quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Poliglota


Idiomas que o Pe. Dehon falava

Desde os 18 anos Leão Dehon, para além do francês, sua língua materna, dominava bem o inglês.
Enquanto estudante de Paris costumava ir todos os anos à Inglaterra para durante vários meses aperfeiçoar-se na língua inglesa.
Para além do francês e do inglês, teve de dominar bem o italiano (pois viveu e estudou em Roma durante mais de 6 anos).
Há ainda a acrescentar o latim e o alemão, por necessidade dos estudos, do trabalho ou da vida comunitária.
Sempre que visitava um país, procurava conhecer a sua própria língua, ensaiando aqui e ali algumas frases de circunstância para poder comunicar com os locais ou valorizar o património linguístico do lugar.
É o caso do flamengo durante os 4 anos no Colégio de Hazebrouck, do árabe, aquando da sua primeira viagem ao Médio Oriente, do espanhol (viagem para além dos Pirenéus) e do português (sobretudo na viagem Mil léguas na América do Sul).
Podemos ainda acrescentar o curso de Estenografia que frequentou para integrar o grupo de estenógrafos do Concílio Vaticano I.
Não só o Pe. Dehon falava correntemente várias idiomas, como também deu aulas, explicações ou fez de cicerone, guia ou tradutor (inglês, latim…)
Por fim, há a assinalar que a maior parte das suas obras sociais foram traduzidas em diversas línguas: “Eu publico estas conferências sociais em muitos volumes: Catecismo Social – Renovação Cristã – Diretivas Pontifícias. Muitos destes volumes estão traduzidos em italiano, em árabe, em húngaro, em português. Eles tornam-se clássicos em muitos seminários de França e de Itália.” (NQ XXXIX/112, 1916)





























Flamengo
“Durante esses quatro anos, fiz frequentes visitas e passei férias na casa de duas famílias da região, os Vandewalle em Hazebrouck e os Dassonville em Armentières. Não cheguei a conhecer a fundo os costumes dessa terra de Flandres onde passei quatro anos, todavia guardei dela preciosas recordações. O povo só falava flamengo, facto que os preservava das más leituras.” (NHV)

Inglês
“Chegado o mês de Abril (1861), já não me encontrava tão preocupado com o direito. Rapidamente foi traçado um programa. Iria passar três meses em Londres para aprender inglês. Eis-me agora inglês e membro duma família inglesa durante três meses. O tempo passou muito depressa em Londres. Eu estudava inglês e começava já a falá-lo. Algumas saídas, visitas e passeios davam-me também a ocasião de falar um pouco de inglês.
O meu primeiro fim fora o de estudar inglês, agora já o sabia bastante bem e podia manter uma conversação sem marcar demasiado o meu sotaque estrangeiro.” (NHV)
 “Segunda viagem à Inglaterra (1862)
O bom padre Poisson viera juntar-se a mim em Londres. Tinha comigo também o meu primo Wateau. Foi visitando Westwinster que encontrámos Leão Palustre. Partimos então os quatro para percorrer a Inglaterra, a Escócia e a Irlanda. Eu sabia já bastante inglês para ser o Cicerone e o ecónomo da viagem. (NHV)

Alemão
“Eu parti a 12 de Agosto (1863) para me reunir a Palustre em Estrasburgo. Eu não previa, nesse momento, que o nosso temperamento vagabundo nos levaria até à Noruega. Não voltaríamos senão no último dia das férias, para retomarmos as aulas de Direito em Novembro. Fiz esta viagem como turista sério mesmo como estudante zeloso; porque não pus eu nela mais fé, mais vistas sobrenaturais! Adquiri um certo conhecimento da língua alemã, conhecimento muito imperfeito, mesmo miserável, mas que havia de me prestar grandes serviços na confissão das nossas pias irmãs alsacianas.” (NHV)

Árabe
“Um incidente de fronteira por pouco não interrompia bruscamente a nossa viagem (março 1865 perto de Gaza). Um indivíduo pediu-nos o nosso atestado de saúde passado pelos médicos egípcios. Nós tínhamo-lo. Chamam isso de “Patenta”. É uma palavra italiana. O meu companheiro não percebeu e chicoteou esse importuno, que, aliás, não vestia nenhuma farda oficial. Acontece que era um soldado do Grão Turco. O caso era grave: chicotear um soldado do Nizan. O oficial do posto decidiu que iriam prender-nos primeiro, para nos enviar depois para Constantinopla. O caso virava-se para o trágico. Eu parlamentei, tanto por meio de intérprete como pelas poucas palavras de árabe que sabia. Ofereci uma compensação monetária ao soldado.” (NHV)

Italiano e latim
“Como seminarista em Roma habituei-me depressa às aulas. Sabia alguma coisa de italiano, isso ajudava-me a perceber o latim pronunciado à romana… Nos exames, consegui responder convenientemente em forma escolástica, sobre as principais teses da filosofia. Tive de responder também em italiano sobre a física, a astronomia, a mecânica racional e os elementos do cálculo integral e diferencial.” NHV)

Explicações
 “Como padre novo, na paróquia de Sommeron algumas pessoas pediram-me para confessá-las; preguei várias vezes. Dei também algumas lições de Latim a crianças que mais tarde se tornaram padres… Em Agosto continuei a dar explicações de Latim a vários rapazes que estavam no Seminário Menor ou que desejavam entrar nele.” (NHV)

Português
Será apresentado numa página independente

Curso de estenografia
Para o Concílio, precisava-se de um grupo de estenógrafos. Foi aprontado. Um sacerdote de Turim, Virgínio Marchese, antigo estenógrafo do senado italiano, foi encarregado de formar os seus auxiliares. Foram escolhidos seminaristas de diversas nações para ter um secretariado familiarizado com todas as pronúncias. Eu fui desse número. Eis os nomes dos privilegiados, tal como aparecem nas Actas do Concílio… O nosso sistema de estenografia era bastante complicado. Baseava-se sobre a ortografia e não sobre os sons; Escrevíamos dois a dois, alternando uma frase cada um. Tínhamos que dar-nos a palavra final, para recomeçar. Escrevíamos só as consoantes; daí um quebra-cabeças chinês para reencontrar as palavras e reconstruir as frases.” (NHV)






















Um padre é tantas vezes padre quantas línguas sabe”, ensinava o Pe. Prévot, discípulo e colaborador direto do Pe. Dehon. Quem sabe se ele chegou a essa conclusão ao observar a experiência do Pe. Dehon, como poliglota.
“Não haja divisões entre nós. Amemos todas as nações. Não haverá nações no céu” (Souvenirs, 1912). Podemos, para concluir parafraseando o Pe. Dehon: Não haja diferença de línguas entre nós. Falemos todos os idiomas. Não haverá diferença de línguas no céu.


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