terça-feira, 27 de julho de 2010

Pai Nosso da Infância Espiritual


O Pai Nosso de cada dia (45)

A palavra aramaica ABBA não é um diminutivo, mas uma locução familiar, infantil, que corresponde ao nosso PAPÁ, PAIZINHO ou QUERIDO PAI.
Na Liturgia, os Judeus empregavam a fórmula ABINOU (em aramaico ABUNAM), por vezes ABI (meu pai), mas nunca ABBA, empregado apenas pelas crianças para o seu pai terreno.
Ouvir dos lábios de Jesus ABBA, impressionou de tal maneira, que a comunidade primitiva repetia o mesmo termo em aramaico, juntamente com a palavra latina PATER, pai (Gal 4, 6; Rom 8, 15). Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que grita: ABBA, Ó PAI.

ABBA, Pai Nosso que estás nos Céus.
Não é só este surpreendente vocábulo aramaico que dá a tonalidade de infância espiritual, mas também todo o conteúdo da oração em questão. De facto podemos atribuir a qualquer infância estas seis qualidades:

1. As crianças apresentam uma simplicidade tão grande que reduzem todos os elementos à unidade máxima e fundamental, a um único nome:
Santificado seja o teu nome.

2. Nas crianças há o predomínio do amor, como fim e como meio. Elas não amam por obediência, mas obedecem por amor:
Venha a nós o teu reino,
seja feita a tua vontade
assim na Terra como no Céu.


3. Na infância vive-se com plenitude apenas o presente e nada mais:
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.

4. Há sempre uma necessidade constante dos pais, até mesmo para pdeir desculpa a alguém:
Perdoa as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido.

5. As crianças não são nenhuns heróis, conhecem o medo e têm dificuldade em escolher qualquer coisa:
Não nos deixes cair em tentação.

6. As crianças sabem que são débeis. Só estão seguras perto dos pais:
Mas livra-nos do mal.

Esta familiaridade de Jesus com o seu Pai não é habitual. Mais surpreendente e extraordinário ainda é que assim ensine os seus discípulos. Somos a família de Deus e podemos dizer como Zaqueu – ‘Senhor, entra em minha casa’.
Mas, para evitar uma familiaridade banal, acrescentamos ao ABBA a expressão ‘que estás no Céu’, em sinal de respeito. Assim, devemos também dizer como o Centurião: ‘Senhor, eu não sou digno que entres em minha casa, mas diz uma só palavra e sei salvo’.


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