Os últimos
instantes, 12 de Agosto
Chegou o dia derradeiro. Era
quarta-feira, tal como terça-feira dia 4, fora o da sua última Missa. Falava
frequentemente da morte e costumava dizer quando ouvia falar da agonia: “A
coisa mais bela é adoecer durante três dias: No primeiro a pessoa põe em ordem
todos os assuntos, confessa-se, recebe os últimos sacramentos e no terceiro
parte para o bom Deus”. Pode-se dizer que, mais ou menos, foi o que se passou
com ele. O ecónomo geral foi informado, assim como o procurador geral, o Pe.
Octávio Gasparri, que chegou de Roma e trouxe uma bênção especial do Santo
Padre para o enfermo grave. Por volta das dez horas fui junto do Pe. Fundador e
disse-lhe: “Permita que vá com o Pe. Falleur ao banco para regularizar vários
assuntos”. (O Pe. Falleur era o ecónomo geral). Conseguimos mudar quanto estava
no nome pessoal do Pe. Dehon. Regressados a casa demo-nos conta de que tinha
chegado o último momento.
Reunimo-nos para a oração pelos
agonizantes e, entretanto, chegaram os familiares do Pe. Dehon.
Recitámos juntos as orações pelos
moribundos. Ele pôde acompanhar tudo e estava em perfeita tranquilidade, até
que pelas 12,10 deixou de respirar sem agonia.
Era o final de uma vida de trabalho e
sacrifício.
(Das
Memórias de D. Philippe, Vice Geral do Pe. Dehon e seu sucessor)
Relógio de bolso do Pe. Dehon
O
meu Testamento
Peço perdão a Deus e aos homens de todas
as minhas faltas. Imploro a misericórdia do Coração de Jesus. Suplico à
Santíssima Virgem Maria e a São José para interceder por mim no meu julgamento.
Nomeio como legatário universal e executor
testamentário o Pe. Teodoro Falleur, que tem sido sempre meu amigo e
colaborador, e na sua ausência o Monsenhor Abbot Crinon, Cura de São João.
Deixo pouca coisa, tendo gasto tudo em boas obras, especialmente nas missões
longínquas e em Roma.
Se houver valores e algum dinheiro como
meu património, o meu legatário terá de pagar as taxas de propriedade e dívidas
que eu possa deixar. Ele fará celebrar um trintário e outras missas pelo descanso da minha alma. Ele oferecerá à minha família o que encontrar nos meus
haveres e algumas pequenas lembranças. A minha família sabe que as minhas obras
esvaziaram-me dos bens terrenos.
Recomendo-me às orações de todos aqueles
que tiveram por mim algum afeto.
Quero morrer como um discípulo e apóstolo do Coração de Jesus.
Feito em Bruxelas, 08 de dezembro de 1924
Assinado Leão Dehon
(cf. Inv. 460.01 B. 22/10)
- A
morte do Sacerdote do Coração de Jesus é como uma missa suprema pela qual ele
conseguirá sobre a terra adorar, dar graças, rezar, acreditar na misericórdia
em união com Jesus imolando-se na cruz e no altar, com Maria co-redentora e
rainha do clero. (CC 10/81919)
- A
nossa vida é uma morte contínua. (NHV, volume III, Outubro 1865 – Outubro
1869)
- O Coração
de Jesus resume toda a minha vida: por Ele vivi, por Ele morro. (TRP Dehon,
G. Konters, Bruges, 1930 I)
- O meio
de morrer bem, é viver bem. (NHV, volume VI, Janeiro 1874 – Dezembro 1876)
- Quero morrer como discípulo e apóstolo do Coração de
Jesus. (testamento de 8/12/24).
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