sexta-feira, 23 de julho de 2010

Cartilha da Oração


Ano C - XVII Domingo Comum


Quem não se lembra da sua infância, quando, depois de uma série de livros de figuras coloridas e atraentes, teve pela primeira vez em mãos uma cartilha do abecedário para aprender a ler!
Esse livro mostrava, no meio de imagens, letras em separado e, quanto mais se folheava adiante, apareciam sempre novas letras. Enquanto nas primeiras páginas da cartilha predominavam as figuras, as últimas páginas quase só apresentavam linhas, nas quais muitas, muitíssimas letras apareciam em série e combinadas. A cartilha pretendia de início fazer conhecer e pronunciar cada letra. Depois devia-se aprender trabalhosamente a soletrar e ler, juntando as letras para formar palavras, e por fim, devia-se chegar a ler sem esforço. Um adulto mal se lembra agora como foi penoso aprender a soletrar!
A oração do Pai Nosso é uma espécie de cartilha da oração. A sua aprendizagem exerce por toda a vida uma influência semelhante e cumpre uma tarefa igual à da cartilha do abecê. Enquanto para uma criança é mais fácil aprender a rezar do que a ler, no decorrer da vida terá mais dificuldade de rezar do que de ler. A oração, que antes sucedia sem esforço, carrega-se de dificuldades cada vez maiores, enquanto a capacidade de ler e escrever passa a fazer parte corriqueira do dia-a-dia.
A oração ensinada por Jesus é autenticamente uma cartilha, uma ajuda e um estímulo pessoal e comunitário, para soletrar a oração, bem como para se ousar a prática da oração.
Ao longo dos séculos, os cristãos têm descoberto no Pai Nosso, tudo o que sonharam rezar a Deus e nunca se cansaram de aprofundá-lo cada vez mais, qual tesouro inesgotável. Esta foi a primeira oração que aprendemos e aquela que mais vezes é recitada, pessoal e comunitariamente. É uma cartilha que está sempre nas nossas mãos. Podemos assim rezar como eternos aprendizes, como se o fizéssemos com toda a novidade da primeira vez. Esta cartilha é um guia de oração que não quer dar apenas directrizes quanto à forma, expressões ou conteúdo, mas também uma iniciação ao próprio mistério de Deus.
Toda a oração do cristão deve brotar destas palavras que o Senhor nos ensinou.

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