Idiomas que o Pe. Dehon falava
Desde os 18 anos Leão Dehon, para além
do francês, sua língua materna,
dominava bem o inglês.
Enquanto estudante de Paris costumava ir
todos os anos à Inglaterra para durante vários meses aperfeiçoar-se na língua
inglesa.
Para além do francês e do inglês, teve
de dominar bem o italiano (pois
viveu e estudou em Roma durante mais de 6 anos).
Há ainda a acrescentar o latim e o alemão, por necessidade dos estudos, do trabalho ou da vida
comunitária.
Sempre que visitava um país, procurava
conhecer a sua própria língua, ensaiando aqui e ali algumas frases de
circunstância para poder comunicar com os locais ou valorizar o património
linguístico do lugar.
É o caso do flamengo durante os 4 anos no Colégio de Hazebrouck, do árabe, aquando da sua primeira viagem
ao Médio Oriente, do espanhol (viagem
para além dos Pirenéus) e do português
(sobretudo na viagem Mil léguas na América do Sul).
Podemos ainda acrescentar o curso de Estenografia que frequentou para
integrar o grupo de estenógrafos do Concílio Vaticano I.
Não só o Pe. Dehon falava correntemente
várias idiomas, como também deu aulas, explicações ou fez de cicerone, guia ou
tradutor (inglês, latim…)
Por fim, há a assinalar que a maior
parte das suas obras sociais foram traduzidas em diversas línguas: “Eu publico estas conferências sociais em
muitos volumes: Catecismo Social – Renovação Cristã – Diretivas Pontifícias.
Muitos destes volumes estão traduzidos
em italiano, em árabe, em húngaro, em português. Eles
tornam-se clássicos em muitos seminários de França e de Itália.”
(NQ XXXIX/112, 1916)
Flamengo
“Durante esses quatro anos, fiz
frequentes visitas e passei férias na casa de duas famílias da região, os
Vandewalle em Hazebrouck e os Dassonville em Armentières. Não cheguei a
conhecer a fundo os costumes dessa terra de Flandres onde passei quatro anos,
todavia guardei dela preciosas recordações. O povo só falava flamengo, facto que os preservava das más
leituras.” (NHV)
Inglês
“Chegado o mês de Abril (1861), já não
me encontrava tão preocupado com o direito. Rapidamente foi traçado um
programa. Iria passar três meses em
Londres para aprender inglês. Eis-me agora inglês e membro duma família
inglesa durante três meses. O tempo passou muito depressa em Londres. Eu estudava inglês e começava já a falá-lo.
Algumas saídas, visitas e passeios davam-me também a ocasião de falar um
pouco de inglês.
O
meu primeiro fim fora o de estudar inglês, agora já o sabia bastante bem e
podia manter uma conversação sem marcar demasiado o meu sotaque estrangeiro.”
(NHV)
“Segunda
viagem à Inglaterra (1862)
O bom padre Poisson viera juntar-se a
mim em Londres. Tinha comigo também o meu primo Wateau. Foi visitando Westwinster
que encontrámos Leão Palustre. Partimos então os quatro para percorrer a
Inglaterra, a Escócia e a Irlanda. Eu
sabia já bastante inglês para ser o Cicerone e o ecónomo da viagem. (NHV)
Alemão
“Eu parti a 12 de Agosto (1863) para me
reunir a Palustre em Estrasburgo. Eu não previa, nesse momento, que o nosso
temperamento vagabundo nos levaria até à Noruega. Não voltaríamos senão no
último dia das férias, para retomarmos as aulas de Direito em Novembro. Fiz
esta viagem como turista sério mesmo como estudante zeloso; porque não pus eu
nela mais fé, mais vistas sobrenaturais! Adquiri
um certo conhecimento da língua alemã, conhecimento
muito imperfeito, mesmo miserável, mas que havia de me prestar grandes serviços
na confissão das nossas pias irmãs alsacianas.” (NHV)
Árabe
“Um incidente de fronteira por pouco não
interrompia bruscamente a nossa viagem (março 1865 perto de Gaza). Um indivíduo
pediu-nos o nosso atestado de saúde passado pelos médicos egípcios. Nós
tínhamo-lo. Chamam isso de “Patenta”. É uma palavra italiana. O meu companheiro
não percebeu e chicoteou esse importuno, que, aliás, não vestia nenhuma farda
oficial. Acontece que era um soldado do Grão Turco. O caso era grave: chicotear
um soldado do Nizan. O oficial do posto decidiu que iriam prender-nos primeiro,
para nos enviar depois para Constantinopla. O caso virava-se para o trágico. Eu parlamentei, tanto por meio de
intérprete como pelas poucas palavras de árabe que sabia. Ofereci uma
compensação monetária ao soldado.” (NHV)
Italiano e latim
“Como seminarista em Roma habituei-me
depressa às aulas. Sabia alguma coisa de
italiano, isso ajudava-me a perceber o latim pronunciado à romana… Nos
exames, consegui responder convenientemente em forma escolástica, sobre as
principais teses da filosofia. Tive de
responder também em italiano sobre a física, a astronomia, a mecânica
racional e os elementos do cálculo integral e diferencial.” NHV)
Explicações
“Como padre novo, na paróquia de Sommeron algumas
pessoas pediram-me para confessá-las; preguei várias vezes. Dei também algumas lições de Latim a
crianças que mais tarde se tornaram padres… Em Agosto continuei a dar explicações de Latim a vários rapazes
que estavam no Seminário Menor ou que desejavam entrar nele.” (NHV)
Português
Será apresentado numa página independente
Curso de estenografia
“Para
o Concílio, precisava-se de um grupo de estenógrafos. Foi aprontado. Um
sacerdote de Turim, Virgínio Marchese, antigo estenógrafo do senado italiano,
foi encarregado de formar os seus auxiliares. Foram escolhidos seminaristas de diversas nações para ter um secretariado
familiarizado com todas as pronúncias. Eu fui desse número. Eis os nomes
dos privilegiados, tal como aparecem nas Actas do Concílio… O nosso sistema
de estenografia era bastante complicado. Baseava-se sobre a ortografia e não
sobre os sons; Escrevíamos dois a dois, alternando uma frase cada um. Tínhamos
que dar-nos a palavra final, para recomeçar. Escrevíamos só as consoantes; daí
um quebra-cabeças chinês para reencontrar as palavras e reconstruir as frases.”
(NHV)
“Um padre é tantas vezes padre quantas
línguas sabe”, ensinava o Pe. Prévot, discípulo e colaborador direto do Pe.
Dehon. Quem sabe se ele chegou a essa conclusão ao observar a experiência do
Pe. Dehon, como poliglota.
“Não
haja divisões entre nós. Amemos todas as nações. Não haverá nações no céu” (Souvenirs,
1912). Podemos, para concluir parafraseando o Pe. Dehon: Não haja diferença de línguas entre nós. Falemos todos os idiomas. Não
haverá diferença de línguas no céu.
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