O Pe. Dehon aprendeu a falar português
Foi sobretudo durante a sua estadia no
Brasil que o Pe. Dehon contactou mais com a língua portuguesa, tendo até
aprendido a falar alguma coisa. De facto, durante a primeira visita a Portugal
(1900) o tempo foi reduzido (8 dias), o objetivo foi sobretudo turístico e
ficou hospedado sobretudo em hotéis ou ambientes franceses. No Brasil passou
muito mais tempo (cerca de 4 meses) e com alguma ação pastoral, intervenção
local e contactos com gente simples que apenas falava esse idioma. Daí que fosse
natural que tivesse de responder em português aos que lhe dirigiam a palavra.
Se ele quisesse aprender mais o idioma português não teria dificuldade pois,
como língua neolatina não está longe do francês.
“No dia 19 (de setembro de 1906) visitei Capela de Caxanga… Um alegre cortejo vem receber-me na estação. Há uma profusão de foguetes e flores, canto de hinos, oferta de ramalhetes. Celebro a missa e distribuo 50 comunhões. Tento responder com algumas frases em português às boas-vindas que me são lidas.” (NQ XX/9)
“Apresentam-me
cumprimentos e eu respondo com alguma frase em português. Oferecem-me
cestos de flores. As crianças cantam e declamam em português e em francês… “(NQ
XX/105 - setembro 1906)
“Um professor acompanhou-me até ao Alto
da Serra (Rio de Janeiro). Os padres têm lá uma igreja nova de estilo
italiano., bem assente sobre um morro. Converso
como posso em português com o meu cicerone.” (NQ XXII/65)
“A
língua portuguesa distanciou-se visivelmente dos outros dialetos romanos da
Ibérica por volta da metade do século XIII. Esta deriva do latim, mas
grande número das suas palavras distancia-se
desta raiz mediante a perca de uma consoante, sobretudo L e N; por exemplo
Dor é a contração de Dolor, seguida da queda da letra L; lembrar é o abrandamento
de Rememorar…” (Para Além dos Pirenéus)
“Os índios do Brasil têm também a sua
língua geral, o tupí, usada nos contactos das tribos entre si e com os
portugueses. É aos missionários que o tupí deve a sua vasta difusão. Escolheram
o tupí, transformado em sabir do Brasil, na esperança de que o império perca
todas as suas formas de dialeto perante o neo-latim
do grande Camões, como é falado no Rio de Janeiro, com mais riqueza ainda que em Portugal, graças às tomadas das línguas
indígenas e ao calão dos negros introduzidos anteriormente pelos caciques
sobreviventes… A língua geral recebeu certamente elementos portugueses e o guarani meridional recebeu elementos
espanhóis, mas nem o português no norte nem o castelhano no sul transformaram
muito o velho idioma Índio.” (Mil léguas na América do Sul)
“O
Nome Mandarim é desconhecido dos chineses, tal como as palavras China e chinês.
Os chineses chamam-se Filhos de Han no Norte e Filhos de Tang no Sul. A palavra mandarim vem da palavra
portuguesa mandar. Os oficiais civis e militares são designados pela
palavra Kouang-fou.” (NQ XXXI/60)
“O Prior dos Franciscanos usa expressões portuguesas: Toda a casa é vossa.” (NQ XXII/65)
“Trouxemos de Lisboa uma boa recordação. Ela
tem como as cidades de Espanha a sua divisa
um pouco enfática:
Quem não tem visto
Lisboa,
não tem visto coisa boa.”
(Para Além dos Pirenéus)
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