quinta-feira, 31 de julho de 2025

As novas redes de pesca


5º feira – XVII semana comum

O reino dos Céus é semelhante a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes…

Que rede é esta?

Pode ser uma das redes sociais dos nossos dias?

Claro que sim.

Ter uma conta nas redes sociais é ser missionário no continente digital. Há muitas incógnitas perigosas, mas Jesus envia-nos como ovelhas para o meio de lobos e promete enviar os seus anjos ‘para separar os maus do meio dos bons’.

Antes de abrir os nossos aplicativos digitais, talvez seja conveniente rezar esta oração atualizada e abreviada de São Patrício:

Cristo comigo, Cristo diante de mim, Cristo atrás de mim.

Cristo em mim, Cristo abaixo de mim, Cristo acima de mim.

Cristo à minha direita, Cristo à minha esquerda, Cristo à minha frente.

Cristo no meu ecrã, Cristo nas redes sociais através de mim.

 

À margem 1

Seis razões para deixar as redes sociais para sempre e um motivo para ficar.

1 – Elas dividem a mente. Os ecrãs são perigosos para os nossos cérebros. Eles baralham a nossa mente, alteram a maneira como pensamos, como dormimos e a nossa criatividade. Quando temos um ecrã nas mãos questionamo-nos menos.

2 – Impede-nos de fazer o que devemos

O que nos atrai não é a eficiência, mas a distração.

3 – Alimentam-se das nossas fraquezas

Como ficamos focados nos ecrãs, o resto fica mais vulnerável.

4 – A maior parte nem é real

A inteligência artificial está a substituir a criatividade humana e o trabalho cerebral. Não podemos confiar em ninguém digitalmente.

5 – Dá-nos um falso senso de comunidade

Faz-nos conectados com os ouros, mas na realidade isola-nos e divide-nos mais.

6 – Apaga o tempo de oração

A primeira coisa que o homem moderno vê ao acordar é o telemóvel. Antes de dar o primeiro passo verificam o e-mail, visualizam as novidades sociais. Seguem-nos até ao duche, à cozinha, ao pequeno almoço. A oração torna-se opcional. O ecrã distrai-nos das coisas de Deus.

Uma razão para ficar – Evangelização.

 

À margem 2

Afirma Santo Ambrósio que ‘os instrumentos da pesca apostólica são como as redes: de facto, as redes não fazem morrer quem fica preso nelas, mas conserva-o em vida, arrasta-o dos abismos para a luz’.

Nos nossos dias, nas redes sociais, nós é que corremos o risco de ser arrastado da luz para as profundezas do abismo e do mal.

 

Ver também:

Pesca evangélica

Jesus seguiu o seu caminho

Salvo pelos livros que leu

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Salvo pelos livros que leu


Memória litúrgica de Santo Inácio de Loiola

Presbítero, 1491-1556

Santo Inácio foi salvo pelas leituras que fez ou pelos livros que leu, foram eles que o converteram.

Uma das conversões mais famosas da história da Igreja é a de Santo Inácio de Loiola.

Orgulhoso, vaidoso, contencioso, sensual e mundano eram todas palavras que descreviam o caráter deste pomposo soldado espanhol até que uma bala de canhão na batalha de Pamplona quase destruiu as suas pernas.

Depois de ser transportado de volta para a sua casa em Loyola e depois de passar por dores excruciantes devido a várias operações nas pernas, Inácio teve dias e semanas de tempo livre nos quais o processo de convalescença seguiu o seu curso lento e doloroso.

A vantagem da alfabetização serviu para movê-lo no caminho seguro para a conversão. A sua preferência era ler os romances da época para encher a sua mente com imagens sensuais e aventuras românticas. Para seu desgosto, nada desse género literário podia ser encontrado no seu domicílio. Em vez disso, duas outras formas de literatura foram trazidas: uma sobre a vida de Cristo e outra sobre a vida dos santos. A princípio, Inácio repeliu essas obras. Mas, dado que tinha tanto tempo livre e nada mais para fazer e ler, ele finalmente decidiu pegar naquilo que tinha por perto.

Logo depois, o Espírito Santo interveio e encheu a sua mente e o coração com um enorme desejo de imitar a vida desses grandes heróis de Deus, os santos. Santo Inácio exclamou: Se Domingos conseguiu, então eu também posso; se Francisco conseguiu, então eu também posso.

Ler e meditar sobre a vida dos santos motivou Inácio a deixar a sua vida passada de pecado e seguir Jesus, o Verdadeiro Comandante e Rei.


Salvo pelos vídeos que viu

As novas leituras do YouTube.

Um estudante universitário tinha acabado de se converter do protestantismo para o catolicismo. Ele confirmava, no entanto, que a sua conversão tinha resultado unicamente por visionar vídeos no YouTube. Convertera-se não por influência de amigos, não por “ler a si mesmo” no catolicismo, não por ler nenhum livro ou testemunho, mas simplesmente por assistir a vídeos.

Isso é interessante. Ele não leu nenhum livro. O seu catolicismo é um produto da nossa nova era visual. Mas por que nos importamos com livros, afinal?

Já faz muito tempo que o credenciamento de livros não é confiável. No entanto, os livros têm um lugar, assim como a Bíblia sempre teve um lugar, por causa da proximidade da leitura com a oração. Ler pode promover a vida interior, assistir a vídeos não. Além disso, ler provoca deliberação e julgamento considerado, enquanto vídeos incitam à distração. Ler é inegavelmente solo rico para receber a semente: vídeos são solo raso na melhor das hipóteses, geralmente meras pedras ao lado do caminho, pássaros pairando por perto.

A leitura fez muitos santos, como por exemplo Santo Inácio de Loiola Ou Edith Stein. Mas hoje é diferente. Tal como muitos adolescentes aprendem hoje a tocar viola através dos vídeos do YouTube, alguns descobrem a sua fé, vocação ou missão através do YouTube.

São estas as novas leituras, os novos influencers dos nossos tempos ou os nossos livros modernos.

 

À margem:

Santo Inácio de Loiola costumava dizer que seria o homem mais feliz deste mundo se pudesse impedir um só pecado mortal.


Ver também:

O coração de Santo Inácio

Alma maior que o mundo

Papa Jesuíta

Dehon e Inácio de Loiola

Humilde, obediente e alegre

Retrato de Santo Inácio de Loiola

Inácio de Loiola

 

O maior tesouro a descobrir

 

4ª feira – XVII semana comum

Versão rabínica:

Parábola de um homem que tinha um campo numa província distante.

Vendeu-o barato.

O novo dono cavou-o e descobriu tesouros de ouro, prata e pedras preciosas.

Então o vendedor começou a lamentar-se e a insultar-se a si mesmo.

Assim também o fizeram os egípcios, porque expulsaram a Israel sem saber o valor que expulsavam.

 

O mesmo podemos aplicar à Pérola Preciosa que Jesus é para nós.

Só descobrimos realmente o seu valor quando ficamos privados dele.

Em geral é isso que acontece em todos os aspetos da nossa vida – só valorizamos a saúde quando a perdemos, damos mais valor a um amigo ou um familiar, quando ele se afasta de nós...

 

Deus escondeu o seu Filho neste jardim que é a nossa terra.

Procuremo-lo porque só Ele nos pode contentar.

 

Onde procurá-lo?

- No nosso coração.

- Nos sacramentos.

- Na Eucaristia.

- Na Sagrada Escritura.

- Na Criação.

 

Ver também:

O tesouro que nos enche

O tesouro é que me tem

O tesouro de Deus

De mão beijada e calejada

Pérolas preciosas

Ganhar um tesouro

Coração de oiro

As pérolas são preciosas

Encontrar um tesouro

A melhor joia

Coração sábio, santo, simples

 

terça-feira, 29 de julho de 2025

A melhor parte, não a única


Memória litúrgica dos Santos Marta, Maria e Lázaro

Hospedeiros do Senhor

Santo Agostinho, ao refletir sobre o episódio de Marta e Maria, comentou num dos seus discursos:

Nestas duas mulheres estão simbolizadas duas vidas: a presente e a futura; uma vivida na fadiga e a outra no repouso; uma atribulada, a outra bem-aventurada; uma temporária, a outra eterna (Sermão 104, 4).

E pensando no trabalho de Marta, Santo Agostinho disse: Quem na terra está isento deste serviço de cuidar dos outros? Quem na terra consegue descansar destas tarefas? Procuremos desempenhá-las de forma irrepreensível e com caridade. O cansaço passará e o repouso chegará; mas o repouso só chegará por meio do cansaço. A barca passará e a pátria chegará; mas não se chegará à pátria senão por meio da barca (ibid., 6-7).

Cristo gentilmente ensinou a Marta que a contemplação de Maria aos Seus pés era a melhor parte que não lhe seria tirada. Observamos que Ele não disse que era a única parte, mas sim a melhor.

Nós precisamos do exemplo de Marta, de Maria e de Lázaro, hospedeiros do Senhor.

 

À margem:

Jesus frequentava a casa de Marta, Maria e Lázaro. Visitava quando ele precisava de hospedagem, de descanso ou de conforto, mas também quando essa família precisava de conforto, de apoio e de bênção.

Assim também na nossa casa ou na nossa comunidade – quanto mais ajudamos, mais somos ajudados, quanto mais compreendemos, mais seremos compreendidos, quanto mais valorizamos, mais seremos valorizados.

 

Ver também:

A senhora dona Marta Bimby

 

domingo, 27 de julho de 2025

A melhor parte do Pai Nosso


Ano C – XVII domingo comum

Qual é a melhor parte do Pai Nosso?

Considerando que a oração do Pai Nosso tem duas partes distintas: a primeira que começa com Pai Nosso e a segunda que começa com Pão Nosso;

Considerando que a oração do Pai Nosso tem sete pedidos:

Qual é a parte mais importante?

Podemos dizer, para contentar a todos, que ambas as partes ou todos os pedidos são importantes, e portante não há parte melhor que a outra.

Mas cada um, segundo a sua vivência existencial, às vezes acha melhor esta ou aquela, outros vezes prefere outra parte diferente.

Então qual é a melhor parte do Pai Nosso?

É aquela parte que cada um mais precisa naquele momento quando reza.

E Deus tem tudo o que nós precisamos e está pronto para nos dar precisamente o que pedimos ou necessitamos. Está tudo na oração do Pai Nosso

 

À margem 1

Morrendo e aprendendo a rezar.

Alguém pediu a Jesus para ensinar a rezar. Foi alguém, sem nome indicado, porque pode ser qualquer discípulo, ou qualquer um de nós.

Jesus então ensinou o Pai Nosso e nunca deixou de ensinar, e nós nunca deixámos de aprender.

Apresar de repetirmos milhares de vexes essa oração, há sempre algo novo a descobrir, alguma coisa a aprender.

As últimas palavras do Papa Paulo VI ao morrer foram: Pater Noster.

De facto, o povo diz – morrendo e aprendendo… a rezar.

 

À margem 2

O Para Leão XIV, na oração do Ângelus hoje – Não se pode rezar a Deus como “Pai” e depois ser duro com os outros. Ao recitarmos o Pai-Nosso, além de celebrarmos a graça da filiação divina, exprimimos também o nosso compromisso de corresponder a esse dom, amando-nos uns aos outros como irmãos em Cristo”.

 

Ver também:

As duas partes do Pai Nosso

Procurando e esperando

Pedir o Espírito Santo

O Pai Nosso da IA

Pai Nosso ou pai de todos

Com uma só Palavra

A miniatura do Pai Nosso

Quais são os três pães

Orando em certo lugar

O Pai Nosso de cada dia

Rezar é bater à porta

A oração das orações

Três degraus da oração

Jesus no Pai Nosso

Início do Pai Nosso

Rezar é amar

Modelos de oração

Uma só família

Irmãos de sangue

HPC da oração

Palavras proibidas na oração

João ensinou a rezar

Empresta-me três pães

Poucas palavras e muito devagar

Sem palavras

Compreendendo o Pai Nosso

Onde, como, o quê

Rezar o Pai Nosso

Receita contra a secura

Fortaleza e fraqueza

Pai que estais na terra

Os sete Ps do Pai Nosso

Cartilha da Oração

Oportunidades

Pai Nosso

Pedra ou pão

Pedi e recebereis

Multa paucis

 

Ver ainda:

As 129 mensagens da etiqueta PAI NOSSO

 

sexta-feira, 25 de julho de 2025

O São Tiago do Caminho


Festa de São Tiago, Apóstolo

- Por que é que o Apóstolo Santiago está identificado com o Caminho, com o Peregrinar e o Avançar ou o Ir em Frente?

- Não é pelo facto de ter vindo de tão longe até à Península Ibérica.

- Não é pelo facto de estar no caminho com Jesus e os outros apóstolos.

- Não é pelo facto de ter sido do primeiro grupo a deixar tudo e a seguir Jesus.

- Não é por amor especial a Cristo Caminho, Verdade e Vida.

- Não é por ter sido o primeiro a ir a caminho do céu (o primeiro a ser martirizado).

- Não é pelo facto dos seus devotos peregrinarem até Compostela

- Eu acho que deve ser para contradizer o pedido que ele, a sua mãe Salomé, ou os dois filhos de Zebedeu fizeram a Jesus – deixa que nos sentemos, um à tua direita, outro à tua esquerda. Para que ninguém se esqueça que para seguir a Cristo, não pode sentar-se, mas deve estar sempre a caminho.

Sempre que aludimos ao Caminho, Santiago lembra-se do pedido contrário que fez a Jesus – sentar-se em vez de caminhar. Mas não é que ele precise recordar-se disso. Nós é que precisamos continuamente dessa advertência. Cristo continua a chamar para seguir e não para estacionar.

É por isso que celebramos o Caminho de Santiago ou o Santiago do Caminho.

Celebramos o Apóstolo do Caminho para seguirmos o Caminho do Apóstolo.

 

À margem

O caminho do meio ou o meio do caminho.

O monge Lucas, acompanhado de um discípulo, atravessava uma aldeia. Um velho perguntou ao asceta:

- Santo homem, que devo fazer para me aproximar de Deus?

- Divirta-se. Louve o Criador com a sua alegria – foi a sua resposta.

Os dois continuaram a caminhar. Um pouco mais tarde um jovem aproximou-se.

- Bom mestre, o que deve fazer para me aproximar de Deus?

- Cuidado com os divertimentos. Sê moderado – disse o monge Lucas.

Quando o jovem partiu, o discípulo comentou:

- Por aquilo que ouvi, parece que o senhor não sabe bem se devemos ou não devemos nos divertir.

- A busca espiritual é uma ponte sem corrimão atravessando um abismo – respondeu calmamente o mestre. Se alguém está muito perto do lado direito, eu digo 'para a esquerda!' Se se aproxima do lado esquerdo, eu digo 'para a direita!'. Os extremos nos afastam do caminho.

 

Ver também:

Sempre na linha da frente

A paciência de Jesus

As cinco ilusões de Salomé

O sonho de qualquer mãe

Um pedido absurdo

O cálice de Jesus

Rezar com os pés

Caminho de Santiago

Festa de Santiago

São Tiago Maior

Santiago Grande

A mãe dos filhos de Zebedeu

Santiago de Compostela

Servir

O Caminho não foi feito, se não mudamos algo ao regressar a casa e em nós próprios.

Nós fazemos o Caminho e o Caminho faz-nos.

O mesmo se pode dizer de uma peregrinação, romaria, novena ou procissão.

Se não mudamos, a peregrinação… e tudo o mais não foi concluído ou cumprido.

É isso que leio no livro: Um caminho para todos, Diário de uma peregrina no Caminho de Santiago, Luísa Sousa, antiga aluna que continua amiga…