Memória de Santa Teresa de Jesus (1515 – 1582)
Virgem e Doutora da Igreja
A oração
Teresa de Ávila dizia: sem oração não há salvação. Sem
oração mental, sem santidade.
Não podemos reduzir o nosso relacionamento com Deus a
um contrato.
Às vezes temos a tentação de pensar: Vou rezar esta
quantidade de orações, que será suficiente. Perguntar quanto é suficiente é
como perguntar com que frequência deve o marido falar com a esposa para que ela
não o deixe. Esse não é um casamento saudável.
É preciso rezar sempre. Preocupemo-nos em rezar com qualidade e não apenas em quantidade. Quanto melhor for a nossa oração, com mais frequência surgirá, e quanto mais frequente for, mais perfeita será.
A oração não pode ser apenas parte da nossa vida. Tem
de ser tudo. Tem de ser, como escreveu Santa Teresa de Ávila, a chuva celestial
que rega o jardim da nossa alma…
O Xadrez
Santa Teresa de Ávila era uma fã de xadrez e via neste
jogo uma metáfora para a vida espiritual. Ela dizia que o objetivo da vida
espiritual tal como o do xadrez, é capturar o Rei (ou Sua Majestade, como lhe
chamava, in Caminho da perfeição, 16).
Os livros
Os livros de Santa Teresa nasceram em Portugal. Em
Évora submetem-se às provas de imprensa e recebem o impulso honorífico da
primeira difusão editorial. A pedido expresso da autora são editados e
prefaciados por um português D. Teotónio. Ela própria corrigiu e enviou-lhe uma
das suas obras. E D. Teotónio lança-a ao público com uma licença expedida em
Lisboa. Tudo sucede em vida da Madre Teresa. Ela tinha escrito as suas obras
para a intimidade. Uma delas, a que continha o seu ideal carmelita e a sua
pedagogia da oração foi-se multiplicando em humildes cópias manuscritas à
medida que surgiam os novos Carmelos. Mas as copistas, em geral, iam
deformando ou empobrecendo. Só então surge a ideia de impressão. Mas o projeto
era tão vasto para a modéstia literária da autora como desproporcionado para as
suas possibilidades económicas. Desta maneira apoiou-se no mecenato do seu
amigo português pedindo-lhe encarecidamente que mandasse imprimir só para este
efeito: porque tendo algumas alterações resultantes das transcrições feitas à
mão, encontravam-se muitas coisas diferentes de como ela as tinha escrito, o
que se remediaria com a impressão. A generosidade do editor foi absoluta: pela
edição “não quero outro prémio senão que as religiosas, a cujas mãos chegar
este livro, me recomendem a Nosso Senhor.” (1578?)
Os primeiros exemplares só viriam à luz dois anos e
meio depois da data da licença (7/ 10/1580). Por uns meses, a Madre Teresa não
chegou a ver o seu livro em letra impressa. Ela morria a 4 de outubro de 1582 e
o livro saía impresso a princípio de 1583.
Os sermões
Assim testemunhou Santa Teresa: Para mim o tormento dos
sermões não era pequeno. Era afeiçoadíssima a eles, de modo que, se via alguém
pregar com espírito e bem, cobrava-lhe particular afeição, sem o procurar, que
não sei quem ma infundia. Quase nunca me parecia tão mau o sermão que não o
ouvisse de boa vontade, embora no dizer dos que o ouviam não pregasse bem. Se
era bom, era para mim muito particular recreação. De falar de Deus ou de ouvir
falar dele quase nunca me cansava, e isto depois que comecei a ter oração. Por
um lado, tinha grande consolo nos sermões, por outro atormentavam-me; porque
ali compreendia eu que não era o que devia ser e, em grande parte, por culpa
minha.
A morte
Santa Teresa de Ávila morreu na noite entre o dia 4 e o 15 de outubro de 1582. Foi a mudança histórica para acertar a substituição do calendário juliano com o gregoriano. Para acertá-los tiveram de eliminar 11 dias. O famoso matemático jesuíta Christopher Clavius (+1612) fez os cálculos para essa mudança. Ele escolheu estes dias de outubro para o momento do salto porque tinha o menor número de dias festivos .
Santa Teresa de Ávila morreu na mesma noite em que Sua Santidade ordenou que o calendário mudasse de 4 de outubro para 15 de outubro, razão pela qual sua festa é celebrada no dia 15 e não no dia 3 ou 4. Durante esse hiato não aconteceu nada a não ser a morte de Santa Teresa. Morreu aos 67 anos. Morreu como sempre viveu e sonhou:
- Enfim morro filha da igreja.
Dirigindo-se a Jesus exclamou antes de falecer:
- É tempo de caminhar.
Muitos a queriam fechada e inativa, mas ela correu os
caminhos ao serviço de Cristo e dos irmãos e pensava continuar fazendo isso
depois de morta.
O relógio do mosteiro de Alba de Tormes parou às 09H00 da
noite, hora da morte da santa. Depois das badaladas das 9, e continua parado
até hoje.
A amendoeira floriu (só florescem em fevereiro e março) no pátio do Mosteiro de Alba.
À margem
Outubro, mês marcado por duas grandes Teresas. No dia
1º de outubro é celebrada a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus e da
Sagrada Face (1873-1897), também conhecida como Teresinha de Lisieux, em
homenagem à cidade francesa onde viveu desde os quatro anos até sua morte,
quando faleceu. Tinha vinte e quatro. No dia 15 de outubro celebra-se a festa
de Santa Teresa de Jesus (1515-1582), também conhecida como Teresa de Ávila, em
homenagem à cidade espanhola onde nasceu e onde fundou o primeiro mosteiro dos
Carmelitas Descalços, hoje dispersos, em todo o mundo
Falemos, então, destas duas Teresas.
Uma é mãe, outra filha.
Uma é águia, outra, pardalito.
Uma, velha (morreu quase aos 68 anos), outra, jovem
(morreu aos 24).
Uma, generala, outra, soldado de caserna sem ir a
combate.
Teresinha viveu quinze anos na família e nove no Carmelo; Teresa viveu vinte na família, vinte e sete de monja, e outros vinte
como mãe da família que gerara.
Teresinha não conheceu mais que duas casas: a familiar
e o Carmelo de Lisieux; Teresa, muitíssimas mais: o solar paterno, o Carmelo de
Encarnação de Ávila, e outros quinze que fundou (e os palácios das amigas, em
que houve de restar, por obediência, durante meses…). Por tal razão, no último
período da sua vida de águia, o seu mosteiro era andante, em cima de uma
carroça puxada por bois; ao passo que, por sua vez, o pardalito apenas
contemplou o quadrado de céu que a justa generosidade dos claustros lhe concedia.
Duas personalidades tão diferentes, mas iguais no amor e na santidade.
Ver também:
Pedir para os demais nunca é demais
1 comentário:
Que Santa Teresa de Jesus nos guie até o Jesus de Teresa.
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