sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Últimos dias do Pe. Dehon (VI)


Os últimos instantes, 12 de Agosto
Chegou o dia derradeiro. Era quarta-feira, tal como terça-feira dia 4, fora o da sua última Missa. Falava frequentemente da morte e costumava dizer quando ouvia falar da agonia: “A coisa mais bela é adoecer durante três dias: No primeiro a pessoa põe em ordem todos os assuntos, confessa-se, recebe os últimos sacramentos e no terceiro parte para o bom Deus”. Pode-se dizer que, mais ou menos, foi o que se passou com ele. O ecónomo geral foi informado, assim como o procurador geral, o Pe. Octávio Gasparri, que chegou de Roma e trouxe uma bênção especial do Santo Padre para o enfermo grave. Por volta das dez horas fui junto do Pe. Fundador e disse-lhe: “Permita que vá com o Pe. Falleur ao banco para regularizar vários assuntos”. (O Pe. Falleur era o ecónomo geral). Conseguimos mudar quanto estava no nome pessoal do Pe. Dehon. Regressados a casa demo-nos conta de que tinha chegado o último momento.
Reunimo-nos para a oração pelos agonizantes e, entretanto, chegaram os familiares do Pe. Dehon.
Recitámos juntos as orações pelos moribundos. Ele pôde acompanhar tudo e estava em perfeita tranquilidade, até que pelas 12,10 deixou de respirar sem agonia.
Era o final de uma vida de trabalho e sacrifício.
(Das Memórias de D. Philippe, Vice Geral do Pe. Dehon e seu sucessor)

















Relógio de bolso do Pe. Dehon 

O meu Testamento
Peço perdão a Deus e aos homens de todas as minhas faltas. Imploro a misericórdia do Coração de Jesus. Suplico à Santíssima Virgem Maria e a São José para interceder por mim no meu julgamento.
Nomeio como legatário universal e executor testamentário o Pe. Teodoro Falleur, que tem sido sempre meu amigo e colaborador, e na sua ausência o Monsenhor Abbot Crinon, Cura de São João. Deixo pouca coisa, tendo gasto tudo em boas obras, especialmente nas missões longínquas e em Roma.
Se houver valores e algum dinheiro como meu património, o meu legatário terá de pagar as taxas de propriedade e dívidas que eu possa deixar. Ele fará celebrar um trintário e outras missas pelo descanso da minha alma. Ele oferecerá à minha família o que encontrar nos meus haveres e algumas pequenas lembranças. A minha família sabe que as minhas obras esvaziaram-me dos bens terrenos.
Recomendo-me às orações de todos aqueles que tiveram por mim algum afeto.
Quero morrer como um discípulo e apóstolo do Coração de Jesus.
Feito em Bruxelas, 08 de dezembro de 1924
Assinado Leão Dehon
(cf. Inv. 460.01 B. 22/10)





















- A morte do Sacerdote do Coração de Jesus é como uma missa suprema pela qual ele conseguirá sobre a terra adorar, dar graças, rezar, acreditar na misericórdia em união com Jesus imolando-se na cruz e no altar, com Maria co-redentora e rainha do clero. (CC 10/81919)
- A nossa vida é uma morte contínua. (NHV, volume III, Outubro 1865 – Outubro 1869)
- O Coração de Jesus resume toda a minha vida: por Ele vivi, por Ele morro. (TRP Dehon, G. Konters, Bruges, 1930 I)
- O meio de morrer bem, é viver bem. (NHV, volume VI, Janeiro 1874 – Dezembro 1876)
- Quero morrer como discípulo e apóstolo do Coração de Jesus. (testamento de 8/12/24).

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