quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Anjos missionários
















Mini-sermão na festa dos Anjos 
Miguel, Gabriel e Rafael:

Os anjos são mensageiros de Deus.
Eles são os missionários que Deus envia à terra.
Se os anjos são missionários, então os missionários que Deus envia por toda a terra são autênticos anjos.

Se os anjos são missionários, 
os missionários são anjos!


segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Corações ao alto !





















A torre da Igreja do Cabouco tem dois registos definidos por friso e cornija. O inferior é rasgado por três óculos em coração invertido com elementos vegetalistas nos topos gradeados e o segundo por ventana de arco…
Porque é que os corações estão invertidos?
São corações que estão orientados para o alto, para o Céu.
Estão assim para serem vistos por Deus.






















Confiar na misericórdia de Deus é virar o coração em direção a Deus.


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Nossa Senhora de la Salette






















Hoje celebramos a memória de Nossa senhora de La Salette. Foi a 19 de setembro de 1846, nos Alpes franceses, que pelas 3 horas da tarde dois pastores, Maximino de 11 anos e Melânia de 15 anos, aproximaram-se de uma Senhora que sentada numa pedra, chorava, com a cara entre as mãos. Estava vestida à maneira das camponesas locais, de avental e uma toca na cabeça, ornada de rosas…
A razão das lágrimas era que os homens viviam no mal, sem se importarem em corrigir-se. Por isso reforçava que era preciso livrar-se do pecado e fazer penitência.
Como símbolo desta mensagem a Senhora tinha ao peito um crucifixo ladeado de dois instrumentos: um martelo e uma turquês ou alicate. O martelo representava o pecado (com o qual se pregava Cristo na Cruz) e a turquês simbolizava a conversão (com a qual se podia retirar os pregos da cruz).
A mensagem foi então bem aceite e ainda hoje é bastante atual.






















Para além disso é surpreendente e cheia de ternura a pedagogia materna de Maria: Ela apresentou-se vestida como uma mulher entre as mulheres… senão os dois pastores simples nem tentariam aproximar-se dela. Depois, estando sentada a chorar, comoveu e atraiu-os… Elas prontificaram-se a lhe prestar assistência e afinal foi ela quem os amparou e socorreu... 
Ainda hoje Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe apresenta-se-nos como alguém bem perto de nós… e desperta-nos a generosidade e a nossa intervenção. Ela mostra-se primeiro necessitada para nós nos aproximarmos dela e nos socorrer e atender.



domingo, 18 de setembro de 2016

Pregando com as mãos


















Ano C – XXV domingo comum


Se eu fosse artista tentaria resumir as leituras de hoje em 3 painéis figurando mãos em três atitudes diferentes.

Na 1ª leitura = Mão estendida para o pobre, não para o explorar mas para o ajudar.

Na 2ª leitura = Mão elevada para o Céu, para louvar a Deus.

No Evangelho = Mão aberta para se desprender dos bens deste mundo já que não podemos agarrar dois senhores.





domingo, 11 de setembro de 2016

Ternura de Mãe ou ternura de Filho


















No dia da festa de Nossa Senhora do Livramento reparei que o Menino Jesus tem ao pescoço um cordão de prata com uma medalha da Senhora da Conceição, tão ao gosto da tradição e devoção portuguesa (figura da padroeira de Portugal, desde 1671).
Ao mesmo tempo, a Virgem Maria tem um colar de ouro com um crucifixo, isto é, o seu Filho na cruz.
Não são anacronismos…
São apenas manifestações exteriores do que está, com certeza, no coração de cada um deles.
São gestos de ternura de uma mãe e de um filho.
Maria, no seu peito, traz o crucifixo porque tem no seu coração o seu Filho na Cruz.
E Jesus traz ao peito a medalha da sua mãe, porque a tem no seu coração.
E nós, o que trazemos no peito? O que temos no nosso coração?



sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Nossa Senhora dos Açores






















Ainda os portugueses não tinham chegado ao Arquipélago dos Açores e já era invocada Nossa Senhora dos Açores, como consta na Crónica de D. Sancho I.
Esta invocação vem do nome da freguesia do concelho de Celorico da Beira, Diocese da Guarda que ainda hoje tem como orago Nossa senhora dos Açores. A vila parece datar do século VII.
A imagem de Nossa Senhora lá tem esta ave a seus pés, um ou mais açores. Ao dar-lhe esta evocação pretendiam os seus habitantes conseguir o seu valimento contra aves, que causavam muitos prejuízos e preocupações.
Há quem apresente outras razões mais lendárias:
A primeira é a lenda do aparecimento da Virgem a um pastor em apuros. Querendo salvar uma vaca que tinha caído num poço, arriscou-se demasiado, estando ele prestes a perder a vida. Aflito recorreu a Nossa Senhora que lhe apareceu, salvando-o a ele e ao animal. O povo a quem o pastor contou o sucedido, veio ao local do milagre e aí encontrou uma imagem de Nossa Senhora. Sem demoras ali levantou uma ermida que recebeu o nome da própria terra.
A outra lenda é do filho do rei e do açor. Um rei de Espanha tendo ouvido falar dos muitos milagres de Nossa Senhora que ali se realizavam, a Ela recorreu para conseguir por sua intercessão, alcançar descendência. Tal aconteceu. Mas como a criança nascesse aleijada, foram o rei, a rainha e o filho à Ermida da Virgem dos Açores pedir a cura. Mas a criança morreu na viagem. A rainha, porém, não consentiu que a sepultassem pois a queria entregar a Nossa Senhora. Assim o fez. Entretanto o rei sabendo que um caçador que fazia parte da comitiva real, soltara um açor que levavam, transgredindo as ordens recebidas, mandou que lhe cortassem a mão. O infeliz ao ouvir a sentença, implorou também o auxílio da Senhora, que não se fez esperar, manifestando-se por um duplo milagre: o açor veio pousar na mão do caçador que ia ser cortada e o menino voltara à vida, livre do defeito com que nascera. Em sinal de agradecimento mandou então o rei construir a igreja de Nossa Senhora dos Açores, ficando os painéis a perpetuar o milagre.

















Interior da igreja de Nossa Senhora dos Açores, Celorico da Beira

Cantares do povo
Ó senhora dos açores,
Que tendes na mão, que cheira?
- A camisinha do Menino
Que vem da lavadeira

Viva a Senhora dos Açores
Que tem uma coroa de prata
Ao fundo dela tem um pássaro
Que comeu uma lagarta.

Mandaram fazer uma cova
De lírios brancos do vale
Que a rainha espanhola
Morreu cá em Portugal.

Adeus, ó vila de Açores
Lá ao largo da Lameira
Onde passa toda Câmara
De Celorico da Beira

Ó malta da nossa terra
Cheia de bélicos ardores
Que vínheis ao som de guerra
À Senhora dos Açores!

(Cf. P. José do Vale Carvalheira, Nossa senhora na história e devoção do povo português, edições salesianas, Porto,1988)

















Exterior da Igreja de Nossa Senhora de Açores, Celorico da Beira

Madrinha das Ilhas dos Açores
A Infanta D. Isabel, irmã do Infante D. Henrique, em pequenina ouvia contar a uma velha aia, que tinha uma casa para essas bandas, muitas histórias de milagres da Senhora dos Açores. Gravou na sua memória esses milagres e tornou-se muito devota da Senhora dos Açores. A notícia dos milagres da Senhora espalhou-se e o santuário no século quinze era visitado por muitos romeiros, sendo um deles Gonçalo Velho Cabral.
Nos Paços do Limoeiro, Velho Cabral, já depois de ter sido chamado pelo Infante a participar nos descobrimentos, conversando com a Infanta D. Isabel, grande devota da Senhora dos Açores, prometeu dar esse nome a uma terra que descobrisse e ser ele o padrinho e ela a madrinha dessa terra. Gonçalo Velho Cabral partiu depois pelo Atlântico e, ao chegar à primeira ilha, deu-lhe o nome de Santa Maria. Aí encontrou uma linda gruta para os lados de S. Lourenço, a que deu o nome de gruta do Romeiro, lembrando as suas romagens a Nossa Senhora dos Açores. Cumpriu também a promessa feita à infanta D. Isabel e assim o nosso arquipélago passou a chamar-se Açores. Gonçalo Velho Cabral foi o padrinho e a Infanta D. Isabel, a madrinha e colocaram as ilhas sob a proteção de Nossa Senhora.
A Infanta, no entretanto, casou com o Duque de Borgonha e deixou Portugal, mas manteve-se muito devota da Senhora dos Açores e indicou a seu irmão muitos flamengos para virem ajudar a povoar as ilhas de que era madrinha.
Falta construir e dedicar uma igreja a Nossa Senhora dos Açores, nas ilhas que lhe herdaram o nome e lhe tem alcançado tanta proteção.
























Ilha de Santa Maria, Açores. Procissão da Assunção da Virgem Santa Maria.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Livramento





















No dia da Natividade da Santa Maria Mãe de Deus, podemos aprender com o Pe. Dehon a olhar para Ela como Senhora da Libertação, do resgate ou do Livramento:

“No dia 14 (de setembro de 1906) eu descanso e visito docemente a Várzea (Recife, Brasil). É uma planície, como o próprio nome o diz. Algumas boas famílias em Recife têm aqui as suas casas, outros preferem as colinas. Foram traçadas ruas direitas onde a relva cresce. As casas têm um piso térreo, com um jardim. Na praça, há três igrejas, a Igreja Matriz, a Igreja do Livramento e a do Rosário. É uma memória do século XVIII. A Igreja Matriz foi para os homens livres, a do Livramento para os libertos, a do Rosário para a Irmandade dos escravos negros. O Livramento é Nossa Senhora da Libertação ou do resgate dos escravos. A festa é a 23 de janeiro sob o auspício de São Raimundo de Penaforte fundador da Ordem da Misericórdia. (Pe. Dehon, NQ XX/75; ver também Mil Léguas na América do Sul)
























Origens da Devoção a N. S. do Livramento
Há diferentes explicações para a origem da evocação de Nossa Senhora do Livramento:
- Milagre de Libertação no tempo do domínio filipino em Portugal
- Proteção no atentado a D. José
- Libertação dos escravos
- Versão açoriana
1 - Aquando do domínio espanhol em Portugal (1580-1640), foram presos alguns nobres que se lhe opunham. Entre eles estava Rodrigo Homem de Azevedo como ardente defensor da pátria lusitana. Sua esposa, devotíssima de Nossa Senhora, vendo o risco que corria o seu marido, recorreu à rainha do céu. Durante nove noites sonhou com a Virgem Maria que lhe apareceu dizendo-lhe:
- Não te agastes! Eu que tudo posso. O livrarei. Se puderes, em algum tempo edificar-me-ás uma casa.
Terminada a novena, entre os detidos, somente Rodrigo Homem recebeu a ordem de voltar para casa. Em agradecimento o nobre mandou fazer uma imagem de Nossa Senhora do tamanho e forma da visão que a mulher tivera em sonhos: vestida de branco, com cabelos soltos e o menino no colo. Devido às palavras da virgem foi-lhe conferido o título de Nossa Senhora do Livramento.
2 - Em Portugal, parece que Nossa senhora do Livramento começou por ser invocada como Senhora da Memória, tendo sido construída uma capela com essa evocação no sítio onde se deu o atentado contra el-rei D. José I, em 3 de setembro de 1758. Passou a chamar-se de Nossa Senhora do  Livramento, por ter o rei escapado ao atentado.
As graças de Nossa Senhora do Livramento generalizaram-se a favor dos seus devotos, sempre pronta a livrar-lhes de muitos perigos e males a que infelizmente estão sujeitos.
3 – Libertação dos escravos e do povo simples da opressão dos ricos e dominadores. Esta origem foi assimilada e apresentada pelo Pe. Dehon na sua visita ao Brasil.
4 – Segundo reza a história, houve uma família inglesa que, sendo perseguida pela Rainha Vitória, fugiu do país e instalou-se, na ilha de São Miguel, Açores, no lugar do Livramento. Tão reconhecida ficou a referida família por se encontrar em lugar seguro e livre que, em sinal de agradecimento, mandou construir uma ermida dedicada a Nossa Senhora do Livramento. Da evocação da ermida derivaria o nome desta localidade.
Sabemos no entanto que a ermida foi fundada muito tempo antes – por volta de 1632 por Manuel Alvares Lordelo, conforme lápide tumular do fundador da capela do Livramento. Aliás, a localidade do Livramento foi elevada a curato já em 1727, sendo a igreja primitiva inaugurada em 1729, conforme frontispício do tempo reconstruído.
























Iconografia de N. S. do Livramento
Imagem de Senhora do Livramento:
- Senhora de pé
- Vestida com túnica e manto que lhe cinge o corpo
- Segura no braço esquerdo o Filho
- Na mão direita segura um cetro
- Ambos usam coroa real
- Na base pairam anjos


















Hinos de N. S. do Livramento
 
1 - Hino a Nossa Senhora do Livramento (atualizado no Brasil)

Estava para morrer
O Homem seu companheiro
Preso injustamente
Por opressores do rei
Mas suplicando à Mãe do céu
Esta em sonho lhe apareceu
Toda de branco, com Jesus ao colo
E a mulher, a graça recebeu.

“Não te agastes
Eu que tudo posso o livrarei!”
Como salvou o inocente em Portugal
Livra-nos hoje de todo o mal
Da ambição e incompreensão
Da mentira e da opressão

Chegando Nossa Senhora
Em Minas Gerais
Em Piumhi
Ela quer ficar aqui
Colocou um fim a tamanha intriga
De poderosos, ricos fazendeiros
As terras em conflitos são oferecidas
À Nossa Senhora do Livramento

“Não te agastes
Eu que tudo posso o livrarei”
Como apaziguou aqueles corações
Conceda a paz em nossa região
Livrai-nos da droga e do desemprego
Do desafeto e discriminação.

























2 – Hino dos Açores

Hino Nossa Senhora do Livramento

Salvé Bela e Radiante Estrela
Luz da vida sois Maria
Na bonança e na procela
O farol sois que alumia

Padroeira sois do Livramento, Doce Mãe
A vós nos entregamos cada dia
Ao haver no céu o julgamento lá também
Seguro estamos somos de Maria

Sob escudo de poder tão forte
confiando em vós Maria
Nos Vaivéns da negra sorte
Encontramos quem nos guia.

Pedi sempre ao vosso filho amado
Que na cruz por nós morreu
pra livrar-nos do pecado
e levar-nos para o céu

Quem se abriga ao vosso cetro real
Nossa Rainha e Mãe
Livra-se de todo o Mal
Vive em paz e faz o bem