quem perdoa

Dá força aos abatidos
e medo aos poderosos

Assim desterraremos o mal,
atingindo o nosso bem.

Hoje e sempre. Ámen.