quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Viver segundo o Domingo


Memória de Santo Inácio de Antioquia

Bispo e Mártir, +107

Foi um dos principais promotores da Eucaristia do Domingo, Dia do Senhor.


Viveu segundo o Domingo,

pois sem o Domingo não podia viver.

 

Foi o sucessor de Pedro como bispo de Antioquia. Condenado às feras, foi conduzido a Roma e aí foi martirizado. Durante a viagem escreveu sete cartas várias Igrejas, nas quais se refere, com profunda sabedoria e erudição, a Cristo, à organização da Igreja e aos princípios fundamentais da vida cristã.

Na carta aos Filadélfios, exorta-os a tomar parte numa só Eucaristia, porque também é só uma a carne de Jesus Cristo, um cálice para a união com o Seu sangue, e um altar, com o bispo que é o garante da unidade eclesial. A Eucaristia garante, portanto, o dom da unidade, entre os irmãos e com Deus.

Mas para Santo Inácio, a Eucaristia é também a força para superar todas as dificuldades da vida. Como ele diz, “a Eucaristia é remédio de imortalidade, antídoto contra a morte, e vida em Jesus Cristo para sempre”.

Ou então, na carta aos Romanos: “Não me satisfazem os alimentos corruptíveis nem os prazeres deste mundo. Quero o pão de Deus, que é a carne de Jesus Cristo e por bebida quero o seu Sangue que é a caridade incorruptível”.

Em polémica com o judaísmo, contrastou os que viviam segundo o sábado e os que viviam segundo o domingo.

Para ele não se trata de um simples facto cronológico, mas sim de diferentes formas de compreender a existência e de se relacionar com Deus: Aqueles que viviam segundo a velha ordem das coisas abriram-se a uma nova esperança, já não celebrando o sábado, mas vivendo segundo até o dia do Senhor, no qual a nossa vida será exaltada.  A vida segundo o domingo supõe uma existência renovada pelo encontro com Cristo, permitindo que a Eucaristia transforme a existência quotidiana do crente, o seu modo de viver e de pensar.  Com efeito, o cristão pode e deve ‘viver segundo o domingo’, o que significa desenvolver uma forma eucarística de vida cristã. Quem participa da Eucaristia comunga da doação de Cristo até a morte, o que exige que viva como ele. Estes ensinamentos patrísticos foram recuperados no Magistério dos últimos tempos: «Em síntese, o convite de Santo Inácio sublinha também o valor paradigmático que este dia santo tem em relação a qualquer outro dia da semana. Na verdade, o seu diferencial não está simplesmente no abandono das atividades habituais, como uma espécie de parêntese dentro do ritmo normal dos dias. Os cristãos sempre viveram este dia como o primeiro da semana, porque comemora a novidade radical trazida por Cristo. Assim, o domingo é o dia em que o cristão encontra aquela forma eucarística da sua existência que é chamado a viver constantemente. ‘Viver segundo o domingo’ significa viver consciente da libertação trazida por Cristo e desenvolver a própria vida como oferta de si mesmo a Deus, para que a sua vitória se manifeste plenamente a todos os homens através de uma conduta intimamente renovada” (Bento XVI, Sacramentum caritatis, 73). Esta existência segundo o domingo manifestou-se admiravelmente entre os primeiros crentes. Podemos recordar o exemplo dos 49 cristãos de Abitia que, durante a perseguição de Diocleciano, foram surpreendidos ao celebrar a Eucaristia dominical e sofreram o martírio por isso. Quando o procônsul lhes disse que pouparia suas vidas se renunciassem ao culto cristão, eles responderam: Sem o domingo não podemos viver.

Este deveria ser o lema de todos os cristãos.

 

Ver também:

Inácio ou o homem de fogo

Igreja Católica

Inácio de Antioquia

 

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