Solenidade
de São Pedro e São Paulo, Apóstolos
Reflexões
soltas acerca de São Pedro
1.
A data
A
igreja propõe para o mesmo dia a solenidade dos dois apóstolos Pedro e Paulo. Eles
foram martirizados em datas diferentes e em lugares diferentes. Então porquê os unimos no mesmo dia.
Porque quem dá testemunho junta-se a todos os que como ele deram o mesmo
testemunho. Somos uma família de apóstolos, de mártires, de testemunhas. Quando
alguém testemunha a sua fé, une-se a Pedro, a Paulo e a todos os que ao longo
dos séculos deram o mesmo testemunho. De facto, estamos todos na mesma barca.
2.
A posição
Segundo
a tradição Pedro foi martirizado pregado numa cruz invertida, isto é, com a
cabeça para baixo. Também Paulo foi martirizado com a cabeça para baixo, ou
seja, decapitado. A sua cabeça ficou no chão, saltando 3 vezes. De facto, o
martírio é uma espécie de batismo em nome do Deus uno e trino – em nome do Pai
e do Filho e do Espírito Santo. Em geral nós fazemos questão de viver com os
pés bem assentes na terra. Estes dois Apóstolos morreram, não com os pés bem
assentes no chão, mas sim com a sua cabeça firme no chão para que a sua alma estivesse
bem lá no alto, junto de Deus.
3.
O nome
Simão,
filho de Jonas, mudou o nome para Pedro para que hoje Pedro mude o nome para
Francisco, Bento, João Paulo, Paulo, João, Pio, Leão, Gregório, Clemente…
Segundo
a Bíblia, sempre que alguém assume uma nova missão, uma condição nova ou uma
nova tarefa ou missão muda de nome, precisamente para reforçar a mudança ou a
nova condição. É como se nascesse de novo. Assim acontece com os consagrados ou
religiosos (monges, frades) e assim acontece com os Papas. Assim Simão mudou de
nome para Pedro para que através das gerações Pedro possa mudar de nome em cada
geração.
4.
O amor
É
sobre o amor o diálogo que se segue entre Jesus e Pedro: «Pedro, amas-me (verbo
agapáô) mais…?», pergunta Jesus por três vezes. E por três vezes Pedro responde
que sim, que é seu amigo (verbo philéô) ouvindo de Jesus, também por três vezes
a nova missão de «Pastor» que lhe é confiada: «Apascenta as minhas ovelhas»
(João 21,15-17). O verbo com que Jesus interroga Pedro acerca do amor é, nas
duas primeiras vezes, agapáô, amor puro e gratuito, sem fronteiras, que não
cabe em nenhum grupo de amigos. Mas o verbo com que Pedro responde a Jesus é philéô,
que qualifica a amizade que é apanágio de um grupo de amigos. Na sua admirável
condescendência, quando pergunta pela terceira vez, Jesus desce ao nível de
Pedro, usando o verbo philéô, para que Pedro acerte com a resposta. Sim, Jesus
desce ao nível de Pedro, não para ficar aí, no patamar de Pedro, mas para
elevar Pedro a um novo patamar de amor. Ainda hoje Cristo nos pergunta por três
vezes (outra vez referência à santíssima Trindade do Batismo em nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo), Ele pergunta se o amamos e nós só conseguimos
dizer que sim, que gostamos dele. Na língua portuguesa o verbo amar é
plurifacetado, querendo significar amor puro ou sublime (Agape), amor carnal ou
sexual (Eros), amor como amizade (Filia), amor como o de gostar de alguém ou de
algo. Nós só conseguimos afirmar que gostamos de Cristo, quando ele espera que
o amemos de verdade e de maneira sublime.
5.
O início
Quando
é que Pedro se tornou Papa? Só no dia de Pentecostes. Porquê? Porque, como
todos sabemos, a Igreja “nasceu” no Pentecostes, no Cenáculo, dez dias depois
da Ascensão. Já que a Igreja Militante não existia até o Pentecostes, não havia
como Pedro ter sido sua cabeça visível antes de existir.
Ver
também:
Tripé da igreja de Jesus
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