Memória de Santa Teresa de Jesus, de Ávila,
1515-1582
Doutora da Igreja, ensina-nos hoje, não apenas grandes lições místicas, mas as pequenas lições de alegria e santidade através de palavras simples e gestos bem-humorados.
A) As palavras
Dizia Santa Teresa de Ávila:
- Tristeza e melancolia não
as quero na minha casa.
- Tenho mais medo de uma monja
infeliz e triste do que uma corja de demónios.
- Uma monja triste e ou
infeliz é como uma mulher mal casada.
Ela gostava muito do bom humor,
da simplicidade e da naturalidade e rezava assim:
- Deus me livre dos santos
acabrunhados… pois quanto mais santos mais coloquiais.
Certa ocasião, estando no
mosteiro de Sória, uma monja perguntou a uma noviça o que pensava da Madre
Fundadora. A noviça respondeu simplesmente que não a achava assim tão santa
como lhe diziam, porque ela ria muito e que a prioresa dessa casa lhe parecia
mais santa, pois era mais séria.
A Madre Teresa de Jesus,
tendo ouvido, respondeu logo à noviça:
- Para aí! A Madre prioresa
é mais santa do que eu porque ela é muito virtuosa, nisso tens toda a razão. Eu
pareço ter a fama e ela as virtudes. Mas ela não é mais santa, porque ri pouco,
que isso não é uma virtude, mas um defeito.
A Abadessa de Madrid quando
conheceu Teresa de Jesus em 1569, disse às suas monjas:
- Bendito seja Deus, que nos
permitiu ver uma santa a quem todos podemos imitar, que come, dorme e fala como
nós e anda sem cerimónia.
Na verdade, ela ria, dançava,
tocava castanholas com toda a simplicidade, sem deixar de inspirar santidade.
Gostava da vida simples e sem artifícios.
Não aconselhava levantar-se
de madrugada para rezar:
- Por mais fervor que sinta,
ninguém roube horas de sono para rezar. É preciso dormir pelo menos seis horas
por noite. Todos nós devemos cuidar do nosso corpo para que não derrube nem
enfraqueça o espírito.
Finalmente concluía:
- Que no céu haja santos
mais elevados do que eu, não tenho dúvidas. Que haja quem ame mais do que eu,
não me posso permitir.
B) Os gestos
Uma vez uma rica senhora
colocou à disposição da Abadessa Teresa de Ávila um carrão de luxo que aceitou sem
muitas preocupações. Uma mulher do povo vendo isso ficou escandalizada e disse:
- É esta a monja que chamam
de santa que anda como rica num carrão!?
Teresa de Jesus ouviu,
desceu e nunca mais na sua vida usou estes carros de luxo puxados por belos
cavalos. Ela e as suas monjas só usavam o humilde transporte do povo.
Outra vez, num dia de chuva,
a mula que a transportava agitou-se e fê-la cair no caminho lamacento. Ela
levantou-se, molhada, suja e magoada numa perna, olhou para o céu e perguntou:
- Senhor, não podíeis ter
escolhido pior altura para isto acontecer?
Uma voz respondeu do Céu:
- É assim que eu trato os
meus amigos.
Ao que a santa respondeu,
sorrindo:
- Pois se é assim que os
tratais, não me admira que tenhais tão poucos!
Por fim, ainda hoje se conservam
em Ávila as castanholas e a pandeireta com que a santa dançava acompanhada das
suas religiosas em frente ao presépio, pois dizia que ao contemplar os mistérios
divinos a alma tinha de desafogar em tontarias.
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