terça-feira, 1 de julho de 2025

Viajando na mesma barca


3ª feira – XIII semana comum

1)

Quando se viaja na mesma barca, não importa a cor da pele, a idade, a religião, a cultura dos passageiros. Nem mesmo o passado. O que importa é enfrentar juntos as tempestades, chegar juntos a porto seguro e juntos descobrir novos horizontes. (Leonardo da Vinci)

 

2)

Acalmar a tempestade e fazer os ventos e ondas do mar sossegarem é algo tão impossível quanto dormir na popa de um barquinho sem motor enquanto o mundo desmorona ao redor. Só O senhor é capaz disso.

 

3)

Os homens sempre tiveram oportunidade de aprender com os outros seres vivos, nomeadamente com a maior parte dos animais – a resiliência, o poder de sacrifício, a generosidade e dedicação, a constância, a paciência etc.

Aprender das coisas materiais já não é assim tão frequente. Por exemplo aprender da água mole em pedra dura etc.

No evangelho de hoje os discípulos aprenderam do vento e do mar. Apesar da agitação e da turbulência eles ouviram e obedeceram às palavras de Jesus.

Se eles sem inteligência são capazes de escutar e obedecer, então por que não fazemos o mesmo?

 

Ver também:

Acordar a nossa fé

O Senhor que acalma o mar

Com Jesus ninguém se afunda

No mar da vida

Navegar com Jesus

Envergonhados

Brigar com Deus

Tempestade e bonança

Jesus dorme

 

domingo, 29 de junho de 2025

Pedro, o 1º papa de sempre

 

Solenidade dos Santos Pedro e São Paulo, Apóstolos

1)

- Quando é que Pedro se tornou Papa?

- Só no dia de Pentecostes. Porque? Porque, como todos sabemos, a Igreja “nasceu” no Pentecostes, no Cenáculo, dez dias depois da Ascensão e cinquenta dias depois da Ressurreição.

Já que a Igreja Militante não existia até o Pentecostes, não havia como Pedro ter sido sua cabeça visível antes de existir.

 

2)

Simão mudou o nome para Pedro para que hoje Pedro mude o nome para Francisco, Bento, João Paulo, Paulo, João, Pio

 

3)

Em Atos 2, no dia de Pentecostes, os crentes oraram 10 dias; a seguir, Pedro pregou 10 minutos e 3 mil pessoas foram salvas.

Hoje, parece que as igrejas oram 10 minutos, pregam 10 dias, e três pessoas são salvas.


Ver também:

São Pedro de Fernando Pessoa

Profissões de fé há muitas

Interrogações e respostas

O padroeiro dos Surfistas

Juntos na mesma barca

Tripé da igreja de Jesus

Um messias desconhecido

Cefas, pedra preciosa

Com alma e com ânimo

Perfil de Simão Pedro

O barco de Pedro

Sermão de uma letra só

Simão de pedra

No caminho

Pedro quem és tu

Declaração de fé

Joias do mesmo metal

A fé não se diz, vive-se

Diálogo de amor

Pedro e Paulo

Cruz invertida

Duas chaves

Quem é quem

Porta-voz

Perguntar e responder

São Pedro e São Paulo

Duas chaves de Pedro

Chave do céu

São Pedro das chaves

 


sábado, 28 de junho de 2025

S. Pedro de Fernando Pessoa

SÃO PEDRO

 

Tu, que Diabo?, és velho.

És o único dos três que traz velhice

Às festas. Tuas barbas brancas

Têm contudo um ar terno

A que o teu duro olhar não dá razão.

Parece que com essas barbas brancas

Por um fenómeno de imitação

Pretendes ter um ar de Padre Eterno.

 

Carcereiro do céu, isso é o que és.

Basta ver o tamanho dessas chaves —

As que Roma cruzou no seu brasão.

Segundo aquele passo do Evangelho

Do «Tu és Pedro» etcetera (tu sabes),

Que é, afinal uma fraude

Meu velho, uma interpolação.

 

Carcereiro do céu, que chaves essas!

Nem dão vontade de ser bom na terra,

Se, segundo evangélicas promessas

Vamos parar, ao fim, a um céu claustral.

Isso — fecharem-me — não quero eu,

Nem com Deus e o que é seu

Que o estar fechado faz-me mal

Até na beatitude do teu céu,

Entre os santos do paraíso,

(A liberdade — Deus dá a Deus —

Um Deus que não sei se é o teu),

O estar fechado, aqui ou ali, dizia eu

Faz-me terríveis cócegas no juízo.

 

Enfim, que direi eu de ti, amigo,

Que não seja uma coisa morta,

Antipopular, gongórica,

Por fruste deselegante,

Como de quem, sem saber nada, exausto,

Começo por duvidar bastante,

Desculpa-me chaveiro antigo,

De que tivesses existência histórica.

 

Mas isso, é claro, não importa

Se nos trazes

A alegria da singeleza

Ou a bondade que não sabe ter tristeza.

O pior é que nada disso fazes.

O teu semblante é duro e cru

E as barbas que roubaste ao Deus que tens

Só arrancam aos dandies teus loquazes

Ditos de dandies cínicos desdéns.

Que diabo, és uma série de ninguéns.

O Santo são as chaves, e não tu.

 

Para uns és S. Pedro, o grão porteiro,

Para outros as barbas já citadas,

Para uns o tal fatídico chaveiro

Que fecha à chave as almas sublimadas.

Para uns tu fundaste a Roma do Papado

(Andavas bêbado ou enganado

Ou esqueceste

O teu posto quando o fizeste)

E para outros enfim, como é o povo

E segundo as ideias que ele faz,

És quem lhe não vem dar nada de novo —

Umas barbas com S. Pedro lá por traz.

 

É difícil tratar-te em verso ou prosa,

Tudo em ti, salvo as barbas, é incerto,

Tudo teu, salvo as chaves, não tem ser

E a alma mais humilde é clamorosa

De qualquer coisa que se possa ver,

Em sonho até, qual se estivesse perto.

 

Olha, eu confesso

Que nunca escreveria

Este vago poema, em que me apresso

Só para me ver livre do teu nada,

Se não fosse para dar um cunho

A este livro da trilogia

(Santo António, S. João, S. Pedro —

De popular, que bem que soa!)

 

Mas porque diabo de intuição errada

É que vieste parar a Junho

E a Lisboa?

Isto aqui ainda tem

Um sorriso que lhe fica bem,

Que até, até

No teu dia,

(Ó estupor velho

Como um chavelho,)

 

Nas ruas

O povo anda com alegria,

É fé,

Não em ti nem nas barbas tuas

Mas no que a alegria é.

 

Olha, acabei.

Que mais dizer-te, não sei.

Espera lá, olha

Roma, fingindo que viceja,

Lentamente se desfolha.

Teu último gesto seja

Um gesto volvente e mudo.

Se tens poder milagroso,

Se essas chaves abrem tudo,

Deixa esse céu lastimoso.

Deixa de vez esse céu,

Desce até à humanidade

E abre-lhe, enfim no mudo gesto teu,

As portas do Inferno, e da Verdade.

 

(Fernando Pessoa: Santo António, São João, São Pedro. Fernando Pessoa. (Organização de Alfredo Margarido.) Lisboa: A Regra do Jogo, 1986)

A 9 de junho de 1935, quatro dias antes de completar 47 anos, Fernando Pessoa escreveu uma série de poemas dedicados aos três santos populares — Santo António, S. João e S. Pedro. De estilo claramente popular, o tríptico não pretendia, contudo, celebrar as festas de Lisboa ou os seus santos. Pessoa quis sim contestar a mobilização e apropriação dos ‘santos populares’ lisboetas pelo Estado Novo e pela Igreja Católica, numa altura em que as celebrações mais tradicionais começavam a ser substituídas por um grande evento de propaganda do regime.

Escrito poucos meses antes da morte de Pessoa, em finais de novembro desse mesmo ano, o tríptico não chegou a ser editado durante a vida do poeta, que chegou a ponderar publicá-lo.

Segundo o próprio Fernando Pessoa, o tríptico dos santos de junho não pretendia ser popular, uma vez que foi baseado no obscuro sentimento pagão do nosso povo, que o poeta pretendia elevar a outro nível.

O último poema, “S. Pedro”, é diferente dos dois primeiros, talvez porque “aquilo que o poeta quis dizer ficou perfeitamente expresso em ‘Santo António’ e ‘S. João’.  Isto significa que o terceiro poema não tem vestígios da intentada separação dos santos populares das zonas de influência da Igreja Católica e ao Estado, que podem ser encontrados nos dois primeiros. Ao terceiro e último santo restou apenas a missão de completar a trilogia dos santos lisboetas. (Adaptação livre de um artigo de autor desconhecido).

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Festa da exaltação do Amor


Ano C – Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

O coração do Bom Pastor

A parábola do pastor e das suas cem ovelhas é o ícone da festa de hoje, que pode ser justamente designada como a Festa da Exaltação do Amor.

Celebrar a festa do Coração de Jesus é exaltar o amor de Jesus.

Jesus é esse pastor que ama cada ovelha como se fosse cem e ama as cem ovelhas como ama cada uma individualmente. É um pastor que passa pelo meio do seu rebanho, contando as suas ovelhas uma a uma. Vai à procura das perdidas, cura as feridas, ampara as fracas e doentes. E alegra-se com o rebanho pela ovelha encontrada.

 

Ver etiqueta: Coração de Jesus

 

Ver também:

Há que salvar-se juntos

Deus, o pastor e o rebanho

Ovelha perdida no presépio

Um pastor perdido de amor

As 99 ovelhas que ficaram

Uma ovelha em 3 tipos

A ovelha desobediente

Uma festa no céu

Consolai, consolai

A ovelha despastorizada

À cata da ovelha perdida

À procura da ovelha perdida

Nos ombros do pastor

Pastor et pater

O pastor e a ovelha perdida

Nova versão

Parábola matemática

Boas ovelhas

Quem é ovelha perdida

Ovelha tresmalhada

Ovelha perdida

Ovelhas perdidas

Aos ombros do pastor

Ovelha perdida

 

quinta-feira, 26 de junho de 2025

Palavra de longa duração


5ª feira – XII semana comum

 

Quem ouve a minha palavra, diz o Senhor,

E a põe em prática,

Edifica a sua casa sobre essa rocha.

A rocha é como a Palavra de Deus

A Palavra de Deus é como uma rocha.

 

A rocha é uma palavra de longa duração,

É uma palavra eterna,

É consistente,

É firme.

 

A Palavra de Deus não pode comparar-se com a areia dispersa, inconsistente, movediça.

 

Ver também:

A parábola das duas casas

Ser cristão é ser pedreiro

A igreja sobre a rocha

Só vendo

O alicerce da humildade

Areia/rocha, dizer/fazer

Gravar sobre a rocha

Se me colhe a tempestade

Versão renovada

Construção civil

A diferença está onde

Palhacinho, Paulino e Pedrinho

Construir sobre a rocha

Mãos à obra

Sobre a rocha

A casa sobre a rocha