quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Últimos dias do Pe. dehon (I)


Doença do Pe. Fundador.
            Última missa, 4 de agosto de 1925
Várias vezes ao longo da narração da vida do Fundador se faz referência, mas pode ser que nem todos saibam que, no mês de Agosto de 1925, durante a Bênção da tarde, fez companhia a um padre, que faleceu pouco depois, Teodoro Michele Lambert, e o ajudou em tudo. Este gesto de bom samaritano, humanamente falando, tinha de ser fatal para o Fundador. De facto, na altura, em Bruxelas, grassava uma epidemia de gastroenterite muito perigosa, que por causa do calor afectava especialmente o aparelho digestivo.
A 4 de Agosto o Pe. Dehon celebrou a última missa. Eu encontrava-me fora, num hospital, a substituir um Padre na celebração da Missa. Depois da oração da manhã e da meditação, arrastou-se até à sacristia para oferecer, como todos os dias, o santo sacrifício da Missa. Caminhava com muita dificuldade, pondo nisso todo o seu empenho. Os presentes tinham notado isso, e ao sair da capela comentaram: “O Pe. Dehon celebrou a sua última Missa”. Palavras que haviam de cumprir-se. Durante mais de cinquenta anos tinha oferecido o santo sacrifício da Missa sempre às sete da manhã com grande devoção e regularidade. Agora, a partir desta última Missa, o Salvador o conduz ao leito dos enfermos, como se quisesse dizer-lhe: “Filho, tu sacrificaste-me, cada dia, com a oferta de toda a tua vida e de todo o teu ser. Agora é o momento de te ofereceres a ti mesmo como vítima e te consumares como vítima do meu Coração”. Depois da Missa o Padre mal podia caminhar. Tinha 82 anos e 5 meses.
























Os primeiros auxílios
O sacristão, o fiel Ir. José Justen, do noviciado de Clairfontaine e audaz missionário no Congo, mais do que levá-lo a pé, tomou-o nos braços, e levou-o ao seu quarto e deitou-o no leito com grande cuidado. Eu regressei imediatamente e inteirei-me do que se tinha passado.
Rapidamente fui à farmácia próxima e pedi um medicamento dizendo: “O Padre acaba de celebrar a Missa e está aflito com uma terrível vontade de vomitar, temos receio que vomite as Sagradas Espécies.” Acrescentei que o enfermo durante toda a sua vida tinha sofrido de vómitos e que sempre se tinha curado deste mal. Obtive do farmacêutico uma dupla medicação com prescrição de a dar a horas alternadas.
Entrei no quarto e deparei-me com um doente que apenas podia aguentar-se. Pouco a pouco voltaram-lhe as forças e a medicação deu-lhe alívio com um sono reparador. O médico chamado de urgência diagnosticou gripe, mas não sem perigo próximo.
Desde esse mesmo instante, todos os dias, por meio de um bilhete postal, era enviada uma relação pormenorizada a toda a Congregação, a todas as casas, a diferentes personalidades, aos familiares, ao Bispo Grison e a outros. Mantínhamo-los informados sobre o estado e o desenrolar da enfermidade. Era tempo de férias e durante estas os conventos e casas religiosas têm uma adaptação um tanto elástica porque muitos estão ausentes e não se os pode contactar. Foram promovidas orações públicas, mas não existindo um perigo imediato, o próprio Fundador tomou todas as medidas referentes à Congregação.

(Das Memórias de D. Philippe, Vice Geral do Pe. Dehon e seu sucessor)

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