O Pai Nosso de cada dia (40)
Pai Nosso que estás nos Céus…
- Que estás? O Senhor não está
nem o céu é o seu estado.
- Nação? Quem sabe? Talvez!
Reino… Venha a nós o reino?
- Não, que ‘já em vós está…’
está, mas não é, ó Pai,
coisa que possa acabar-se!
Pai Nosso que estás – como és?
Não teu estado, teu ser é minha vida;
faz que eu queira, Senhor, o que queres;
dá-me, enfim, se quiseres, saída.
Também eu sou alegre, estou triste,
sinto-me bem e seu que estou doente,
de contrários minha alma fizeste:
Mistério entre o ser e o estar.
Dá-me o dia que passa,
sol nosso de cada dia,
e junta uma nova conta
a este rosário da vida.
O pão que desce do céu,
o pão vivo é a palavra,
palavra é consolação
que a nossa esperança lavra.
É o pão que vivifica
a alma que dela vive;
é o pão que santifica
quem recebe sua virtude.
É a que faz e é feita,
criadora e criatura;
é a que nos dá direito
à divina ventura.
(Cf. MIGUEL DE UNAMUNO, Creio no futuro, Ed. A. O. Braga, 1985, páginas 27m 36, 43, 58)
segunda-feira, 19 de julho de 2010
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