Festa de São Bento, Abade, Padroeiro da
Europa
São Bento, patriarca dos monges ocidentais,
nasceu em Núrcia, no ano 480. Ainda muito jovem, seduzido e impelido pelo
Espírito, abraçou um período de absoluta solidão numa gruta em Subiaco. A sua
fama atraiu-lhe discípulos. Organizou para eles a vida cenobítica, inicialmente
em doze pequenos mosteiros à volta de Subiaco e, depois, no célebre cenóbio de
Monte Cassino. Escreveu uma Regra que resume sabiamente a tradição monástica
oriental, adaptando-a ao mundo latino. Esta escola de "serviço ao
Senhor" é construída à volta da Palavra de Deus (Lectio divina), da
Liturgia de louvor realizada em coro, e do trabalho em ambiente de
fraternidade, de humilde e obediente serviço. Faleceu com 67 anos de idade, em
Monte Cassino, no ano 547 a 21 de março. A sua festa celebra-se a 11 de julho,
dia da transladação dos seus restos mortais.
Sermão sobre São Bento pelo Pe. Dehon
S. Bento teve a graça de trabalhar pelas
almas.
Na sua solidão, catequizava os pastores da
montanha.
Mais tarde, aceitou dar formação a alguns
jovens piedosos de Roma, que as suas famílias lhe confiavam em Subiaco.
Foi entre eles que recrutou S. Mauro e S.
Plácido, seus amáveis discípulos.
Sabia falar corajosamente aos grandes e
recordar-lhes os seus deveres.
Repreendeu ao bárbaro Tótila as suas
depredações e as suas crueldades. Ordenou-lhe que não abusasse das suas
vitórias, especialmente na ocupação da cidade de Roma.
Que variedade nas suas obras e na sua ação
social!
Os seus discípulos, ao longo dos séculos,
dedicar-se-ão também ao apostolado em todas as suas formas, segundo os tempos e
as necessidades da Igreja.
É preciso tomar forças no recolhimento, especialmente em cada manhã, e dedicar-se depois às obras, segundo a nossa vocação, segundo a vontade de Deus que nos é conhecida. É um dever para nós hoje rezar pela conservação da vida regular e monástica através das dificuldades que o demónio lhe suscita. (Cf. Leão Dehon, OSP 3, p. 314s.).
Atualidade de São Bento
Reflexão de G. K. Chesterton sobre São Bento
- Cada século é salvo pelo santo que lhe é mais contrário. A simplicidade
monástica de São Bento era justamente a resposta de que a corrupção e a
opulência do decadente Império Romano precisavam. Ele respondeu à luxúria com a
pureza, à avareza com a simplicidade, à ignorância com a sabedoria, à
decadência com a diligência e ao cinismo com a fé. As suas comunidades nas
montanhas tornaram-se faróis numa época de trevas e um refúgio para as
tempestades que estavam prestes a cair.
Vale a pena lembrar o exemplo de Bento hoje,
quando muitos veem aproximar-se as mesmas tempestades do que parece ser a
derrocada da civilização ocidental. Quando consideramos o fim que levou a Roma
pagã, os paralelos são sensivelmente similares.
Também a nossa cultura está enfraquecida
desde dentro por incríveis opulência, luxúria e sensualidade. Como os antigos
romanos, a nossa sociedade mata os seus filhos que ainda não nasceram num nível
alarmante e também investe grandes montantes em máquinas militares para dominar
o mundo. Os ossos ricos “patrícios” reinam nos seus templos de poder sem
nenhuma preocupação com o povo, enquanto os “plebeus” comuns rangem os dentes
com descontentamento cada vez maior. Também nós nos sentimos ameaçados por
bárbaros desconhecidos que vêm do outro lado do mundo e também nós nos
preocupamos em defender-nos dos bandos que cruzam as nossas fronteiras.
À margem
Segundo relatos históricos São Bento morreu,
em pé, amparado por dois monges, como se estivessem sustentando a cruz de
Cristo, logo após ter sido ministrada a ele a Santa Comunhão, o Pão
Eucarístico, o viático do Senhor. Ele já havia previsto sua morte seis dias
antes, mandando seus monges cavarem sua sepultura.
Configurado com Cristo na morte, com Cristo
entrou na glória da ressurreição.
Morreu como sempre viveu – configurado com
Cristo e com a sua cruz.
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