domingo, 7 de agosto de 2016

Últimos dias do Pe. Dehon (III)


Os médicos assistentes, 7 de Agosto
Ainda que a evolução da enfermidade do Pe. Dehon não desse motivos de apreensão, pedi ao médico que o atendia que consultasse outro médico, para atenuar diante do público e da Congregação, como fiz notar, a minha responsabilidade. Prometeu-me e veio com um médico que tinha trabalhado muito tempo no Congo. Apesar de não ser praticante, estimava os missionários e, de modo especial o nosso sacristão o fiel Irmão Justen, que sofria de uma doença crónica, e de quem dizia: “ Todo ele é coragem”.
Era particularmente especializado em medicina interna, pelo que podia melhor tratar do enfermo. Os médicos descobriram no seu paciente uma tuberculose há já muito tempo cicatrizada, e isto fez-nos pensar na doença grave de 1878, quando a vida do Fundador esteve em grande perigo.













Quarto do Pe. Dehon em Bruxelas, onde viveu os últimos anos

Uma crise superada com dificuldade
Durante a enfermidade, uma vez, de noite, veio ter comigo o Irmão que o velava, o querido Irmão Jerónimo Van Vliet, holandês, e disse-me: “Venha depressa!”
De facto o Fundador estava cada vez mais sensível e fraco. Fez-se levantar um pouco para encontrar algum descanso, mas quando foi posto na cama sobreveio-lhe asfixia por falta de respiração. Procurou, pouco a pouco, tomar forças, mas tardou mais do que nas outras ocasiões, o que me preocupou porque, evidentemente, cada vez se ia debilitando o coração.

A última confissão
De facto assim foi: Pouco depois, ao visitá-lo pela manhã, o enfermo disse-me: “Por favor, sente-se. Quero confessar-me”. Isto era algo novo. De facto o Fundador com a regularidade de um relógio, todos os sábados, às nove, ia aos Sacramentinos, aos filhos do Pe. Eymard, para fazer a sua confissão semanal. À proposta de chamar o seu confessor, disse: “Não, confesso-me a si”. E fez a sua confissão ao Assistente.
Assim iam passando os dias e as noites alternando entre a apreensão e a calma.

(Das Memórias de D. Philippe, Vice Geral do Pe. Dehon e seu sucessor)

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