Ano B – XXXII domingo comum
Duas viúvas generosas
Depois de no domingo passado a liturgia ter apresentado
o duplo mandamento do amor, agora vem ilustrar uma forma concreta de amar a
Deus e ao próximo como a si mesmo.
As viúvas nas leituras deste domingo são um exemplo de
amor a Deus e ao próximo, de generosidade, desprendimento e gratuitidade.
A primeira leitura fala de uma viúva de Sarepta que
confia no profeta Elias e lhe dá a única coisa que lhe resta para comer, para
ela e para o filho: um pouco de pão. O
evangelho também fala de uma viúva que doa ao templo a única coisa que lhe
resta: duas pequenas moedas. Ambas são
modelos de fé em Deus e de esperança na sua misericórdia e de caridade generosa.
Mas em vez de me centrar na figura e na ação destas viúvas, quero aprender a olhar como Jesus e ver o que ele via. Foi por isso que
Jesus, depois de ver a ação da viúva chamou os seus discípulos para os ensinar
a ver da mesma maneira.
Os óculos do Mafarrico
O Mafarrico, personagem endiabrada e inoportuna tinha
uns óculos especiais. As suas lentes tinham a capacidade de alterar a
realidade. Com esses óculos o Mafarrico via as coisas boas reduzidas e as
coisas más aumentadas. Ele divertia-se ao ver essa mudança. Um pequeno defeito tinha
o tamanho de um pecado mortal e uma grande ação de caridade ficava reduzida a
uma insignificância.
No meio de tanto divertimento e gozo os óculos caíram ao
chão e as suas lentes ficaram em pó. O Mafarrico ficou desolado pois perdera a
fonte do seu prazer. Ia começar a chorar quando reparou que o vento levantou o
pó das lentes e levava-o pelos ares, de modo que foi parar aos olhos de tantas
pessoas. Assim essas pessoas ficaram a ver mal, ou seja, a ver reduzido o bem e
aumentado o mal. E o Mafarrico alegrou-se pois, a desgraça dos óculos partidos
tinha multiplicado as faculdades dos óculos.
É por isso que ainda hoje cada pessoa, devido a esse pó
nos olhos, tem a tendência de diminuir o bem e aumentar o mal, sobretudo o que
é praticado pelos outros.
Mas há uma pessoa que não padece desse pó. É Jesus. No
episódio do óbolo da pobre viúva, ele confirma que é capaz de fazer
precisamente o contrário dos óculos do Mafarrico. Ele aumenta o bem, pois só
ele considera o grande valor da pequena oferta e reduziu a importância das
somas avultados dos ricaços.
Os óculos de Jesus, além de reduzir o mal e aumentar o
bem, é capaz de ver tudo em forma de coração, porque vê com amor.
E finalmente vês com profundidade, até ao íntimo do
coração de cada um. Só ele via a condição indigente daquela viúva.
Troquemos então os óculos do Mafarrico que reduz o bem
e aumenta o mal, pelos óculos de Jesus:
- simples ou discretos para evitar vaidades,
- com dupla capacidade para aumentar o bem e diminuir o
mal,
- com tonalidade positiva para ver tudo luminoso,
- com poder para penetrar mais fundo e mais além,
- e em forma de coração para ver tudo com amor.
Ver também:
Da oferta da viúva à viúva da oferta
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