domingo, 28 de outubro de 2012

Bartimeu

Ano B - XXX Domingo Comum
 
A)
Cada página do Evangelho é um espelho na qual nos podemos contemplar.
A página da cura de Bartimeu apresenta-nos 3 visões, consoante os 3 tipos de pessoas que ali aparecem:
O povo, o cego e Jesus.
 
1. O povo (os discípulos e a multidão)
Estes vão em frente sem saber para onde, nem que estão a fazer. É uma espécie de Maria Vai com as Outras. Não conhecem bem quem estão a seguir. Apesar de terem os olhos abertos ao veem, nem o Messias que é Jesus nem o cego que está à margem da estrada, isto é, são mais cegos que Bartimeu, pois não querem ver. Por fim, ainda são capazes de mandar calar os outros… Mas ao fim e ao cabo é capaz de fazer aquilo que Jesus lhes manda e de aplaudir, glorificando a Deus.
 
2. O cego Bartimeu
Ele não era cego de nascença, mas perdeu a vista: é o homem que perdeu a luz e está ciente disso, mas não perdeu a esperança e sabe agarrar a possibilidade desse encontro com Jesus e confia-se a ele para ser curado exteriormente, pois a proximidade já o curara interiormente. Bartimeu é a imagem do homem que reconhece o seu mal e grita ao Senhor com esperança. É tal e qual nós quando deixamos de ver o sentido da vida ou de Deus, mas não nos contentamos com isso.
 
3. Jesus
É alguém que avança, que está sempre em ação. Passa, escuta, vê, chama, liberta. É alguém que por onde passa acende uma luz, isto é, ilumina as pessoas. É alguém que quer saber o que os outros querem, para que queira o mesmo que Ele.
 
Conclusão
O povo e o cego são parecidos connosco. Nós devemos ser parecidos com Jesus.
 
B)
Santo Agostinho observa um particular acerca da figura de Bartimeu, que pode ser interessante e significativo também hoje para nós. Ele reflete sobre o facto de Marcos referir, neste caso, não só o nome da pessoa que é curada, mas também de seu pai, e chega à conclusão de que «Bartimeu, filho de Timeu, era um personagem decaído duma situação de grande prosperidade, e a sua condição de miséria devia ser universalmente conhecida e de domínio público, enquanto não era apenas cego, mas um mendigo que estava sentado na berma da estrada.
Esta interpretação de Bartimeu como pessoa decaída duma condição de «grande prosperidade» é sugestiva, convidando-nos a refletir sobre o facto que há riquezas preciosas na nossa vida que podemos perder e que não são materiais. Nesta perspetiva, Bartimeu poderia representar aqueles que vivem em regiões de antiga evangelização, onde a luz da fé se debilitou, e se afastaram de Deus, deixando de O considerarem relevante na própria vida: são pessoas que deste modo perderam uma grande riqueza, «decaíram» duma alta dignidade – não económica ou de poder terreno, mas a dignidade cristã –, perderam a orientação segura e firme da vida e tornaram-se, muitas vezes inconscientemente, mendigos do sentido da existência.
 

 

 

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