Crónica
de um santo na Madeira
14ª
semana – O tempo e a eternidade
A Liturgia das Horas disponibiliza-nos em português um hino da hora intermédia da 4ª feira, de
Miguel Trigueiros, que pode ilustrar esta semana do Imperador Carlos na
Madeira.
Troquemos
o instante pelo eterno.
Sigamos
o caminho de Jesus.
A
primavera vem depois do inverno;
A
alegria virá depois da Cruz!
Passa
o tempo, e, com ele, as nossas vidas;
Tal
como passa o bem, passa a desgraça.
Passam
todas as coisas conhecidas…
Só o
Nome de Deus é que não passa.
Farei
da fé, vivida cada dia,
A
luz interior que me conduz
À
luz de Deus, da paz e da alegria,
À
luz da glória eterna, à Luz da Luz.
De
facto, ao mudar-se para o Monte, o Imperador pediu a bênção da casa e dos seus moradores, bênção de
paz e de alegria. Começou assim a sua subida ao Monte, ao Calvário, da Cruz
à Glória.
Depois
foi a bênção do novo relógio da Sé, para marcar o ritmo da passagem do tempo
à eternidade.
Ser
santo é antecipar aqui na terra a paz e a alegria que está reservada
para a eternidade.
Ser santo é viver aqui no tempo o gozo que nos está reservado para a eternidade.
Beato
Carlos de Áustria foi provavelmente o primeiro santo a ser fotografado usando
um relógio de pulso.
O “relógio da trincheira” foi desenvolvido pelos militares na Primeira Guerra Mundial para que consultar as horas fosse mais prático no campo de batalha. Era, literalmente, um grande relógio de bolso montado numa pulseira de couro. Originalmente, como pode ser visto no relógio do Imperador Carlos, a coroa da corda estava na parte de cima, na posição do número 12. Os relógios de pulso modernos normalmente têm a coroa na posição do número 3. O relógio de trincheira foi considerado uma honra e uma moda pelos soldados que voltaram da Grande Guerra.
18
de fevereiro de 1922 – sábado
A
família imperial mudou-se para a Quinta do Monte, propriedade de Luís da Rocha
Machado. À tarde Carlos reuniu toda a família para a oração em volta da lareira
acesa da sala de jantar e pediu ao Pe. Paul Zsamboki que benzesse a casa “a
fim de que, aqui, entrem também a paz e a alegria”.
19
de fevereiro de 1922 – domingo
Fixando
o olhar no Santuário de Nossa Senhora do Monte, o Imperador disse à esposa: “Não
gostaria de morrer aqui.” Mas, logo em seguida, acrescentou com grande
resolução: “O bom Deus fará aquilo que quiser.” Parecia ter compreendido
claramente que Deus lhe pedia um sacrifício extremo para a salvação dos seus
povos: o sacrifício da sua própria vida.
20
de fevereiro de 1922 – segunda-feira
Amável
e responsável como sempre, o Imperador passava o dia muito feliz com toda a
família, dedicando grande parte do seu tempo à educação e à formação dos
filhos, em especial dos dois mais velhos. O exílio deixava-lhe a liberdade para
gozar plenamente das alegrias da paternidade sem nenhuma restrição de tempo.
21
de fevereiro de 1922 – terça-feira
22
de fevereiro de 1922 – quarta-feira
23
de fevereiro de 1922 – quinta-feira
O Imperador Carlos,
acompanhado por dois filhos, foi ao Funchal assistir à bênção do novo relógio da
torre da sé, do qual foi o padrinho. Foi a última cerimónia pública na qual o
Imperador participou. Como sempre foi calorosamente acolhido pela população do Funchal, a
qual tinha conquistado na sua breve estadia.
24 de fevereiro de 1922 – sexta-feira
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