terça-feira, 12 de novembro de 2024

Padroeiro do ecumenismo


Memória litúrgica de São Josafat, 1580-1623)

Bispo e mártir

A Igreja Católica celebra hoje a memória de São Josafat Kuncewicz considerado padroeiro do Ecumenismo.

São Josafat disse enquanto morria:

- Fazei, Senhor, que eu seja digno de derramar o meu sangue pela união e obediência à Santa Igreja.

Toda a sua vida pode resumir-se em quatro palavras:

- Oração (a Deus)

- Obediência (ao Papa e à Igreja)

- Unidade (dos cristãos)

- Diálogo (com todos os homens)

O mundo de hoje precisa reencontrar o caminho da unidade na diversidade. O Ecumenismo, movimento religioso que pretende a união dos cristãos ao redor de uma mesma postura religiosa, precisa encontrar apoio de todos os grupos que têm em Jesus a grande referência da vida.

Que São Josafat, padroeiro do Ecumenismo, nos ajude neste desafio.

 

Ver também:

Ladrão de almas

Deu a vida pelo povo

 

Trabalhar para Deus


3ª feira – XXXII semana comum

Um servo não deve esperar agradecimento por ter feito o que deve fazer.

Sem esperar agradecimentos

Que ninguém se vanglorie do que faz, pois é um dever servir o Senhor.

Não te envaideças por estar ao serviço de Deus, porque tudo o que fazes deve ser gratuito sem esperar recompensa.

Não te gabes de teres agido bem, pois só fizeste a tua obrigação.

Não pretendas ser louvado porque é uma maneira de antecipar o juízo final

Sê simples e humilde, sem manias de grandeza.

Também o sol desempenha o seu papel, a lua obedece, e os anjos cumprem a sua missão e não esperam receber nada por isso.

Quando alguém quer ser gratificado pelo bem que faz, o seu serviço deixa de ser sincero.

 

Ilustração

Naquele tempo havia um empresário que tinha um campo com muitos trabalhadores.

O primeiro grupo era constituído por escravos que ali estavam obrigados a trabalhar. Trabalhavam porque tinham medo do castigo.

Um outro grupo era de assalariados. Trabalhavam para receber o salário em troca.

Finalmente havia um grupo de apenas três trabalhadores. Eram os filhos do empresário que estavam ali não por obrigação ou por medo do castigo nem por interesse de receber uma paga. Estravam ali por amor ao pai e achavam natural trabalhar para ele sem esperar gratificações. E nem se envaideciam com isso, pois tudo era amor gratuito.

De facto, os verdadeiros filhos de Deus, estão ao serviço do seu reino não por medo ou obrigação, mas por puro amor, sem esperar recompensa, louvores ou glórias.

Assim, quando trabalhares para Deus não o faças por obrigação ou por medo do castigo.

Também não trabalhes para Deus por interesse ou à espera de receber algo em troca.

Trabalha para Deus com sinceridade, sem vaidade nem vanglória.

Trabalhar para Deus é ser servo, mas livre, filho e não escravo.

 

À margem:

Quando John Calvin Coolidge foi eleito o 30º presidente dos Estados Estudos, em 1923, o seu filho Calvin Jr. foi trabalhar numa fazenda de tabaco durante as férias.

Um dos seus companheiros de trabalho disse-lhe:

- Se meu pai fosse Presidente, eu não trabalharia numa plantação de tabaco.

E o filho do Presidente respondeu prontamente:

- Se o meu pai fosse teu pai, com certeza que irias trabalhar.

 

Ver também:

A alegria do serviço

Como amar e servir bem

Sem fins lucrativos

Servos indignos

Ingratos sim, inúteis não

Ingrato ou indigno

 

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Padroeiro da solidariedade


Memória Litúrgica de São Martinho (316-397) 

Bispo de Tours


Para além de padroeiro da solidariedade é também o santo protetor dos mendigos, bandidos e objetores de consciência.

Nos primórdios da Igreja só se reconhecia como santo aquele que tinha literalmente derramado o seu sangue pela fé. São Martinho foi o primeiro a ser aclamado santo entre os não mártires, uma espécie de mártir branco, por oposição a mártir vermelho, o mártir pelo sangue.

Depois do dia de São Martinho, começa a Quaresma de 40 dias antes do Natal, como tempo de conversão e de preparação para as grandes solenidades.

A capa

- Porque é que Martinho partilhou com o mendigo metade da sua capa militar e não a capa inteira?

- Porque não queria prejudicar o império romano, pois nesse tempo a lei do quartel dizia que metade da capa era propriedade militar e a outra metade ao próprio soldado. Assim, Martinho ao dar metade do manto estava a dar simplesmente a parte que lhe pertencia.

Ensina-nos assim a praticar a caridade sem prejudicar terceiros.

 

O vinho

Na Europa o vinho novo é bebido no dia da festa de São Martinho, como diz o Povo:

- No dia de São Martinho, vai à pipa e prova o vinho, a água deita no moinho.

- O que é que São Martinho tem a ver com o vinho?

- Tenho a impressão que só tem a ver com a época do ano. É a altura em que o vinho novo está pronto para ser consumido e as castanhas já amadurecidas. E por coincidência, celebra-se na mesma altura São martinho. É apenas por coincidência e pelo vinho rimar com Martinho. Em todo o casa, segundo uma tradição ao oficial Martinho teve o encargo de servir o vinho ao Imperador Romano.

O melhor vinho
de São Martinho
é a caridade


O vinho na Bíblia

-  A Bíblia, por seu lado, não proíbe o vinho que é necessário para a festa da Páscoa e até louva o vinho, apesar da história do patriarca Noé (Gen. 20 e ss.).

-  O vinho é profecia dos tempos messiânicos – nas bodas Caná da Galileia, o melhor vinho não foi servido no princípio e, até faltou, mas no fim, devido à Virgem Maria ter pedido a Seu Filho para atender aos jovens esposos (Jo.2 1-12).

-  O vinho é essencial para a Eucaristia. No cálice o vinho transforma-se no Sangue de Cristo, o Sangue da nova e eterna aliança, derramado por todos para remissão dos pecados.

 

O vinho no Islão

- O profeta Maomé, reza uma tradição, no princípio não proibiu totalmente de beber vinho e outras bebidas fermentadas. Esperava uma revelação de Alá que lhe disse: Se os crentes te perguntarem sobre as bebidas fermentadas diz-lhes: Elas produzem efeitos benéficos e prejudiciais, os prejuízos superam os benefícios. A resposta foi apenas um alerta. Uns aceitaram e outros não.

- O profeta teve uma outra revelação: Diz aos crentes que, ao menos, não venham ébrios para a oração, porque não saberão o que dizem. Aconteceu que um dia, o discípulo Ali, o predileto do profeta, que mais tarde havia de casar-se com a filha de Maomé, chegou à oração muito eufórico, pronunciando monstruosidades, de forma que lhe taparam a boca.

- O profeta teve outra revelação: Ouvi, crentes, as bebidas fermentadas são invenção do demónio, que intenta com elas afastar de Alá e da oração.

 

Ver também:

Capa vermelha de Martinho

Capa partilhada

Notas soltas sobre Não Martinho

O vinho de São Martinho

São Martinho

 

domingo, 10 de novembro de 2024

A esperança do Seminário


Concluímos hoje a Semana de Oração pelos Seminários, este ano com o tema Que posso eu esperar? (Sl 39, 8). Olhar o futuro com esperança é próprio daqueles que confiam; é uma resposta a um amor primeiro e último: o de Deus.

Que posso eu esperar?

Em 1885 morreu o último sacerdote, já lá vão 139 anos, natural da paróquia onde sirvo o múnus paroquial.

Depois disso, não há memória de novos sacerdotes nem de seminaristas desta paróquia.

Tenho rezado assiduamente nas celebrações pelas vocações e pelos seminários.

Estou a perder a esperança de ver passar este inverno vocacional.

A mensagem para esta semana lembra-nos que não podemos perder a esperança.

Então farei tudo para manter a esperança viva, mas vou deixar de rezar por essa intenção.

- Como assim? Não vai de rezar para que na paróquia surgem vocações para o seminário?

- Sim. Vou passar a rezar pelas famílias onde podem nascer essas vocações. De facto, os seminários estão vazios porque as famílias estão esvaziadas de valores cristãos. Antes da falta de vocações sacerdotais, há a falta de vocação e vivência do matrimónio cristão. Rezarei apenas pelas famílias cristãs e o resto virá por acréscimo.

 

Ver também:

Pescar pessoas

Guardião das vocações

A renovação de Portugal

Onde estão os seminaristas

Seminário virou maternidade

Do seminário ao sacerdócio

A comunidade do seminário

Dez sacerdotes

Leão Dehon no seminário

O coração da diocese

Semana dos seminários

 

sábado, 9 de novembro de 2024

Os óculos de Jesus


Ano B – XXXII domingo comum

Duas viúvas generosas

Depois de no domingo passado a liturgia ter apresentado o duplo mandamento do amor, agora vem ilustrar uma forma concreta de amar a Deus e ao próximo como a si mesmo.

As viúvas nas leituras deste domingo são um exemplo de amor a Deus e ao próximo, de generosidade, desprendimento e gratuitidade.

A primeira leitura fala de uma viúva de Sarepta que confia no profeta Elias e lhe dá a única coisa que lhe resta para comer, para ela e para o filho: um pouco de pão.  O evangelho também fala de uma viúva que doa ao templo a única coisa que lhe resta: duas pequenas moedas.  Ambas são modelos de fé em Deus e de esperança na sua misericórdia e de caridade generosa.

 

Mas em vez de me centrar na figura e na ação destas viúvas, quero aprender a olhar como Jesus e ver o que ele via. Foi por isso que Jesus, depois de ver a ação da viúva chamou os seus discípulos para os ensinar a ver da mesma maneira.

 

Os óculos do Mafarrico

O Mafarrico, personagem endiabrada e inoportuna tinha uns óculos especiais. As suas lentes tinham a capacidade de alterar a realidade. Com esses óculos o Mafarrico via as coisas boas reduzidas e as coisas más aumentadas. Ele divertia-se ao ver essa mudança. Um pequeno defeito tinha o tamanho de um pecado mortal e uma grande ação de caridade ficava reduzida a uma insignificância.

No meio de tanto divertimento e gozo os óculos caíram ao chão e as suas lentes ficaram em pó. O Mafarrico ficou desolado pois perdera a fonte do seu prazer. Ia começar a chorar quando reparou que o vento levantou o pó das lentes e levava-o pelos ares, de modo que foi parar aos olhos de tantas pessoas. Assim essas pessoas ficaram a ver mal, ou seja, a ver reduzido o bem e aumentado o mal. E o Mafarrico alegrou-se pois, a desgraça dos óculos partidos tinha multiplicado as faculdades dos óculos.

É por isso que ainda hoje cada pessoa, devido a esse pó nos olhos, tem a tendência de diminuir o bem e aumentar o mal, sobretudo o que é praticado pelos outros.

 

Mas há uma pessoa que não padece desse pó. É Jesus. No episódio do óbolo da pobre viúva, ele confirma que é capaz de fazer precisamente o contrário dos óculos do Mafarrico. Ele aumenta o bem, pois só ele considera o grande valor da pequena oferta e reduziu a importância das somas avultados dos ricaços.

Os óculos de Jesus, além de reduzir o mal e aumentar o bem, é capaz de ver tudo em forma de coração, porque vê com amor.

E finalmente vês com profundidade, até ao íntimo do coração de cada um. Só ele via a condição indigente daquela viúva.

 

Troquemos então os óculos do Mafarrico que reduz o bem e aumenta o mal, pelos óculos de Jesus:

- simples ou discretos para evitar vaidades,

- com dupla capacidade para aumentar o bem e diminuir o mal,

- com tonalidade positiva para ver tudo luminoso,

- com poder para penetrar mais fundo e mais além,

- e em forma de coração para ver tudo com amor.

 

Ver também:

As moedas da pobre viúva

Lições de uma viúva

A felicidade de dar tudo

Da oferta da viúva à viúva da oferta

Quem dá mais?

Deus não gosta de sobras

Ela deu tudo

A Igreja é viúva

Óbolo da viúva

A pobre viúva de coração rico

 

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Desperdiçar é um pecado


6ª feira – XXXI semana comum

 

Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens e pediu-lhe que prestasse contas da sua administração.

Sempre que oiço esta parábola vem-me ao pensamento o que era habitual ouvir lá na minha casa.

- Desperdiçar é um pecado – dizia a mãe quando alguém desperdiçava algum alimento, bebida ou outra coisa.

Não sei se está no catálogo dos pecados, mas de facto desperdiçar não é coisa boa.

Todos nós somos administradores e todos havemos de prestar contas da nossa administração.

Alguém nos pedirá contas de desperdiçarmos o quê?

1 - Desperdiçar as oportunidades que Deus e a vida nos dão.

2 - Desperdiçar as nossas capacidades ou os nossos talentos.

3 - Desperdiçar as graças ou as bênçãos de Deus.

4 - Desperdiçar o tempo.

5 - Desperdiçar os recursos naturais da Criação.

 

À margem:

Para fazer uma boa contabilidade é preciso:

1 - Creditar tudo o que é bom.

2 - Debitar todos os erros.

3 - Contabilizar apenas as boas obras.

4 - Amortizar do coração as coisas más.

5 - Investir nos bens eternos que nunca perdem validade.

Assim teremos uma verdadeira demonstração cujo resultado positivo será a felicidade e a santidade, isto é, seremos ricos aos olhos de Deus.

 

Ver também:

O mundo dos espertos

Em três palavras

Competitividade

As finanças de Jesus

 

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Protagonista da minha vida


4ª feira – XXXI semana comum

 

Se alguém vem ter comigo e não me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo.

Isto que quer dizer para mim?

Quer dizer que Deus, e só Deus, é o protagonista da minha vida.

É Deus e não eu nem mais ninguém a personagem principal da minha história.

É Deus que ocupa sempre o lugar principal no meu dia.

É Deus o promotor de todo o bem que faço.

É Deus o interveniente e o responsável do que sou e do que deve ser.

Deus é de facto o protagonista da minha história presente, passada ou futura.

A mais ninguém devo chamar Pai, Mestre ou Senhor.

 

Ver também:

A cruz não é opcional

Jesus votou-se e falou

Semáforos dos discípulos

Sem cruz não há salvação

Subindo à cruz com Jesus

Versão aritmética

Renunciar, ter, ser

A cruz dos discípulos e os discípulos da cruz

Identidade cristã

Quem manda é o chefe

A forma do amor

Abraçar a cruz

Tomar a cruz

Renegue-se a si mesmo

Discípulos Cristo

Cada um com a sua cruz

Que a cruz nos tome

Renunciar

 

O maior jejum de São Nuno


Memória de São Nuno de Santa Maria Álvares Pereira, o Santo Condestável (1360-1431)

O jejum do santo

O santo do jejum

 

O Santo que foi em jejum para a Batalha de Aljubarrota (1385).

São Nuno de Santa Maria Álvares Pereira todos os dias ouvia duas missas e três nos sábados e domingos.

Confessava-se amiúde e comungava quatro vezes por ano: pelo Natal, Páscoa, Pentecostes e Santa Maria de agosto, o que se admirava muito, visto os leigos, então, quase só comungarem pela Quaresma.

Diariamente, rezava as suas Horas, levantando-se pontualmente a rezar Matinas à meia-noite, como se fosse um religioso; e isto antes de entrar na Ordem do Carmo.

Jejuava às quartas-feiras, sextas e sábados, e guardava todas as festas e dias prescritos pela igreja. Do jejum nunca se dispensava mesmo que viesse a cair nos dias em que havia de dar batalha.

Mas o seu maior jejum foi outro: depois de uma carreira militar vitoriosa renunciou a tudo isso e dedicou-se totalmente na Deus e à Maria Santíssima, como frade terceiro da Ordem do Carmo.

De facto, jejuar é dizer não ao pão material para dizer sim ao alimento divino que só nos pode saciar plenamente. É deixar as vitórias deste mundo para alcançar uma vitória eterna.

O que rezamos nas Laudes do comum dos santos aplica-se perfeitamente a São Nuno:

A glórias vãs desde mundo,

Bem as soubeste deixar,

Para lá cima alto nome

Com letras de oiro gravar.

 

Oração:

Senhor nosso Deus, que destes a são Nuno de Santa Maria a graça de combater o bom combate e o tornastes exímio vencedor de si mesmo, concedei aos vossos servos que, dominando como ele as seduções do mundo, com ele vivam para sempre na pátria celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

 

Invocação

São Nuno de Santa Maria, rogai por nós!

Já que tiveste aqui na terra a mesma Pátria que nós,

Faz que tenhamos lá no céu a mesma Pátria que tu.

 

São Nuno nas palavras de Bento XVI

Bento XVI na canonização de São Nuno de Santa Maria Álvares Pereira:

Sinto-me feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar, nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélica, é possível atuar e realizar os valores e princípios da vida cristã (26/94/2009)

 

São Nuno nas palavras de Camões

Ditosa Pátria que tal filho teve.

Camões coloque a figura de Dom Nuno nos cantos I, IV, VIII, merece atenção. São cantos charneira da narrativa épica, dão-lhe travejamento e sustentam a estrutura da memória histórica a que dão consistência. Não pode senão significar o preito de homenagem épico à “estrela da manhã” que mais que todos os heróis portugueses merece as honras de quem interpreta o sentido da Memória da coletividade a que pertence. Com ele proclamamos “Ditosa pátria que tal filho teve. / Mas antes, Pai!”

 

São Nuno nas palavras de Fernando Pessoa

NUN’ÁLVARES PEREIRA

 

Que auréola te cerca?

É a espada que, volteando,

Faz que o ar alto perca

Seu azul negro e brando.

 

Mas que espada é que, erguida,

Faz esse halo no céu?

É Excalibur, a ungida,

Que o Rei Artur te deu.

 

Esperança consumada,

S. Portugal em ser,

Ergue a luz da tua espada

Para a estrada se ver!

 

8-12-1928, Mensagem. Fernando Pessoa. Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934 (Lisboa: Ática, 10ª ed. 1972).  - 45.

 

O poeta quer dizer que a santidade que ele alcançou, foi a custo também dos seus atos de guerreiro, pois é a sua espada que desenha o círculo diáfano por cima da sua cabeça, destacando-o santo, do comum dos homens. Nuno Álvares Pereira é o portador de uma espada que, sendo simultaneamente auréola, credencia-o como símbolo da plena heroicidade, por incorporar a dupla condição de guerreiro e de santo

 

Ver também:

Sem desânimo

O santo da Batalha

Rezar é combater

Ecos de um santo

São Nuno

Condestável

São Nuno de Santa Maria

 

À margem

Cronologia da vida de Santo Condestável

 

1360: Nuno Álvares Pereira nasce em Castelo do Bonjardim, Santarém, filho do prior da Ordem dos Hospitalários.

1361: É legitimado por D. Pedro I

1373: Entra na Corte de D. Fernando e torna-se escudeiro da rainha D. Leonor Teles. Em breve é armado cavaleiro.

1376: A 15 de agosto casa com D. Leonor de Alvim, de quem vem a ter uma filha, D. Beatriz.

1383: Morre D. Fernando. D. Leonor Teles manda proclamar a filha e o genro, D. João de Castela, sucessores do trono de Portugal. Nuno Álvares Pereira distingue-se no partido patriótico que incita D. João, Mestre de Avis, a chefiar a revolta contra os castelhanos. É nomeado fronteiro entre Tejo e Guadiana.

 

1384: Vence os castelhanos na Batalha dos Atoleiros.

1385: D. João I de Portugal, entretanto aclamado rei, nomeia-o Condestável do reino. A 14 de Agosto vence na Batalha de Aljubarrota. Recebe numerosos títulos e domínios, entre os quais o Condado de Ourém e o Condado de Arraiolos.

1388: Começa a construção da capela de S. Jorge, em Aljubarrota.

1389: Começa a construção do Convento do Carmo, em Lisboa.

1393: Partilha com os companheiros de armas muitas das suas terras.

1397: Primeiros carmelitas vêm viver para o Convento do Carmo.

1401: Fim das hostilidades com Castela.

 

1414: Morre a filha, D. Beatriz. Projeta tornar-se carmelita.

1415: Participa na conquista de Ceuta.

1422: Reparte pelos netos os seus títulos e domínios.

1423: Professa no Convento do Carmo a 15 de agosto. Toma o nome de Fr. Nuno de Santa Maria. Dedica-se a atos de piedade e de benemerência. Ainda em vida é chamado Santo Condestável pelo povo.

1 de abril de 1431, domingo da Ressurreição, morre em Lisboa.

1641: As cortes pedem ao Papa Urbano VIII a sua beatificação. O pedido é renovado várias vezes ao longo dos anos.

1918: O Papa Bento XV confirma o culto do Santo Condestável; a sua Festa celebra-se no dia 6 de novembro.

2009: São Nuno é canonizado pelo Papa Bento XVI, em 26 de abril e a sua festa é a 6 de novembro.