terça-feira, 15 de outubro de 2024

Sem oração não há salvação


Memória de Santa Teresa de Jesus (1515 – 1582)

Virgem e Doutora da Igreja

A oração

Teresa de Ávila dizia: sem oração não há salvação. Sem oração mental, sem santidade.

Não podemos reduzir o nosso relacionamento com Deus a um contrato.

Às vezes temos a tentação de pensar: Vou rezar esta quantidade de orações, que será suficiente. Perguntar quanto é suficiente é como perguntar com que frequência deve o marido falar com a esposa para que ela não o deixe. Esse não é um casamento saudável.

É preciso rezar sempre. Preocupemo-nos em rezar com qualidade e não apenas em quantidade. Quanto melhor for a nossa oração, com mais frequência surgirá, e quanto mais frequente for, mais perfeita será.

A oração não pode ser apenas parte da nossa vida. Tem de ser tudo. Tem de ser, como escreveu Santa Teresa de Ávila, a chuva celestial que rega o jardim da nossa alma…

 

O Xadrez

Santa Teresa de Ávila era uma fã de xadrez e via neste jogo uma metáfora para a vida espiritual. Ela dizia que o objetivo da vida espiritual tal como o do xadrez, é capturar o Rei (ou Sua Majestade, como lhe chamava, in Caminho da perfeição, 16).

 

Os livros

Os livros de Santa Teresa nasceram em Portugal. Em Évora submetem-se às provas de imprensa e recebem o impulso honorífico da primeira difusão editorial. A pedido expresso da autora são editados e prefaciados por um português D. Teotónio. Ela própria corrigiu e enviou-lhe uma das suas obras. E D. Teotónio lança-a ao público com uma licença expedida em Lisboa. Tudo sucede em vida da Madre Teresa. Ela tinha escrito as suas obras para a intimidade. Uma delas, a que continha o seu ideal carmelita e a sua pedagogia da oração foi-se multiplicando em humildes cópias manuscritas à medida que surgiam os novos Carmelos. Mas as copistas, em geral, iam deformando ou empobrecendo. Só então surge a ideia de impressão. Mas o projeto era tão vasto para a modéstia literária da autora como desproporcionado para as suas possibilidades económicas. Desta maneira apoiou-se no mecenato do seu amigo português pedindo-lhe encarecidamente que mandasse imprimir só para este efeito: porque tendo algumas alterações resultantes das transcrições feitas à mão, encontravam-se muitas coisas diferentes de como ela as tinha escrito, o que se remediaria com a impressão. A generosidade do editor foi absoluta: pela edição “não quero outro prémio senão que as religiosas, a cujas mãos chegar este livro, me recomendem a Nosso Senhor.” (1578?)

Os primeiros exemplares só viriam à luz dois anos e meio depois da data da licença (7/ 10/1580). Por uns meses, a Madre Teresa não chegou a ver o seu livro em letra impressa. Ela morria a 4 de outubro de 1582 e o livro saía impresso a princípio de 1583.

 

Os sermões

Assim testemunhou Santa Teresa: Para mim o tormento dos sermões não era pequeno. Era afeiçoadíssima a eles, de modo que, se via alguém pregar com espírito e bem, cobrava-lhe particular afeição, sem o procurar, que não sei quem ma infundia. Quase nunca me parecia tão mau o sermão que não o ouvisse de boa vontade, embora no dizer dos que o ouviam não pregasse bem. Se era bom, era para mim muito particular recreação. De falar de Deus ou de ouvir falar dele quase nunca me cansava, e isto depois que comecei a ter oração. Por um lado, tinha grande consolo nos sermões, por outro atormentavam-me; porque ali compreendia eu que não era o que devia ser e, em grande parte, por culpa minha.

 

A morte

Santa Teresa de Ávila morreu na noite entre o dia 4 e o 15 de outubro de 1582. Foi a mudança histórica para acertar a substituição do calendário juliano com o gregoriano. Para acertá-los tiveram de eliminar 11 dias. O famoso matemático jesuíta Christopher Clavius ​​(+1612) fez os cálculos para essa mudança. Ele escolheu estes dias de outubro para o momento do salto porque tinha o menor número de dias festivos .

Santa Teresa de Ávila morreu na mesma noite em que Sua Santidade ordenou que o calendário mudasse de 4 de outubro para 15 de outubro, razão pela qual sua festa é celebrada no dia 15 e não no dia 3 ou 4. Durante esse hiato não aconteceu nada a não ser a morte de Santa Teresa. Morreu aos 67 anos. Morreu como sempre viveu e sonhou:

- Enfim morro filha da igreja.

Dirigindo-se a Jesus exclamou antes de falecer:

- É tempo de caminhar.

Muitos a queriam fechada e inativa, mas ela correu os caminhos ao serviço de Cristo e dos irmãos e pensava continuar fazendo isso depois de morta.

O relógio do mosteiro de Alba de Tormes parou às 09H00 da noite, hora da morte da santa. Depois das badaladas das 9, e continua parado até hoje.

A amendoeira floriu (só florescem em fevereiro e março) no pátio do Mosteiro de Alba.

 

À margem

Outubro, mês marcado por duas grandes Teresas. No dia 1º de outubro é celebrada a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face (1873-1897), também conhecida como Teresinha de Lisieux, em homenagem à cidade francesa onde viveu desde os quatro anos até sua morte, quando faleceu. Tinha vinte e quatro. No dia 15 de outubro celebra-se a festa de Santa Teresa de Jesus (1515-1582), também conhecida como Teresa de Ávila, em homenagem à cidade espanhola onde nasceu e onde fundou o primeiro mosteiro dos Carmelitas Descalços, hoje dispersos, em todo o mundo

Falemos, então, destas duas Teresas.

Uma é mãe, outra filha.

Uma é águia, outra, pardalito.

Uma, velha (morreu quase aos 68 anos), outra, jovem (morreu aos 24).

Uma, generala, outra, soldado de caserna sem ir a combate.

Teresinha viveu quinze anos na família e nove no Carmelo; Teresa viveu vinte na família, vinte e sete de monja, e outros vinte como mãe da família que gerara.

Teresinha não conheceu mais que duas casas: a familiar e o Carmelo de Lisieux; Teresa, muitíssimas mais: o solar paterno, o Carmelo de Encarnação de Ávila, e outros quinze que fundou (e os palácios das amigas, em que houve de restar, por obediência, durante meses…). Por tal razão, no último período da sua vida de águia, o seu mosteiro era andante, em cima de uma carroça puxada por bois; ao passo que, por sua vez, o pardalito apenas contemplou o quadrado de céu que a justa generosidade dos claustros lhe concedia.

Duas personalidades tão diferentes, mas iguais no amor e na santidade.

 

Ver também:

Vagabunda e mística

Mestre de Oração

As castanholas da santa

Por entre as panelas

A esmola da oração

Pedir para os demais nunca é demais

Teresa e José

Grande Teresa

Almas para Jesus

Caçadora de Ávila

Teresa de Ávila

Os nomes de Deus

Pai Nosso Teresiano

A santa de Ávila

 

1 comentário:

Quintal Vieira disse...

Que Santa Teresa de Jesus nos guie até o Jesus de Teresa.