sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Em português 1


O Pe. Dehon aprendeu a falar português

Foi sobretudo durante a sua estadia no Brasil que o Pe. Dehon contactou mais com a língua portuguesa, tendo até aprendido a falar alguma coisa. De facto, durante a primeira visita a Portugal (1900) o tempo foi reduzido (8 dias), o objetivo foi sobretudo turístico e ficou hospedado sobretudo em hotéis ou ambientes franceses. No Brasil passou muito mais tempo (cerca de 4 meses) e com alguma ação pastoral, intervenção local e contactos com gente simples que apenas falava esse idioma. Daí que fosse natural que tivesse de responder em português aos que lhe dirigiam a palavra. Se ele quisesse aprender mais o idioma português não teria dificuldade pois, como língua neolatina não está longe do francês.





















“No dia 19 (de setembro de 1906) visitei Capela de Caxanga… Um alegre cortejo vem receber-me na estação. Há uma profusão de foguetes e flores, canto de hinos, oferta de ramalhetes. Celebro a missa e distribuo 50 comunhões. Tento responder com algumas frases em português às boas-vindas que me são lidas.” (NQ XX/9)

Apresentam-me cumprimentos e eu respondo com alguma frase em português. Oferecem-me cestos de flores. As crianças cantam e declamam em português e em francês… “(NQ XX/105 - setembro 1906)

“Um professor acompanhou-me até ao Alto da Serra (Rio de Janeiro). Os padres têm lá uma igreja nova de estilo italiano., bem assente sobre um morro. Converso como posso em português com o meu cicerone.” (NQ XXII/65)

A língua portuguesa distanciou-se visivelmente dos outros dialetos romanos da Ibérica por volta da metade do século XIII. Esta deriva do latim, mas grande número das suas palavras distancia-se desta raiz mediante a perca de uma consoante, sobretudo L e N; por exemplo Dor é a contração de Dolor, seguida da queda da letra L; lembrar é o abrandamento de Rememorar…” (Para Além dos Pirenéus)

“Os índios do Brasil têm também a sua língua geral, o tupí, usada nos contactos das tribos entre si e com os portugueses. É aos missionários que o tupí deve a sua vasta difusão. Escolheram o tupí, transformado em sabir do Brasil, na esperança de que o império perca todas as suas formas de dialeto perante o neo-latim do grande Camões, como é falado no Rio de Janeiro, com mais riqueza ainda que em Portugal, graças às tomadas das línguas indígenas e ao calão dos negros introduzidos anteriormente pelos caciques sobreviventes… A língua geral recebeu certamente elementos portugueses e o guarani meridional recebeu elementos espanhóis, mas nem o português no norte nem o castelhano no sul transformaram muito o velho idioma Índio.” (Mil léguas na América do Sul)

“O Nome Mandarim é desconhecido dos chineses, tal como as palavras China e chinês. Os chineses chamam-se Filhos de Han no Norte e Filhos de Tang no Sul. A palavra mandarim vem da palavra portuguesa mandar. Os oficiais civis e militares são designados pela palavra Kouang-fou.” (NQ  XXXI/60)

 “O Prior dos Franciscanos usa expressões portuguesas: Toda a casa é vossa.” (NQ XXII/65)

 “Trouxemos de Lisboa uma boa recordação. Ela tem como as cidades de Espanha a sua divisa um pouco enfática:
Quem não tem visto Lisboa,
não tem visto coisa boa.” (Para Além dos Pirenéus)




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