domingo, 10 de abril de 2011

Ser reeditado

Ano A - V Domingo da Quaresma
Antigamente havia o curioso costume das pessoas, em vida, prepararem o seu epitáfio. Benjamim Franklin, no seu início de carreira, como tipógrafo, preparou também a sua inscrição tumular, bastante original: “ O corpo de Benjamim Franklin, tipógrafo, como a capa de um velho livro que perdeu a moldura e o título, aqui jaz. Mas a obra não desaparecerá pois, como sempre acreditou, reaparecerá de novo numa edição melhor, corrigida e ampliada pelo Autor.”

A vida parece de facto um livro. Quanto mais avançamos, mais podemos ver o seu sentido, a solução do seu enredo. À medida que vamos desfolhando cada dia, tanto mais nos envolvemos. Parece que somos uma obra-prima à procura do seu Autor. Não há páginas em branco, mas quantos riscos, palavras distorcidas. Cada folha não voltará atrás. Um dia, mais tarde, a edição completa, perfeita, será recebida na biblioteca da eternidade. A morte não é fim, mas fronteira de vida nova.

A experiência de Lázaro, o amigo de Jesus, mostra que tudo o que é velho passou. Regressando à vida, anuncia o renascer da nova edição. A ressurreição de Lázaro é argumento de fé pois muitos, ao verem o acontecimento, acreditaram nele. Jesus ajuda a ler esses acontecimentos da vida.

É morrendo que se ressuscita. É saindo, para fora, que nos caem as ligaduras. O que seremos depois já o somos agora, ressuscitados na fé e na esperança.


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