Memória de São Paulo VI
Papa de 1963 a 1978
Os três amores do Papa Paulo VI
O amor a Cristo, o amor à Igreja e o amor ao Homem.
- O amor profundo a Cristo não para O possuir, mas
para O anunciar.
- O amor à Igreja, um amor apaixonado, o amor da vida
inteira, jubiloso e sofrido.
- O amor ao homem. Também ligado a Cristo: é a própria
paixão de Deus que nos impele a encontrar o homem, a respeitá-lo, a
reconhecê-lo e a servi-lo.
A Igreja é a serva do homem, a Igreja crê em Cristo
que veio na carne e por isso serve o homem, ama o homem, acredita no homem.
Qual é a primeira necessidade da igreja?
Qual o seu bem de primeira necessidade?
Paulo VI respondia:
Vós jovens, vós irmãos no sacerdócio, vós pessoas
consagradas, vós leigos, escutai-me:
- do que mais precisa a Igreja é do Espírito Santo –
animador e santificador da Igreja, seu alento divino, vento das suas velas, seu
princípio unificador, seu manancial de luz e de força, seu apoio e consolação,
sua fonte de carismas e de cantos, sua paz e alegria, seu penhor e prelúdio de
vida bem-aventurada e eterna.
Um Papa com coroa de espinhos
Papa Francisco: Paulo VI! Muitas vezes me ocorreu
refletir se esse Papa não deveria ser considerado um "mártir"!
Certa vez, num encontro particular nas proximidades do
rito de beatificação do Papa Montini, eu também disse isso ao bispo Marcello.
Perguntei-lhe, entre o sério e o jocoso, se eu deveria usar vestes litúrgicas
vermelhas ou brancas no rito. Ele não me entendeu e observou que o vermelho era
a cor prescrita para os ritos fúnebres dos Papas. Expliquei-lhe o que eu queria
dizer e ele ficou pensativo comigo. Com efeito, em 15 de dezembro de 1969, por
ocasião da clássica troca de felicitações de Natal com o Colégio Cardinalício e
a Cúria Romana, Paulo VI mencionou o fato de o Vaticano II ter «produzido um estado
de atenção e, em certos aspetos, de tensão espiritual», incluindo a crise de
muitos sacerdotes. Nesse contexto ele disse: “Esta é a nossa coroa de
espinhos”.
Liturgia
do dia de S. Paulo VI
Nota
Histórica
João Batista Montini nasceu no dia 26 de setembro de
1897, na cidade de Concésio, na província italiana de Bréscia. Foi ordenado
presbítero no dia 29 de maio de 1920, desempenhou o seu ministério na Sé
Apostólica e foi nomeado arcebispo de Milão. Elevado à cátedra de Pedro no dia
21 de junho de 1963, presidiu à conclusão do Concílio Vaticano II, promoveu a
instauração da vida eclesial, sobretudo a liturgia, e empenhou-se no diálogo
ecuménico e na mensagem do Evangelho ao mundo contemporâneo. No dia 6 de agosto
de 1978 elevou o espírito a Deus.
Missa
da memória
Antífona
de entrada Cf. Sl 67, 8-9
Quando saístes, Senhor, à frente do vosso povo,
abrindo-lhe o caminho e habitando no meio dele,
estremeceu a terra e abriram-se as fontes do céu.
Oração
coleta
Senhor nosso Deus,
que instituístes o sacrifício pascal para a salvação
do mundo,
ouvi benignamente as súplicas do vosso povo
e fazei que, intercedendo por nós Jesus Cristo, nosso
Sumo Sacerdote,
a sua natureza humana nos reconcilie convosco
e a sua natureza divina nos absolva do pecado.
Ele que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do
Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
Oração
sobre as oblatas
Subam à vossa presença, Senhor,
as nossas orações e as nossas ofertas,
de modo que, purificados pela vossa graça,
possamos participar dignamente
nos sacramentos da vossa misericórdia.
Por Cristo nosso Senhor.
Antífona
da comunhão Mt 28, 20
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos.
Aleluia.
Oração
depois da comunhão
Deus todo-poderoso e eterno,
que, em Cristo ressuscitado, nos renovais para a vida
eterna,
multiplicai em nós os frutos do sacramento pascal
e infundi em nossos corações a força do alimento que
nos salva.
Por Cristo nosso Senhor.
Liturgia
das Horas
Ofício
de Leitura
SEGUNDA
LEITURA
Das Homilias de São Paulo VI, papa
(In ultima Concilii Oecumenici Vaticani secundi
publica Sessione, die 7 decembris 1965:
AAS 58 [1966] 53. 55-56. 58-59) (Sec. XX)
É preciso conhecer o homem para se conhecer a Deus
Com o impulso deste Concílio [Ecuménico Vaticano II],
a doutrina teocêntrica e teológica sobre a natureza humana e sobre o mundo
atrai a si a atenção dos homens, como se desafiasse aqueles que a julgam
anacrónica e estranha; e tais coisas se presume que o mundo qualificará, de
início, como absurdas, mas que depois, assim o esperamos, reconhecerá
espontaneamente como humanas, como prudentes e salutares, a saber: Deus existe.
Sim, Deus existe; realmente existe; vive; é pessoal; é providente, dotado de
infinita bondade, não só bom em si mesmo mas imensamente bom para nós; é o
nosso criador, a nossa verdade, a nossa felicidade, de tal modo que o homem,
quando procura fixar em Deus a sua mente e o seu coração, entregando-se à
contemplação, realiza o ato que deve ser considerado o mais alto e mais
perfeito; ato, que mesmo hoje pode e deve hierarquizar a imensa pirâmide da atividade
humana.
Na verdade, a Igreja, reunida em Concílio, entendeu
sobretudo fazer a consideração sobre si mesma e sobre a relação que a une a
Deus; e também sobre o homem, o homem tal qual como se apresenta realmente no
nosso tempo: o homem que vive; o homem que se esforça por cuidar só de si; o
homem que não só se julga digno de ser como que o centro dos outros, mas também
não se envergonha de afirmar que é o princípio e a razão de ser de tudo. Todo o
homem fenoménico, isto é, revestido dos seus inúmeros hábitos, com os quais se
revelou e se apresentou diante dos Padres conciliares, que são também homens,
todos Pastores e irmãos, e por isso atentos e amorosos; o homem que lamenta
corajosamente os seus próprios dramas; o homem de ontem e de hoje e, por isso,
sempre frágil e falso, egoísta e feroz; o homem que vive descontente de si
mesmo, que ri e chora; o homem versátil, o homem rígido que é cultor apenas da
realidade científica; e o homem que como tal pensa, ama, trabalha, sempre
espera alguma coisa, à semelhança do «filius accrescens» (Gen 49, 22); e o
homem sagrado pela inocência da sua infância, pelo mistério da sua pobreza,
pela piedade da sua dor; o homem individualista, dum lado, e o homem social, do
outro; o homem «laudator temporis acti», e o homem que sonha com o futuro; o
homem por um lado sujeito a falhas, e por outro adornado de santos costumes; e
assim por diante. O humanismo laico e profano apareceu, finalmente, em toda a
sua terrível estatura, e por assim dizer, desafiou o Concílio para a luta.
A religião do Deus que Se fez homem encontrou-Se com a
religião – que o é – do homem que se faz Deus. Que aconteceu? Combate, luta,
anátema? Tudo isto poderia ter-se dado, mas de facto não se deu. A antiga
história do bom samaritano foi o paradigma da espiritualidade do nosso
Concílio. Uma simpatia imensa tudo invadiu. A descoberta e a consideração
renovada das necessidades humanas – que são tanto mais molestas quanto mais se
levanta o filho desta terra – absorveram toda a atenção deste Concílio. Vós, humanistas
do nosso tempo, que negais as verdades transcendentes, dai ao Concílio ao menos
este louvor e reconhecei este nosso humanismo novo: também nós – e nós mais do
que ninguém somos cultores do homem.
A religião católica é a vida da humanidade, porque
descreve a natureza e o destino do homem, e dá-lhe o seu verdadeiro sentido. É
a vida da humanidade, finalmente, porque constitui a lei suprema da vida, e à
vida infunde a misteriosa energia que faz dela uma vida verdadeiramente divina.
Todos vós que estais aqui presentes, como no rosto de
todo o homem, sobretudo se se tornou transparente pelas lágrimas ou pelas
dores, devemos descobrir o rosto de Cristo, o Filho do Homem; e se no rosto de
Cristo (cf. Mt 25, 40) devemos descobrir o rosto do Pai celestial, segundo
aquela palavra: «quem Me vê, vê o Pai» (Jo 14, 9), o nosso humanismo faz-se
cristianismo, e o nosso cristianismo faz-se teocêntrico, de tal modo que
podemos afirmar: para conhecer a Deus, é necessário conhecer o homem.
Amar o homem, dizemos, não como instrumento, mas como
que primeiro fim, que nos leva ao supremo fim transcendente.
Responsório
Cf. Fil 4, 8
R. Tudo o que é verdadeiro e nobre, justo e puro,
amável e de boa reputação, * é o que deveis fazer (T. P. Aleluia).
V. Tudo o que é virtude e digno de louvor, * é o que
deveis fazer (T. P. Aleluia).
Oração
Deus eterno e omnipotente, que chamastes o papa São
Paulo VI, solícito apóstolo do Evangelho do vosso Filho, para governar a santa
Igreja, fazei que, iluminados pelos seus ensinamentos, colaboremos
generosamente no vosso reino para que se dilate a civilização do amor em todo o
mundo. Por Nosso Senhor.
Ver também:
Padre há mais de 100 anos
Dois pequenos santos
O Papa da minha infância
Conservei a fé
Os Papas que conheceram o Pe. Dehon