quarta-feira, 31 de julho de 2024

O coração de Santo Inácio

 

Memória de Santo Inácio de Loiola

Presbítero, fundador, +1556

Tinha um coração maior do que o mundo, porque nele cabia o mundo e a Glória de Deus.

 

Um coração inflamado e polivalente

A vida de Santo Inácio divide-se em três períodos que refletem a grandeza da alma e a ascensão constante até ao mais alto.

- Nos trinta primeiros anos - 1491 a 1521 – foi cortesão e pecador, soldado vão e doidivanas.

- Desde 1521 até 1540 fez-se penitente, estudante e peregrino do ideal da maior glória de Deus.

- Em 1540 (confirmação da fundação da Companhia de Jesus pelo Papa) e até à morte, que se deu em 1556, Inácio chega à posse do ideal e torna-se o capitão da Companhia de Jesus, legislador e vencedor em muitas batalhas.

Um coração exigente para consigo mesmo

Exame de consciência segundo Santo Inácio de Loiola para fazer todas as noites antes de descansar:

1. O Primeiro ponto é dar graças a Deus nosso Senhor pelos benefícios recebidos.

2. Segundo, pedir a graça para conhecer os pecados, e libertar-se deles.

3. Terceiro, pedir conta à alma, desde a hora em que se levantou até ao exame presente, hora por hora ou período por período: primeiro, dos pensamentos, depois das palavras, e depois das obras, pela mesma ordem que se disse no exame particular.

4. Quarto, pedir perdão, a Deus nosso Senhor, das faltas cometidas.

5. Quinto, propor emenda, com a sua graça.

Um coração humano sensível aos irmãos

Santo Inácio de Loyola escreveu uma carta a São Francisco de Borja, IV Duque de Gândia, a propósito das mortificações que ele andava a fazer. Só para termos ideia, o tipo de austeridade que São Francisco levava até receber a carta de Santo Inácio era qualquer coisa como acordar à meia-noite e ficar sete horas a rezar, querer sair um mês por ano para fazer retiro, rezar três Missas por dia...

“A vossa maneira de proceder relativamente às coisas espirituais e corporais para o progresso da vossa alma deu-me uma boa razão para me regozijar em Nosso Senhor e dar-Lhe graças para sempre… Mas sentindo-me como me sinto no mesmo Senhor que os exercícios espirituais e corporais, bons para a nossa salvação em algumas circunstâncias e nem por isso noutras, devo dizer a vossa Senhoria as minhas opiniões sobre a matéria, visto que me pediu.

Primeiro de tudo, quanto ao tempo dedicado aos exercícios exteriores, eu cortá-los-ia em metade… Pelo que sei de vossa Senhoria, penso que seria melhor dedicar a outra metade ao estudo, ao governo das vossas terras e a conversas espirituais, sempre procurando manter a vossa alma calma, em paz, e disposta para o que quer que Nosso Senhor deseje trazer para ela.

Segundo, no que toca ao jejum e abstinência, aconselhar-lhe-ia, por amor de Deus, a cuidar e a fortificar o vosso estômago e os outros órgãos naturais, em vez de os enfraquecer. Se o corpo estiver doente, a alma não consegue funcionar como devia. Devemos amar e defender o corpo ao ponto de ele ser obediente e cooperador da alma, porque, com tal obediência e ajuda, a alma consegue dispor-se melhor para servir e louvar o nosso Criador e Senhor.

Terceiro, em relação ao castigo do corpo, eu evitaria de uma só vez qualquer forma de castigo que causasse o aparecimento de uma única gota de sangue. Em vez de procurar derramar o nosso sangue, é muito melhor procurar diretamente o Senhor de todos nós e os Seus santos dons, tais como as lágrimas pelos nossos pecados, uma intensificação da nossa fé, esperança e caridade, a alegria em Deus e a paz espiritual, tudo com humildade e reverência à nossa santa Mãe, a Igreja, e aos seus líderes escolhidos.”

 

Ver também:

Alma maior que o mundo

Papa Jesuíta

Dehon e Inácio de Loiola

Humilde, obediente e alegre

Retrato de Santo Inácio de Loiola

Inácio de Loiola

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