quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Últimos dias do Pe. Dehon (VIII)


A comitiva parte para São Quintino
Na tarde do dia 17 de Agosto houve mais um momento solene. Reuniram-se todos na capela onde o bispo, D. Grison, deu a última bênção. Depois a dupla urna foi levada para fora e transportada para a estação Sul de Bruxelas. Seguiram-na os padres mais velhos da Congregação em vários carros. À tarde do mesmo dia aproximou-se de mim um conhecido Padre do Conselho Geral e disse-me: “Congratulamo-nos consigo por tudo quanto fez; tudo foi realizado de modo distinto e belo, calmo e comovedor”.
















No Colégio São João de São Quintino
Depois dirigimo-nos para São Quintino. O centro de gravidade da Congregação, por poucos dias, havia-se estabelecido naquela cidade. São João, ao qual estava tão vinculado o Pe. Fundador, acolheu-o defunto e rodearam-no os seus alunos mais fiéis, tanto sacerdotes como leigos. O mais fiel de todos, Octávio Leduc, aproximou-se e disse-me: “Você sabe que tudo quanto se disse contra ele não passa de vil calúnia”. Mesmo assim, alguns faltaram e notou-se a sua ausência. Eram aqueles a quem o Pe. Dehon tinha dado tudo: estudos, continuação nos mesmos e que lhe eram devedores do seu porvir, da sua vocação. Assim quis o Salvador uni-lo a Si: “omnes fugerunt”. Também o Fundador na sua vida teve de viver frequentemente esta dor.























Na Basílica de São Quintino
Inesquecível havia de ficar a cena da entrada na Basílica arruinada pela primeira guerra mundial, este monumento gótico tardio, que domina São Quintino e se vê de muitos quilómetros de distância.
Quantas vezes quando jovem, estando em São Clemente, eu ouvia ao entardecer, o som maravilhoso dos sinos de São Quintino! Hoje estão silenciados por terem sido fundidos durante a guerra. Só era possível celebrar as cerimónias sagradas numa nave lateral.




















D. Binet assiste aos funerais e faz o elogio fúnebre
O bispo de Soissons, D. Henrique Binet, prestou ao Fundador todas as honras.
Era, como dizia, o ornamento da sua diocese. “Uma pena sempre comprometida caiu de improviso das mãos”. Assim começou o elogio fúnebre, que foi recolhido por La Semaine Religieuse de Soissons.
Ao meio-dia voltámos a reunir-nos para almoçar no Colégio São João. Estavam todos unidos, sacerdotes seculares e Sacerdotes do Coração de Jesus, leigos e clero. Depois da oração de acção de graças o Bispo disse: “Estivemos tão felizes e tão unidos juntos; outra coisa não desejo senão que esta união perdure.”
O Assistente geral, sobre quem pesava toda a responsabilidade e o ónus destes dias, prestando homenagem ao Príncipe da Igreja, agradeceu e disse-lhe que sim.
Depois veio a dura realidade, a vida aperta-nos entre as suas garras, e há que cumprir com os próprios deveres.

A última morada
Assim, pois, o Pe. Dehon repousa em São Quintino, na sua cidade preferida, à espera da ressurreição.

(Das Memórias de D. Philippe, Vice Geral do Pe. Dehon e seu sucessor)


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