Ano C – IV domingo da quaresma
Versão feminina
Na Campanha da Fraternidade do ano 2001, Vida sim,
drogas não, o dominicano Frei Betto atualiza a história do filho pródigo da
seguinte maneira:
Uma menina de 15 anos inicia um namoro com um rapaz
envolvido com drogas. Os pais não aceitam esse namoro e ela foge de casa com o
namorado. Contudo, após alguns meses morando com ele, a sofre maus-tratos e
violência, e decide voltar para casa dos pais. Mas antes, ela escreve uma
cartinha para eles: Querido Pai e querida mãe! Sei que errei ao fazer uma
péssima escolha. Fiquei surda aos seus conselhos. Estou bastante arrependida e
quero voltar para casa. Estou bastante machucada em todos os sentidos. E muito
envergonhada. Quero muito voltar para casa. Quero saber se vocês me acolheriam
em casa. Coo sinal desse acolhimento, coloque um pedaço de tecido branco na
janela como prova que vocês me receberiam de volta. Vou passar nessa madrugada.
Se o pano não estiver na janela, então é sinal que vocês não me aceitam. Te
amo!
A jovem passa de madrugada pela rua dos pais e fica
surpresa com o que constata. Ela não vê um pano branco na janela, mas vê um
lençol enorme cobrindo grande parte da fachada da casa.
Deus está à nossa espera. Ele não se cansa de perdoar.
Ele não se cansa de esperar. Ele não se cansa de nos amar. Sempre é sempre! Como
diz o profeta Jeremias: Deus nos diz um eterno Eu te amo.
Já que muitas vezes imitamos o filho ou a filha pródiga nas nossas aventuras, saibamos também imitar o Pai dessa parábola na sua ternura e acolhimento.
Versão urbana
Um pai vivia com o seu filho adolescente. O
relacionamento dos dois tornou-se insustentável de modo que o rapaz saiu de
casa.
O pai deu início a uma longa semana à procura do filho
rebelde e colocou um anúncio num importante jornal de Madrid, como último
recurso.
O nome do filho era Paco, diminutivo de Francisco,
apelido muito comum entre os espanhóis.
O anúncio dizia apenas o seguinte:
‘Querido Paco, meu filho. Vem ter comigo em frente do
Jornal El Mundo de Madrid amanhã ao meio dia. Está tudo perdoado. Eu amo-te
muito.
No dia seguinte, ao meio dia, havia mais de 800 Pacos
em frente ao escritório do jornal, todos ansiosos por perdão.
Versão africana
Um homem e sua esposa tinham dois filhos dos quais
sentiam muito orgulho. O mais velho
arava a terra, plantava, colhia e tomava conta do gado. Trabalhava desde a manhã até a noite. Certo dia, o filho mais novo disse ao pai:
- Dá-me a parte do gado que me pertence. Desejo dirigir a minha própria vida.
O pai e a mãe discutiram sobre o que fazer e, então, a
mãe disse:
- Dá-lhe a parte que lhe cabe. Ele é suficientemente adulto. Devemos esperar e ver o que acontece.
O pai dividiu o gado e entregou ao mais jovem a sua
parte.
O filho mais novo arrebanhou o seu gado, vendeu-o e
recebeu muito dinheiro em troca. Então,
foi para a cidade para gozar a vida.
Finalmente era dono de si mesmo!
Passou uma temporada maravilhosa dançando nas discotecas e gastando o seu
dinheiro com carros, aparelhos eletrónicos e mulheres. Logo ele não tinha mais nem um tostão. Foi, então, procurar trabalho, mas ninguém o
empregava. Ele ficou sozinho. Não tinha um teto sobre sua cabeça e,
eventualmente, acabou dormindo na esquina coberto por jornais. Para aliviar a sua fome, remexia as latas de
lixo.
Todos os dias, o seu pai e a sua mãe continuavam à
espreita para ver quando ele retornaria.
Certo dia, eles viram-no chegando, rasgado e ferido. Ambos correram para o receber.
O filho mais novo ajoelhou-se diante deles e disse que
estava arrependido. O pai e a mãe lhe
deram as boas-vindas e receberam-no de volta na cabana. Preparam uma deliciosa refeição e convidaram
a toda a aldeia para a festa.
O filho mais velho, então, ficou muito bravo. O seu pai saiu da aldeia e o convidou para
participar da festa. O filho mais velho
respondeu:
Você sabe quanto eu trabalhei para você todos esses
anos. Não pude ter uma festa para todos
os meus amigos. Mas agora esse teu filho
voltou, depois de desperdiçar todo o nosso gado, e você dá uma festa para ele.
O pai o levou para a cabana onde estava a sua mãe e disse:
- Meu filho, você sempre esteve em casa connosco. Mas seu irmão estava morto e tornou a viver;
estava perdido e foi encontrado.
(Versão contada por Paul John Isaak da Namíbia)
À margem:
Este IV domingo da quaresma é conhecido como o domingo
rosa ou da alegria (laetare – letícia).
Por quê?
Para nos lembrar que a quaresma não é apenas
sacrifícios e lágrimas, mas, como estamos a meio destes quarenta dias, já
notamos as flores e os frutos do nosso empenho e conversão.
Reparar a alegria dos bons resultados é incentivo a
continuar esse emprenho.
Ver também: