quinta-feira, 30 de abril de 2020

Tal e qual (2)


Algo está errado nesta fotografia, 
que registei há um ano atrás, 
em Fátima, às 21H02.
O que será?





















Vocação na palma da mão


Semana de Oração pelas Vocações Consagradas























Reflexão vocacional

Os cinco ministérios da vocação de consagração podem ser contemplados na palma da nossa mão.

- O dedo mendinho é o mestre, o mais pequeno e humilde de todos.
- O dedo anelar é o pastor, o dedo da aliança.
- O dedo do meio é o sacerdote, que se eleva para Deus, reza e faz rezar.
- O dedo indicador é o profeta, que aponta, anuncia e denuncia.
- O dedo polegar é o apóstolo, o que é enviado, o único que fica de frente para todos e que se pode juntar ao ministério dos outros.

O polegar une-se ao indicador quando é enviado a profetizar (ministério profético)
Junta-se ao dedo médio quando enviado a celebrar e a santificar (ministério sacerdotal)
Chega-se ao anelar quando enviado a conduzir, a servir na caridade (ministério real)
O polegar vai com o dedo mendinho quando é chamado a ensinar (magistério)

Só o polegar consegue fazer com cada dedo a função de pinça, a capacidade de segurar uma tarefa, de manter um ofício.
É preciso que o profeta, o sacerdote, o mestre ou o pastor sejam apóstolos, isto é, sejam enviados.
Não basta ser profeta, ou sacerdote, ou mestre ou pastor, é preciso ser missionário.
É preciso, por outro lado, que qualquer apostolado contemple todas estas dimensões.
Ser chamado para seguir a Cristo é ser enviado como sacerdote, profeta, rei e mestre.
Só o apóstolo é capaz de unir todos estes ministérios e apoiar todas as suas missões.

E só assim teremos uma vocação completa.

E onde está Deus neste processo?
Deus é o pulso da mão, Aquele que tudo comanda, dá força e sustenta.
Afinal, cada vocação é a Mão de Deus que se estende através das nossas mãos.


quarta-feira, 29 de abril de 2020

Tentações dos Santos


Festa de Santa Catarina de Sena (1347-1380)
Co-padroeira da Europa

Tentação de Santa Catarina de Sena:
Santa Catarina de Sena foi certa vez confrontada por Deus a respeito de um “pecado oculto” que ela tinha: o pecado de julgar as pessoas. Ela costumava pensar que tinha um dom para ler a natureza humana e notar as falhas alheias, especialmente as dos sacerdotes. Mas, um dia, Deus lhe mostrou que as intuições que ela estava a receber sobre as fraquezas dos outros não vinham de Deus, mas do diabo. Ela passou a ver aquela conduta, então, como “a armadilha do demônio”.
O diabo nos permite ver as faltas uns dos outros a fim de que, ao invés de ajudar, nós comecemos a julgar as almas alheias e condená-las. Catarina admitiu isso ao Senhor, dizendo-lhe:
Vós me destes remédio contra uma doença escondida que eu não havia reconhecido, ensinando-me que não posso jamais sair em julgamento de qualquer pessoa. Pois eu, cega e debilitada como me encontrava por essa doença, frequentemente julgava os outros sob o pretexto de estar trabalhando para vossa glória e a salvação alheia.
É por isso que Santa Catarina aprendeu que, quando notamos as faltas de uma pessoa, devemos dizer a nós mesmos: “Hoje é a vez dela, amanhã será a minha, a menos que me sustente a graça divina.”

À margem
Tentações de outros santos:
- São Pedro: fugir (Quo vadis?)
- São Filipede Neri: Distrair-se (enquanto celebrava missa alguém ouviu dizer baixinho: Senhor não confies em mim que sou capaz de pecar 3 vezes em 5 minutos)
- Santo Afonso Maria de Ligório: Maus pensamentos (Tenho as mesmas tentações de quando era estudante universitário em Nápoles)

Caridade de Santa Catarina
“Pela estrada santa Catarina de Sena encontrou uma pobre que lhe pediu esmola. Não tendo nada para dar-lhe, deixou-lhe o seu manto negro e o seu véu branco de dominicana. A madre superiora que a acompanhava ficou escandalizada por essa atitude  e repreendeu-a severamente:
- Onde é que já se viu uma freira sem compostura na praça pública. Que escândalo!
- Fique sossegada minha madre, é melhor uma freira sem manto do que uma freira sem caridade!"
Assim nós podemos dizer o mesmo.
Mais vale um padre sem camisa do que um padre sem caridade; mais vale um cristão sem sapatos do que um cristão sem caridade.

O amor de Santa Caterina à Igreja





















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terça-feira, 28 de abril de 2020

Novo Maná


3ª feira – III semana da Páscoa

O Pão de Deus é o que desce do Céu 
para dar a vida ao mundo.
Eu sou o pão da vida:
Quem vem a mim nunca mais terá fome...





















O Pão que o teu amor nos dá
és tu, Senhor Jesus:
do Céu novo Maná
do teu povo nascido na cruz.

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segunda-feira, 27 de abril de 2020

À procura do PÃO


2ª feira – III semana da Páscoa

1ª leitura – Visão
Viram que o rosto de Estêvão parecia o rosto de um Anjo.
Anjo é um enviado, um mensageiro de Deus.
Foram capazes que ver em Estêvão um mensageiro divino, um Anjo de Deus que anunciava algo que ainda não acreditavam.
Saibamos ver no rosto dos nossos irmãos o rosto de mensageiros de Deus, isto é, o rosto do Anjo anunciador de uma mensagem divina.



















Evangelho - Tentação
Tentação da multidão – Pão, prazer, poder
As tentações da multidão são iguais às de Jesus:
- Pão – procurais-me por causa do pão. Mas não só de pão vive o homem.
- Prazer – quereis ver o espetáculo de andar sobre as águas, quereis o prazer, dar nas vistas, mas o que conta não são as aparências, mas o interior.
- Poder – quereis ter o poder de fazer as obras de Deus, mas a obra de Deus consiste em acreditar naquele que Ele enviou.
Jesus venceu por eles e por nós estas tentações.
Saibamos ser vitoriosos por Ele pedindo que não nos deixe cair em tentação.

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domingo, 26 de abril de 2020

Versículos não rezados (1)

Devido ao seu caráter predominantemente imprecatório, estes versículos foram omitidos na Liturgia das Horas, para além dos salmos 57, 82 e 108 (IGLH 131).

Salmo 5, 11
Castigai-os, ó Deus.
Falhem seus intentos.
Repeli-os por causa de seus muitos crimes,
pois contra Vós se revoltaram.


Salmo 20, 9-13
Poreis a mão sobre todos os adversários,
a vossa direita atingirá os que Vos odeiam.

Vós os transformeis em fornalha ardente
quando aparecerdes diante deles.
O Senhor os há de tragar com sua ira
e o fogo os devorará.

Fareis desaparecer da terra a sua descendência
e de entre os homens a sua raça.

Se intentarem contra Vós algum mal,
se premeditarem uma traição,
nada hão de conseguir.

Porque Vós os poreis em fuga
e contra eles ireis assestar o vosso arco.


Salmo 27, 4-5
Recompensai-os segundo os seus atos
e segundo a malícia das suas obras.
Retribuí-lhes segundo as obras das suas mãos
e dai-lhes a paga que merecem.

Não compreendem as ações do Senhor
nem as obras das suas mãos.
Ele os leve à ruína
e não os deixe prosperar.


Salmo 30, 18-19
Senhor, que eu não seja confundido
por Vos ter invocado;
Sejam confundidos os ímpios
e emudeçam no abismo.

Calem-se os lábios mentirosos,
que afrontam o justo com orgulho e desprezo.


Salmo 34, 3-4; 30-21; 24-26
Brandi a lança e a espada
contra os que me perseguem;

Sejam confundidos e envergonhados
os que procuram tirar-me a vida;
retrocedam humilhados
aqueles que tramam a minha desgraça.

Na verdade, eles não falam de paz,
mas tramam ciladas contra gente pacífica.

Abrem a boca contra mim, dizendo:
vimos com os próprios olhos!

Julgai-me segundo a vossa justiça,
Senhor meu Deus,
que eles se não alegrem à minha custa!

Não digam em seu coração:
conseguimos o que desejávamos
nem possam dizer: nós o devorámos.

Sejam confundidos e envergonhados
aqueles que exultam com a minha desgraça.
Cubram-se de confusão e ignomínia
aqueles que se levantam contra mim.


Salmo 39, 15-16
Cubram-se de desonra e de ignomínia
os que procuram tirar-me a vida.
Recuem e corem de vergonha
os que desejam a minha ruina.

Fiquem atónitos e confundidos
quantos de mim escarneciam.


Os fugitivos de Emaús


Ano A – III Domingo da Páscoa















Há quem veja no episódio dos discípulos de Emaús uma catequese sobre a Eucaristia, outros vêm uma catequese sobre a Ressurreição e outros ainda uma lição sobre a Palavra de Deus e sua interpretação. Eu quero hoje ver nesse espisódio uma catequese sobre a Igreja. De facto, o evangelho de Emaús é uma parábola da origem e do sentido da Igreja de Cristo.

1 – Uma Igreja em fuga
Os dois fugitivos de Emaús representam a igreja ou a comunidade em fuga. Tinham esperado um reio de poder, mas Jesus estava morto havia três dias e por isso fugiram desapontados e tristes. É a imagem de uma comunidade inconformada.
2 – Uma Igreja em saída
A fuga transformou-se em saída. Foi a oportunidade de descobrir o sentido de tudo o que estava a acontecer. Foi para eles a única saída para se reencontrar com Jesus. Os fugitivos podiam transformar-se em novo fermento, mas tiveram de sair primeiro de Jerusalém, fechada em si mesma, para buscar novas experiências, para si e para todos.
3 – Uma Igreja de periferia
Sozinhos ninguém consegue redescobrir e entender o Evangelho. Os discípulos de Jerusalém pareciam passivos. Pelo contrário os fugitivos de Emaús podiam ter saído de Jerusalém em protesto. Sair de si mesmo é abrir-se à revelação divina. Jesus revela-se na Escritura (explicada ao longo da estrada) e pela Eucaristia (fora da grande cidade, no campo). É a revelação ou a prova da Ressurreição e do renascimento da comunidade, da nova presença de Cristo e da vida nova dos irmãos.
4 – Uma Igreja retornada
É a experiência do retorno. Os fugitivos de Emaús regressaram a Jerusalém com a sua nova experiências, com os efeitos da Eucaristia ou da Fração do Pão e com o seu ardor. E encontraram outros dois discípulos que tinham ido ao sepulcro vazio e que agora partilhavam com ardor essa fé na ressurreição. A igreja do ressuscitado é uma comunidade de retorno a Cristo e aos irmãos.
5 – Uma Igreja plural
É a conclusão da experiência de Emaús, parábola da Igreja. A comunidade dos crentes em Jesus é composta de tantas experiências diferentes – de gente que vai e que vem, de gente que duvida e que quer tocar para crer, de gente que viu e acreditou… E para haver Igreja é preciso esta experiência plural. Não há Igreja sem uns e outros, sem estes e aqueles. A Igreja precisa de todos e todos precisam da Igreja.
















Ver também:



sexta-feira, 24 de abril de 2020

Pão e Peixe


6ª feira – II semana da Páscoa

A) A minha reflexão
Jesus serviu, saciando a fome a uma multidão…
Jesus recusou ser servido, fugindo de quem queria fazê-lo rei…
Não só fez isso como também contagiou todos à sua volta, levando-os a partilhar e a servir como Ele.
Saibamos hoje ser como Jesus… que veio para servir e não para ser servido.
Ele não veio para receber, mas para dar e dar-se.
Sendo assim ele vai fazer um novo milagre – vai transformar-nos em fermento para fazer crescer o pão para chegar a todos os que têm fome.
Jesus serviu, fazendo o milagre da multiplicação dos pães…
Para que hoje nós façamos um outro milagre fazendo o pão crescer, qual fermento na massa…














B) A reflexão de Van Thuan
Nguyen Van Thuan, cardeal vietnamita, falecido em 2002, partilhou um livro sobre a sua experiência na prisão, intitulado CINCO PÃES E DOIS PEIXES. Ele durante 8 anos foi bispo no centro do Vietname. Depois foi nomeado arcebispo de Saigão. Quando os comunistas chegaram aí, disseram-lhe que a sua nomeação tinha sido um complô e por isso meteram-no na prisão. Liberto após 13 anos de cativeiro, partilhou essa experiência, oferecendo-nos, à maneira do Jo 6, 5-11, cinco pães e dois peixes:

1.º PÃO - Viver o momento presente.
"Se passo o meu tempo a esperar, talvez as coisas que espero não aconteçam nunca. A única coisa que certamente acontecerá é a morte".
Preso a 15 de agosto de 1975, pouco depois lembra-se de fazer como São Paulo, escrever àqueles que lhe tinham confiado. Em mês e meio, escreve 1001 mensagens, em pequenos blocos de calendário que uma criança de 7 anos traz e leva para copiar. O livro - CAMINHO DE ESPERANÇA - está publicado em várias línguas.
"Penso que devo viver cada dia como o último da minha vida. Deixar tudo o que é acessório, concentrar-me no essencial. Cada palavra, cada gesto, cada telefonema, cada decisão é a coisa mais bela de minha vida. Reservo a todos o meu amor, o meu sorriso; tenho medo de perder um segundo, vivendo sem sentido..."

2.º PÃO - Discernir entre Deus e as obras de Deus.
Deus e só Deus. As obras de Deus, que fazia enquanto sacerdote e bispo, livre, podem ser confiadas a outros, por ora importa viver e alimentar do amor a Deus. Só Deus basta.

3.º PÃO - Um ponto firme, a Oração.
"Não é assim tão simples como podeis pensar... Ali houve dias em que, reduzido ao maior cansaço, à doença, não consegui rezar uma única oração!"

4.º PÃO - Minha única força, a Eucaristia.
"Nunca poderei exprimir a minha grande alegria: todos os dias, com três gotas de vinho e uma gota de água na palma da mão, celebro a minha Missa... Fabricávamos saquinhos com o papel dos maços de cigarros, para conservar o Santíssimo Sacramento. Jesus eucarístico estava sempre comigo no bolso da camisa... Até budistas e outros não cristãos se converteram. A força do amor de Jesus é irresistível. A obscuridade do cárcere ilumina-se, a semente germinou da terra durante a tempestade... celebro missa todos os dias às três horas da tarde: a hora de Jesus agonizante na cruz... são as mais belas missas da minha vida... À noite, entre as 21 e 22 horas, faço uma hora de adoração, canto..."

5.º PÃO - Amar até à unidade, o Testamento de Jesus.
"... só o amor cristão pode mudar os corações, nem as armas, nem as ameaças, nem os media... O maior erro é não reparar que os outros são também Cristo. Há pessoas que só vão descobrir isso no último dia... A caridade não tem fronteiras. Se há fronteiras não existe mais caridade".

Primeiro PEIXE - Maria Imaculada, meu primeiro amor.
Foi preso a 15 de agosto de 1975, solenidade da Assunção de Nossa Senhora.
"Mãe, se vês que já não poderei ser útil à Igreja, concede-me a graça de terminar a minha vida na prisão. Mas se tu, ao invés, sabes que poderei ainda ser útil à tua Igreja, concede-me sair da prisão no dia de uma festa tua". Foi libertado no dia 21 de novembro de 1988, mais de treze anos depois de ter sido feito prisioneiro. Era a Festa da Apresentação de Nossa Senhora. "Para mim, Maria é como um Evangelho vivo, maneiro, de grande difusão, mais acessível que a vida dos santos".

Segundo PEIXE - Escolhi Jesus.
"Se vivermos vinte e quatro horas radicalmente por Jesus, seremos santos. São vinte e quatro estrelas que iluminam o teu caminho...”

Depois de 13 anos de prisão foi libertado e exilado. Começou então a trabalhar na Cúria Romana. Em 1988 foi nomeado Presidente do Conselho Pontifício de Justiça e Paz e em 201 foi nomeado Cardeal.
Está a decorrer o processo para a sua beatificação.

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