quarta-feira, 29 de junho de 2011

Cruz Invertida

Solenidade de São Pedro e São Paulo

29 de Junho é o dia em que segundo a tradição os dois apóstolos foram martirizados em Roma: um crucificado, outro decapitado.

Por que motivo São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo?

a) Como sinal de humildade: Pedro ao saber que era condenado à crucifixão, terá pedido que fosse de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer na cruz como o Senhor Jesus.

b) Como sinal de serviço: Segundo a tradição, parece que era assim o costume de crucificar os escravos. Então Pedro foi crucificado como escravo e não como homem livre - ou porque achavam que ele era escravo da sua fé ou então para comprovar que ele mesmo se apresentava como Servo dos Servos de Deus, escravo dos escravos.

c) Como sinal de contradição: contam que quando Pedro soube que iria ser crucificado terá manifestado a sua alegria por dar testemunho como o seu Mestre. Então os carrascos para o contradizer inverteram a cruz, pondo-a de cabeça para baixo só para contradizer, contrariar ou desgostar o condenado.

d) Como sinal de eternidade: Só assim Pedro podia morrer com os olhos fitos no céu. Tal não aconteceria se a cruz não estivesse invertida. Pedro morreu olhando para o alto, para o céu para onde esperava entrar e do qual tinha recebido as chaves...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Banda d'Além

2ª Feira - XIII Semana Comum

Para seguir a Cristo é preciso passar para a Banda d’Além.

“Vendo Jesus à sua volta uma grande multidão,
mandou passar para a outra margem do lago (Mt 8,18).

Os barcos estão seguros se permanecerem no porto, mas não foram feitos para isso.

Aos seus discípulos Jesus sempre ordenará uma travessia.
Ninguém será discípulo do Senhor se não estiver disposto a olhar adiante, empreender caminhadas, enfrentar os seus próprios medos, enfrentar situações novas, vencer as limitações, aprender mais, descobrir melhor, romper com a paralisia, simplesmente ousar, atrever-se, enfrentar temporais…

Para fazer essa travessia é preciso desatar amarras (deixar as riquezas ou os poisos de segurança, a família, a casa do pai…) desprender-se da terra, do aqui e do agora e ir em frente.


sábado, 25 de junho de 2011

Renegue-se a si mesmo

Ano A - XIII Domingo Comum

RENEGUE-SE A SI MESMO
TOME A SUA CRUZ

- Cruz como sinal de persignar-se:
persigne-se e siga-me,
isto é, arrependa-se e siga-me.

- Cruz como altar de oferecimento:
cada um tem a sua cruz,
o seu modo de se oferecer.

- Cruz como sofrimento:
esqueça-se a si mesmo,
assuma o sofrimento e siga-me.

- Renegar-se não é ficar passivo:
é abraçar uma cruz,
usar as mãos.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Partir

2ª Feira - XII Semana Comum

Deixar tudo e seguir... é perfeição, diz o padre António Vieira.

O Senhor disse a Abraão:
Deixa a tua terra, a tua família e a casa do teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar.
Farei de ti um grande povo, abençoar-te-ei... E todas as famílias da Terra serão em ti abençoadas. Abraão partiu como o Senhor lhe dissera para a terra de Canaã… tinha 75 anos. (Génesis 12, 1-9)

Três propostas que Deus apresenta a Abraão: - deixar terra natal, - a pátria - e a família (casa do pai).
Três realidades: - uma geográfica, - uma cultural, -uma pessoal (de onde Abraão é chamado do fundo da sua própria identidade).

A vocação toma-o em tudo aquilo que é.
O chamamento de Deus manifesta-se, portanto, desde o início, como totalizante. Não pede um aspecto ou outro da vida de Abraão: pretende toda a vida até então vivida, e da qual é chamado a sair.
A vocação é ao mesmo tempo singular e plural.
Singular porque é um carisma pessoal dirigida a uma pessoa particular.
Plural porque engloba todas as dimensões da pessoa chamada e integra-a numa comunidade -”E todas as famílias da Terra serão em ti abençoadas” (Gn 12, 3).

Por esta primeira história vocacional poderemos ver como é impressionante a relação entre a singularidade e a universalidade, presente em cada vocação.
Abraão deixa de ter passado e idade – pois não há idade para ser chamado e partir.
Em Abraão desaparece tudo o que ele viveu e fez no passado, até ao momento do seu chamamento. Não pode voltar atrás.

Escreveu D. Hélder Câmara:
“...Missão é sempre partir, mas não devorar quilómetros. É, sobretudo, abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los. E se para encontrá-los e amá-los é preciso atravessar os mares e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo”.

Neste processo, pregar o Evangelho muitas vezes não significa falar, mas agir.
O “ir” implica um partir, mas não de um lugar físico. Este partir significa deixar tudo: casa, família, terras... (cf. Mt 19,29) para seguir a Cristo. Deixar pai, mãe, irmãos, não significa romper com a própria família, mas abrir-se para acolher uma família ainda maior, a grande família dos filhos de Deus. O partir é um sair de si para encontrar o outro.

domingo, 19 de junho de 2011

Trinitas

Solenidade da Santissima Trindade

Conta-se que certa vez um filósofo cruzou-se com as crianças que vinham da catequese.
- O que é que aprenderam hoje?
- Hoje aprendemos o mistério da Santíssima Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
- Ena pá, com tanta gente! E qual deles é o mais velho?
- As pessoas divinas são eternas portanto em Deus não há idade.
- Então o pai não é mais velho do que o filho? Insiste o filósofo.
- Claro que não. Aprendemos que há um só Deus em três pessoas iguais e distintas.
- Então diz-me lá. O teu pai não é mais velho do que tu?
- Não senhor...
- São essas mentiras que vão aprender à catequese? Olha, o meu pai é mais velho do que eu.
- Pois fique a saber que o meu não. O meu pai é há tanto tempo meu pai como eu sou seu filho. Enquanto eu não fui filho dele, ele não foi meu pai.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, ao Deus que é, que era e que vem, como era no princípio, agora e sempre.

As pessoas divinas não são três deuses porque o cumprimento, a largura e a profundidade dum corpo não são três corpos; nem a raiz, o tronco e os ramos não formam três árvores; como a forma, a cor e a fragrância da flor não fazem três flores. Assim Deus não se contenta em relacionar-se com o Homem apenas como Pai, mas também como irmão, por Jesus Cristo, e como Espírito vivificante.




sexta-feira, 17 de junho de 2011

Acumular no céu

6ª Feira - XI Semana comum

Não acumuleis tesouros na terra…
Acumulai tesouros no Céu…
Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração.

Mais do que negar as posses ou bens materiais, a concepção do Evangelho de Mateus era opor o projecto de riqueza ao projecto do Reino dos Céus Ambos os projectos – de riqueza e de Reino dos Céus – são opostos, pois tanto um quanto o outro ocupam todas as dimensões da vida e não se pode investir a vida em duas propostas distintas.
Nesse confronto entre Deus e a riqueza material é impossível unir as duas coisas, pois ambas exigem prioridades não sendo possível conciliá-los.
O que importa é optar, decidir-se, escolher, dar prioridade…
Optar entre duas hipóteses, é renunciar a algo para aderir ao que se acha único necessário.
Escolher algo como essencial é sinal de maturidade. Só um adulto é capaz de renunciar.
Acumulai tesouros no Céu… é o mesmo que dizer: sede adultos, maturos e responsáveis!


quarta-feira, 15 de junho de 2011

Quando jejuares

4ª Feira - XI Semana Comum

O jejum não muda a Deus.
Ele é sempre o mesmo, antes, durante e depois do nosso jejum.
Jejuar só mudará a nós mesmos.
Vai ajudar a manter-nos mais suscepíveis ao Espírito de Deus.
O jejum não tornará Deus mais bondoso ou misericordioso para connosco.
O jejum deixará o nosso espírito mais atento, pois mortifica a carne e espevita a alma.
Quando jejuamos, não devemos mirar o jejum, mas sim em Deus.
A resposta às orãções flui melhor quando jejuamos, porque através desta prática estamos a libertar o nosso espírito.
O jejum não é um fim em si mesmo, mas um meio para tomarmos consciência da nossa contingência e da nossa constante fome de Deus.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Sobressair em tudo


3ª Feira – XI Semana Comum

Na 1ª Leitura São Paulo lembra que os Coríntios sobressaíam em tantas coisas, 6 ao todo:
- na fé
- na eloquência
- na ciência
- em tudo o que é útil
- na caridade
- na generosidade

Isto quer dizer que não basta ter fé, é preciso expressá-la com elegância e eloquência.
Não basta ter ciência, é preciso torná-la útil.
Não basta ter caridade, é preciso acrescentá-la com generosidade.

E nós?
Façamos a lista daquilo que devemos sobressair para que sejamos perfeitos como é Perfeito o nosso Pai Celeste.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Santo António

Dia da Festa de santo António

Duas lições do Doutor Evangélico:

1. Lição das abelhas
“Os bons cristãos deveriam seguir o exemplo das abelhas.
Diz-se que as abelhas se colocam com todo cuidado nos buracos da entrada da colmeia e, na eventualidade de que algum bichinho consiga entrar, elas não o deixam em paz e o perseguem por todos os lados até expulsá-los para fora da colmeia... como as colmeias, assim são os nossos corpos, possuem cinco entradas que são os cinco sentidos. Entre estes, de especial importância são os olhos com os quais temos que vigiar atentamente para que não penetre em nós algo estranho e turvo.
Se alguma sugestão diabólica ou algum instinto perverso perturbar nosso espírito, não devemos de jeito nenhum e por nenhum motivo permitir que permaneça por muito tempo em nós. Com efeito, sua demora transforma-se em perigo e, assim afirmam os moralistas, um pensamento mau, conservado com complacência, já constitui uma falta moral. Portanto, logo que a consciência adverte que o pensamento está indo para o ilícito e não o afasta, está permitindo que se forme o assim chamado pensamento mau cultivado.
Como as abelhas, assim o bom cristão deve movimentar-se prontamente e, com o ferrão de sua boa consciência e da oração, tem que perseguir sem cansar-se os intrusos até expulsá-los para fora da colmeia de seu coração…”
(Sermões de Santo António Dom, III in Quadr., 1,153,27155,10)

2. Lição sobre a Oração
O que é que Santo António ensina sobre a Oração?
“Oração é dirigir os nossos afectos para Deus; é um devoto e amigável falar com Ele. É a tranquilidade da mente iluminada do alto.
Oração é também pedido para obter os bens temporais necessários para esta vida terrena.
Por fim, Oração é agradecer, isto é, reconhecer os benefícios recebidos, e oferecer todo o nosso empenho a Deus, de modo que a nossa Oração possa ser permanente.
O Senhor manifesta-se àqueles que param por um pouco de tempo em paz e humildade de coração. Se tu olhas nas águas turvas e turbulentas, não podes ver a expressão do teu rosto. Se tu queres ver o rosto de Cristo, pára, recolhe os teus pensamentos, em silêncio, e fecha a porta da tua alma ao rumor das coisas exteriores.
A saudação dos anjos e as bênçãos de Deus não são para aqueles que vivem na praça pública, isto é, fora de si, agitados e distraídos. O doce "Avé" foi dirigido a Maria quando Ela estava absorvida na oração, no silêncio de sua casa. Deus, para ser capaz de falar à alma e enchê-la com o conhecimento do seu amor, condu-la à solidão, destacando-a das preocupações das coisas terrenas. Ele fala ao ouvido daqueles que são silenciosos, e fá-los participantes dos seus segredos.
…Quem não pode fazer grandes coisas, faça ao menos o que estiver na medida de suas forças; certamente não ficará sem recompensa…”

A tradição popular diz que Santo António deu uma oração a uma pobre mulher que procurava ajuda contra as tentações do demónio.
Sisto V, Papa franciscano, mandou esculpir a oração - chamada também de "lema de Santo António" - na base do obelisco que mandou erigir na Praça de S. Pedro, em Roma.

Ecce Crucem Domini!
Fugite partes adversae!
Vicit Leo de tribu Juda,
Radix David! Alleluia!

Eis a cruz do Senhor!
Fugi forças inimigas!
Venceu o Leão de Judá,
A raiz de David! Aleluia!

Esta breve oração tem todo o sabor de um pequeno exorcismo. Também nós podemos usá-la - em latim ou português - para nos ajudar a superar as tentações que se nos apresentam.

domingo, 12 de junho de 2011

Sopro de Deus

Ano A - Pentecostes

Estávamos a reflectir sobre o Evangelho do envio dos Apóstolos e a infusão do Espírito Santo:
“Jesus disse-lhes – assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós. Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo...”
- Quem quer dizer porque é que Jesus soprou sobre os seus discípulos?
Um garoto respondeu com simplicidade:
- Para os empurrar e irem mais depressa.
Não era essa a resposta que eu esperava mas afinal o mesmo Espírito continuava a inspirar estas ideias. Pus de parte as complicadas reflexões teológicas, que tinha preparado, e deixei-me envolver por esta linguagem simples e sugestiva, tão ao jeito do mesmo Espírito.

De facto o Espírito Santo dá-nos a força e a urgência das coisas. Predispõe-nos a partir. É esse sopro que nos empurra, que nos dá a responsabilidade de profetas e enviados.
O Espírito é “pneuma”, ar, sopro ou vento. É ele que nos faz mexer porque é acção ou dinamismo. Ninguém o pode agarrar ou guardar só para si, pois é espírito de unidade e de comunhão. Sopra onde quer, não tem grades ou cadeias, é Espírito de liberdade. Não se vê mas sente-se, pois é humildade e discrição. Envolve-nos por dentro e por fora porque é afago e amor. É vento ou sopro que varre e limpa como espírito de purificação. Sendo ar, oxigénio, respiração, é vida.
É este sopro que nos leva longe.


terça-feira, 7 de junho de 2011

Como servir

3ª Feira – VII Semana da Páscoa

Na primeira Leitura São Paulo ao despedir-se dos seus amigos de Mileto, faz a lista do serviço que ali prestou a Deus.

Ele como?
- Serviu com humildade (é este um bom serviço a Deus e aos irmãos)
- com lágrimas (são um genuíno ministério)
- com provações (através de sacrifícios e sofrimentos
- sendo útil para todos (com proveito)
- com pregações (serviço da palavra)
- com instruções (serviço da correcção fraterna)
- em público (na comunidade)
- em particular (no relacionamento pessoal)
- com exortações (a todos motivando)
- tanto a judeus (os de mais perto)
- como os gregos (os mais distantes)

Perguntemos como é que nós estamos a servir a Deus, de que formas variadas… São Paulo apresenta 12 maneiras diferentes de servir a Deus, e nós?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Eu venci o mundo

2ª Feira - VII Semana da Páscoa

No mundo tereis tribulações, mas tende confiança, eu venci o mundo.

Nos primeiros anos do meu ministério sacerdotal, ao ter grandes tarefas para assumir, eu sentia muito medo. Fui consultar um santo sacerdote que me disse:
- Usa este lema - Eu não Vos temo porque vos amo. Pois o amor vence todas as barreiras, todas as tribulações. Só a força do amor abala as estruturas do medo.

"No mundo tereis tribulações" - Hoje estas tribulações não são perseguições, martírios, ou tarefas difíceis a assumir... são simplesmente tentações, inclinações, pecados que nos afligem ou o mal que nos persegue.

São Domingos Sávio dizia: Antes morrer que pecar!
Hoje as pessoas têm medo da verdade, medo da morte, medo das doenças, medo de Deus, mas não têm medo do pecado.

Hoje peço a Deus um santo medo, o medo de pecar. Quero ter medo de fazer o mal, um medo sadio porque é fruto do temor a Deus.

Deixemos que a graça de Deus nos afaste dos medos doentios e restaure em nós o temor de Deus.
Que em tudo possamos ouvir a voz do Senhor que nos diz:
- Coragem... Não tenhais medo de lutar contra o pecado, contra o mal. Tende confiança, pois em venci o mundo.

Ascensão

Ano A - Domingo da Ascensão

A - Olhar para a frente sem deixar de olhar para o alto.
B - Olhar para o alto sem deixar de olhar para a frente.
C – Dia mundial das comunicações sociais
D – Oração digital

A – Olhar para frente
Estavam os discípulos a olhar para o alto, quando duas figuras lhes apareceram e disseram: porque olhais para o alto, ide a caminho da Galileia… e pregai a boa nova…
Em vez de ficarmos a olhar para o alto, é preciso olhar para a frente e seguir o caminho da evangelização.
Há outro motivo para olhar para a frente em vez de ficarmos parados a olhar para o alto:
Um dia o Sr. Prior pregou sobre a Ascensão do Senhor… No final um paroquiano foi ter com ele e felicitou-o:
- Muito bem pregou o Sr. Prior hoje. Que palavras eloquentes sobre o Céu para onde Jesus se elevou… É pena que o Sr. Pior tenha dito como é o céu ou o paraíso mas não disse onde é que ele fica. Disse o que é, mas não onde está…
- Queres então saber onde podes encontrar o céu? Fica na Rua das Giestas, nº 9.
O Paroquiano ficou meio amuado com a resposta. O Prior estava a gozar com ele. Mas pelo sim, pelo não a caminho de casa passou pela rua das Giestas e encarou com o nº 9. Parou, espreitou, entrou curioso e viu uma mulher, doente, rodeado de filhos pequenos, na maior miséria. Começou imediatamente a ajudar, foi pedir mais socorro e toda a paróquia amparou aquela família que passou a viver com toda a dignidade e na maior felicidade partilhada por todos.
Ali estava o paraíso ou o céu…
É preciso olhar para a frente, como enviados e como agentes do bem… pois é aí que está o paraíso para onde Cristo nos quer levar.

B – Olhar para o alto
Jesus elevou-se para nos atrair para lá, para orientar o nosso olhar até ao alto.
O que nós precisamos encontra-se lá no alto onde Jesus nos foi levado.
Numa tarde de primavera uma menina foi passear pelo campo. Parou junto a um riacho e mirou-se na água límpida e transparente. No fundo da água viu uma linda rosa. Esticou logo a mãozinha para alcançá-la. A água tremeu e a menina deixou de ver a flor. Momentos depois a água serenada voltou a apresentar-lhe a linda rosa lá no fundo. Nova tentativa para apanhá-la lá na água. Nesse momento ouviu uma voz:
- Menina, porque está a tentar alcançar aí em baixo, o que se encontra no alto. Olha para o céu…
Ela levantou-se e viu a roseira que ostentava a linda flor sobre a sua cabeça e que a água do riacho reflectia. Ela colheu então a flor, enfeitou o seu chapéu seguiu feliz.
Em vez de olharmos para o chão, à procura de algo que nos faça felizes, olhemos para o alto, pois de lá nos vem toda a nossa felicidade.

C – Mensagem do Papa
para o 45º dia mundial das comunicações sociais:
“Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital”

É uma reflexão sobre a difusão da comunicação através da rede internet.
Alguém dizia-me que era preciso adaptar o Evangelho e a pastoral às novas tecnologias, sobretudo às redes sociais (Facebook, Youtube, Hi5, Twitter, Blogger, Orkut, Myspace, Newsletter...).
Pois então, eu pensava que era o contrário: é preciso sim adaptar as novas tecnologias ao Evangelho e aos valores evangelhos… Deixar que a luz do Evangelho ilumine esses instrumentos de comunicação.
Quem nos dera que as redes sociais que tanto aproximam as pessoas e estreitam a sua união, possam também aproximar as pessoas de Deus e Deus das pessoas….

D- Oração na Net

Hoje rezo com e pelo autor desta oração que desconheço a sua identidade:

“Mais perto que o aqui.
Mais rápido que o já…
Ainda só Te desejo e aí está,
Na sombra da minha porta,
O toque da Tua voz.
Penso e Tu sabes
A palavra antes do ar.
Sonho e já existe a matéria
Que quero transformar.
E se me perco na procura
Das coisas sem sentido,
És Tu que me encontras, alegre
No meu caminho dorido!...
Conheces todos os sinais
Por que me digo
E, eu, o caminho recto
De falar contigo:
P@i.com

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Missão comprida

Ano A - Ascensão

Depois de ter proclamado o Evangelho da Ascensão do Senhor, o sacerdote perguntou aos catequizandos:
- Então, quem é capaz de dizer o que é que Jesus fez no dia da Ascensão?
- Ele foi descansar – Respondeu com toda a seriedade um dos miúdos.
- Como assim? Explica-te melhor, pediu o padre, surpreendido por aquela resposta inesperada.
- Jesus primeiro mandou os seus discípulos ir por todo o mundo levar o evangelho e depois foi sentar-se à direita do Pai pois já tinha quem fizesse o trabalho que ele fazia antes.
O sacerdote não teve outro remédio que consentir que de facto o miúdo tinha razão.

Cristo subiu aos Céus pois já tinha quem continuasse a sua obra cá na terra, apesar de cooperar com eles. Deixava a sua missão cumprida. Ao mesmo tempo deixou-a comprida, pois tinha de continuar através dos seus enviados.
O mistério da Ascensão de Jesus traz a responsabilização dos seus discípulos. Deixa-os em liberdade, com o poder e a responsabilidade de continuarem a sua obra. É por isso que eles não podiam ficar parados a olhar mas tinham de pôr mãos à obra. E quando todos estiverem instruídos, todo o mundo subirá, ou melhor, Cristo descerá ao seu encontro outra vez.
Toda a vida de Cristo foi uma ascensão tal como um convite a que cada cristão deve elevar-se, projectar-se na eternidade.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

5ª Feira da Espiga

5ª Feira - VI Semana da Páscoa

Quinta-feira da Ascensão ou da Espiga

Denomina-se "Quinta-feira de Espiga" ou "Dia da Espiga", a quinta-feira de Ascensão em que a Igreja comemora a Ascensão de Jesus ao Céu, 40 dias após a Páscoa da Sua Ressurreição.
Para simbolizar a bênção dos primeiros frutos, colhe-se pelos campos espigas de vários cereais, flores campestres e raminhos de oliveira para formar um ramo, a que se chama de espiga.
Segundo a tradição o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte.
O raminho de flores é constituído por:
- uma flor branca que simboliza a paz;
- uma amarela, o ouro;
- uma espiga, o pão;
- uma papoila, o amor;
- malmequer, ouro e prata;
- videira, vinho e alegria;
- alecrim, saúde e força.
- e um raminho de oliveira, o azeite.
Guardá-lo em casa durante todo o ano é condição para ter sempre alegria, dinheiro, paz e pão.
O dia da espiga é também o "dia da hora" e considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se deve trabalhar.
É chamado o dia da hora porque nessa hora, ao meio-dia, tudo pára:
- as águas dos ribeiros não correm,
- o leite não coalha,
- o pão não leveda
- e as folhas cruzam-se.
É nessa hora que se deve colher as plantas para fazer o ramo da espiga.
Tudo isto para dizer que na 5ª feira da Ascensão, Céu e Terra uniram-se; o Céu ficou uma nova Terra e a Terra um novo Céu formando assim um todo; pois Jesus ao elevar-se, todos e tudo elevou, unificou e santificou.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ser criança

Hoje celebra-se o dia da criança

Recordo um modelo evangélico:

Irmã Teresa do Menino Jesus era alta, media um metro e sessenta e dois, enquanto a Madre Inês de Jesus era bem mais baixa.
Perguntei-lhe um dia:
- Se te deixassem escolher, que terias preferido: ser alta ou baixa?
Ela respondeu sem hesitar:
- Escolheria ser baixa para ser pequena em tudo.
A Igreja sempre viu em Teresa do Menino Jesus a santa da infância espiritual.
É o próprio Evangelho, é o coração do Evangelho que ela redescobriu; mas com que graça e frescor: ‘Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus’ (Mt 18, 3)

Ao Deus Desconhecido

4ª feira - VI Semana da Páscoa

Oração de Nietzsche

Muitos só conhecem de Nietzsche a frase “Deus está morto”. Não se trata do Deus vivo que é imortal. Mas do Deus da metafísica, das representações religiosas e culturais, feitas apenas para acalmar as pessoas e impedir que se confrontem com os desafios da condição humana. Esse Deus é somente uma representação e uma imagem. É bom que morra para liberar o Deus vivo. Mas não devemos confundir imagem de Deus com Deus como realidade essencial.
Nietzsche estudou teologia. Eu pude dar uma palestra na Universidade de Basileia na sala em que ele dava aulas, quando fui professor visitante em 1998 lá.
Esta oração que aqui se publica é desconhecida por muitos, até por estudiosos do filósofo. Foi encontrado entre os seus escritos póstumos. (Leonardo Boff.com)

Oração ao Deus desconhecido

Antes de prosseguir no meu caminho
e lançar o meu olhar para frente
uma vez mais elevo, solitário,
as minhas mãos a Ti,
na direcção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas do meu coração,
tenho dedicado altares festivos,
para que em cada momento
a tua voz me possa chamar.

Sobre esses altares está gravada em fogo
esta palavra: “ao Deus desconhecido”.
Eu sou teu, embora até o presente
me tenha associado aos sacrílegos.
Eu sou teu, não obstante os laços
me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
sinto-me forçado a servir-Te.

Eu quero conhecer-Te, ó Desconhecido!
Tu que me penetras a alma
e, qual turbilhão, invades a minha vida,
tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero conhecer-Te,
quero até servir-Te.

Friedrich Nietzsche (1844-1900) em Lyrisches und Spruchhaftes (1858-1888). O texto em alemão pode ser encontrado em Die schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche, Diogenes Taschenbuch, Zürich 2000, 11-12 ou em F.Nietzsche, Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994.