2ª feira – XIV semana comum
Lemos hoje o episódio da cura da hemorroíssa, narrado por Mateus, já que se encontra nos três evangelhos sinópticos.
Vejamos as 5 lições que este episódio nos
ensina:
1. A fé pode superar obstáculos
A mulher do fluxo de sangue tinha uma
condição médica crónica que a impedia de se relacionar social e religiosamente
com as outras pessoas. No entanto, ela acreditava que Jesus poderia curá-la, e sua
fé foi recompensada. Este episódio ensina-nos que, independentemente das
circunstâncias, a fé pode nos ajudar a superar obstáculos e encontrar soluções.
2. A humildade é importante
Quando Jesus perguntou quem havia tocado nas suas vestes, a mulher do fluxo de sangue aproximou-se tremendo e contou toda a verdade. Ela não tentou esconder o seu ato ou fingir que não era ela. Ela prostrou-se. A humildade é uma virtude importante que nos ajuda a crescer na nossa vida espiritual e pessoal. É preciso ser humilde para nos aproximarmos de Jesus e para aceitarmos a sua ação em nós.
3. A cura pode surgir de maneiras inesperadas
A mulher do fluxo de sangue tentou por muitas maneiras diferentes a cura antes de tocar nas vestes de Jesus. Nunca desistiu. Provavelmente já tinha feito tudo por tudo e agora a sua cura parecia ter sido a recompensa de tanta dedicação. Por fim a cura veio de um ato tão simples. O episódio ensina-nos que a cura pode vir de maneiras inesperadas e que precisamos estar abertos a todas as possibilidades e, sobretudo, nunca desistir.
4. A cura é um processo pessoal
A mulher do fluxo de sangue foi curada
imediatamente quando tocou em Jesus, mas a sua jornada de cura não terminou
ali. Ela precisou se aproximar-se de dele, contar sua história e ser
reconhecida por ele para se sentir verdadeiramente curada. O episódio ensina-nos
que a cura é um processo pessoal e comunitário que requer tempo e esforço.
5. A importância do amor e da compaixão
Jesus mostrou amor e compaixão pela mulher do
fluxo de sangue, reconhecendo o seu sofrimento e curando-a. Jesus disse-lhe – Tem
confiança, minha filha, a tua fé te salvou. A partir daquele momento começou uma
nova relação com Jesus – como se fosse sua filha. Este episódio lembra-nos que
o amor e a compaixão de Jesus despertam em nós a confiança. E quanto mais
confiança lhe mostrarmos mais unidos a ele estaremos.
À margem:
A Hemorroíssa tornou-se Verónica
Num texto apócrifo (Actos de Pilatos, cap. 7),
aparece o nome de Verónica.
Essa personagem seria a mulher que aparece
nos evangelhos e que sofria por causa de uma perda constante de sangue (a
hemorroíssa).
Segundo a narrativa evangélica, ela foi
curada ao tocar a franja do manto de Jesus. Após a cura, o próprio Jesus
elogiou a grande fé dessa mulher.
Nesse apócrifo, ela é chamada de “Bernike ou
Bernice”. Esse nome grego foi posteriormente traduzido para o latim “Verónica” (verdadeira imagem). De facto alguns são de opinião de que serão o mesmo nome escrito de maneira
corrupta – Verónica = Berónica = Bernoica = Bernike = Bernice.
O historiador Eusébio de Cesareia, na sua “História eclesiástica” registou que em Cesareia de Felipe havia a casa de Verónica. Supostamente esta mulher era originária de Edessa, na Síria. Diante da sua casa havia uma estátua de bronze representando uma mulher com um joelho dobrado e com os braços elevados, em atitude de súplica. Diante dessa estátua, um homem de pé, envolvido num manto, estendia uma das mãos na direção da mulher. Eusébio afirmava que essas duas imagens representavam Jesus e a hemorroíssa.
Segundo a tradição estas duas personagens
seriam então a mesma mulher. Quem ficou curada do fluxo de sangue seria a mesma que
enxugou o rosto de Jesus. Esta segunda parte sobrepôs-se à primeira, de modo
que hoje quase só se fala da Verónica e não da hemorroíssa.
Verónica teria vindo para Roma trazendo
consigo a relíquia do véu com o rosto de Jesus impresso.
E a história continuou – uma vez em Roma,
Volusiano, um funcionário romano, teria tomado à força a sacra imagem de
Verónica, levando-a para o imperador. Assim que o imperador Tibério viu a
imagem (Verónica quer dizer verdadeira imagem) teria ficado imediatamente
curado da lepra.
Posteriormente, esse véu teria sido entregue
pela própria Verónica, antes de falecer, ao Papa São Clemente.
No século XV, a devoção por Santa Verónica conheceu um grande fomento na Europa, sobretudo na França, onde era venerada como uma das primeiras evangelizadoras.
Verónica seria a mulher curada do fluxo de sangue ou a hemorroíssa seria depois a Verónica que enxugou o rosto de Jesus, tendo ficado com ele estampado no seu lenço.
Conclusão:
Não sabemos onde terminou a história e
começou a lenda ou a ficção, mas podemos concluir com todo o rigor:
-
Um dia Jesus enxugou (curou) o fluxo de sangue de uma mulher anónima.
-
Mais tarde, foi essa mulher anónima que enxugou (aliviou) o rosto de Jesus quando subia o calvário com a sua cruz de condenação.
As ações uniram as duas mulheres e a tradição
deu-lhe o nome de verdadeira imagem, não de si mesmas, mas de Jesus.
Esta é a história de uma mulher, protagonista
de dois episódios, que foi enxugada e que enxugou e que se chama Verónica ou
Bernice.
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