Ano C - XII Domingo Comum
Há dois mil anos, Jesus parece ter usado as sondagens de opinião. Ele não se mostra preocupado com o que se chama popularidade, como acontece com as gentes importantes da sociedade, artistas ou políticos. Está preocupado com o êxito ou o fracasso da sua missão: será que os homens entendem mesmo o que Ele veio fazer? Terão eles descoberto a sua verdadeira identidade?
E vós quem dizeis que eu sou? Esta pergunta de Jesus ainda hoje se põe. É preciso responder de uma maneira pessoal, sem socorrer-se a manuais, dicionários ou frases-feitas, mas ocas de vivência comprometida. Todas as respostas possíveis podem ser equacionadas em dois níveis: a resposta dos que crêem em Jesus filho de Deus como alguém do passado; ou a resposta dos que crêem em Jesus filho de Deus como homem do presente.
Eis a minha resposta:
- Confesso, ó Jesus, que no meu íntimo eu preferia que fosses um profeta do passado. Preferia que tivesses desertado da terra e fugido para o céu; tudo seria mais fácil. Creio, porém, que estás entre nós distribuindo no tempo o teu mistério infinito. É por isso que quero ser teu discípulo. Quero estar contigo, trabalhar contigo e com todos os homens de boa vontade. Quero que sejas alguém sempre presente, um amigo de todas as horas, o caminho que nos conduz mais além.
Para terminar, quero inverter os papéis neste diálogo evangélico:
- Responde-nos, ó Cristo, que dizem de nós cristãos os outros homens?
Ele poderá responder:
- Uns dizem que sois uns beatos, outros que sois alienados e outros que sois gente apenas de boas intenções.
- E tu, ó Cristo, que dizes de nós cristãos?
Ele poderá responder:
- Vós sois os meus escolhidos, os meus colaboradores e a minha imagem na terra. Eu não preciso de cépticos, mas de artistas. O que importa em plena crise da poesia não é denunciar os maus poetas ou afastá-los, mas sim escrever belos versos, reabrir as fontes sagradas. Eu, Jesus, conto convosco, como meus discípulos para continuar vivo como força no coração da humanidade.
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