sábado, 9 de novembro de 2024

Os óculos de Jesus


Ano B – XXXII domingo comum

Duas viúvas generosas

Depois de no domingo passado a liturgia ter apresentado o duplo mandamento do amor, agora vem ilustrar uma forma concreta de amar a Deus e ao próximo como a si mesmo.

As viúvas nas leituras deste domingo são um exemplo de amor a Deus e ao próximo, de generosidade, desprendimento e gratuitidade.

A primeira leitura fala de uma viúva de Sarepta que confia no profeta Elias e lhe dá a única coisa que lhe resta para comer, para ela e para o filho: um pouco de pão.  O evangelho também fala de uma viúva que doa ao templo a única coisa que lhe resta: duas pequenas moedas.  Ambas são modelos de fé em Deus e de esperança na sua misericórdia e de caridade generosa.

 

Mas em vez de me centrar na figura e na ação destas viúvas, quero aprender a olhar como Jesus e ver o que ele via. Foi por isso que Jesus, depois de ver a ação da viúva chamou os seus discípulos para os ensinar a ver da mesma maneira.

 

Os óculos do Mafarrico

O Mafarrico, personagem endiabrada e inoportuna tinha uns óculos especiais. As suas lentes tinham a capacidade de alterar a realidade. Com esses óculos o Mafarrico via as coisas boas reduzidas e as coisas más aumentadas. Ele divertia-se ao ver essa mudança. Um pequeno defeito tinha o tamanho de um pecado mortal e uma grande ação de caridade ficava reduzida a uma insignificância.

No meio de tanto divertimento e gozo os óculos caíram ao chão e as suas lentes ficaram em pó. O Mafarrico ficou desolado pois perdera a fonte do seu prazer. Ia começar a chorar quando reparou que o vento levantou o pó das lentes e levava-o pelos ares, de modo que foi parar aos olhos de tantas pessoas. Assim essas pessoas ficaram a ver mal, ou seja, a ver reduzido o bem e aumentado o mal. E o Mafarrico alegrou-se pois, a desgraça dos óculos partidos tinha multiplicado as faculdades dos óculos.

É por isso que ainda hoje cada pessoa, devido a esse pó nos olhos, tem a tendência de diminuir o bem e aumentar o mal, sobretudo o que é praticado pelos outros.

 

Mas há uma pessoa que não padece desse pó. É Jesus. No episódio do óbolo da pobre viúva, ele confirma que é capaz de fazer precisamente o contrário dos óculos do Mafarrico. Ele aumenta o bem, pois só ele considera o grande valor da pequena oferta e reduziu a importância das somas avultados dos ricaços.

Os óculos de Jesus, além de reduzir o mal e aumentar o bem, é capaz de ver tudo em forma de coração, porque vê com amor.

E finalmente vês com profundidade, até ao íntimo do coração de cada um. Só ele via a condição indigente daquela viúva.

 

Troquemos então os óculos do Mafarrico que reduz o bem e aumenta o mal, pelos óculos de Jesus:

- simples ou discretos para evitar vaidades,

- com dupla capacidade para aumentar o bem e diminuir o mal,

- com tonalidade positiva para ver tudo luminoso,

- com poder para penetrar mais fundo e mais além,

- e em forma de coração para ver tudo com amor.

 

Ver também:

As moedas da pobre viúva

Lições de uma viúva

A felicidade de dar tudo

Da oferta da viúva à viúva da oferta

Quem dá mais?

Deus não gosta de sobras

Ela deu tudo

A Igreja é viúva

Óbolo da viúva

A pobre viúva de coração rico

 

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