A oração
do Pai-nosso, composta de sete petições, todas sete se contêm em cada uma e
cada uma contém todas sete. Seja exemplo a primeira:
1 -
Na primeira petição pedimos a Deus, que seja Deus santificado em nós.
2 -
E se Deus é santificado em mim, já o reino de Deus veio a mim,
4 -
se Deus é santificado em mim, já lhe posso pedir o pão nosso como meu, porque é
pão dos filhos,
6 -
se Deus é santificado em mim, a tentação não me vence a mim, senão eu a ela;
7 -
finalmente, se Deus é santificado em mim, nenhum mal me pode acontecer, porque
de todo estou livre: pois livrai-nos de todo o mal.
E
se dermos agora outra volta do fim do Pai-nosso para o princípio, o mesmo corre
por outro modo:
7 -
Livrai-nos de todo o mal.
6 -
Se estou livre de todo o mal, não posso cair em tentação;
5 -
se não posso cair em tentação, não posso deixar de perdoar e ser perdoado;
4 -
se perdoo e sou perdoado, não se me pode negar o pão do céu;
3 -
se converto em substância o pão do céu, assim como a vontade de Deus se faz no
céu, assim a faço eu na terra;
2 -
se faço a vontade de Deus na terra, já o reino de Deus me pertence a mim,
De
sorte que, de qualquer parte que tomemos o Pai-nosso e entrarmos nele como em
um artificioso labirinto da ideia e mão divina, acharemos que todas as sete
petições se contêm em cada uma, e cada uma em todas sete: todo em todo e todo
em qualquer parte.
(assim explicava o grande Pe. António Vieira no século XVII)
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