Disposições
para o Capítulo, 6 de Agosto
Estando o Pe. Dehon na cama, mandou-me chamar e disse-me: “Olhe, nestas condições, este
ano não posso dirigir o Capítulo.” Era um Capítulo de assuntos e as eleições já
estavam feitas. “Comunique a todos os capitulares em meu nome o que lhe digo: O
Capítulo iniciar-se-á aqui em Bruxelas, na minha presença, depois você irá a
Lovaina com os capitulares e dirigirá os debates. Para a conclusão que venham
todos aqui, comigo, e eu encerrarei solenemente o Capítulo em Bruxelas.” Certamente o projecto era belo e eu não
podia fazer outra coisa senão estar de acordo, prometendo-lhe cumprir tudo com
fidelidade.
Realização
de um desejo: um director espiritual para o noviciado de Brugelette
Visitava-o várias vezes ao dia e
frequentemente de noite para perguntar se desejava alguma coisa.
Dizia que não. Espantava-me ver com que
clareza ainda entendia tudo. Entre outras coisas disse-me (estávamos a falar de
uma mudança no noviciado de Bruguelette, noviciado franco-belga na diocese de
Tournay): “bem, leve a cabo este projecto e vá ao Provincial dos Jesuítas
pedir-lhe um Director Espiritual para o noviciado.” Esta proposta realizei-a
com toda a fidelidade e solicitude quase como uma herança do defunto Fundador.
Veio ao Noviciado o Pe. Mahiat, que por muitos anos dirigiu os noviços.
Vinda do
Bispo sufragâneo de Paris, D. Chaptal
Deram-se outros acontecimentos. Do
Luxemburgo chegou-nos a notícia que D. Chaptal, bispo sufragâneo de Paris,
recomendado por D. Nommesch, bispo de Luxemburgo, vinha pedir um capelão para a
colónia franco-luxemburguesa de Paris na Rua Lafayette. O Padre ficaria por ali
até que a diocese do Luxemburgo tivesse a possibilidade de aceitar este
apostolado na grande capital.
Chegou o bispo e expôs-me o seu
projecto. Informei imediatamente o Fundador desta visita, naturalmente com a
delicadeza que exigia a situação da sua enfermidade. Eu respondi-lhe: “Com um
só Padre não se pode começar nada, e se não é possível ter uma comunidade de ao
menos três padres em Paris, não se pode levar a cabo este projecto.”
Para mim a coisa era clara. No meu
entender era um meio para poder introduzir a Congregação em Paris, porque de
outra forma seria quase impossível. Disse-lhe que o Pe. Fundador estava doente
e convidei-o a visitá-lo. Levei o ilustre visitante ao quarto do doente, e com
toda a gentileza o Fundador recebeu o Bispo. Deixei-os sós e puderam falar
trocando opiniões.
O Bispo Chaptal era uma vocação tardia.
Procedia da diplomacia da sua pátria. Tinha sido secretário do embaixador de
São Petersburgo e estudado depois teologia no seminário de São Sulpício de
Paris.
Como me disse mais tarde, era um fiel
seguidor do movimento social e, durante as férias, tinha frequentado
regularmente o curso que o Pe. Dehon e Sr. Harmel tinham em Val-de-Bois para
seminaristas e sacerdotes.
A visita dos
padres polacos: Stoszko e Maijka
Outro acontecimento vivido nestes dias,
querido e belo como um idílio, é a visita dos primeiros religiosos polacos.
Estudavam teologia na Universidade de Estrasburgo e estavam a caminho a
Lovaina. Contei-lhes brevemente a enfermidade do venerado Pe. Dehon e
disse-lhes: “E agora, vamos fazer-lhe uma visita.” Acompanhei-os até ao quarto
e um doce sorriso iluminou o rosto do ancião enfermo. Viu nestes dois jovens
filhos espirituais as primícias que deviam implantar a Congregação na sua
pátria católica.
Eram eles o Padre Stoszko e o mais velho
Pe. Estanislau Maijka. Abençoou-os e a bênção do padre passou para os seus
filhos. Estou convencido de que esta bênção trouxe muitas graças à fundação
polaca e, apesar de todas as perseguições, a mantém ainda que em condições
penosas, unida à Congregação.
(Das
Memórias de D. Philippe, Vice Geral do Pe. Dehon e seu sucessor)
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