IV semana da quaresma

Ofício de Leitura

Domingo

1ª – A glória do Senhor manifestou-se a todo o povo… Ao ver tudo isto, o povo rompeu em aclamações de alegria e prostrou-se com o rosto por terra.

2ª – Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Permanecendo junto do Pai é verdade e vida. Revestindo-se da nossa carne, fez-se caminho.

2ª feira

1ª – O cabrito levará sobre si as faltas de todos para uma terra árida e será abandonado no deserto.

2ª – Olha para o Oriente, de onde nasce para ti o Sol de justiça, de onde a luz se levanta sempre sobre ti, para que nunca andes nas trevas nem te surpreenda nas trevas o último dia, para que não caia sobre ti a noite e a escuridão da ignorância, mas vivas sempre na luz da sabedoria, no pleno dia da fé e no fulgor da caridade e da paz.

3ª feira

1ª – Levantar-te-ás diante dos cabelos brancos e respeitarás a presença do ancião; assim temerás o teu Deus.

2ª – Se Deus é amor, a caridade não deve ter fronteiras, porque a grandeza de Deus não tem limites. Quem dá esmola, faça-o com alegria e confiança, porque tanto maior será o lucro quanto menos guardar para si.

Santoral 2/4

Conservar o ressentimento do mal é uma ofensa, é complemento da ira, retenção do pecado, ódio da justiça. Flecha do rancor, veneno da alma, destruição das virtudes, verme da consciência, obstáculo da oração, impedimento das graças que pedimos a Deus, alienação da caridade, espinho cravado na alma, maldade sempre desperta, pecado que nunca se apaga, morte quotidiana.

4ª feira

1ª – Quem dera que todos os membros do povo do Senhor fossem profetas.

2ª – O Verbo divino não se limitou a curar as nossas enfermidades, mas tomou sobre si a nossa fragilidade.

5ª feira

1ª – Vimos lá os gigantes, filhos de Anac. A seu lado nós parecíamos gafanhotos, e era assim que eles também nos olhavam.

2ª – O Filho Unigénito de Deus se fez também filho do homem, de modo que não lhe falasse nem a humanidade em toda a sua realidade, nem a divindade em toda a sua plenitude.

Santoral 4/4

A oração purifica-nos, a leitura instrui-nos. Pratiquemos uma e outra, porque ambas são boas. Mas se isso não é possível, é melhor orar do que ler. Quem deseja estar sempre com Deus, deve orar e ler frequentemente. Quando oramos, falamos nós com Deus; quando lemos, fala Deus connosco.

6ª feira

1ª – Mostre-se agora como é grande o poder do meu Senhor: O Senhor é paciente e cheio de misericórdia…

2ª – O mistério pascal une na mesma fé os que estão corporalmente distantes.

Santoral 5/4

Se desejas ser útil às almas do próximo, começa por recorrer a Deus com todo o coração e pede-lhe com simplicidade que se digne infundir em ti a caridade, que é o compêndio de todas as virtudes e a melhor garantia de êxito nas tuas atividades.

Sábado

1ª – Na viagem o povo impacientou-se e falou contra Deus e contra Moisés.

2ª – O progresso, altamente proveitoso para o homem, encerra também uma grande tentação: uma vez perturbada a hierarquia dos valores e misturado o mal com o bem, os indivíduos e as coletividades só prestam atenção ao interesse próprio e esquecem o dos outros. Isto faz com que o mundo deixe de ser o lugar da verdadeira fraternidade e que o crescente poder da humanidade ameace destruir o próprio género humano.

Acertar o relógio e a vida

O relógio da vida

E a vida do relógio

Antigamente era mais difícil acertar o relógio do que acertar a vida.

Nos nossos dias é mais fácil acertar o relógio do que acertar a vida.

Hoje é necessário acertar as duas realidades, mesmo que continuem a chamar-nos antiquados ou atrasados.

E o mudo falou

5ª feira – III semana da quaresma

Jesus estava a expulsar um demónio que era mudo.

Logo que o demónio saiu, o mudo falou e a multidão ficou admirada.

O demónio ou o maligno não quer que escutemos (torna-nos surdos)

não quer que falemos ou anunciemos (faz-nos mudos)

não quer que acreditemos (torna-nos cegos)

não quer que o confrontemos (faz-nos passivos)

Como o demónio não quer que choquemos com ele, então põe-se a caminhar ao nosso lado.

De facto se nós nunca ficamos de frente com o maligno é porque não vamos contra ele, porque ele vai ao nosso lado.

Quando um cristão não fala de Deus, não ouve a sua palavra, não progride na sua fé, não participa nem reza, é sinal de que está a ser dominado pelo maligno, mesmo sem saber.

Não é por ser surdo que se afastou de Deus, mas o contrário: afastou-se de Deus e por isso tornou-se surdo, mudo, cego, passivo, frio.

Quando alguém se deixar conduzir por Cristo, toda a multidão fica beneficiada.

Ver também:

Demónio mudo

Povo de Deus, Deus do Povo

Endemoninhado e mudo

Só perdoa a quem perdoa

3ª feira – III semana da quaresma

Deus perdoa a quem?

- A quem pede perdão?

- A quem precisa de ser perdoado?

- A quem está arrependido?

- A quem promete emendar-se?

- Deus perdoa quem perdoa!

Deus só perdoa quem perdoa, porque só Deus perdoa. Quem não perdoa não é perdoado.

Por outras palavras:

Que é preciso fazer para ser perdoado?

Todos dizem que é arrepender-se e pedir perdão.

Jesus ensina diferente.

Para ser perdoado é preciso perdoar... porque é perdoando que somos perdoados.

Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.

Esta é a fórmula do perdão.

Ver também:

Totalidade

Setenta vezes sete

70X7

A fórmula do perdão

Perdoar é elevar

Perdoar para ser perdoado

Saber contar, saber perdoar

Perdoar sempre

Perdoar é libertar-se

Como nós perdoamos

Sermão da ave-maria

É sem dúvida os versículos do Evangelho e de toda a sagrada escritura mais repetidos desde sempre.

Ave-maria…é sem dúvida a oração mais repetida também.

A primeira parte é a evocação do evangelho e a segunda é a do sentir da igreja.

Mas não vamos refletir sobre o conteúdo da ave-maria, a sua origem, o seu significado teológico…

Vamos apenas fazer a apologia da recitação da ave-maria.

Vale a pena recitar a ave-maria porque é benéfica para todos:

Para Maria, para Deus, para os nossos irmãos (comunidade) e para nós próprios.

1º Benéfica para Maria

Alguns idosos dizem-me que sempre que ouvem determinada música vibram de felicidade pois foi a esse som que se conheceram, ou se enamoraram, ou pediram em casamento, ou nasceu filhos…

Repetir ave-maria é renovar e fazer reviver em maia a felicidade, o seu chamamento….

Ela exulta de alegria sempre que ouve essa saudação.

2ª Benéfica para Deus

Quando vejo alguém a passar junto da igreja e a benzer-se eu fico feliz e orgulhoso (e não é nada comigo). Ouvir alguém rezar a ave-maria enche-me também de alegria… e imagino Deus como não deve ficar.

Repetir a ave-maria é rezar a deus, é louvá-lo pelo seu projeto, é dizer que gostamos de quem deus gosta e gostamos de quem mais gosta de Deus.

3º Benéfica para os nossos irmãos

Na segunda parte não rezamos por nós. Não dizemos roga por mim pobre pecador (que é verdade mas não é a maneira própria de rezar), agora e na hora da minha morte… dizemos tudo isso no plural porque a oração é sempre plural. Quando rezamos a ave-maria rezamos em nome da comunidade… todos ficam a ganhar. É a oração da comunidade, mesmo rezada no isolamento, no silêncio ou no esquecimento, é sempre uma oração comunitária e faz bem a todos os irmãos. Sempre que alguém reza uma ave-maria, está a rezar por nós, a torcer por mim e por todos os meus irmãos. Nós nunca rezaremos tanto pelos outros como os outros rezam por nós, na ave-maria. Na oração não há palavras como EU, MEU, PARA MIM. Quem reza, reza sempre no plural, para em nome de todos e em benefício de todos. Quando eu oiço rezar uma ave-maria, fico contente pois alguém está a rezar por mim. Rezar uma ave-maria é viver em comunhão com os irmãos. É um grande benefício que nós fazemos aos outros nossos irmãos, mesmo sem eles saberem.

4º Benéfica para cada um

Terminamos pedindo: rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte, Na Ave-maria nós dizemos: Santa Maria Mãe de Deus rogai por nós pecadores agora e na hora da nossa morte. Ámen.

Eu prefiro concluir a recitação da Ave-maria de maneira diferente, dizendo:

Santa Maria Mãe de Deus rogai por nós pecadores agora e na hora do nosso Encontro com Deus. Ámen.

Prefiro dizer encontro e não morte, e não é por medo mas por confiança.

É este o meu sonho ao rezar a Ave-Maria:

Espero que ela me acompanhe pelos caminhos desta vida e que esteja presente também quando eu estiver diante de Jesus no encontro derradeiro e definitivo. Não quero estar sozinho diante de Deus.

Quero que Maria, sua e minha mãe, esteja presente nesse encontro.

Por outras palavras, Quero que seja Maria a fazer a minha apresentação a Deus à minha chegada ao Céu, pois ela não deixa de ser a Senhora da Apresentação. 

Rezar a ave-maria é estar ao lado de Maria, para que Maria esteja ao nosso lado na entrada no céu.

Rezar a ave-maria é benéfico para cada um, benéfico, no tempo e benéfico na eternidade.

Ver também:

Tudo começou assim

Virtudes da anunciação

O Angelus

O Angelus é uma oração, em devoção à Imaculada Conceição, repetida três vezes ao dia, de manhã, ao meio dia e ao entardecer. É constituída de três textos que descrevem o mistério da Encarnação, respondidos com uma Avé Maria e uma oração final. O nome "Angelus Domini nuntiavit Mariæ", foi retirado da Antífona de Nossa Senhora: "Alma Redemptoris", hino mariano do século XI.

Não se sabe ao certo a origem do Angelus, mas no séc. XIV já era comum em toda a Europa rezar, ao anoitecer, em louvor da Virgem Maria. Nessa época, os versículos não eram bem como os atuais. Eram assim:

Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum

Dulcis instar mellis campana vocor Gabrielis

Ecce Gabrielis sonat hæc campana fidelis 

Missi de coelis nomen habeo Gabrielis 

Missus vero pie Gabriel fert læta Mariæ

O Rex Gloriæ Veni Cum Pace 

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco

Doce como o mel é o sino de Gabriel

Escutai fiéis o sino de Gabriel 

Eu sou Gabriel enviado do Céu

O mensageiro Gabriel traz a Boa Nova à Virgem Maria

Ó Rei da glória, vem em paz;

O som dos sinos associado ao Angelus vem de São Boaventura, que determinou à Ordem dos Frades Menores, em 1269, que se tocassem os sinos no lusco-fusco, enquanto se rezava a Avé Maria. 

A prática de rezar também ao meio-dia, por sua vez, é posterior (séc. XV) e foi estimulada por Louis XI (1475), como uma oração pela paz, na medida em que a cristandade se encontrava ameaçada pelo domínio dos turcos. Em 1318, o Papa João XXII oficializou o Angelus ao conceder indulgências para quem a praticasse. Em 1724, o Papa Bento XIII, determinou cem dias de indulgência para cada oração do Angelus, com uma plenária uma vez por mês. Era necessário que o Angelus fosse dito de joelhos, (exceto aos Domingos e aos Sábados, quando se devia permanecer de pé) ao som do sino. Essas circunstâncias foram modificadas pelo Papa Leão XIII em 1884. Atualmente, é necessário apenas que a oração seja feita nas horas apropriadas, de manhã, ao meio-dia e à noite.

V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria

R. E Ela concebeu pelo Espírito Santo

Avé Maria...

V. Eis a escrava do Senhor.

R. Faça-se em mim, segundo a Vossa palavra.

Avé Maria...

V. E o Verbo Divino encarnou.

R. E habitou entre nós.

Avé Maria...

V. Rogai por nós, santa Mãe de Deus.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Oremos:

Infundi, Senhor, a vossa graça, em nossas almas, para que nós, que, pela anunciação do Anjo, conhecemos a encarnação de Cristo, vosso Filho, pela Sua paixão e morte na cruz, sejamos conduzidos à glória da Ressurreição. Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. Ámen.

Sermão das árvores

Ano C – III domingo da quaresma

Esta figura pode resumir a mensagem da liturgia deste domingo.

Não sei se é um livro em forma de árvore, ou se é uma árvore em forma de livro.

De facto, tanto na 1ª leitura como no trecho do evangelho de hoje temos lições de árvores.

Primeiro temos a lição da sarça ardente ou do espinheiro em chamas – Ela ensina a Moisés a Presença de Deus e leva-o à sua eleição ou vocação de libertador do Povo de Deus.

Depois temos a lição da figueira, que recebe uma nova oportunidade para passar a produzir frutos.

Ainda hoje nós podemos guardar estas duas lições destas árvores:

- A lição de que este tempo da quaresma é uma boa oportunidade para descobrir a presença de Deus nas situações mais inesperadas, por entre os espinhos ou no deserto quaresmal. Este é o tempo de redescobrir a proximidade ou a presença de Deus.

- A lição de que Deus dá-nos esta oportunidade para produzirmos bons frutos, de mostrarmos aquilo que valemos. Ele cuida de nós, alimenta-nos, reforça-nos de maneira especial para que os frutos de boas obras possam surgir. Este é o tempo, não das flores, mas dos frutos maduros de boas obras.

Ver também:

Cada árvore é um livro

Florir de novo

Aprender da figueira

III semana da quaresma

Ofício de Leitura

Domingo

1ª – Nem sequer ao pobre favorecerás no seu processo… Quando vires caído sob a carga o jumento do teu inimigo, não passarás adiante sem o ajudares.

2ª – Jesus pede de beber e promete dar de beber. Apresenta-se como necessitado que espera receber, mas é rico para dar em abundância.

2ª feira

1ª – Moisés veio comunicar ao povo todas as palavras do Senhor e todas as suas leis. O povo inteiro respondeu a uma voz: faremos tudo o que o Senhor ordenou.

2ª – A grandeza do homem, a sua glória e a sua dignidade consistem em conhecer onde está a verdadeira grandeza e segui-la de todo o coração…

Santoral 25/3

1ª – Natã disse a David: Faz tudo o que o coração te pede, que Deus está contigo.

2ª – A humildade foi assumida pela majestade, a fraqueza pela força, a mortalidade pela eternidade. Deus sendo invisível em Si mesmo, torna-se visível na nossa natureza…

3ª feira

1ª – Todo o povo arrancou as argolas de ouro das orelhas e levou-as a Aarão que fez dele um bezerro de metal fundido.

2ª – Para que não venhas a perder por ter guardado para ti, distribui aos outros para que venhas a recolher; dá a ti mesmo, dando aos pobres, porque o que deixares de dar aos outros, também tu o não possuirás.

4ª feira

1ª – O Senhor falava com Moisés frente a frente, com quem fala com um amigo.

2ª – A alma do homem deve ser pura como um espelho resplandecente. Quando um espelho está baço, não pode o homem contemplar nele o seu rosto; do mesmo modo, quando há pecado no homem, não lhe é possível ver a Deus.

5ª feira

1ª – Trabalharás durante seis dias, mas ao sétimo dia descansarás, até no tempo da lavra e da colheita.

2ª – No passado a oração fazia vir as pragas, aniquilava os exércitos, impedia o benefício das chuvas. Agora, porém, a oração afasta toda a ira de Deus, vela pelo bem dos inimigos e roga pelos perseguidores. Só a oração vence a Deus.

6ª feira

1ª – E todos os artistas a quem o Senhor dotou de talento e inteligência para saberem trabalhar, executarão todos os trabalhos destinados ao Santuário.

2ª – Para que o mistério da paixão do Senhor não seja inútil para nós, devemos imitar o que recebemos e anunciar aos outros o que veneramos.

Sábado

1ª – Sempre que a nuvem se elevava de cima do Tabernáculo, os filhos de Israel levantavam o acampamento para nova jornada. Mas se a nuvem não se elevava, eles não se moviam até ao dia em que ela se elevasse de novo.

2ª – Só a prática do bem não admite adiamento… O que se dá com tristeza e constrangimento nem agrada nem é digno.