domingo, 8 de maio de 2011

Teologia da Estrada

Ano A - IV Domingo Páscoa

O catequista descrevia aos alunos a alegria dos Discípulos de Emaús, quando caminhavam com Jesus, apesar de não compreenderem bem a Sua presença. Era tal como para Adão e Eva, no Paraíso, quando Deus descia a passear e conversar amigavelmente com eles.
Então uma menina exclamou:
- Ah, se fosse ainda assim...
O catequista certificou:
- Minha cara menina, é assim ainda hoje. Todos nós podemos caminhar e conversar com Deus, como amigos, na oração. Sempre que celebramos a missa é isso que acontece.

O Senhor ressuscitado, tornou-se companheiro de viagem do homem peregrino ao longo das veredas da vida, até que as sendas do tempo se cruzem com as vias do Eterno, quando o veremos tal como Ele é.
A experiência de Emaús foi uma autêntica celebração eucarística, uma Fracção do Pão. Os discípulos começaram por se lamentar do mal que foi feito, tal como nós no princípio da missa. Depois ouviram e interpretaram a palavra eterna de Deus. Em seguida sentaram-se à mesa, para partilhar o Pão que lhes deu vida nova. Por fim, foram em missão (daqui o termo missa), contagiar os outros irmãos nessa mesma experiência.

A Eucaristia é uma caminhada de Deus connosco que nos lembra que a nossa estrada deve ser sempre uma eucaristia.

terça-feira, 3 de maio de 2011

São Filipe, Apóstolo

Festa de São Filipe, Apóstolo

03 de Maio

Existe um facto realmente extraordinário na vida do Apóstolo São Filipe, natural de Betsaida, na Galileia.
Um dia, quando obrigado a reverenciar o deus Marte acendendo-lhe incenso, eis que surge detrás do altar pagão uma cobra que mata o filho do sacerdote-mor e dois dos seus servos.
Filipe ressuscitou-os e matou a cobra. Esse milagre de São Filipe impressionou toda a gente e originou a conversão de muitas pessoas ao cristianismo.

Filipe bem podia ficar quieto ou regozijar-se com o mal que acontecera aos seus perseguidores, mas não. Fez um milagre e ajudou quem lhe queria mal.

E eu fico a pensar…

Hoje mesmo, neste início de Maio, quanta gente se regozija pela morte, ou melhor, pela eliminação ou assassinato de Osama Bin Laden. Todo o mundo se alegra com isso… e atribui esse grande feito a um Prémio Nobel da Paz, o Presidente Barack Obama. Que ironia!

E eu fico triste e cheio de vergonha.

São Filipe curou quem o queria matar… e nós alegramo-nos com os assassinos e aplaudimos o gesto, julgando termos feito bem.
Não defendo as acções de Bin Laden, mas defendo a vida que ele recebeu de Deus e que nós homens a tiramos. Talvez fosse essa vida uma das poucas coisas boas que tinha, a nossos olhos, e mesmo assim a tiramos…

Senhor Deus, tem piedade de nós!


segunda-feira, 2 de maio de 2011

São Tiago Menor

É o padroeiro da Diocese do Funchal.
A sus festa é assinalada no dia 1 de Maio, mas como aconteceu na Pascoela, transitou para hoje.
Partilho a reflexão da solenidade.

1. Seguir os ensinamentos da palavra de São Tiago, filho de Alfeu, que escreveu uma Epístola do Novo Testamento:
- "De que serve a alguém dizer que tem fé, se não tem obras?... A fé sem obras está completamente morta." (Tg 2, 14.17)
- "Aproximai-vos de Deus e Ele aproximar-se-á de Vós". (Tg 4,8)
- "Se Deus quiser..." (Tg 4,15)

2. Seguir as suas obras, de patrono que cuida da saúde dos seus devotos:
(Cf bispo D. António Carrilho, in homilia de 1 de Maio de 2008)
No “auto do voto”, lavrado solenemente na Catedral em 1521, narra-se a escolha do padroeiro: foi escolhido à sorte, enquanto a cidade sofria uma grave epidemia de peste. Colocaram num barrete os nomes de Jesus, da Virgem Maria Nossa Senhora, de São João Baptista e dos doze Apóstolos, e um menino de sete anos, chamado João, retirou um dos papéis, depois de todos se colocarem de joelhos em oração e prometerem fazer uma casa em honra daquele santo que por sorte saísse. Quis Deus que fosse São Tiago Menor. Logo foi festejado por toda a cidade e, em Julho desse ano, começou a construção da Capela do Voto, indo a cidade e os cónegos em procissão solene com o retábulo do Bem-Aventurado Apóstolo.
Na renovação do voto, em 1523, na Catedral, diante do capitão Donatário, o Senado de então com seus vereadores, diversas entidades oficiais, todo o cabido e muito povo tomaram, juntos, o compromisso solene de em cada ano venerarem e festejarem São Tiago, com uma especial solenidade. Por sua vez, no dia da procissão, em 1538, estando a peste a vitimar muita gente, o Guarda-mor da Saúde gritou em alta voz: “Senhor, até aqui guardei esta Cidade como pude; não posso mais, aqui tendes a vara, sede Vós o Guarda da Saúde.” E largou imediatamente a vara, num gesto de entrega e de confiança nas mãos de Deus. E a peste desapareceu. São Tiago é para todos protector e modelo de santidade; como mestre, continua a exortar-nos à confiança e ao abandono nas mãos de Deus em tudo o que fazemos.

domingo, 1 de maio de 2011

Confissão de Tomé

Ano A - II Domingo de Páscoa

Eu, Tomé, fui escolhido para ser o homem que não se contenta com as aparências. Eu também queria ver o que os outros tinham visto, queria ver para crer.
Eu, Tomé, dei uma prova de fé. Quem vê, tem a certeza da evidência, possui a prova inegável de um facto mas não a prova da fé.
Eu sou aquele que fica de fora, para poder provar que quem não se encontra com a comunidade não experimenta o ressuscitado.
Eu sabia que, pelo facto dos olhos não virem, não podia concluir que a luz do sol não brilhava.
Eu pensava que via Cristo quando escutava as suas palavras que não entendia. Agora, compreendo as palavras que já não ouço.
Eu, Tomé, fiz a minha prova de amor. Levava a sério o Cântico dos Cânticos: O esposo reconhece a esposa por um só cabelo porque lhe tem amor. Quem não ama, pede-lhe o bilhete de identidade pois mil provas não chegam para constituir uma certeza. Para quem ama, mil objecções não bastam para formar uma dúvida.
Enquanto os outros discípulos provavam pelos factos, eu, Tomé, provei pela fé e pelo amor. Se eles me tivessem provado assim, eu teria acreditado imediatamente. Mas tive de fazer a minha experiência.
Uma última coisa vos digo: se o Ressuscitado não pode ser visto, existe porém algo que posso ver: a comunidade reunida em Seu nome. Se alguém ama a sério a Cristo, é porque Ele está vivo. E isso faz-me acreditar, mesmo sem O ver.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mãos e pés

5ª Feira da Oitava da Páscoa

Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés…

Para lhes dizer que Ele foi crucificado e trespassado uma vez e ficou crucificado e trespassado para todo o sempre e não precisa de ser outra vez crucificado.

Assim também os discípulos foram redimidos e salvos uma vez para todo o sempre…

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Emaús

4ª Feira da Oitava Pascal

Os discípulos de Emaús

Quando é que os discípulos se encontravam mais perto de Cristo?
Quando escutavam as palavras que não entendiam, ou quando compreendiam as palavras que já não escutavam?

Tenho a certeza quer numa quer noutra situação Deus está sempre lá.
Quando os discípulos escutavam as palavras que não entendiam, era Cristo que estava mais perto deles...
Quando compreendiam as palavras que já não escutavam, eram os discípulos que estavam mais perto de Cristo.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Não me detenhas

3ª Feira da Oitava da Páscoa

No Evangelho de hoje Jesus diz a Maria Madalena: Não me detenhas... vai dizer aos meus discípulos. Ela vai e diz-lhes: Vi o Senhor...

Não me toques, não me detenhas, não me abraces, pois eu ressuscitei...
Agora só podes abraçar-me pela fé, só podes tocar-me através da tua devoção, só podes ver-me através dos olhos do teu coração.

E eu pensava que Jesus tinha dado uma repreensão a Madalena, numa espécie de mira mira não me toques e afinal foi uma ocasião de Madalena apresentar uma grande lição para a posteridade:
Tocar, abraçar e ver fisicamente, agora já não.
O abraço e o olhar já não podem ser visíveis:
Abraçar sim, mas pela fé; ver sim, mas com o coração; e tocar sim, com com a devoção.
Obrigado Madalena por esta lição.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ele não conheceu a corrupção

2ª Feira da Oitava de Páscoa

Três mensagens da liturgia da Palavra deste dia:

1ª Cristo não conheceu corrupção. Se Ele, ressuscitado, não conheceu nem a corrupção da alma nem a do corpo, foi para que conseguíssemos pelos menos não cair na corrupção da alma, já que a do corpo não nos é possível.

2ª Madalena foi a correr... dizer aos discípulos que fossem imediatamente para a Galileia...
É o ritmo da páscoa, apressado, a correr, com urgência. De facto ninguém pode ficar parado ou inactivo.. É preciso correr, pôr-se a mexer, já que Páscoa quer dizer passagem...então passemos já.

3ª Afinal onde está o Corpo de Cristo? Os discípulos levaram-no...isto é, o corpo de Cristo está nos seus discípulos... Está em nós.

Estar vivo

Ano A - Domingo de Páscoa

"Quem é vivo, sempre aparece..."

Conheci um velhinho que raramente ia à missa. Mas no dia de Páscoa lá estava sempre.
- Porquê? É para se lembrar que afinal Deus ainda está vivo?
- Não. É para mostrar a Deus que eu ainda estou vivo. E para me lembrar a mim mesmo que preciso dos outros e que preciso de Deus. Ele pode contar assim comigo tal como os outros também.
A etimologia confirma o sentir deste homem. Parece-me que o verbo EXISTIR vem do latim “Ex-sistere”, que quer dizer sair de si. Só existe realmente quem sai de si mesmo, quem vai ao encontro dos outros, porque o homem é um ser em relação. Também o pronome pessoal EU, deriva de “Egeo”, verbo que significa necessito dos outros. É frente aos outros que eu me defino, no mais íntimo do meu ser.
Ao celebrarmos a Páscoa do Senhor, saboreemos a vida que partilhamos com Deus e com os outros. Mostremos que estamos vivos. Precisamos de Deus vivo para nos lembrarmos que não estamos sós. Precisamos dos outros para nos recordarmos que devemos estar disponíveis, porque também eles precisam de nós.
Se Cristo ressuscitou, se quis ficar eternamente vivo, é porque vale a pena viver e que a vida é bela. O melhor agradecimento dessa prova é vivermos com alegria, com Deus e com os outros.

 

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Trinta moedas

4ª Feira da Semana Santa

Trinta moedas de prata foi o preço combinado para Judas entregar o seu amigo Jesus.

Antes de mais, digo eu, Jesus foi vendido com a prata da casa, pois foi um amigo, um dos seus, alguém que comia do mesmo prato... A prata dessas moedas era PRATA DA CASA.
(Ainda hoje quem o atraiçoa são os que deviam estar mais próximos, são os da casa)

Depois, diz o livro do Êxodo, 21, 32: Se o boi escornear um escravo ou uma escrava, dar-se-á trinta moedas de prata ao seu senhor.
Trinta moedas de prata era o que se pagava por um escravo.
Esse foi o desprezível e mesquinho preço oferecido pela vida do Salvador.
(Mas fico a pensar que essa quantia é o preço de um escravo, mas esse escravo não é Jesus mas aquele que o traiu. Foi Judas quem se vendeu por esse valor como escravo... Jesus não foi vendido, pois o escravo foi Judas...)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Trevas de Judas

3ª Feira da Semana Santa

No seu livro Jesus de Nazaré da Entrada em Jerusalém até à Ressurreição, o Papa Bento XVI (que faz hoje precisamente 6 anos que foi eleito Papa) escreve acerca do episódio de Judas no Evangelho de hoje:

Para João aquilo qe aconteceu a Judas já não é explicável psicologicamente. Acabou sob o domínio de outrem: quem rompe a amizade com Jesus, quem se recusa a carregar o seu jugo suave não chega à liberdade, não se torna livre, antes pelo contrário torna-se escravo de outras potências; ou mesmo: o fato de atraiçoar essa amizade já resulta da intervenção de outro poder, ao qual se abriu...
João conclui dramaticamente o trecho sobre Judas com estas palavras: (Judas) tendo tomado o bocado de pão, saíu logo. Era noite.
Judas vai para fora num sentido mais profundo: entra na noite, vai-se embora da luz para a escuridão. o poder das trevas apoderou-se dele...

domingo, 17 de abril de 2011

Domingo de Ramos

Ano A - Domingo de Ramos

"Perguntaram um dia à Madre Teresa de Calcutá o que sentia quando entrava numa sala cheia de gente entusiasmada, de pé, a aplaudi-la.
A pergunta era maliciosa. Ficava na mesma? Isso significaria que ela era insensível. Ficava lisongeada? Bem, então talvez não fosse assim tão santa como parecia...
Ela nem hesitou na resposta:
Ficava contentissima! Quando tal acontecia, ao ouvir os aplausos, enquanto andava, pensava em Jesus entrando de burro em Jerusalém entre hosanas de uma multidão entusiasmada e ficava contentíssima.
Ela, claro, era o burro que transportava Jesus! Um burro feliz...
(Cf. Nuno Tavar de Lemos, O Principe e a Lavadeira)

Neste dia de Ramos, possamos nós dizer a Jesus:
- Aqui estou, Senhor, um burrinho pobre e sarnento... Em que poderei te servir?
E Jesus poderá responder:
- Filho, um burrinho pobre e sarnento foi o meu trono mais precioso em Jerusalém.

sábado, 16 de abril de 2011

Grande Paixão

Domingo de Ramos ou da Paixão do Senhor
Explicava eu que o Domingo de Ramos é também conhecido como o Domingo da Paixão.
- Porquê?
- Porque é lida a narração da Paixão de Jesus. E tu sabes o que é a Paixão?
- Eu não. Se fosse a minha paixão, eu sabia responder, mas a de Jesus não sei quem é.
- Quem é?! Que queres tu dizer?
- Então o senhor padre não sabe que a minha paixão é a Susana?
Percebi então que para aqueles garotos, uma paixão era um grande amor, uma pessoa concreta. Ter paixão é estar apaixonado por alguém. Pensei então em perguntar às pessoas mais crescidas o que era uma paixão. Responderam que era os sofrimentos que Jesus padeceu. Fiquei a pensar como seria diferente se se compreendesse a Paixão do Senhor como o seu grande amor.

Paixão dos homens é amor, paixão de Deus é sofrimento. Não serão dois aspectos da mesma realidade? O sofrimento não faz parte do amor e vice-versa?
Contemplemos o amor sem medida de Jesus na sua paixão, morte e ressurreição. Essa amor é a força dos fracos e a fraqueza dos fortes.
Todos nós nos revemos no Domingo da Paixão. Todos estamos envolvidos como acusadores ou como vítimas, flagelando e sendo flagelados, crucificando e sendo crucificados, tirando a liberdade e exigindo a nossa liberdade, ferindo e sendo feridos.
A paixão de Cristo é a nossa própria paixão porque um dia a nossa paixão foi a sua própria paixão.





quarta-feira, 13 de abril de 2011

Renúncia quaresmal

O rei D. João II, foi informado de que um dos seus servos estava gravemente doente e não queria tomar o remédio. O rei foi visitá-lo. Confortou-o e tentou convencê-lo a ingerir o medicamento. O doente recusou-se dizendo:
- Eu já sofro muito. Não quero mais sofrimento. O remédio é tão amargo, que não suportarei mais essa dor...
Então o rei, visivelmente impaciente, tomou ele próprio o remédio amargo que o doente recusava e bebeu alguns goles. Depois disse:
- Eu, o rei, são de corpo e de mente, por teu amor tomei esta amarga bebida; e tu, servo doente, não tomarás este pouco que resta por meu amor e para tua salvação?
E o servo, já decidido, ingeriu de uma só vez todo o remédio, para estar ao nível do amor do seu rei, e a cura não se fez esperar.
Jesus Cristo fez o mesmo por nosso amor.
Estamos na Quaresma, tempo de penitência ou sacrifícios, tempo de esforço e de curas. É preciso decidir-se a tomar a cruz para seguir um pouco mais além. Para isso necessitamos do estímulo e do exemplo dos outros, bem como da nossa coragem e discernimento.
Vivemos num tempo em que toda a gente se queixa que já não se aprende a sofrer. Estamos habituados a ter uma vida fácil e sucumbimos ao menor obstáculo. O Papa João Paulo II escreveu sobre o sofrimento no mundo contemporâneo: “O homem é chamado a dar amor através do sofrimento. O sofrimento conduz o homem em direcção ao futuro. Não deveríamos preocupar-nos com quantos de nós sofrem, mas com tantos de nós que não sabem sofrer.”
A renúncia quaresmal é uma oportunidade para exercitar a nossa vontade e coragem e para aprender a assumir os pequenos sofrimentos. Só assim estaremos bem treinados para acolher qualquer dificuldade da vida.
A penitência vivifica o homem. E não é apenas por uma questão de disciplina que nos faz falta. O sofrimento engrandece o homem, por isso o homem pode engrandecer o sofrimento. Como? O que temos a suportar, podemos levá-lo ou como uma coroa ou como um jugo. O que leva a sua dor como uma coroa, enobrece-se, transformando a sua dor em coroa. O que leva a sua dor como um jugo, rebaixa-se.
O Pe. Dehon escreveu no Directório Espiritual: “Carregar a cruz externamente e por necessidade não basta. É preciso abraçá-la com amor, carregá-la com alegria e coragem, desejá-la com ardor.”

Impacientou-se

3ª Feira – V Semana Quaresma

No deserto, o povo de Deus impacientou-se…

Dizia o Pe. Ângelo Caminati, SCJ:
Paciência é o que se quer!
É aquela virtude que metade dos homens pratica e que a outra metade faz praticar os outros…

Santa Catarina de Sena dá-nos 3 razões para não perdermos a paciência.
1. Pensar como a vida é breve. Nem do dia de amanhã estamos seguros. Relativamente às dificuldades do passado, nós não mais as sofremos. Resta-nos tolerar o momento presente que é fugaz.
2. Considerar as vantagens do sofrimento. Diz São Paulo que não há comparação entre as dificuldades presentes e o prémio da glória que nos está prometido.
3. Pensar nos males que sobrevêm aos que padecem na ira e na impaciência – tristeza nesta vida, castigo na outra, dor acrescentada agora, pena no além.

domingo, 10 de abril de 2011

Ser reeditado

Ano A - V Domingo da Quaresma
Antigamente havia o curioso costume das pessoas, em vida, prepararem o seu epitáfio. Benjamim Franklin, no seu início de carreira, como tipógrafo, preparou também a sua inscrição tumular, bastante original: “ O corpo de Benjamim Franklin, tipógrafo, como a capa de um velho livro que perdeu a moldura e o título, aqui jaz. Mas a obra não desaparecerá pois, como sempre acreditou, reaparecerá de novo numa edição melhor, corrigida e ampliada pelo Autor.”

A vida parece de facto um livro. Quanto mais avançamos, mais podemos ver o seu sentido, a solução do seu enredo. À medida que vamos desfolhando cada dia, tanto mais nos envolvemos. Parece que somos uma obra-prima à procura do seu Autor. Não há páginas em branco, mas quantos riscos, palavras distorcidas. Cada folha não voltará atrás. Um dia, mais tarde, a edição completa, perfeita, será recebida na biblioteca da eternidade. A morte não é fim, mas fronteira de vida nova.

A experiência de Lázaro, o amigo de Jesus, mostra que tudo o que é velho passou. Regressando à vida, anuncia o renascer da nova edição. A ressurreição de Lázaro é argumento de fé pois muitos, ao verem o acontecimento, acreditaram nele. Jesus ajuda a ler esses acontecimentos da vida.

É morrendo que se ressuscita. É saindo, para fora, que nos caem as ligaduras. O que seremos depois já o somos agora, ressuscitados na fé e na esperança.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Em segredo

6ª Feira - IV Semana da Quaresma

"Jesus partiu também para a festa..., mas em segredo."

Toda a gente deseja este autêntico tempo de festa da vida eterna; é um desejo natural, porque todos os homens querem naturalmente ser felizes. Mas não basta desejar. É por Ele mesmo que devemos seguir a Deus e procurá-lo. Muitos gostariam de ter o antegozo do verdadeiro e grande dia de festa, desse grandioso encontro, e lamentam-se que não lhes seja dado. Quando, na oração, não fazem a experiência de um dia de festa no fundo de si próprios, e não sentem a presença de Deus, entristecem-se. Rezam menos, fazem-no de mau humor, dizendo que não sentem Deus e que é por isso que a acção e a oração os aborrecem. Aí está o que o homem não deve fazer nunca. Nunca devemos fazer nenhuma obra desanimados, porque Deus está sempre presente e, ainda que não o sintamos, todavia ele veio secretamente à festa.

(Cf. Jean Tauler, 1300-1361, Estrasburgo)

E eu acrescento:
Se devemos ter cuidado quando rezamos ou fazemos algo, pois Deus vem marcar a sua presença em segredo, com muito mais razão devemos estar atemtos quando celebramos a Eucaristia, pois Deus às claras está presença e deliberadamente vem ter connosco.


terça-feira, 5 de abril de 2011

Toma a tua enxerga

3ª Feira - IV Semana da Quaresma

No Evangelho de hoje Jesus aconselha a tomar a enxerga e ir em frente...

Isto quer dizer que as nossas limitações, parilisias, pesadelos, frustrações etc devem ser atiradas para trás para que possamos avançar.

Mas também me faz lembrar uma fábula clássica:
Os dois fardos ou as duas sacolas que os homens trazem: um à frente para as virtudes e um atrás para os defeitos. Assim cada um só pode ver as suas virtudes, pois os defeitos próprios estão para trás. Mas consegue ver os defeitos dos outros e os outros vêm os nossos defeitos...

E eu corrijo a fábula:
Os burros de carga têm um alforge com duas sacolas, uma de cada lado.
Nós homens temos também um alforge com duas sacolas, mas uma à frente e outra atrás.
Assim podemos atirar para trás tudo o que nos atrapalha.
Mas ainda bem que assim é, pois se os nossos defeitos ficassem à frente, com certeza iriam pesar mais e dificultariam o nosso andar.

É preciso atirar para trás a nossa enxerga e ir em frente.

domingo, 3 de abril de 2011

O cego e a onça

Ano A - IV Domingo Quaresma

3 ecos da prática do evangelho de hoje


Ser cego é ter vistas curtas.
É preciso alargar os horizontes, ver mais além...


Ser cego é olhar só para si mesmo...
Contaram-me esta história da onça:
Farta de ver os outros animais bem feios, a nça, pintada, sentiu desejo de se ver a si mesma, pois achava-se a única bonita.
Foi então ao cirurgião para que lhe mudasse os olhos: em ves de estarem virados para fora, que ficassem virados para dentro para que pudesse ver-se a si mesma e deliciar-se com a sua própria beleza.
O cirurgião fez-lhe a vontade.
Quando acordou, após uma operação de sucesso, a onça queixou-se que via tudo negro, tudo escuro...
- Mas eu sou tão bonita, porque é que vejo tudo negro?
- É que os olhos foram feitos para ver a beleza dos outros e não para a nossa própria beleza. Os olhos foram feiras para serem virados para fora e não para dentro...
Quando alguém só se vê a si mesmo, é cego e verá tudo negro ou escuro...

3º Ser cego é não ver a luz pequenina que temos dentro de nós.
Mesmo que nós caíssemos na tentação da onça e os nossos olhos ficassem virado para dentro, nós cristãos poderíamos muito bem olhar para dentro e com certeza não veríamos tudo preto ou escuro como a onça porque temos uma luz dentro de nós - é a luz da fé que recebemos no nosso baptismo e que devemos deixar brilhar. Além disso temos também a luz da presença de Deus no nosso coração...

Ser cego

Ano A - IV Domingo Quaresma

Num grupo de jovens, estávamos a reflectir sobre o episódio evangélico da cura do cego de nascença. Pedi que cada um apresentasse uma condição dessa limitação física. Seleccionei estas quatro, que mostram a sensibilidade juvenil:

1º Um cego não pode piscar o olho. Antigamente, piscar o olho era sinal de declaração amorosa. Assim o cego estava impedido de manifestar, desse modo, os seus sentimentos. Jesus repõe-lhe essa capacidade.

2º Um cego só consegue ver com a ponta dos dedos. Ao ser curado, recupera a capacidade de conhecer, não só com a ponta dos dedos mas com todas as suas potencialidades.

3º Um cego conhece o mundo com os olhos dos outros. Por isso, Jesus ao curá-lo, está a devolver a possibilidade de fazer a sua própria experiência. Assim se compreende a reacção dos seus pais: “Perguntai-lho. Ele já tem idade para responder por ele próprio.”

4º Num cego, quais são as janelas da alma? Para uma pessoa comum, são os olhos... O cego de nascença tinha uma grande alma, por isso acreditou em Jesus. Este, curou-o, isto é, abriu-lhe o coração ou a alma. “O Principezinho” descobriu esse segredo: O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração”.

Também nós somos cegos? Perguntaram os ouvintes de Jesus e perguntemos também nós. E a resposta é sim, quando não nos comunicamos, quando não aprendemos com todo o nosso ser, quando não fazemos a nossa própria experiência e quando fechamos o nosso coração.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Apresentação de Livro

Foi no dia 25 de Março, no auditório do Museu Casa da Luz, a apresentação d um novo livro da Professora Gizela Dias da Silva.













RASGOS DA MINHA INFÂNCIA

Gizela Dias da Silva - Texto
Louisa Isabel Roldão – Ilustração
Editorial Eco do Funchal, Março 2011

Fomos convidados para o lançamento do Livro “Rasgos da minha infância”.
Engana-se quem está à espera da apresentação de um livro.
Não se trata de um livro, de mais um livro, e já lá vão 8 desta mesma autora, mas sim de uma viagem.
De facto é de uma viagem que se trata:
Lemos na página 4: “Agora, que despejei no papel … vou terminar meu relato… Melhor falando: vou pôr um ponto final a esta viagem que me propõe sedução.”
É uma viagem que nos leva longe:
Lemos na página 30: “Que saudade me transporta aos meus tempos de infância”.
Viagem que não esquece malas e bagagens, como lemos na página 32: “ Encerro a bagagem que me deram no trem das minhas memórias.”
Viagem com trajecto delineado, pois lemos na página: “Que lindo trajecto efectuado, por mim, na travessia do meu íntimo”.
Ou na mesma página: “ Apenas trazia consigo o entusiasmo do enfoque e a contenção do percurso.”
Não é uma viagem qualquer: é uma viagem, não para fora, mas ao íntimo de si mesmo.
Mas é uma viagem feita também no terreno: Cancela, Caniço, São Gonçalo – lugares que por coincidência fazem parte também da minha experiência de menino e moço. Mas a geografia da nossa infância é sempre universal, pois não é o local que nos marca, nós é que marcamos o local. Não é a experiência que nos dignifica, nós é que dignificamos a experiência. Enfim, não é o que fazemos que nos valoriza, nós é que a valorizamos tudo o que de mais simples fazemos.
Esta viagem tem 15 etapas – os 15 títulos ou episódios ou memórias de tempos idos, tempos a tempo renascidos.
Viagem reveladora de novas paisagens, largos horizontes, cores diferentes: cada história a sua tonalidade, cada episódio a sua cor, cada memória o seu movimentos. É uma viagem narrada e projectada: é um livro para se ver e ouvir. É uma viagem de texto (Gizela Dias da Silva) e ilustração (Louisa Isabel Roldão).
O risco, a cor, o traço, a forma, o escuro, o claro, o desenho, a pintura, outras histórias fazem dessas histórias. Outros contos, outras perspectivas das mesmas paisagens vieram realçar a vida dessas histórias.
No dia em que a Louisa Isabel Roldão acrescenta mais um ano à sua jovem vida, dá-nos o prazer, pelas suas ilustrações nesta obra, de acrescentar mais vida aos nossos anos, às nossas memórias.
É uma viagem pelo mundo da criatividade, uma viagem misteriosa, que se vai recriando à medida que vamos penetrando “nas origens do infinito” (Momentos de sonho). Tudo é criado e recriado.
Parte-se das simplistas brincadeira de antigamente, onde cada criança fazia os seus próprios brinquedos: as bonecas de trapo, os joeiras, as papoilas transformadas em bailarinas…
Mas a criatividade não se esgotava na arte de confeccionar. Alarga-se também pela personificação, pela vida e dinâmica que se lhes transmite: Ser mamã de uma boneca, ou uma gatinha transformada em brinquedo, ou um canteiro ajardinado pelos anjos, ou pôr as plantas a dormir, ou ainda o sonho de querer casar com as rosas…
A mesma criatividade alarga-se não apenas através da evocação do passado mas também através das ilustrações, como contributos abertos à sua potencialidade máxima. E nós hoje continuamos a viajar e a alargar os horizontes dessa acção criadora através da leitura, da contemplação e da nossa fantasia…
É também uma viagem de recordações… São constantes as evidências deste exercício da memória: rever, recordar, reviver, reencontrar, encontrar-se com o passado, marcas da infância, confrontar o hoje com o ontem, saudade, nostalgia… são alguns exemplos.
E eu posso concluir:
Todos dizem que recordar é viver, é reviver, é trazer do passado, é desenterrar, é ressuscitar, é dar nova vida.
Eu também pensava assim que Recordar é viver!
Mas hoje descobri o contrário, e foram estes rasgos que me despertaram para uma verdade diferente:
Recordar não é viver, viver é que é recordar,
Viver é recordar, é nunca se esquecer, viver é marcar, viver é eternamente celebrar. Mais do que recordações da minha vida, quero manter a vida das minhas recordações, porque recordar não é viver, viver é que é recordar.
Finalmente este livro, mais do que uma viagem é uma peregrinação…é um percurso que nos transcende, é um trajecto que nos engrandece, é uma caminhada envolvida de mensagens, uma escalada ou ascese rumo à eternidade.
Destaco algumas mensagens, ipsis verbis:
“Todo o bem que fazemos fica por Deus registado nas páginas do historial da Humanidade.”
“As tradições respeitam-se e transportam-nos nas asas do tempo…”
“Todas as pessoas têm sonhos… adormecidos no seu peito…”
“A vida é cheia de encontros, ou melhor, de reencontros... Saibamos procurá-los.”
“A vida sem luta é como um campo que nada produz…”

Rasgos da minha infância é pois um livro de viagens…
É uma viagem rasgada, traçada, delineada… mas aberta como sulcos cavados pela criatividade e imaginação, com esforço e dedicação.
Obrigado à autora Gizela Dias da Silva por nos propor desta maneira a viagem mais difícil e a mais importante de se fazer: a viagem até ao mais íntimo do nosso coração.
Obrigado e bem haja!

(Foto de Alfredo Rodrigues, Jornal da Madeira)

quinta-feira, 31 de março de 2011

Cronologia

Ao terminar Março, o mês mais dehoniano, partilhamos a uma cronologia da vida de Leão Dehon

Mais do que somar 82 anos à sua vida, queremos contemplar a vida que ele somou aos seus 82 anos.

1843 – Ano 0
14 de Março = Nasceu Leão Dehon em La Capelle (Aisne) França.

1844 – Ano 1
O avô de Leão Dehon, Sr. Hipólito Dehon, durante décadas foi o Regedor de La Capelle, e como tal, foi ele quem fez o registo do nascimento do seu neto.

1845 – Ano 2
Também o pai de Leão Dehon, Sr. Júlio Alexandre Dehon, foi o Regedor de La Capelle durante vários anos.

1846 – Ano 3
19 de Setembro = É a data mais longínqua das recordações de Leão Dehon: três anos e meio. A sua mãe e as suas tias falavam muito da aparição da Virgem Maria a La Salette e das suas lágrimas.

1847 – Ano 4
Leão Dehon teve uma febre cerebral aos 4 anos de Idade. A mãe julgou perder o filho, mas foi curado.

1848 – Ano 5 Leão Dehon nunca deixava a companhia da sua mãe. Enquanto o irmão ia e vinha com seu pai, Leão Dehon ficava em casa e seguia a mãe… A bela alma da mãe passava assim para o seu filho.

1849 – Ano 6
Leão Dehon ia à igreja primeiramente para o banco com a sua mãe… Mais tarde começou a ir para a tribuna do pensionato e um colega ensinou-lhe a seguir as funções pelo seu missal.

1850 – Ano 7
Tinha cerca de 7 anos quando um bispo veio crismar e ao atravessar a igreja abençoava as crianças. Deu a beijar a Leão Dehon a sua cruz dizendo: É a cruz do meu santo predecessor…

1851 – Ano 8
Ao voltar do Pensionato sofreu um acidente numa noite de inverno com um tempo horrível, no meio de turbilhões de neve. Chocou com um cavalo, ficou derrubado no chão e a roda do carro atingiu-o na cabeça junto à orelha. Ficou-lhe uma certa surdez para toda a vida.

1852 – Ano 9
Leão Dehon recebeu influência constante da sua mãe. Tomou dela o gosto pela oração e pelas coisas religiosas. Brincava às capelas…

1853 – Ano 10
O último ano no Pensionato de La Capelle foi particularmente mau para Leão Dehon que se mostrou orgulhoso, altivo e intransigente…

1854 – Ano 11
04 de Junho = Recebeu a Primeira Comunhão na Igreja Paroquial de La Capelle.

1855 – Ano 12
01 de Outubro = Juntamente com o seu irmão Henrique iniciou os seus estudos no Colégio de Hazebrouck.

1856 – Ano 13
25 de Dezembro = Sentiu pela primeira vez o apelo vocacional para o Sacerdócio.

1857 – Ano 14
01 de Junho = Recebeu o Crisma na capela do Colégio de Poperingh, Bélgica, pelo Bispo de Bruges.

1858 – Ano 15
Verão = Durante as férias Leão Dehon foi com o pai ao castelo e parque de Chimmay, na Bélgica. Visitou a Trapa que o fascinou…

1859 – Ano 16
17 de Agosto = Obteve o Bacharelato em Letras.

1860 – Ano 17
12 de Julho = Obteve o Bacharelato em Ciências no Politécnico de Paris.

1861 – Ano 18
Abril a Junho = Primeira viagem à Grã-Bretanha.

1862 – Ano 19
18 de Agosto = Leão Dehon obteve a Licenciatura em Direito.

1863 – Ano 20
12 Agosto a 11 de Novembro = Viagem pela Europa – Reno, Baviera, Áustria, Prússia, Suécia…

1864 – Ano 21
23 de Agosto = Iniciou a Viagem pelo Palestina e Médio Oriente.

1865 – Ano 22
25 de Outubro = Entrou no Seminário de Santa Clara, fazendo os seus estudos de filosofia na Universidade Gregoriana.

1866 – Ano 23
25 de Julho = Fez a Licenciatura em Filosofia.

1867 – Ano 24
21 de Dezembro = Recebeu o Sub-diaconado.

1868 – Ano 25
19 de Dezembro = Foi ordenado sacerdote em São João Latrão, Roma.

1869 – Ano 26
08 de Dezembro = Iniciou-se o Concílio Vaticano, no qual o Pe. Leão Dehon desempenhou a função de estenógrafo.

1870 – Ano 27
19 de Julho = Obteve a Licenciatura em Direito Canónico.

1871 – Ano 28
03 de Novembro = Foi nomeado 7º vigário da Basílica de São Quintino, na Diocese de Soissons.

1872 – Ano 29
23 de Junho = Fundou uma espécie de oratório com o nome de Patronato ou Obra de São José, em São Quintino

1873 – Ano 30
1 de Novembro = Fundou o Círculo Católico de São Quintino.

1874 – Ano 31
Novembro = Fundou o primeiro jornal católico local, ‘O Conservador de Aisne’.

1875 – Ano 32
15 de Maio = Foi nomeado 2º vigário da Basílica de São Quintino.

1876 – Ano 33
24 de Outubro = Foi nomeado Cónego Honorário da Catedral de Soissons.

1877 – Ano 34
16 a 31 de Julho = Deu início ao seu noviciado e escreveu as primeiras Constituições.

1878 – Ano 35
28 de Junho = Fez os seus primeiros votos como Primeiro Oblato do Coração de Jesus. Foi o dia da fundação da Congregação.

1879 – Ano 36
27 de Agosto = O Pe. Dehon estando gravemente doente, a Irmã Maria de Jesus, das Servas do Coração de Jesus, ofereceu a sua vida por ele.

1880 – Ano 37
O irmão do Pe. Dehon, Henrique, foi também Regedor de La Capelle, dando continuidade, por eleição, do mesmo serviço prestado pelo avô e pelo pai durante vários anos.

1881 – Ano 38
29 de Dezembro = Ocorreu um incêndio no Colégio São João.

1882 – Ano 39
11 de Fevereiro = Em La Capelle morreu o Pai do Pe. Dehon.

1883 – Ano 40
19 de Março = Em La Capelle morreu a mãe do Pe. Dehon.

1884 – Ano 41
29 de Março = Recebeu o decreto do Santo Ofício a autorizar a reconstituição da Congregação agora com o nome de Sacerdotes do Coração de Jesus.

1885 – Ano 42
02 de Agosto = D. Thibaudier, bispo de Soissons, aprovou ‘ad experimentum’ as novas Constituições SCJ

1886 – Ano 43
15 a 16 de Setembro = Primeiro Capítulo Geral da Congregação SCJ.

1887 – Ano 44
02 de Outubro = O Pe. Dehon enviou à Santa Sé a relação sobre a Congregação para obter a sua aprovação.

1888 – Ano 45
25 de Fevereiro = Documento ‘Breve Louvor’ em que o Leão XIII deu a aprovação à Congregação SCJ.

1889 – Ano 46
25 de Janeiro = Fundou a revista ‘O Reino do Coração de Jesus nas almas e nas sociedades’.

1890 – Ano 47
06 de Agosto = O Pe. Dehon apresentou o novo Directório Espiritual SCJ.

1891 – Ano 48
15 de Maio = Foi publicada a encíclica de Leão XIII, ‘Rerum Novarum’ que deu impulso ao apostolado social do Pe. Dehon.

1892 – Ano 49
Agosto - Dezembro = o Pe. Dehon participou em vários congressos, assembleias e reuniões de obras sociais.

1893 – Ano 50
28 de Junho = Pe. Dehon é nomeado por D. Duval, presidente da comissão diocesana dos estudos sociais.

1894 – Ano 51
20 de Agosto = Publicou o ‘Manual Social Cristão’.

1895 – Ano 52
O Pe. Dehon publicou ‘A Usura no tempo presente’.

1896 – Ano 53
Dezembro = Publicação do ‘Retiro do Coração de Jesus’.

1897 – Ano 54
10 de Abril = Leão XIII nomeou o Pe. Dehon ‘Consultor do Índex’

1898 – Ano 55
25 de Novembro = Publicação do ‘Catecismo Social’

1899 – Ano 56
14 a 15 de Setembro = Quinto Capítulo Geral da Congregação SCJ.

1900 – Ano 57
26 de Março a 03 de Abril = O Pe. Dehon visitou Portugal ( Lisboa, Almada, Sintra, Alcobaça, Batalha, Leiria, Coimbra, Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos)

1901 – Ano 58
Maio = Publicou ‘A vida de amor para com o Coração de Jesus’.

1902 – Ano 59
09 de Novembro = Começou o Sexto Capítulo Geral SCJ em Lovaina

1903 – Ano 60
28 de Março = Os religiosos SCJ são expulsos de São Quintino na perseguição religiosa da França.

1904 – Ano 61
08 de Agosto = Erecção em Prefeitura da missão SCJ de Stanley-Falls e nomeação de D. Grison SCJ como Prefeito Apostólico.

1905 – Ano 62
O Pe. Dehon publicou ‘Coroas de Amor’

1906 – Ano 63
04 de Julho = Aprovação definitiva da Congregação SCJ

1907 – Ano 64
O Pe. Dehon publicou o ‘Coração Sacerdotal de Jesus’

1908 – Ano 65
O Pe. Dehon publicou ‘O plano da Franco-Maçonaria’

1909 – Ano 66
O Pe. Dehon publicou “Mil léguas na América do Sul” no qual fala da sua escala em Portugal e dos portugueses no Brasil.

1910 – Ano 67
Viagem à volta do mundo: Canadá, USA, Japão, Coreia, China, Filipinas, Java, Ceilão, Índia, Palestina…

1911 – Ano 68
02 de Março = Regresso do Pe. Dehon à França depois da Volta ao Mundo.

1912 – Ano 69
14 de Março = O Pe. Dehon publicou ‘Memórias’.

1913 – Ano 70
01 de Junho = Consagração da igreja São Martinho, cuja construção muito se deveu ao Pe. Dehon.

1914 – Ano 71
Início da I Guerra Mundial = O Pe. Dehon ficou retido em São Quintino e escreveu aí o seu Testamento Espiritual.

1915 – Ano 72
15 de Novembro = Morreu o empresário Leão Harmel, amigo e companheiro das obras sociais do Pe. Dehon.

1916 – Ano 73
01 de Julho = Bombardeamento aéreo de São Quintino.

1917 – Ano 74
Março = Evacuação de São Quintino. O Pe. Dehon foi deportado para a Bélgica. O Papa Bento XV chamou-o a Roma.

1918 – Ano 75
22 de Dezembro = O Pe. Dehon celebrou em Roma os 50 anos do seu Sacerdócio.

1919 – Ano 76
Julho = Publicação de ‘O Ano com o Coração de Jesus’ e ‘A vida interior’.

1920 – Ano 77
18 de Maio = Bênção e colocação da primeira pedra da Basílica do Coração de Jesus em Roma.

1921 – Ano 78
04 de Março = Foi entregue oficialmente e com todos os poderes as missões da Finlândia à Congregação SCJ.

1922 – Ano 79
18 de Julho = O Pe. Dehon eleito Superior Geral vitalício, com aprovação da Santa Sé.

1923 – Ano 80
05 de Dezembro = Aprovação definitiva das Constituições SCJ pela Santa Sé.

1924 – Ano 81
Maio = As novas Constituições SCJ foram impressas e promulgadas pelo Pe. Dehon.

1925 – Ano 82
12 de Agosto, às 12h10 = morreu piedosamente em Bruxelas.

terça-feira, 29 de março de 2011

Amigo, servo e santo

3ª Feira - III Semana da Quaresma

Na 1ª Leitura são recordados a Deus os 3 patriarcas: Abraão seu amigo, Isaac seu servo e Israel seu santo.

Para além de ser uma referência a 3 personalidades, nós podemos uni-las numa única entidade, como se fossem uma pessoa colectiva. Assim, essa pessoa apresentava 3 qualidades distintas. Mas podemos aplicar melhor - a ordem com que nos são apresentados é muito significativa. Primeiro amigo, depois servo e por fim santo. Se fores bom amigo, com certeza serás um bom servo e chegarás a santo.

Peço a Deus que me conceda estas virtudes por esta ordem bíblica: se amigo para ser bom servo e chegar a ser santo!

sábado, 26 de março de 2011

Água Viva

Ano A - III Domingo da Quaresma

- Senhor Padre, qual é a diferença entre a água benta e a água normal?
- A água benta é água normal que recebeu uma benção. É símbolo de Cristo que se apresentou como fonte de água viva.
- E o que é água viva?
- Então tu não sabes? – atalhou um seu colega – Quando a água está a mexer-se nós dizemos que ela está viva. Não é assim, Senhor Padre?
- É pois! - Respondi pensativo. É Cristo que se mexe e que põe-nos a mexer também, e nos faz renascer e reviver. Jesus é a água que corre para a eternidade.
Entre os gregos, as fontes eram divindades veneradas como doadoras da fertilidade, protectoras do casamento. A Bíblia vê nelas a figura da vida eterna que jamais seca, mas também expressão do renascimento baptismal. Tanto pode ser criativa como destrutiva, conforme o simbolismo pascal do morrer e ressuscitar.

No diálogo com a Samaritana, junto ao poço de Jacob, Jesus apresenta-se como fonte de água que jorra para a eternidade. É como a água que vem do alto, lembrando-nos que é divino. Reparte-se em mil gotas, sem perder a sua identidade e para se fazer chegar a todos. Transforma-se em seiva viva de cada um, é fonte de energia e sinal de purificação.
A iconografia cristã representa essa fonte divina no coração trespassado de Jesus, derramando o seu amor para saciar a nossa sede de salvação.
Todos nós bebemos desta fonte viva. Não podemos estagnar.


quinta-feira, 24 de março de 2011

O fardo da pobreza e o da riqueza

5ª Feira - II Domingo da Quaresma

Hoje ao contempar a pobreza de Lázaro e a riqueza do rico Epulão podemos aplicar uma reflexão de Santo Agostinho:

A pobreza é o fardo de alguns,
e a riqueza é o fardo de outros, e talvez o maior.
Fardos que podem pesar-lhes para a sua perdição.

Ajuda o teu próximo a levar o seu fardo de pobreza
e deixa que ele te ajude a levar o teu fardo de riqueza.
Aliviarás a tua carga
aliviando a dele.

Todos somos ricos nalguma coisa e pobres noutras,
ricos em capacidades, ou pobres em iniciativas...
às vezes somos Lázaros, outras vezes Epulões!
Ajudemo-nos então mutuamente a levar esses fardos....

quarta-feira, 23 de março de 2011

Vamos subir a Jerusalém


4ª Feira - II Semana da Quaresma

Um corpo, pelo seu peso, tende para o seu lugar próprio; o peso não significa necessariamente ir para baixo, mas para o lugar próprio de cada coisa. O fogo tende para cima, a pedra para baixo, cada coisa para o seu lugar próprio; o óleo sobe para cima da água, a água desce para baixo do óleo. Se uma coisa não está no seu lugar, não está em repouso; mas, quando encontra o seu lugar, fica em repouso.
O meu peso é o meu amor: é ele que me leva para onde me leva.
O Teu dom, ó Deus, inflama-nos e leva-nos para cima; ele abrasa-nos e nós partimos. O Teu fogo, o Teu fogo bom, faz-nos arder e nós vamos, subimos para a paz da Jerusalém celeste – porque encontrei a minha alegria quando me disseram: «Vamos para a casa do Senhor!» (Sl 121, 1). É para aí que a boa vontade nos conduz por ser o nosso lugar, aí onde não desejaremos mais nada do que assim permanecer para toda a eternidade: Deus connosco e nós com Deus!

Santo Agostinho (354-430), Bispo (África do Norte) e Doutor da Igreja Confissões, XIII, 9

domingo, 20 de março de 2011

Retirar-se para transfigurar-se


Ano A - II Domingo Quaresma

Mt 17, 1-9
“Jesus tomou conSigo Pedro, Tiago e João
e levou-os, em particular,
a um alto monte
e transfigurou-Se diante deles”.

Após três anos de seguimento de Cristo, os apóstolos encontravam-se ainda impermeáveis à sua mensagem. Quanto mais sermões escutavam menos se impressionavam. Viam tantas boas obras, mas não se sentiam contagiados.
Então Jesus julgou impossível continuar assim. Tomou alguns discípulos à parte, levou-os para longe das multidões, no meio das quais se julgavam importantes. Conduziu-os para um lugar retirado, para um sítio calmo e solitário. Lá se acalmaram, se recolheram e começaram a ver claro. Despojaram-se das suas ambições e a sós com Jesus, sentiram a radiação da sua influência. Tornaram-se atentos, começaram a escutá-l’O como nunca tinham feito e a sentir a sua presença como nunca tinham notado.
Os discípulos sentiram-se então tão bem que desejaram aí ficar para sempre. Era bom ficar por ali e instalar a sua tenda. Não tinham sido grandes entusiastas da subida, mas notaram que a estadia fora muito curta. Queriam prolongá-la. Tinham gostado do retiro.

O tempo da Quaresma é a oportunidade para cada cristão sair da rotina, converter-se, renovar-se, isto é, mudar de vida. Para isso é preciso passar pelo deserto, retirar-se para se encontrar consigo mesmo e estar em condições de se aproximar dos outros e do Outro, de Deus. Onde quer que esteja, pode fazer o seu retiro ou caminhada quaresmal para chegar à glória da Ressurreição e deixar-se envolver por essa vida nova.

E como é que hoje se pode fazer retiro?
Vive-se um retiro da mesma forma que se escreve.
Retiro escreve-se assim:

R
de Recolhimento
E de Escuta
T de Transformação
I de Igreja
R de Reflexão
O de Oração.

sábado, 19 de março de 2011

Ser Transfigurado


Ano A - II Domingo Quaresma

Um dia, uma velhinha deu por falta do seu colar de ouro. Procurou-o por todo o lado mas não o encontrou. Suspeitou então da sua vizinha, mulher nova, bonita e atrevida. Devia ficar-lhe bem esse colar. Começou a espreitá-la por detrás das cortinas da janela. O modo de andar, o aspecto e o seu olhar pareciam mesmo de alguém que tinha culpas no cartório.
Alguns dias mais tarde, por casualidade, a velhinha encontrou o seu colar no fundo de uma gaveta. Então tornou a vigiar a sua vizinha: o modo de andar, o aspecto e o seu olhar pareciam mesmo de alguém inocente.

Ver com perfeição não depende tanto do que é visto mas do modo como nós vemos. E muitas vezes só vemos o que queremos ver.

Ao contemplarmos a Transfiguração de Jesus, parece, à primeira vista, que foi Ele que mudou. Mas isto depende de nós. Apenas nós temos de mudar. Somos o único obstáculo à manifestação de Deus. Uma luz emanava, sem cessar, de Cristo, mas os olhos distraídos e obscurecidos não viam. Por isso retirou-se, com alguns apóstolos, para um lugar calmo. Aí, a sós com Ele, tornaram-se atentos, começaram a escutá-lo como ainda o não haviam feito, a ver como Ele se encontrava sempre entre eles e como eles nunca o haviam reparado. Somos tão responsáveis pelas transfigurações como pelas desfigurações. Não é Deus que as recusa, somos nós que não nos prestamos a isso. Não teremos nunca revelações de Deus e dos irmãos além das que tivermos provocado e merecido.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Dia do PAI


ABENÇOADO PAI

Abençoado o Pai
que chama a criança à vida e sabe dar educação aos seus filhos!
Abençoado o Pai
que sabe jogar com os filhos e ‘perder’ tempo com eles!
Abençoado o Pai
para quem os filhos contam mais que os ‘hobies’ e as partidas de futebol!
Abençoado o Pai
que sabe escutar e dialogar, mesmo quando está cansado!
Abençoado o Pai
que dá segurança com a sua presença e o seu amor!
Abençoado o Pai
que sabe rezar com os filhos e confrontar a vida com o Evangelho!
Abençoado o Pai
convicto de que um sorriso vale mais do que uma repreensão;
uma brincadeira mais que uma crítica;
um abraço mais que qualquer recomendação!
Abençoado o Pai
que cresce conjuntamente com os filhos
e os ajuda a tornarem-se eles mesmo!
Abençoado o Pai
que sabe entender e perdoar os erros dos filhos
e reconhecer os próprios!
Abençoado o Pai
que caminha com os filhos em direcção a horizontes sem confins,
abertos ao homem, ao mundo e à eternidade!
Pai abençoado
és o maior tesouro, quero-te tanto!
Neste dia abro-me ao dom da tua pessoa,
à riqueza da tua paternidade, à tua saúde
e que Deu nos conserve unidos
e amigos para sempre.

(Adaptado de autor desconhecido)

terça-feira, 15 de março de 2011

os 7 Pês


3ª Feira - I Semana da Quaresma

O Pai-Nosso

Muitos segredos de salvação estão contidos nesta prece e começam com a letra “P”. Não que isso seja muito importante ou que esconda grandes segredos. Mas pode ser uma forma “prática” de gravar algumas lições que o Mestre de Nazaré nos pregou.
A primeira parte fala do “Pai”, que é nosso, e a segunda parte fala do “pão” partilhado, que também é nosso.
Uma parte aponta para o “paraíso” e a outra para a “planície”, ou seja, para a nossa terra, ou se se preferir, com “p”, nosso “planeta”.
Contei sete “pês” na oração do pai-nosso. Certamente uma procura mais atenta poderemos encontrar muito mais.

1. PAI
“Pai nosso…”

2. PARAÍSO
“…que estais nos céus”

3. PRECE
“…santificado seja o vosso nome”

4. PREPARAR-SE
“venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”

5. PÃO
“o pão nosso de cada dia nos dai hoje”

6. PERDÃO
“…perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido…”

7. PAZ
“e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”



segunda-feira, 14 de março de 2011

Omissão


2ª Feira - I Semana Quaresma

«O que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos,
a Mim o fizestes»

Sabei, Cristãos, que se vos há-de pedir estreita conta do que fizestes, mas muito mais estreita do que deixastes de fazer.
Pelo que fizeram, se hão-de condenar muitos; pelo que não fizeram, todos.
Cinco cargos, e todos omissões: «porque não destes de comer, porque não destes de beber, porque não recolhestes, porque não visitastes, porque não vestistes».
Em suma, que os pecados que ultimamente hão-de levar os condenados ao Inferno, são os pecados de omissão.
Por uma omissão perde-se uma inspiração, por uma inspiração perde-se um auxílio, por um auxílio perde-se uma contrição, por uma contrição perde-se uma alma; dai conta a Deus de uma alma, por uma omissão.
A omissão é o pecado que com mais facilidade se comete e com mais dificuldade se conhece; e o que facilmente se comete e dificultosamente se conhece, raramente se emenda. A omissão é um pecado que se faz não fazendo.
Mas porque se perdem tantos?
Os menos maus perdem-se pelo que fazem, que estes são os menos maus; os piores perdem-se pelo que deixam de fazer, que estes são os piores: por omissões, por negligências, por descuidos, por desatenções, por divertimentos, por vagares, por dilações, por eternidades.
Eis aqui um pecado de que não fazem escrúpulo os ministros, e um pecado por que se perdem muitos. Mas percam-se eles embora, já que assim o querem; o mal é que se perdem a si e perdem a todos, mas de todos hão-de dar conta a Deus.

(Pe. ANTÓNIO VIEIRA, Pregando na Capela Real, no ano de 1650)

domingo, 13 de março de 2011

Ser Tentado


Ano A - I Domingo da Quaresma

No primeiro Domingo da Quaresma temos oportunidade de seguir a Jesus Cristo, no deserto, e a vencer as tentações, que ainda hoje nos pressionam. A expressão dominante de resistência, escrita em latim, tem outro sabor: Vade retro Satana.
Isto faz lembrar dois episódios que ilustram as nossas disposições.

Quando eu era pequeno, nas brincadeiras de infância, não se podia andar em arrecuas, porque era ensinar o caminho ao Diabo. Nós pensávamos que fazendo isso éramos apanhados por ele. O diabo é aquele que nos leva para trás, quem nos impede de avançar. Assim se deve compreender a palavra tentação. Só Cristo nos faz progredir.

O segundo episódio diz respeito à palavra Satanás. Num baptismo, o sacerdote perguntava:
- Renunciais a Satanás?
Os presentes, não habituados a essas cerimónias, olharam-se indecisos, sem saber que responder.
- A quem? A Santa Anás?
Depois de insistir, o reverendo traduz a expressão em linguagem mais familiar:
- Mandais o Diabo àquela banda?
- Sim, sim. Se é isso, está bem.

Parece que as maiores dificuldades no nosso caminhar surgem com uma capa de bondade, felicidade ou santidade. Parece que o tentador é uma pessoa de bem. É preciso mandar para bem longe tudo o que dificulta o nosso andamento. O seu lugar é lá atrás, para nunca mais nos atrapalhar. Quem olha para a frente e está sempre em progressão, não tem nada a temer. Quando alguém nos tenta agarrar é precisamente nessa altura que avançamos mais depressa.




sábado, 12 de março de 2011

Tempo de Rejuvenescimento

Quaresma,
tempo de Rejuvenescimento

“Os que fizeram penitência ou conversão tornar-se-ão jovens em todo o seu ser e estarão firmes sobre a rocha, desde que se convertam de todo o coração.” (Pastor de Hermas, III, 16,4)
Assim a Quaresma é um processo de rejuvenescimento.
Se detectamos em nós ou na nossa comunidade sintomas de velhice, é porque precisamos de conversão… É preciso fazer Quaresma.
Habitualmente pensamos o contrário: os exercícios quaresmais são coisas antiquadas. Quem se preocupa hoje com os temas de Jejum, abstinência, cinzas, via-sacra? São coisas caducas do passado.
A Quaresma é uma coisa de velhos!
É verdade, sim senhor. Quem não passa pelos exercícios quaresmais permanece velho… Só a penitência e a conversão nos transformam em criaturas novas. Então Quaresma é rejuvenescimento.
“Somos jovens, somos um povo novo, muito diferente do povo antigo: aprendemos o bem totalmente novo.
Para nós a fecundidade da juventude, o ardor de conhecer sempre.
Somos sempre jovens, sempre novos.
É preciso que sejamos novos, que tenhamos parte na verdade do Verbo.
Os que participam do eterno devem parecer-se com algo de incorruptível.
Como os adolescentes, toda a nossa vida é primavera, porque temos em nós a verdade que não envelhece, e porque essa Verdade anima a nossa vida.” (Clemente de Alexandria, Século III)
Inspirado in Um Manancial Inesgotável, Madrid 1998

sexta-feira, 11 de março de 2011

Tempo de optimismo

Quaresma, tempo de optimismo

A Quaresma é um tempo positivo, luminoso e gerador de esperança.
Não se deve negar as exigências, o esforço, a austeridade, mas destacar os efeitos mais libertadores da caminhada quaresmal.
Não escondemos que a Quaresma nos pede um esforço acrescentado, mas o esforço é próprio de quem quer renascer.

Em vez de dizer mortificações, digamos vivificações.
Em vez de dizer negações, digamos libertação.
Em vez de dizer abstinência, digamos austeridade.
Em vez de dizer penitência, digamos coração novo.
Em vez de dizer pranto, digamos misericórdia.
Em vez de dizer rezas, digamos encontro consigo mesmo e com Deus.
Em vez de dizer exercícios, digamos actualização do mistério de Cristo.
Em vez de dizer tristeza, digamos felicidade crescente.

A Quaresma não é um tempo antipático, mas de esforço de superação.
A Quaresma não é um tempo de pena, mas de graça.
A Quaresma não é uma coisa de velhos, mas de quem deseja ser jovem.
A Quaresma não é negativa, mas criativa.
A Quaresma não mortifica, mas prepara à vida pelo caminho do amor.
A Quaresma não fere, mas poda a folhagem.
A Quaresma não proíbe, mas afirma a lei do amor.
A Quaresma corta amarras, para sermos mais livres.
A Quaresma é austera, para sermos solidários.
A Quaresma reza, porque temos fome de Deus.
A Quaresma golpeia o coração, para que este possa engrandecer.


Inspirado in Um Manancial Inesgotável, Madrid 1998

quinta-feira, 10 de março de 2011

A alma do mundo

5ª Feira depois das Cinzas

No Evangelho ouvimos Jesus dizer:
De que vale ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma!

Alma de quem? A sua ou a dele?

De que vale ganhar o mundo e não ganhar a alma do mundo?
Ganhar só o mundo é como alcançar um corpo sem alma.

Nós somos a alma do mundo,
somos nós quem dá dignidade ao mundo, quem lhe dá vida, quem lhe dá razão de ser...

Ganhemos o mundo e não nos esqueçamos de nos ganhar a nós mesmo, pois nós somos a alma do mundo.

Vale a pena ganhar o mundo com a integridade da sua alma que somos nós.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Início da Quaresma

Os exercícios da Quaresma:
a esmola, a oração, o jejum

Meus irmãos, começamos hoje a grande viagem da Quaresma.
Levemos, pois, no navio todas as nossas provisões de alimento e bebida, colocando sobre elas a misericórdia abundante de que teremos necessidade.
Porque o nosso jejum tem fome, o nosso jejum tem sede se não se alimentar de bondade, se não se dessedentar com misericórdia.
O nosso jejum tem frio, o nosso jejum desfalece se o velo da esmola não o cobrir, se a capa da compaixão não o envolver.
Irmãos, a misericórdia está para o jejum como a Primavera está para os solos: o suave vento primaveril faz florescer todos os rebentos nas planícies; a misericórdia do jejum faz brotar todas as nossas sementes até à floração, fá-las encherem-se de frutos até à colheita celeste.
A bondade está para o jejum como o óleo está para o candeeiro. Tal como a matéria gorda do óleo alimenta a luz do candeeiro e, com tão pouco alimento o faz brilhar para o conforto de toda a noite, assim a bondade faz o jejum resplandecer: lança raios até atingir o brilho pleno da continência.
A esmola está para o jejum como o sol está para o dia: o esplendor do sol aumenta o brilho do dia, dissipa a obscuridade das nuvens; a esmola que acompanha o jejum santifica a santidade do mesmo e, graças à luz da bondade, remove dos nossos desejos tudo o que poderia ser mortífero. Em suma, a generosidade está para o jejum como o corpo está para a alma: quando a alma se retira do corpo, traz-lhe a morte; se a generosidade se afastar do jejum, é a morte deste.

Comentário ao Evangelho do dia feito por São Pedro Crisólogo (c. 406-450), Bispo de Ravena, Doutor da Igreja Sermão 8; CCL 24, 59; PL 52, 208 (a partir da trad. Matthieu commenté, DDB 1985, p. 59 rev.)

Lembra-te ó pó que és homem


Dias de Cinzas
Início da Quaresma

Lembra-te ó pó que és homem e em homem te hás-de tornar!

Na Quarta-feira de Cinzas, alertei os alunos para a celebração do início da Quaresma. Perguntei se alguém sabia o que é que o sacerdote dizia ao impor as cinzas. Ninguém era capaz de dizer. Então fui sugerindo:
- Lembra-te que… quem é capaz de completar a frase? Eu ajudo … pó… homem…
- Já sei – respondei um aluno mais espevitado - Lembra-te, ó pó, que és homem e em homem te hás-de tornar!
Eu comecei a rir com aquele trocadilho e corrigi: “Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás-de tornar.”
Mas logo depois compreendi que, afinal, lhe tinha fugido a boca para a verdade. Mas quem somos nós?! Somos barro, somos pó, limitados mas portadores de um grande tesouro, chamados a ser filhos de Deus.
Já Paulo VI, aquando da sua visita a Fátima em 1967, fizera o apelo: “Homens, sede homens!”
Somos chamados a ser homens segundo a estatura de Cristo. Levamos no nosso corpo os sofrimentos da morte de Jesus, a fim de que se manifeste também no nosso corpo a vida de Cristo.

terça-feira, 8 de março de 2011

João de Deus

Hoje celebramos a Memória de São João de Deus.
É um santo português, humilde, não foi padre, nem estudou teologia, mas foi fundador de uma ordem de irmãos, servidor dos últimos da sociedade (os deficientes mentais).

Podemos acolher duas mensagens para a nossa vida:

1ª - O povo e os que eram acolhidos por este santo não sabiam o seu nome, ou melhor, o seu sobrenome, e chamavam-lhe de JOÂO de DEUS. Ele era João Cidade, mas o povo baptizo-o de João de Deus porque via nele um homem enviado por Deus...
Quem dera que todos nós também fôssemos homens ou mulheres de Deus, enviados por Deus, a fazer as obras de Deus.

2ª - João Cidade foi durante 43 anos um homem de muitas profissões: primeiro foi pastor, depois camponês, soldado, trabalhador braçal, vendedor ambulante e livreiro... e a partir daí, foi apanhado e levado como louco para um manicónio e lá despertou o seu carisma para servir os mais desprezados da sociedade... tornando-se assim irmão religioso, enfermeiro, auxiliar...
Isto quer dizer que - De todas as profissões podem surgir santos.
Mas tamdém quer dizer que - Os santos têm de desenpenhar todas estas actividades. Um Santo tem de ser pastor, camponês, soldado, livreiro etc.etc..
Quem dera que todos nós fôssemos capazes de santificar o nosso trabalho e deixar-nos santificar pelas nossas actividades...

segunda-feira, 7 de março de 2011

Perpétua e Felicidade

Hoje a Igreja propõre-nos a memória de duas mártires no II Século: Perpétua e Felicidade.

Como é que pomos duas pessoas na mesma festa e no mesmo nível se elas eram de condições diferentes: Uma era nobre (perpétua) e a outra escrava (Felicidade).

É que estas duas mártires têm muito mais em comum do que em separação:
- Ambas viviam na mesma casa
- Ambas tinham sido pagãs
- Ambas eram mulheres
- Ambas eram jovens
- Ambas eram mães há pouco tempo
- Ambas tornaram-se cristãs
- Ambas foram perseguidas
- Ambas foram martirizadas pela sua fé em Cristo.
Assim se ultrapassou a diferença de condição: Da nobre Perpétua e da escrava Felicidade.

E não foi a nobre que se tornou como a escrava, nem a escrava que foi promovida ao nível de nobre. As duas foam irmanadas, foram igualadas - É que Deus exalta os humildes e humilha os altivos...

Deus nivela-nos pela mesma condição... não nos nivela por cima ou por baixo, torna-nos simplesmente irmãos, iguais...

Além disso saibamos fazer jus ao nome destas duas santas mártires: Pérpétua e Felicidade - Sejamos felizes e singramos os caminhos da eternidade...

sábado, 5 de março de 2011

Gravar as Palavras


Ano A - IX Domingo Comum

"As palavras que eu te digo, gravai-as no vosso coração e na vossa alma..." Falou Deus a Moisés.
Os preceitos de Deus, os mandamentos da Lei do Senhor não são imposições ou obrigações, mas simplesmente algo que deve brotar do coração. Será como uma espécie de etiquete ou ficha de fabrico. Tal como um casaco tem anexada uma ficha técnica - Esta peça tem tanto por cento de algodão, outro tanto de nylon, deve ser lavado em água fria, não pode ser passado a ferro etc.

Assim no nosso coração há também uma marca indelével do nosso Criador - Esta pessoa foi criada para amar a Deus sobre todas as coisas, foi feito para não matar, para respeitar os outros, para não invocar o santo nome de Deus em vão etc. Então deve ser fácil amar porque para isso fomos criados; será mais fácil respeitar a vida porque está inscrita no nosso coração...

É por isso que qualquer expressão de amor a Deus deve ser sincera, isto é, deve brotar do seu coração: "Nem todo aquele que Me diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos Céus".
É por isso também que podem surgir tempestades que não o deitarão abaixo porque a sua confiança tem raízes no coração.
A relação com Deus e o fazer o bem surgem do fundo de nós mesmos, onde Deus gravou a sua marca.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Limpeza no templo

6ª Feira - VIII Semana Comum

1ª Leitura:
Os homens justos morrem, mas a sua memoria permanece por gerações e gerações...
Quem é bom, derdura através das suas boas obras que fez em vida.

2ª Leitura
Jesus expulsa os vendilhões e comerciantes do Templo:
- Jesus purifica o Templo para nos lembrar que é o nosso coração que Ele quer realmente limpar e purificar.
- Jesus expulsou os vendilhões porque estes já O tinham expuksado há muito tempo. Quem dá morte a Deus, é com Ele enterrado. Jesus expulsou porque ja tinham expulsado a Deus.
- Jesus expulsa os comerciantes do templo para que nós nunca tentemos expulsá-lo da nossa vida.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Que eu veja

5ª Feira - VIII Semana Comum

Jesus: Que queres que eu te faça?
Bartimeu: Que eu veja, Senhor!

Que eu veja o quê?
Que eu vejo o que tu fazes,
Que eu veja o tu queres,
Que eu veja o que tu vás fazer...

Nós que temos os olhos abertos peçamos também a capacidade de ver as obras, as maravilhas que Deus faz, em nós, e através de nós...

E não esqueçamos que Deus também vê as nossas obras...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

São Policarpo

Hoje celebramos a memória do Bispo Mártir São Policarpo, que foi queimado vivo em 155 com 86 anos de idade por ser cristão.

Foi Discípulo de São João Evangelista.
Foi Mestre de Santo Irineu.

O seu nome significa literalmente: Muito Fruto.

Isto quer dizer quem nós também podemos dar fruto abundante e ser também POLICARPOS.
Basta deixar-os influenciar pelos santos que Deus colocou à nossa volta.
Tal como a Santidade do Mestre passou para o Discípulo (De João para Policarpo) e deste, já como Mestre, para novo Discípulo (De Policarpo para Irineu), assim também podemos contagiar a santidade.
É que a santidade é altamente contagiosa.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cátedra de São Pedro

Hoje a Igreja propõe-nos a celebração da festa da CADEIRA ou CÁTEDRA de São Pedro.

Duas Reflexões:

A 1ª vem da Oração sobre as Oblatas:
Aceitai, Senhor, as ofertas e as orações da vossa Igreja e fazei que:
-Ela reconheça em São Pedro o mestre que a guarda na integridade da fé,
- E o siga como pastor que a conduz à vida eterna.

Aqui está o sentido tradicional desta festa:
Reconhecer o Mestre que guarda a fé
Seguir o pastor que conduz à vida.

A 2ª Reflexão
Do livro LUZ DO MUNDO que reproduz uma entrevista do Papa Bento XVI:

Deus quis, já que fez de um Professor Papa, que precisamente o aspecto da reflexão e mais concretamente luta pela unidade entre a fé e a razão passassem para o primeiro plano.

Aqui está o sentido actual desta festa:
Com este Papa, saibamos ler os sinais dos tempos:
Deus escolheu um Professor para Papa, para que nos lembrar que o Papa é um Professor, um Mestre...

Festa da Cadeira de São Pedro não é a festa de um TRONO, mas sim de uma CÁTEDRA de professor, de mestre...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

IN + POSSÍVEL

2ª Feira - VII Semana Comum

I - Mensagem
Para Deus tudo é possível:
O Impossível não existe, pois o IN não é negação mas inclusão.
uma coisa IMPOSSÍVEL é uma coisa IN POSSÍVEL, isto é incluida no POSSÍVEL.
Pois para nós o IN é negação, mas para Deus é inclusão, é estar in (em) ou dentro.

II - Mensagem
Jesus falou severamente ao espírito surdo/mudo: Sai daí!
E eu fico a pensar, se o espírito era surdo, como é que podia ouvir a ordem de Jesus?
É que na presença de Deus até os cegos vêem, os mudos falam e os surdos ouvem. O verdadeiro milagre foi o espírito surdo ouvir e cumprir a ordem que ouviu de Jesus.
Louvado seja Deus!

III - Mensagem
... Este tipo de espírito não se pode fazer sair, a não ser pela oração.
Eu, sozinho com as minhas forças, nada posso fazer...
Eu juntamente com os meus irmãos, com a sua inteligência, arte e força, já conseguimos fazer alguma coisa...
Eu, juntamente com os meus irmãos e Deus, com a sua força omnipotente, tudo podemos alcançar...
Os discípulos sozinhos não conseguiram... mas na presença de Deus, com a Sua intervenção tudo foi possível.
Não é Deus que precisa de mim... Eu é que preciso de Deus e associo-me a Ele através da ORAÇÃO.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Quem é Jesus

5ª Feira - VI Semana Comum

Quem é Jesus Cristo?

- Em Química Ele transformou água em vinho.
- Em Biologia Ele nasceu sem ter tido uma concepção normal.
- Em Física Ele superou a lei da gravidade ao subir ao Céu.
- Em Economia, ele subverteu a lei dos rendimentos decrescentes ao alimentar 5000 pessoas com dois peixes e cinco pães.
- Em Medicina Ele curou os doentes e os cegos sem administrar absolutamente nenhum remédio.
- Em História Ele é o começo e o fim.
- Em Direito Ele disse que veio completar a Lei.
- Em Religião Ele disse que ninguém chega ao Pai se não for através dele.

Quem é Jesus Cristo?

- É o Maior Homem da História.
- Ele não tinha servos, ainda assim O chamavam de Mestre.
- Ele não tinha escolaridade, ainda assim O chamavam de Doutor.
- Não tinha remédios, ainda assim O chamavam de curador.
- Não tinha exércitos, ainda assim os reis temiam-nO.
- Ele não venceu batalhas, ainda assim conquistou todo o mundo.
- Ele não cometeu crime nenhum, ainda assim crucificaram-nO.
- Ele foi depositado num túmulo, ainda assim Ele vive hoje.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pão ou Companhia

3ª Feira - VI Semana Comum

Na Primeira Leitura Noé entrou na Arca capenas com alguns casais de animais... e as outras pessoas?
Ninguém mais foi considerado digno... Até os animais eram mais dignos do que os restantes homens.
Espero ser melhor do que esses animais...

No trecho do Evangelho os discípulos estavam mais preocupados com o pão que não tinham do que com Cristo que tinham ali presente; mais preocupados com a ausência do pão do que com a presença de Cristo.
Não só de pão vive o homem... mas também da companhia de Jesus.
É or isso que muitas vezes o mais importante não é o que se come, mas a companhia partilhada...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A colheita é grande, mas..

14 de Fevereiro

Festa de São Cirilo e São Metódio, co-padroeiros da Europa

1ª Reflexão
Estes dois santos são irmãos.
Jesus enviou os seus discípulos 2 a 2.
Também escolheu e enviou mais 2 irmãos, Simão e André, Tiago e João.
Isto que significa?
Jesus envia dois irmãos como missionários para que os missionários vivam como irmãos.
Envia dois irmãos para que todos vivamos como irmãos.

2ª Reflexão
Jesus enviou 72 discípulos e disse:
A messe é grande e os operários são poucos, afinal não são assim tão poucos, pois são 72.
Eu costumo dizer que são poucos, mas bons e afinal nem são asssim tão poucos.
Há quem traduza: a colheita é grande, apesar dos operários serem poucos...
Triste seria o contrário, triste seria haver mais trabalhadores que colheita... ou mais parra do que uva.
A messe é grande e os trabalhadores são poucos, porque a colheita é grande, há mais colheita do que trabalhadores, há mais uva do que parra...
Isto porque os trabalhadores não trabalham sozinhos... são poucos, mas Jesus está com eles e por isso a colheita é grande e a seara é enorme.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ser Livre


Ano A - VI Domingo Comum

As crianças daquela escola brincavam no recreio, por detrás do edifício. Era um espaço limitado, vedado por um muro. Todas se lamentavam da falta de liberdade e suspiravam derrubar o que atrapalhava. Queriam alargar o campo dos seus jogos.
Um dia notaram que havia uma pequena brecha. Uns por curiosidade, outros de propósito, foram abrindo cada vez mais aquele buraco e o muro caiu.
- Até que enfim! Agora já podemos jogar com mais liberdade. Já não há barreiras a obstruir o nosso espaço.
Mas a surpresa tornou-se amarga. Por detrás do muro passava um riacho, pequeno mas profundo, de modo que a bola ia parar à água. Para evitar isso era necessário não alargar muito os lances da jogada. Assim o espaço, sem barreiras, veio a ficar ainda mais reduzido. Sonharam tanto deitar abaixo o muro para terem mais liberdade, mas afinal sucedeu precisamente o contrário.

“Naquele tempo Jesus disse: Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas; não vim revogar, mas completar.”

A Lei de Deus não oprime, liberta. Os Mandamentos do Senhor, não condicionam, proporcionam o bem. Pode parecer que Deus pede ao homem sacrifícios e mortificações. Deus quer a plena alegria do homem, por isso indica-lhe aquilo que traz a felicidade. Não é um colete de forças, mas um par de asas para alcançar a perfeição.
“Se quiseres, guardarás os mandamentos: ser fiel depende da tua vontade.”
O motorista, que por ser livre, não observe a sinalização da estrada, onde irá acabar?



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Senhora de Lurdes

Hoje é o dia da Memória de Nossa Senhora de Lurdes.
Também se comemora o Dia Mundial do Doente

Partilho uma hisória que vem de longe, não sei de quem nem de quem:

Súplica e Gratidão

Foi em 1926, na cidade Santuário de Lourdes, na França.
Era a hora da bênção dos doentes. Na esplanada estavam centenas de doentes deitados em padiolas ou reclinados em cadeiras de rodas sob a assistência vigilante dos enfermeiros. Entre eles estava um rapaz passando muito mal. O seu desenlace era esperado a qualquer momento. Instantes antes havia recebido a unção dos enfermos. O celebrante começou a percorrer as fileiras dos doentes. Segurando nas mãos o ostensório com a Hóstia Consagrada, ele passava de um e um, traçando sobre eles uma grande cruz.
Chegou a vez daquele rapaz. Recebeu a bênção com uma grande esperança. Mas parecia que a sua esperança fora frustrada... não sentiu melhora nenhuma. Reunindo todas as suas forças, disse num tom de sentida queixa:
- Jesus, se não me curares vou contar para tua Mãe!
Comovido com esta prece, o celebrante voltou-se para o enfermo e, pela segunda vez, abençoou-o com o Santíssimo Sacramento.
Eis que aconteceu o milagre! O rapaz, sentindo-se curado, saiu do leito e exclamou em alta voz:
- Jesus, Filho de Maria, Tu me curaste! Vou contar para a tua Mãe e pedir que ela me ensine a agradecer-Te!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Puros de coração


4ª Feira - V Semana Comum

1º Reflexão
Na primeira leitura proibe-se Adão de comer do fruto da Árvore do Bem e do Mal.
Isto quer dizer que essa árvore não pode ser destruida. Não se pode alterar nada, retirar seja o que for ou cortar qualquer coisa. Deve manter-se inalterável. Quem lesar essa árvore estará a audo-destruir-se - deve morrer.

2ª Reflexão
Coração puro. Felizes os puros de coração ou felizes os de coração puro? As duas situações com certeza. Quem é puro, manterá também puro o seu coração. E quem tiver um coração puro, todo o resto se manterá puro.

3ª Reflexão
Jesus falou à multidão, mas em casa explicou essa pregação em particular aos seus discípulos e fez-lhe a lista dos vícios ou más intenções (imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições, injustiças, fraudes, devassidão, inveja, difamação, orgulho, insensatez).
São precisamente 12 vícios, um para cada discípulo. Qual será o que me cabe?
Com humildade e confiança assumamos as nossas limitações... e seremos salvos, pois só se salva quem se reconhecer pecador.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Mãos impuras

3ª Feira - V Semana Comum

Da primeira leitura:
Depois de ter feito o céu e a terra e tudo o que ela encerra, Deus descansou e santificou esse sétimo dia.
Isto quer dizer que para a acção Deus reservou 6 dias inteiros e para a contemplação apenas 1 dia. Mas esse dia foi santificado e passou a ter mais valor do que todos os outros dias de acção.
Assim também a nossa vida tem largos momentos de acção e poucos de contemplação. Mas que esse pouco seja santificado ou valorizado.

Do Evangelho de hoje:
Olhemos para as nossas mãos e que vemos?
- Barro santo em mãos impuras?
- Ou mãos santas em barro impuro?
- Mãos impuras em barro impuro?
- Ou mãos santas em barro santo?
Com certeza a última hipótese, pois Deus viu que tudo era bom ou tudo muito bom!
O importante é o coração!
É o coração que faz com que as mãos sejam santas e as coisas puras.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Vós sois o Sal da Terra

Ano A - V Domingo Comum

SAL DA TERRA

- Sal que serve para salgar ou conservar:
Vós sois quem conserva o mundo
para que ele não se estrague.

- Sal que serve para dar gosto:
Vós dais sentido aos meus projectos
contagiais o gosto de viver.

- Sal que se derrete na sua humildade:
Vós sois chamados a penetrar
em todos os recantos do mundo.

- Sal que serve para despertar a sede:
Vós provocais entre os homens
a sede de Infinito, a sede de Deus.

- Sal que para temperar precisa da justa medida,
nem a mais nem a menos:
Vós sois o sinal de harmonia,
o justo equilíbrio da vida no mundo.

Vós sois a Luz do mundo

Ano A - V Domingo Comum

A LUZ DO MUNDO

- Porque a luz é farol que serve para orientar
vós apontais o caminho à humanidade,
vós guiais o mundo no caminho do bem.

- Porque a luz é expressão de alegria e de festa
vós sois o enfeite de festa no mundo,
o sinal de alegria eterna no mundo.

- Porque a luz é sinal de presença de alguém,
vós sois a imagem de Cristo no mundo,
vós sois as lamparinas da presença de Cristo
do sacrário do mundo.

- Porque a luz é claridade e transparência,
vós sois quem põe a claro
quem revela o bem no mundo.

- Porque a luz é fonte de calor e energia
vós sois a fonte de entusiasmo
e de ardor no mundo.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ser Luz


Ano A - V Domingo Comum

Pedi aos alunos que fizessem uma ilustração que expressasse a frase de Jesus: Vós sois a luz do mundo. Ao apresentar o seu trabalho um garoto mostrou uma figura humana com uma chama na cabeça, como se ela fosse uma vela acesa. Um seu colega riu-se do desenho e desabafou:
- Eu pensava que o fulano tinha uma ideia luminosa.
De facto, na linguagem da banda desenhada, pôr uma lâmpada sobre uma personagem tem esse significado e antes de aparecerem as lâmpadas eléctricas bem poderia ser apenas uma chama.
Agradeci a excelente ideia luminosa destes dois jovens. Ser luz é pôr tudo a claro, revelar a verdade das coisas mas também é ser criativo, ter espírito de iniciativa. Mas para isso é preciso receber a energia que nos vem do alto. Isto faz lembrar a experiência do Pentecostes. Aquelas chamas a pairar sobre os Apóstolos, fizeram deles homens destemidos, criativos, a falar todas as línguas.
Outras sugestões foram apresentadas através dos desenhos destes jovens: Ser farol que orienta e aponta o caminho à humanidade. Ser gambiarra, como expressão de alegria e de festa. O cristão é o enfeite de festa no mundo, o sinal da alegria eterna. Ser lamparina da presença de Cristo no sacrário do mundo. E ainda ser luz como fonte de calor e energia. O cristão é a fonte de entusiasmo e de ardor no mundo.
Sol e farol e luz sem fim, és tu Senhor dentro de mim...assim cantam os cristãos ao serem declarados luz do mundo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sacudir o pó dos pés

5ª Feira - IV Semana Comum

"Se alguém não vos ouvir, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles."

Que quer isto dizer?

1º Sacudir o pó dos pés... é dar um pontapé em alguém.
Quer dizer para virar as costas, ser duro com os que não querem ouvir.

2º O pó é melhor do que os homens... pois o pó ouviu e aderiu enquanto os homens ouviram mas não mostram adesão.

Não quereis ficar com nada nosso, também nós não levaremos nada da vossa parte. Ficai com o que é vosso (com o pó) enquanto nós ficamos com tudo o que é nosso.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Talitha kum

3ª Feira - IV Semana Comum

"Menina, eu te ordeno, levanta-te... Não digam a ninguém." Mandou então dar de comer à menina.

1º - Menina = porque nasceste de novo és menina.

2ª - Eu te ordeno = a tua cura não provém da tua força. Levanta-te por Mim, ergue-te pela acção da minha graça.

3ª Levanta-te = acorda, sai do sepulcro dos teus pecados, deixa o leito da tua preguiça, vai em frente, faz-te ao largo, deixa a amarras.

4ª - Não digam a ninguém = não é preciso falar, basta ver e acreditar. basta encantar-se com as maravilhas que Deus operou. Os factos falam por si.

5ª - Mandou dar de comer à menina = para que a sua animação não fosse considerada como a aparição de um fantasma, a menina começou a comer à vista de todos. Deitados não podemos comer, estando de rastos não nos podemos alimentar, se não nos desprendermos das amarras não seremos capazes de receber o Corpo de Cristo.