Solenidade de São Pedro e São Paulo
No
trecho do evangelho de hoje Jesus retirou-se para os lados de Cesareia de
Filipe e entrou em diálogo com os discípulos.
-
Um retiro decisivo
De
facto, quando nós precisamos de pensar sobre algo importante, ou quando
precisamos de tomar uma grande decisão nós afastámo-nos, retiramo-nos para um
sítio mais afastado.
Jesus
fez uma viagem de 4º quilómetros, de Cafarnaum até Cesareia de Filipe, sempre a
subir do mar da Galileia, 212 metros abaixo do nível do mar até 350 metros em
Cesareia de Filipe.
O
retiro é sempre um afastamento, é sempre uma subida, um esforço ou ascese.
Antes
de entregar a missão a Pedro e de lhe mudar de nome (sinal de novo ofício ou
nova identidade) Jesus faz com os seus discípulos um retiro ou uma
peregrinação.
Durante
este retiro houve tempo para pensar, para o silêncio, para escutar e para
dialogar.
Um
retiro é uma experiência de silêncio, de afastamento, de diálogo (com Deus e
com os irmãos) é tempo para escutar e para fazer
Também
nós não podemos tomar qualquer decisão, iniciar qualquer missão sem um retiro,
sem tempo para escutar, sem tempo de silêncio, sem consultar ou auscultar a
Deus.
-
As duas colunas da Igreja.
Pedro
e Paulo são apresentados como os fundamentos onde Cristo quis assentar a sua
igreja. Eu fico a pensar que é muito difícil assentar com estabilidade algo em
apenas duas pernas. Acho que falta um terceiro ponto. Parece que Jesus assenta
a sua igreja num banco de apenas duas pernas. Pensando, melhor, a igreja de
Jesus está assente num tripé: Pedro (lado institucional), Paulo (lado não
institucional ou participativo) e o Espírito Santo (lado divino ou celestial).
É um tripé com 3 pernas para se segurar e não dispensar nenhum aspeto.
-
Pedro negou, Paulo perseguiu
No
prefácio da solenidade faz-se a lista das qualidades ou felizes memória dos
dois apóstolos:
Pedro,
que foi o primeiro a confessar a fé em Cristo.
Paulo,
que a ilustrou com a sua doutrina.
Pedro
que estabeleceu a Igreja nascente entre os filhos de Israel
Paulo
que anunciou o Evangelho a todos os povos.
Ambos
trabalharam, cada um segundo a sua graça, para formar a única família de
Cristo.
Falta
assinalar algo mais que têm em comum:
Pedro
que negou Jesus
Paulo
que perseguiu Cristo.
Penso
que Jesus fez de propósito – ao escolher como fundamentos da sua Igreja estes
dois apóstolos que haviam de negar e de perseguir, para nos dizer que na comunidade
cristã todos têm lugar, todos têm uma missão, um serviço e que têm de passar
por fracassos e arrepender-se. Na igreja de Cristo há lugar para todos, há
lugar para quem nega ou persegue, para quem fracassa, para quem se arrepende.
Ver
também:
Sem comentários:
Enviar um comentário