sexta-feira, 30 de agosto de 2013

50%

6ª Feira - XXI Semana Comum
 
O Reino dos céus é como 10 donzelas, 5 prudentes e 5 imprudentes.
 
Cada um de nós é como o Reino dos céus: 50% das vezes prudentes, 50% imprudentes.
 
Isto quer dizer que somos 50% bons e outro tanto menos bons.
Mas quer dizer sobretudo que afinal nós não somos assim tão bons como imaginamos, nem somos tão maus como pensamos. Somos 50% de cada.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Liçoes de Herodes e de João Batista

 
Memória do Martírio de São João Batista
 
Podemos acolher 3 mensagens ou lições que João Batista nos dá e outras 3 lições dadas por Herodes.
 
João Batista ensina-nos:
1º - Imitar a Cristo não só nos momentos mias felizes, mas também nos momentos mais dolorosos. João Batista foi precursor ou imitador de Jesus na sua vida, na sua palavra e na sua morte, ocorrida precisamente um ano antes da de Jesus.
Saibamos então nós também imitá-los.
2º - João era um homem justo, isto é, equilibrado.
3º - João era reconhecido como um homem santo. É preciso ver os ouros com os mesmos olhos.
 
Herodes ensina-nos:
1º - Se nos precipitamos, se fazemos promessas ou juramentos de maneira precipitada, mais cedo ou mais tarde arrepender-nos-emos. Não juremos ou prometemos nos momentos de tensão.
2º - Herodes iludiu-se pensando que ao calar a voz, calava a verdade. Ensina-nos assim que calar a voz não é calar a verdade.
3º - Ele pensava que João estava contra ele, mas não. João falava a verdade, estava contra o erro e não contra o homem.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Orações e lágrimas

Memória de Santa Mónica (331-387)

Mónica vivia preocupada com os desmandos do seu filho Agostinho.
Inteligente, mas inquieto, deixava-se arrastar pelas paixões e pelos falsos ideais.
Um dia esta mãe foi ter com um bispo famoso e santo, Ambrósio de Milão, pedindo-lhe ajuda para converter o seu filho.
- Deixe-o ficar assim. Limite-se a rezar por ele... Pouco a pouco reconhecerá os seus erros e converter-se-á.
Ela insistia com mais pedido e lágrimas.
- Vá em paz. É impossível que se perca um filho de tantas lágrimas...
As lágrimas daquela santa mãe foram o primeiro batismo do seu filho.
Vinte anos de preces regadas pelas lágrimas alcançaram a graça da conversão.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Rainha e Mãe


Memória de Nossa Senhora Rainha, na oitava da Assunção para sublinhar o nexo da realeza com a sua glorificação.
Na mistérios gloriosos do Rosário, depois da Assunção contemplamos a Coroação de Maria como Rainha do Céu e da Terra.
“No Céu, Maria resplandece como Rainha e intercede como Mãe.”
 
No passado dia da Assunção o Papa Francisco visitou as Clarissas de Albano e contou-lhes esta história:
“São Pedro nem sempre abre a porta quando chegam os pecadores e, então, Maria sofre um pouco, permanece ali. E à noite, quando se fecham as portas do Paraíso, quando ninguém vê e ouve, Maria abre a porta do Paraíso e deixa entrar todos.”
 
É esta a missão de Maria e da vida contemplativa na clausura. No silêncio, na escuridão, na noite, quando ninguém vê ninguém sabe e ninguém se apercebe… realiza-se uma grande missão, a de abrir as portas do Paraíso para que toda a humanidade possa entrar, todos os homens, irmãos e irmãs que talvez nem mesmo conheçam, nem mesmo saibam e talvez não tenham dom da fé. Como Maria, a nossa missão é abrir a porta e dar novamente confiança e esperança.”

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Bernardo cicerone

Memória de São Bernardo de Claraval.


1. Monge na terra
Chegou o dia em que Bernardo de Claraval e seus três irmãos iam cumprir o voto, que tinham feito, de consagrar-se a Deus na vida religiosa. O mais velho, ao despedir-se disse ao mais novo:
- Nivardo, nós vamos embora. Deixamos-te as nossas terras e todos os nossos bens.
- As partilhas não são justas, - respondeu Nivardo – porque me deixais a terra e levais o céu.
Pouco tempo depois, seguia o exemplo dos irmãos.

2. Cicerone no Céu
Na Divina Comédia São Bernardo aparece como o guia ou cicerone de Dante no último céu. Este pede à Virgem Maria que conceda a Dante a graça de contemplar a Deus. E tal aconteceu, terminando assim a viagem do poeta.
Quem queremos ter como nosso guia ou cicerone no paraíso?
Todos os que nos precederam na vida eterna, todos os santos acompanhar-nos-ão nessa visita guiada à nossa chegada ao céu.

3. Mestre na santidade
São bernardo resume as características pessoais do educador:
Gravidade nas ações, sorriso nos lábios, ponderação nas palavras.
Educar é contagiar.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dehon e Portugal (2)




Riquezas = espinhos

2ª Feira - XX Semana Comum

O jovem retirou-se entristecido, porque tinha muitos bens.

"As riquezas são verdadeiros espinhos:
Elas magoam-nos com mil penas ao adquiri-las,
Com muitas inquietações ao conservá-las,
Com muitos desgostos ao gastá-las,
Com muitas penas ao perdê-las."


(São Francisco de Sales)

Memorial Pe. Colombo (8)



50 Escudos
Era todo o dinheiro que os pioneiros SCJ
tinham quando chegaram à Madeira
para implantar a Congregação em Portugal.

"No dia 17 de 1947 chegaram a esta ilha da Madeira, no Carvalho Araújo, dois padrezinhos, o Pe. Canova e o Pe Colombo vindos daquela Itália espezinhada pela guerra. Tinham chegado sem dinheiro. Só tinham ficado com uns 50 escudos. resto da viagem Lisboa-Funchal, pago pela intervenção da boa alma de uma benfeitora de Lisboa..." (Cf. Pe. Ângelo Colombo SCJ na sessão solene das comemorações dos 25 anos da Província Portuguesa SCJ, a 17 de outubro de 1991, no Colégio Missionário, Funhcal; Cf. Erudímini 3, Memórias do Padre Ângelo Colombo, Lisboa, 1994)

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Assunção

Duas mensagens:
 
1ª - Assim como Maria na visitação levou o seu Filho até Ain Karim assim também na sua viagem da terra ao Céu nos levará a todos como seus filhos.
Maria leva consigo um pouco de cada um de nós, como seus filhos...
Deixemo-nos elevar juntamente com ela.
 
2ª - Numa grande superfície comercial um petiz de palmo estava parado a chorar. Todos perguntavam se tinha perdido a sua mãe e ele soluçando dizia que não. Até que um segurança pegou nele ao colo e perguntou com calma:
- Lindo menino, diz-me onde é que perdeste a tua mãe?
- Eu não perdi a minha mãe - respondeu prontamente o miúdo - a minha mãe é que me perdeu!
Está perfeitamente certo. É o maior que perde o mais pequeno... mas isto tem uma mensagem apropriada para este dia: Sem a nossa mãe por perto nós sentimo-nos perdido. É por isso que Maria está sempre connosco. Ela não nos perde de vista. É por isso que ela foi para o céu para poder seguir a cada um dos seus filhos.
O mesmo se pode dizer da nossa Mãe Igreja. Sem ela sentimo-nos perdidos.
É por isso que Maria é nesta festa da Assunção apresentada como imagem da Igreja.
Saibamos descobrir então o caráter eclesiológico de Maria bem como o caráter mariano da Igreja.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Memorial Pe. Colombo (7)


Última Entrevista na Madeira

Um dos fundadores do Colégio Missionário do Funchal
Pe. Ângelo Colombo
“A Madeira continua a dar importante contributo à obra missionária mundial”


No passado dia 17 de outubro, o Colégio Missionário do Funchal celebrou os quarenta e um anos da sua fundação. No ano de 1947 estavam na Madeira aqueles que iriam ser os obreiros deste Colégio, sendo o Pe. Ângelo Colombo um dos seus dinamizadores. Volvido todo este tempo este sacerdote italiano que durante vários anos trabalhou na Madeira aqui regressou para estar presente nas comemorações desta efeméride que hoje se realizam…

O Pe. Colombo nesta hora de regresso momentâneo à Madeira recorde-nos como nasceu o Colégio Missionário do Sagrado Coração de Jesus:

- Quando aqui chegamos em 1947, a nossa missão específica era criar um seminário para a formação de futuros missionários que iriam exercer a sua atividade em Moçambique. Nessa altura fomos muito bem acolhidos pelo então bispo da diocese D. António Ribeiro que em princípio nos indicou o Pe. Laurindo, na altura pároco de santa Maria Maior, e que se preparava para fundar a Escola de Artes e Ofícios do Funchal. A obra ia surgir e necessitava de orientação pelo que o então Prelado da Diocese pensou que nós seríamos as pessoas indicadas para o efeito. Passados seis meses compreendemos que esse não era o melhor campo para desenvolver o nosso trabalho específico.
Após algumas dificuldades naturais para quem começa uma obra, decidimos alugar uma casa, para instalarmos um seminário onde os jovens se preparassem para as missões. Encontrámos então, uma quinta, propriedade do Sr. Dr. Jacinto Gomes Henriques, e situada no Caminho do Monte, que nos servia perfeitamente.
Assim e após as necessárias adaptações, tivemos a grande alegria de vermos o nosso sonho tornar-se realidade, com a solene inauguração do denominado Colégio Missionário do Sagrado Coração de Jesus, no dia 17 de Outubro de 1947. D. António Pereira Ribeiro presidiu à primeira missa aqui celebrada dando-nos também incentivo para prosseguirmos a obra.

- E o Colégio Missionário como cresceu?

- Ao longo destes quarenta e um anos, este Colégio passou por muitas transformações, como é natural. Todavia desde a primeira hora que tivemos o total apoio dos madeirenses. Encontramos na Madeira, gente maravilhosa, que nos apoiava em todos os momentos encorajando-nos a superar as dificuldades. Nós quando chegamos ao Funchal, apenas trazíamos cinquenta escudos, mas uma enorme vontade de trabalhar pelo Reino do Coração de Jesus.
Quero ainda referir o trabalho desenvolvido pelo então Bispo da Diocese D. António Ribeiro, que nos tratou tal como um pai trata os seus filhos. Depois houve a especial ajuda dos grupos missionários dos arredores da nossa casa, que começaram a se entusiasmar com a nossa obra, contribuindo decisivamente para o crescimento desde seminário.
Ouras entidades colaboraram connosco como por exemplo o “Jornal da Madeira” que nessa época publicou diversos artigos e reportagens a nosso respeito encorajando-nos em todos os sentidos.

- Dos primeiros alunos entrados para o Colégio Missionário, quantos concluíram o curso?

- Foram cinco os madeirenses que viriam a ser ordenados presbíteros e que atualmente trabalham tanto em Portugal, como em Moçambique. Foram eles um belo exemplo para os muitos que nestes últimos anos se formaram neste Colégio.

- Quanto a vocações sacerdotais, na vossa congregação, elas aumentaram?

- Quando o Colégio Missionário abriu as suas portas muitos foram os que nele entraram. Muitos concluíram o seu Curso. Depois houve uma certa crise vocacional nos anos sessenta, mas agora a situação parece estar a melhorar, até porque temos visto que nestes últimos tempos surgiram vários sacerdotes dehonianos madeirenses. Atualmente está neste colégio, um bom núcleo de jovens que se preparam para o futuro, como missionários. Espero que eles possam continuar a ser corajosos de modo a enfrentarem sem desânimo o futuro.

- Neste Dia Mundial das Missões, que mensagem quer dirigir aos madeirenses, em especial?

- Queria endereçar uma mensagem de encorajamento. Que as famílias nunca receiem dar os seus filhos para o serviço das missões. Que não tenham medo de serem verdadeiros apóstolos de Cristo no mundo.
O meu desejo é que a Madeira continue a ser um centro vocacional de primeira qualidade como sempre foi.

(In Jornal da Madeira, Domingo 22 de outubro de 1989, página 20)



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Quem é a ovelha perdida


3ª Feira - XIX Semana Comum

Que Pastor há, diz Cristo, o qual tendo cem ovelhas, se acaso se lhe desgarrou e perdeu uma e não deixe as noventa e nove no redil, e vá buscar a ovelha perdida.
Assim o fez o mesmo Cristo.
A ovelha perdida era o homem.
As noventa e nove eram os coros dos Anjos.
O redil onde as deixou, era o Céu.
Assim o bom e verdadeiro Pastor deixou o céu e veio à terra para acudir a uma só ovelha perdida.
Ele quis trocar o Céu pela terra, não só para conservar todo o seu rebanho, mas para acudir a uma só ovelha.


(Pe. António Vieira in Sermão a São Gonçalo de Amarante, Baía, 1682)

Memorial Pe. Colombo (6)


Os últimos tempos do Pe. Colombo

Estive com o Pe. Colombo em Aveiro, no primeiro ano do Seminário da Boavista, tive-o como conselheiro provincial na primeira administração provincial, voltei agora nestes últimos dois anos e meio a estar com ele na comunidade do Porto-Boavista.
Encontrei-o ainda rijo, mas já vergado pela doença à qual se tinha acostumado tentando enganar a si próprio com um programa de vida regular que ainda era suficientemente forte para uns trabalhos.
Quando o mal atacou (um tumor maligno) em cheio o pulmão esquerdo tudo parecia indicar estar próximo do fim. Mas com a ajuda de Deus (pela Santa Unção que lhe foi administrada), pela perícia dos médicos e pelo carinho dos confrades, das pessoas amigas e das Irmãs da Casa de Saúde da Boavista, conseguiu também desta vez ultrapassar o obstáculo e viver mais dois anos e uns meses discretamente.
A pergunta que muitas vezes me fazia, logo de manhã, era esta: “que trabalho há para fazer?” O seu martírio era ver os outros trabalhar e ele não poder dar uma ajuda conforme a necessidade. Ultimamente, deixávamos os trabalhinhos mais leves para ele os fazer e se entreter como: colar os selos nas catas da secretaria, preparar os envelopes dos aniversários dos Valentes e dos sócios dos grupos missionários, etc… Ajudava na preparação da expedição da Folha dos Valentes, menos nestes últimos dois meses em que já não sentia força nenhuma.
Durante este último ano, à falta de forças, às doenças juntou-se-lhe também uma crise espiritual de inapetência da oração, exemplos sérios por ninharias. Coisa muito estranha num homem de decisões como ele. Só o seu espírito de obediência aos Superiores é que o ajudava a superar os pontos críticos.
A idade não perdoa a ninguém: começou a esquecer-se com uma certa facilidade. A surdez afetava-o e isolava-o terrivelmente, daí a sua curiosidade em remexer tudo aquilo que encontrava à mão para estar a par dos acontecimentos.
A sua presença nas orações comunitárias de laudes, vésperas e Adoração era um estímulo para toda a comunidade. Gostava de concelebrar na Missa paroquial do sábado à tarde e na do domingo às onze horas. Através destas participações saboreava o dia do Senhor. Os cumprimentos das pessoas que o conheciam, depois da Eucaristia, deixavam-no bem-disposto. O chá da Teresinha, prima do Pe. Carrara, que tratava da cozinha na residência paroquial da Boavista, consolava-o.
No início deste ano letivo tinha-me pedido que o levasse à Portelinha quando às quintas-feiras lá fosse para o confesso dos alunos. Regozijava-se em saber que o Seminário Padre Dehon e o Colégio Missionário estavam cheios de alunos.
Sentia uma profunda mágoa quando se apercebia que algum religioso ou alguma comunidade mostrava sinais de tibieza na vivência do nosso carisma e em particular da pobreza. Ele, que tinha passado por tempos de privações, como foram os primeiros tempos de todas as nossas casas e da Província, não conseguia aceitar muitas comodidades que a nossa sociedade de hoje oferece.
Para mim, que lhe fazia um pouco de enfermeiro, tinha uma estima muito grande. Quando faltava em casa por mais de umas horas, parecia que lhe faltava algo…, ficava ansioso. A nossa empregada D. Camila, lidava com ele com muita atenção e carinho, como se fosse o seu pai.
Agora, sentimos o vazio da sua ausência; penso, porém, que temos um grande amigo no céu a pedir a Deus por toda a comunidade.
A sua passagem pelos grupos missionários deixou uma ótima recordação. As zeladoras perguntavam muitas vezes por ele e enviavam-lhe cumprimentos, beijinhos e doces, que com muito gosto colocava ao dispor de toda a comunidade. Quando recebia algum presente entregava-o ao Superior para que dispusesse como achasse melhor, à boa maneira antiga.
Era fidelíssimo ao Sacramento da Penitência. Cada quinze dias ia ao seu confessor, nos Padres Dominicanos. Ultimamente, tinha mudado para o Superior dos Padres do Espírito Santo, que estão mais pertinho…, mas o Senhor chamou-o a si no dia de Páscoa. Quando soube da notícia ficou mal.
Ultimamente dizia-me: “Que estou cá a fazer eu, só estou a atrapalhar a todos”. Mesmo na urgência do Hospital de São João, aonde o acompanhei, num momento de lucidez ainda voltou a manifestar esta sua preocupação: “Estou a fazer-te perder tempo”. Estas foram as últimas palavras que eu ouvi da sua boca, porque depois perdeu a voz e já não se conseguia saber se ainda compreendia ou não.
Na última terça-feira fui visitá-lo, como fazia todos os dias, com o Pe. Carrara e o Pe. João de Deus. Pedi ao Pe. Carrara que levasse o óleo dos enfermos para lhe administrar outra vez o sacramento, o que se fez. Abria os olhos de vez em quando…
Nos dias seguintes sempre o encontrei mergulhado num sono profundo, mas sereno que o levou até à morte.
O Senhor chamou-o para dar-lhe o prémio da vida eterna, como prometeu aos discípulos: “recebereis o cêntuplo aqui com algumas tribulações e… a vida eterna”.
Convido a todos a não esquecê-lo nas orações particulares e comunitárias. Muito lhe devemos.

Pe. António Colombi, SCJ
In UNÂNIMES, nº 4, Junho de 1995, páginas 102-106



sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Teresa Benedita da Cruz


Nasceu judia a 12 de outubro de 1891 na Alemanha, com o nome de Edith Stein.
Estudou e ensinou filosofia.
Batizada na Igreja Católica a 1 de janeiro de 1922 com o nome de Teresa
Professou como irmã carmelita em 1933 com o nome de Teresa Benedita da Cruz
Presa na Holanda pelas forças nazis a 2 de agosto de 1942
Morta nas Câmaras de gás a 9 de agosto em Auschwitz
Declarada santa em 11 de outubro de 1998
Proclamada co-padroeira da Europa a 1 de outubro de 1999.

Duas lições de Teresa Benedita da Cruz:

A ciência da oração
Descoberta progressiva da oração.
Por volta de 1914, fez uma análise do Pai-Nosso, não do ponto de vista religioso, mas estudando a etimologia alemã. Ficou muito impressionada com essa oração, e a repassou várias vezes.
Certo dia, visitando a Catedral de Friburgo com objetivo meramente turístico, ela viu entrar uma mulher com a sua cesta de compras e ajoelhar-se para fazer uma breve oração. “Isso era algo completamente novo para mim, pois eu só entrava em sinagogas e em igrejas protestantes para o culto religioso comunitário. Ali, em contra partida, estava alguém que acudia a uma igreja vazia a meio das ocupações diárias, como que para um diálogo confidencial com Deus. Disso nunca me esqueci.”
Outra cena deu-se na casa de um camponês católico onde ela se hospedara durante um passeio. Causou-lhe profunda impressão ver esse pai de família fazer pela manhã uma oração com os seus empregados, antes de irem para os trabalhos do campo.
Como conclusão deixou assim escrito: “A oração e o sacrifício valem mais do que se possa pensar. Por cada e qualquer oração, mesma a mais pequenina, acontece algo na Igreja. Aprendemos a servir-nos da oração para que à hora, de cada dia, fazermos uma obra de eternidade.”
Finalmente, foi rezando que foi presa, encetando o caminho do seu calvário. De facto, após a invasão da Holanda, onde a freira Alemã como era conhecida se tinha refugiado, a polícia nazi foi arranca-la à clausura do Carmela. A Irmã teresa saudou os agentes com a saudação cristã: Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo…

A ciência da cruz
A conclusão do livro "A Ciência da Cruz".
Todos os momentos livres da sua vida de carmelita, e também parte da noite, a Irmã Teresa Benedita dedicava-os à redação da obra "A Ciência da Cruz", que lhe tinha sido encomendada para assinalar o quarto centenário do nascimento de São João da Cruz. Contudo, não logrou terminá-la. Ou melhor, ela concluiu sim, mas não por escrito: a conclusão se efetivou com a entrega da sua própria vida. Da mesma forma que a Verdade eterna se manifestou ao mundo plenamente num Homem, Jesus, e não escrita num livro, assim o último livro da Irmã Teresa Benedita começou por ser escrito com tinta e terminou por ser vivido ou escrito com o sangue da sua vida.




quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Dehon e Portugal (1)


Portugal na Vida e Obra do Pe. Dehon

    O Pe. Dehon esteve 3 vezes em Portugal:

            A primeira foi em 1900, relatada no seu livro "Para além dos Pirenéus". Chegou de comboio a Lisboa na manhã de 26 de Março de 1900, Segunda-feira. Visitou Lisboa, Almada, Sintra, Monserrate, Alcobaça, Batalha, Leiria, Coimbra, Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos. Deixou Portugal a caminho de Badajoz a 3 de Abril, de comboio, numa Terça-feira. 

            A segunda visita a Portugal ocorreu em 1906, numa escala por Lisboa, a caminho do Brasil, relatada no seu livro "Mil léguas na América Latina..." Chegou à capital, por mar, a 03 de Setembro, Segunda-feira, e partiu no dia seguinte.

            Finalmente, no regresso da América, fez de novo escala em Lisboa a 09 de Janeiro de 1907, numa Quarta-feira. 

             Mas o interesse por Portugal começou, pelo menos, vinte anos antes e prolongou-se, também pelo menos, até 1923.

            A referência mais antiga a Portugal encontra-se no discurso da entrega de prémios do Colégio São João a 2 de agosto de 1879, que integrou o primeiro livro que o Pe. Dehon publicou com todos esses discursos em 1887. Disse assim: "Escutai. Eis primeiro o doutor Livingstone no regresso da sua expedição no interior da África central - Havia outrora, diz ele, a dez ou doze léguas ao norte de Albaca, no Congo, uma missão chamada Cahenda, e o número de indivíduos que, na província, sabiam ler e escrever era deveras extraordinário. É fruto dos trabalhos dos missionários jesuítas que foram os apóstolos desta população; e depois da sua expulsão pelo Marquês de Pombal, os indígenas continuaram a instruir-se uns aos outros. Estes homens abnegados gozam ainda hoje de grande veneração. Todos falam deles com honra. Chamam-lhes ainda pelo seu nome português de padres jesuítas."

            Outras referências apareceram nas Crónicas de "O Reino do Coração de Jesus" desde 1889. Antes de conhecer Portugal in loco, o Pe. Dehon já escrevera 12 crónicas e ainda uma referência num artigo (1895) e duas alusões nos seus livros (Os Nossos Congressos e Renovação Social Cristã). Depois disso, apareceram várias referências a Portugal nas Notas Quotidianas de 1910-1911, no decorrer da sua viagem à volta do mundo bem como na sua correspondência.

Por fim, há que referir que não só o Pe. Dehon estudou e conheceu Portugal como os portugueses também estudaram e conheceram o pensamento do Pe. Dehon. De facto, podemos comprovar que alguns autores portugueses, clero e leigos, adquiriram, estudaram, citaram as edições originais ou traduziram alguns dos seus livros sociais.

Ordem dos Pregadores

5ª Feira - XVIII Semana Comum

Na Primeira leitura Moisés disse ao povo sedente:
- Poderemos nós fazer brotar água deste rochedo?
Depois bateu duas vezes no rochedo e então as águas brotaram com abundância...
Mas foi censurado por não confiar em Deus.
Sim, ele em vez de olhar para Deus, procurava olhar para si mesmo e convidou o povo a olhar para si também.
Em vez de olharmos para nós, saibamos olhar com confiança para Deus que bem sabe cuidar de nós.

No Evangelho Jesus pergunta que diziam os homens acerca dele. Uns diziam que era Elias, Jeremias, João Batista, ou outro profeta do antigamente...
Isto é: todos estavam a querer olhar para o passado, para o antigamente. É de facto uma grande tentação.
Jesus por sua vez convida a olhar para o futuro: Daqui para a frente tu serás Pedro, sobre ti edificarei...
Jesus convida a olhar para o futuro.

Que Deus nos ajuda a olhar não para nós mesmos, nem para o passado, nem apenas para o presente, mas sim para Ele e para a frente.

Hoje é celebrada a memória de São Domingos de Gusmão.
O lema da Ordem dos Padres Pregadores por ele fundada é:
Contemplata aliis tradere.
Isto é, contemplar e dar os outros o que contemplados.
De facto não basta contemplar, é preciso pregar aos outros o que foi contemplado.
Também não basta pregar, é preciso contemplar, encher o coração para que possa transbordar aos outros.

Ser dominicano é:
É ser um padre no intuito de imitar Nosso Senhor Jesus Cristo que é o único Sumo-sacerdote.
é ser um religioso no intuito de imitar mais corretamente Nosso Senhor Jesus Cristo pobre, casto e obediente.
É ser um contemplativo no intuito de se nutrir em Deus, conhecer através da fé como Nosso Senhor nutria a si mesmo pela contemplação do seu Pai, face a face.
É ser um pregador com intuito de levar a missão da palavra, de levar aos outros o que foi contemplado.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Fé e humildade


4ª Feira - XVIII Semana Comum

Jesus elogia a grande fé de uma mulher simples.
 
Se uma pessoa é humilde, será grande a sua fé.
Se uma pessoa for orgulhosa, será fraca a sua fé.
Por isso a cananeira humilhando-se, tornou-se pequena ou simples e a sua grande fé manifestou-se.
 
Estou convencido que a fé é sempre grande.
A questão não está em ser grande ou pequena, mas em ter ou não ter fé.
A fé é sempre tão grande que qualquer pessoa parecerá sempre pequena diante desse grande mistério.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Conservei a fé

Neste Ano da fé, ao assinalarmos o dia do falecimento do Papa Paulo VI em 1978, podemos contemplar a sua fé, a sua santidade e a sua memória.
 
a) A FÉ
“Fidem servavi” (conservei a fé): nesta expressão paulina, pronunciada poucos dias antes da morte, está condensado todo o pontificado de Paulo VI.
A fé, disse Paulo VI, é “a adesão do espírito, intelecto e vontade a uma verdade” que se justifica “pela autoridade transcendente de um testemunho ao qual não apenas é razoável aderir, mas intimamente lógico, por uma estranha e vital força persuasiva, que torna o ato de fé extremamente pessoal e satisfatório”.
Foi este Papa o primeiro a proclamar um ANO DA FÉ no centenário do martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo, em 1968. Na celebração conclusiva Paulo VI proclamou um credo que ficou conhecido como o CREDO DO POVO DE DEUS.
 
b) A SANTIDADE
Em 07/12/1975, Paulo VI recebia em Roma a delegação da Igreja Oriental, para comemorarem juntos o décimo aniversário da retirada das excomunhões. O Papa beijou os pés do patriarca Meliton da Calcedônia, que chefiava a delegação. E um jornalista de Atenas, muito impressionado, disse: “Só um grande homem pode humilhar-se assim”! Ao que acrescentou o patriarca: “Só um santo, só um santo pode agir desta maneira”! Papa Paulo VI, “grande santo”.
 
c) A MEMÓRIA
Paulo que foste Pedro e Pedro que foste Paulo, Tu que na terra tiveste “outro que te cingisse” e que na mesma terra percorreste largos caminhos nunca por teus predecessores andados, descansa agora da tua angústia, do teu sentido da urgência, do teu imenso cuidado e do peso grande das chaves que em tuas frágeis mãos levavas.
Tu que, prevendo embora o final que se avizinhava, foste arrebatado, quase no instante que dura o relâmpago rasgador da treva, o dia da memória da Transfiguração do Senhor, recebe agora a infinita luz da Sua eternidade.
Tu que viveste, não raro, no meio dos homens, em alturas solitárias só poucos ou mesmo a nenhum deles acessíveis, habita agora no seio da Família Divina, na comunhão de todos os santos, para sempre.
Tu que não foste nem compreendido, nem admirado nem amado, na medida em que de tanto eras merecedor, sê agora aceite por Aquele que, “coroando os nossos méritos, é a Sua graça que Ele coroa também”.
Tu que amaste a Igreja como esposa, mãe e irmã e que lutaste, incansável, pela sua unidade, a um tempo, mais estreita e mais larga, intercede agora, junto daquele que é “tudo em todos” para que o grande voto do seu Fundador e “Pastor eterno” se torne realidade cada dia mais viva e mais atuante.
Tu que olhaste a Terra como autêntico cidadão do mundo, reza a Deus, Senhor do Tempo e Senhor da História, que te levou cheio de anos e cheio de experiência, para que essa mesma Terra se torne um espaço habitável para todos os seus filhos…
(Manuel Antunes, Linhas mestras de um pontificado, na morte de Paulo VI, in Brotéria, vol 107, nº 4, outubro 1978, página 243-261)
 

Acampar no Tabor


Há muita gente que já teve o privilégio de subir até ao alto do Monte Tabor. Há também algumas pessoas que ficaram alojadas algum tempo nesse local, mas montar uma tenda e passar lá a noite terá sido sorte de bem poucos.  Até os primeiros discípulos, acompanhados por Jesus não conseguiram isso. Mas o desejo que São Pedro não conseguiu concretizar foi satisfeito pelo jovem Leão Dehon a 20 de Abril de 1865, durante a sua primeira visita à Terra Santa, como podemos ler nas suas Notes sur l´histoire de ma vie, volume II.
"Subimos a um planalto para visitar a humilde aldeia que foi Jezrael. antiga capital do país. Foi aí que a ímpia Jezrael encontrou a morte pela mão de Jeú. Mais longe, nas encostas basálticas do Hémon, está Sunam, a pátria da esposa misteriosa do Cântico. Na outra vertente, está Naim, onde Nosso Senhor manifestou a bondade do Seu coração com um lindo milagre.
Já temos de nós o TABOR. É um cone isolado, medianamente alto e que seria pouco notado se não nos recordasse tão grandes mistérios.
No último contraforte do Hémon está Endor, aldeia com numerosas grutas, pátria da Pitonisa ou Sibila que Saúl teve a fraqueza de consultar antes da batalha de Gelboé em que pareceu.
Decidimos, aí meso, ir acampar sobre o Tabor. Os primeiros declives são suaves, arborizados e ricos de caça, depois a montanha torna-se rude, mesmo para os cavalos que sonos obrigados a conduzir pelas rédeas. Chegamos ao cimo, numa hora, pela encosta oriental que está toda plantada de azinheiras. No planalto encontramos um pequeno convento grego bastante novo ao pé do qual acampamos. Uma grande cerca encerra ruinas e escombros, entre os quais crescem madressilvas e terebintos. Todo o planalto já foi habitado. No ângulo sudeste, três longas abóbodas ogivais servem de igreja aos católicos nas suas peregrinações. Foi aí que teve lugar, provavelmente, a transfiguração. É o ponto mais alto. Fizemos nele uma breve oração. As minhas recordações muitíssimas vezes voltaram lá, desde essa peregrinação.
A visa desde o Tabor é uma das mais bonitas da Palestina. Estende-se desde o mar Teberíades até ao Mediterrâneo. Ao norte há o Hémon com a sua coroa de neve e a cidade judaica de Safed. Ao sul e a leste é o Carmelo e o Gelboé. Lamentamos a falta de um mosteiro católico aí; o nosso desejo realizou-se mais tarde."

Escutar em vez de ver


Hoje celebramos a festa da Transfiguração do Senhor.

Pedro, perante o espetáculo do transcendente, manifesta o desejo de plantar 3 tendas: respetivamente para Jesus, para Moisés e para Elias.
Depois guardaram silêncio... e mais tarde partilharam...

O mais importante na Transfiguração não é o VER, mas o ESCUTAR.
A conclusão ou a última palavra aponta para o escutar.
É sempre assim: primeiro ficamos sem saber o que dizer... depois amadurecemos ou saboreamos em silêncio e depois temos necessidades de partilhar com os outros, de anunciar essa experiência.

O Mistério da Transfiguração é um convite, não para se ver, mas para ESCUTAR.