A 18 de julho de 1597 morria o Pe. António
Vieira, na Baía, aos 89 anos de idade, praticamente cego.
Ele foi, sem contestação, uma das maiores
figuras do século XVII. E o foi não apenas como escritor e como pregador que
dominava, com invulgar talento, a arte de escrever e de falar, mas também como
inteligência, capaz de compreender os grandes problemas religiosos, morais,
políticos, sociais e económicos da sua época, e como homem de ação e de
intervenção.
Baseado em antigas profecias que interpretou à sua maneira e notando a peculiar intuição portuguesa para
relações fáceis com pessoas de todas as raças, o Pe. António Vieira postulou
que Portugal era a Nação Escolhida que levaria o mundo a uma era de paz,
entendimento e união na Fé Cristã. Este seria o Quinto Império e o homem que
faria tudo isso acontecer era "O Ansiado", o novo Rei Sebastião.
Nesse aspeto, Fernando Pessoa foi "aprendiz" e seguidor do Pe. António Vieira como visionário e
teórico do Quinto Império Português.
ANTÓNIO VIEIRA
O céu strela o azul e tem grandeza.
Este, que teve a fama e à glória tem,
Imperador da língua portuguesa,
Foi-nos um céu também.
No imenso espaço seu de meditar,
Constelado de forma e de visão,
Surge, prenúncio claro do luar,
El-Rei D. Sebastião.
Mas não, não é luar: é luz etéreo.
É um dia; e, no céu amplo de desejo,
A madrugada irreal do Quinto Império
Doira as margens do Tejo
(Mensagem, Fernando Pessoa, Lisboa 1934)
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