quinta-feira, 18 de julho de 2024

Imperador da nossa língua

A 18 de julho de 1597 morria o Pe. António Vieira, na Baía, aos 89 anos de idade, praticamente cego.

Ele foi, sem contestação, uma das maiores figuras do século XVII. E o foi não apenas como escritor e como pregador que dominava, com invulgar talento, a arte de escrever e de falar, mas também como inteligência, capaz de compreender os grandes problemas religiosos, morais, políticos, sociais e económicos da sua época, e como homem de ação e de intervenção.

Baseado em antigas profecias que interpretou à sua maneira e notando a peculiar intuição portuguesa para relações fáceis com pessoas de todas as raças, o Pe. António Vieira postulou que Portugal era a Nação Escolhida que levaria o mundo a uma era de paz, entendimento e união na Fé Cristã. Este seria o Quinto Império e o homem que faria tudo isso acontecer era "O Ansiado", o novo Rei Sebastião. Nesse aspeto, Fernando Pessoa foi "aprendiz" e seguidor do Pe. António Vieira como visionário e teórico do Quinto Império Português.

 

ANTÓNIO VIEIRA 

 

O céu strela o azul e tem grandeza.

Este, que teve a fama e à glória tem,

Imperador da língua portuguesa,

Foi-nos um céu também.

 

No imenso espaço seu de meditar,

Constelado de forma e de visão,

Surge, prenúncio claro do luar,

El-Rei D. Sebastião.

 

Mas não, não é luar: é luz etéreo.

É um dia; e, no céu amplo de desejo,

A madrugada irreal do Quinto Império

Doira as margens do Tejo

 

(Mensagem, Fernando Pessoa, Lisboa 1934)

 

Ver também:

Dia do Pe. António Vieira

Vieira e Dehon

 

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