Memória de São Francisco Xavier, 1552
Presbítero, Padroeiro das Missões
Até à exaustão
A cruz de São Francisco Xavier foi a evangelização até
à exaustão.
De facto, como missionário morreu de esgotamento na
ilha de Sanchoão, às portas da China. Durante apenas 11 anos como missionário
no Oriente tinha percorrido mais de 30 mil léguas terrestres, ou seja, 144.840
quilómetros (o que dá mais de 3 vezes a volta à terra) e batizado mais de 700
mil almas. A frequência era tal que, de acordo com um relato "às vezes, de
tão cansado por administrar esse sacramento, era incapaz de mover o
braço".
Antes de São Francisco Xavier partir para sua grande missão, Santo Inácio lhe dirigiu estas últimas palavras: "Vai e incendeia tudo!" Foram preciso apena 11 anos para Francisco Xavier cumprir esta missão.
O santo, a cruz e o caranguejo
Hoje é dia de São Francisco Xavier - grande
missionário - muitas vezes representado na companhia de um caranguejo. Porquê?
Sendo o grande evangelizador das Índias e do Extremo
Oriente, São Francisco Xavier encontrava-se em viagem pelo Mar das Molucas
quando uma grande tempestade se abateu sobre o navio, que ameaçava afundar-se.
O santo decidiu tocar nas águas revoltas com o
crucifixo que tinha sempre consigo (oferecido por Santo Inácio), mas ao fazê-lo
deixou-o cair. O mar acalmou, mas São Francisco ficou desolado julgando para
sempre perdido aquele objeto que tanto fervor lhe trazia na meditação da Paixão
de Nosso Senhor.
No entanto, no dia seguinte, estando na praia, um
caranguejo veio até junto de São Francisco, trazendo consigo a cruz numa das
suas pinças. O animal depositou a cruz junto do seu legítimo dono e voltou para
o mar.
Este episódio deixou todos os que o testemunharam
extremamente comovidos e São Francisco ficou ali mesmo ajoelhado durante uma
hora em oração. Depois disso proibiu quem quer que fosse de o referir, temendo
que prejudicasse a sua missão naquelas terras.
O relato do episódio chegou até nós através do marinheiro português Fausto Rodrigues, um dos homens presentes naquele dia, e encontra-se presente no processo de canonização de São Francisco Xavier.
Mais tarde, no começo do século XVIII, um governador,
de Pondichéry no sudeste da Índia, pediu a um capitão que se faria à vela para
as Molucas, que fosse de Amboíno a Baranura, e que lhe trouxesse alguns
caranguejos daquelas paragens a fim de os conservar em memória daquele que
havia restituído o crucifixo de São Francisco Xavier do fundo do mesmo mar.
Não era para si que o governador pedia, mas para um
amigo que desejava possuí-lo, o que lhe parecia dever ser uma espécie de
relíquia do nosso santo.
O capitão fez procurar caranguejos desde Amboíno até
Baranura, mas em vão; como são, de ordinário, tão comuns em todos os mares, os
marinheiros da tripulação não podiam explicar a sua completa ausência em todo o
percurso que exploraram com tanta atenção.
Finalmente, encontraram um, um só, e este trazia uma
cruz sobre a concha! Era o primeiro daquela espécie que se tinha visto naquelas
paragens, e foi o único que se pôde levar ao governador porque, não obstante
todas as pesquisas, não se puderam encontrar outros de espécie alguma. Este
único que foi dado pelo governador ao seu amigo e transmitido aos herdeiros
deste, foi levado a França e tivemos ocasião de o ver e admirar. Ele difere
daquele que os índios chamam “caranguejo de São Francisco Xavier”.
“Charybdis feriata” (ou “cruciata”), é o caranguejo do
Padre Xavier.
Neste, nota-se ao pé da cruz, que parece sair de um
pedestal, dois personagens envolvidos em mantos; todas as formas são bem
pronunciadas: é um homem de um lado, uma mulher do outro; adivinha-se ser a
Santíssima Virgem e São João.
Aquela espécie só se encontra em pleno mar e mui raras
vezes; quando os indianos têm a felicidade de encontrar um daqueles
caranguejos, apossam-se dele e conservam-no com grande respeito, porque é o
caranguejo de São Francisco Xavier.
Qual a importância de tudo isto?
Uma vez partilhei estas histórias com os meus colegas
de comunidade e alguém me chamou ingénuo.
- Como é que tu dizes isso como se acreditasses em
tudo? Não vês que é fantasia?
- Não sei se é fantasia ou não. Talvez eu seja simples
demais ou ingénuo, mas sei bem que às vezes é Deus quem arranja caminhos para
se aproximar dos homens, outras vezes são estes a arranjar caminhos para se
aproximarem de Deus. O que interessa é que haja um encontro entre Deus e o
homem.
Ver também:







